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Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV Inflamação aguda INFLAMAÇÃO: reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor, caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e células p/ interstício (eliminar o agente). A resposta inflamatória é um dos componentes mais importantes da resposta imune (representação morfológica da inata e adaptativa). E, embora faça parte do mecanismo defensivo, pode ser a causa de danos ao organismo. Pode ser classificada em aguda e crônica, conforme características específicas e tempo. INFLAMAÇÃO AGUDA: Principais características: alterações vasculares associadas a alterações exsudativas de fluidos e células (formação do edema); emigração de leucócitos (polimorfonucleares) Tempo: resposta rápida e inicial (se inicia em minutos e dura horas / dias). Ao atingir seu alvo (eliminar os agressores), a reação é reduzida e o processo se resolve. Caso a reação não seja suficiente, ela pode evoluir para inflamação crônica. INFLAMAÇÃO CRÔNICA: mais prolongado. Principais características: longa duração; ocorre em situações específicas e está associada a maior destruição tecidual (agente agressor e mecanismo inflamatório); infiltrado inflamatório de células mononucleares (linfócitos e macrófagos); angiogênese e fibrose. INFLAMAÇÃO AGUDA Independente da causa, gera uma sequência de eventos – fenômenos (divisão por Bogliolo). Agente inflamatório causa fenômenos irritativos (quando ocorre reconhecimento do agente agressor), gerando respostas, com síntese de mediadores (responsáveis pelos eventos subsequentes). Fenômenos vasculares: vasodilatação e aumento da permeabilidade (ocorre em consequência da liberação de mediadores). • Hiperemia (ativa que se torna passiva): gerada pelo aumento do fluxo. • Dor: gerada por ação direta dos mediadores (bradicinina). Fenômenos alterativos: necróticos / degenerativos – gerados por ação direta ou indireta do agente inflamatório; ou pela própria reação inflamatória. Essas alterações podem acontecer no início (inflamação aguda) quanto na evolução. Fenômenos produtivos: reparação. BRONCOPNEUMONIA: processo inflamatório agudo no pulmão, decorrente de infecção bacteriana. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV A lâmina acima (normal) demonstra um parênquima pulmonar, com a pleura revestindo externamente. • A pleura (camada serosa) possui epitélio pavimentoso simples – mesotélio. Abaixo se encontra um conjuntivo frouxo. A pleura é muito delgada, sem presença de muitos vasos. • O parênquima pulmonar (onde se encontram os alvéolos) possui espaços alveolares vazios (preenchidos com ar). • O bronquíolo possui epitélio cúbico com músculo liso contínuo. • O brônquio possui epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado (respiratório); com uma camada de músculo liso descontínua. A luz é livre. Os alvéolos, normalmente, estão íntegros, cheios de ar para que a hematose ocorra. Pulmão com inflamação aguda: A vasodilatação é, inicialmente, produzida por alguns mediadores: histamina, bradicinina, prostaglandinas. Etapas: 1º: reconhecimento da agressão. 2º: liberação de mediadores – histamina. Posteriormente, a vasodilatação é mantida por outros mediadores – prostaglandinas, leucotrienos, fator ativador de plaquetas (PAF), etc. Devido a vasodilatação, há aumento do fluxo sanguíneo para essa área, gerando hiperemia ativa e um fluxo sanguíneo rápido (origina alguns sinais cardinais = calor, rubor). Porém, em geral, os mediadores também aumentam a permeabilidade do vaso, o que promove a saída de plasma para o interstício, gerando uma hemoconcentração de hemácias (que se empilham e deixam o sangue mais viscoso). Isso faz com que o sangue fique mais lento e a hiperemia fica passiva com fluxo lento (fica vermelho mais vinhoso). A lentificação é importante pois medeia a próxima fase: exsudação celular. Os leucócitos, que normalmente circulam no centro da corrente sanguínea, passam a circular na margem do vaso e, posteriormente, saem para o tecido. OBS: existe exsudato plasmático e exsudato celular (leucócito→ neutrófilo). Há também, presença de alguns filamentos de fibrina (róseos), que é um fenômeno exsudativo (sai junto ao plasma). O fibrinogênio sai e se polimeriza em fibrina (rede que ajuda na migração das células inflamatórias). OBS: enquanto o transudato ocorre pelo aumento da pressão hidrostático; o exsudato ocorre por ação de mediadores (saída de líquidos) e aumento da pressão oncótica intersticial. Na inflamação aguda, não há transudato, mas sim exsudato (porção plasmática e celular – neutrófilos e macrófagos, em menor quantidade). Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV A imagem acima representa uma região do parênquima pulmonar, com alvéolos (e os septos que os dividem). No interior dos alvéolos, é possível observar uma grande quantidade de células (nenhum está com a luz livre), o que demonstra o preenchimento alveolar (justifica a dispneia como um dos sintomas encontrados diante de uma pneumonia). Todas as células inflamatórias apresentadas na imagem vieram de dentro do vaso e são polimorfonucleares. Além disso, observa-se também, algumas áreas com coloração mais rosa claro com menos células – áreas de necrose. A imagem acima mostra um infiltrado de inflamação aguda: • Neutrófilos – células com lubulações. • Macrófagos – células com citoplasma amplo, vacuolizado e núcleo sem segmentações (oval ou em forma de rim). Essas células fazem defesa contra bactérias extracelulares mediante, principalmente, o mecanismo de fagocitose e explosão respiratória. Por outro lado, também se observa uma porção plasmática do exsudato que foi formada pela saída de plasma de dentro do vaso para o tecido. Essa saída resulta da formação de poros entre as células endoteliais do vaso sanguíneo (se contraem mediante a indução dos mediadores – histamina, prostaglandinas, bradicininas, leucotrienos). As proteínas plasmáticas que exsudam para o interstício aumentam a pressão oncótica intersticial, o que favorece a retenção de água fora dos vasos. Além disso, a circulação linfática fica sobrecarregada, pois os vasos ficam comprimidos / deformados pelo exsudato e perdem a eficiência de drenagem – agrava a retenção de água no interstício – contribui para a formação do edema inflamatório (massa rósea e amorfa). OBS: embora independentes, em geral a exsudação plasmática precede a exsudação de células. A predominância de uma ou outra varia conforme os mediadores liberados, o tipo de inflamação e origem. Na imagem acima, observa-se um vaso sanguíneo hiperemiado (vasodilatação) – característica da inflamação aguda, com hemácias e leucócitos. As células do interstício (polimorfonucleares) vieram de dentro do vaso por meio de um mecanismo que se inicia com a vasodilatação (propicia aumento do fluxo – hiperemia ativa, que se torna passiva e gera estase). Na imagem, observa-se que, com a lentificação do fluxo nas vênulas pós capilares (onde ocorre principalmente a exsudação celular), os leucócitos tornam-se marginalizados. Na parede dos vasos sanguíneos, há expressão de moléculas de adesão (selectinas e integrinas) – rolagem. • Fase inicial – selectinas, que se ligam a moléculas de adesão dos leucócitos (neutrófilos – são os mais abundantes e as que apresentam os receptores – dominantes nas primeiras 24h). o Essa ligação é instável; a força de cisalhamento rompe as ligações. Na fase final, há ativação de integrinas por citocinas (IL-8) que, ao encontrar o ligante, promove uma adesão estável. • Promove a migração – diapedese. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV Também há passagem pela molécula de adesão CD31, que promove a saída do neutrófilo para o interstício. A hemorragiaé outro processo associado a inflamação aguda. • Hemorragia é a saída de sangue proveniente do leito vascular ou das cardíacas para o meio externo. Observa-se muitas hemácias fora do vaso, juntamente a vasodilatação (grumos separados na imagem). No campo acima, observa-se áreas de exsudato inflamatório (porção celular com polimorfonucleares e filamentos de fibrina – eosinofílicos, importantes para a migração das células no interstício – trilhos de orientação). A fibrina vem de dentro do vaso, através da exsudação do fibrinogênio durante os fenômenos vasculares. Ao chegar no interstício, ele se polimeriza em filamentos de fibrina. • É diferente de fibrose, que é um processo associado com deposição de fibras colágenas; associado a fenômenos reparativos, não presente na inflamação aguda – via de regra. As regiões basofílicas – mais roxas, representam os biofilmes bacterianos / agente agressor da pneumonia em meio às células inflamatórias. A imagem acima representa uma área de necrose, com contorno alveolar (em alguns locais não se observa pela perda que ocorre com a inflamação); áreas com preenchimento inflamatório e regiões mais claras – necrose. • A necrose vista na imagem é do tipo liquefativa, especificamente purulenta (variação da liquefativa). Essa classificação ocorre, pois há morte das células do parênquima e dos neutrófilos, associados ao infiltrado inflamatório (possuem vida-média curta). Essa junção (células mortas) forma o pus. Essa necrose ocorre em consequência do agente agressor e da liberação de proteases pelos fagócitos (neutrófilos e macrófagos) e radicais livres (espécies reativas de oxigênio e nitrogênio – na explosão respiratória. Morfologicamente, essa necrose é definida como uma área rósea, amorfa e acidófila. