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SAÚDE-COLETIVA

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 SAÚDE COLETIVA ..................................................................................... 5 
2.1 Conceito de doença.............................................................................. 6 
2.2 Conceito de Prevenção ........................................................................ 6 
2.3 Processo saúde-doença ....................................................................... 7 
2.4 Vigilância em Saúde Coletiva ............................................................... 7 
2.5 Quadro sanitário brasileiro e condições de vida ................................... 9 
3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE ........................ 10 
3.1 Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde .................... 13 
4 ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DO SISTEMA DE 
SAÚDE E IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE SAÚDE NOS MUNICÍPIOS ........ 20 
4.1 SUS .................................................................................................... 24 
4.2 Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) .................................... 25 