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV OBS: a necrose possui algumas fases de picnose (pontos mais escuros), cariorrexe (fragmentação) e cariólise (sem núcleo) – justifica o padrão. Necrose é uma alteração que pode ser observada no início e ao longo do processo inflamatório. APENDICITE: Na lâmina acima, observa-se a estrutura de um apêndice cecal normal. Na mucosa, observa-se as criptas e glândulas de lieberkühn. As duas camadas de músculo liso apresentam orientações diferentes: a 1ᵃ é circular interna; a 2ᵃ é a longitudinal externa. A camada serosa é composta por um mesotélio e conjuntivo frouxo. Observa-se que, no apêndice normal, as camadas são bem definidas e preservadas; e pode-se encontrar nódulos linfoides. A apendicite resulta principalmente da obstrução da luz do apêndice for fecálitos, tecido linfoide, parasitos, corpos estranhos, tumores; ou de fatores que levam à retenção de muco, distensão do órgão e resultam em compressão venosa com hipóxia, que induzem lesão epitelial e favorecem a colonização de bactérias – leva a inflamação local. Essa inflamação / apendicite se inicia na base das criptas – com exsudato constituído por neutrófilos e pode se disseminar para as outras camadas. • O achado morfológico que define o diagnóstico é a presença do infiltrado até nas camadas musculares – inflamação supurativa. A imagem acima demonstra o lúmen do apêndice, com a presença de um fecálito (a parte marrom corresponde a um material de origem vegetal / a parte roxa está calcificada). A imagem acima demonstra a luz com o fecálito dentro (com áreas de calcificação e material vegetal) e, na região da mucosa observa-se algumas glândulas e a descontinuidade da mucosa – demonstra uma ulceração da mucosa. Além disso, as camadas não estão nítidas. Há também áreas de hemorragia, vasodilatação, destruição tecidual (ulceração da mucosa) e intenso infiltrado inflamatório (neutrófilos); há também filamentos de fibrina. Na imagem, observa-se os filamentos de fibrina (acidófilos e delicados) em meio ao infiltrado inflamatório (polimorfonucleares e macrófagos), algumas hemácias soltas (hemorragia), exsudato plasmático (róseo) associada a vasodilatação. Na imagem, observa-se a porção plasmática do exsudato (edema) que promove o distanciamento dos feixes da camada muscular; infiltrado polimorfonuclear e filamentos de fibrina. Há também hemorragia e uma porção característica do exsudato celular. Anna Laura Silva Oliveira – Turma XXIV A imagem demonstra outro campo da lâmina (este está mais próximo à serosa e afastado do lúmen), embora as camadas não estejam totalmente distinguíveis devido a inflamação. A serosa está mais espessa, com vasodilatação evidente. Na muscular, é possível observar alguns feixes e vasodilatação. Observa-se, em todas as camadas, um grande infiltrado de polimorfonucleares – diagnóstico. Observa-se, normalmente, as células musculares lisas e os feixes; na apendicite, eles estão distantes devido à infiltração de células inflamatórias e ao edema; no normal, não há distanciamento. Na apendicite, há espessamento da camada serosa – devido o edema e exsudato inflamatório (presente em todas as camadas = mucosa à serosa); além de vasodilatação e hemorragia. • O acometimento de todas as camadas é importante, pois na apendicite a principal complicação é a perfuração – quando há necrose da parede (por comprometimento vascular ou trombose) ou por compressão por fecálito. Quando há rompimento da parede, o quadro gera peritonite generalizado ou localizado (apendicite é urgência, para que não haja rompimento e perfuração). ÚLCERA GÁSTRICA: Na úlcera, observa-se a descontinuidade do epitélio colunar do estômago; além da formação de uma cratera (vai desde a camada mucosa – região onde há o epitélio colunar e glândulas – até o limite da camada submucosa (a ulceração não atinge a submucosa). Na imagem acima, observa-se que a camada mucosa não está preservada, possui glândulas (que não revestem a área da ulceração) – a camada mucosa foi destruída pela inflamação e pelo agente agressor. Observa-se a descontinuidade do epitélio colunar típico, vasodilatação na região (tipicamente associado à inflamação). Na camada submucosa e na mucosa, observam- se várias células (neutrófilos); com vasodilatação em todas as camadas e infiltrado inflamatório. Na lâmina, observa-se a vasodilatação, infiltrado inflamatório polimorfonuclear, filamentos de fibrina (delgados, eosinofílicos, em meio ao infiltrado – compõe o exsudato plasmático que serve de orientação para a migração das células inflamatórias); além de hemorragia.
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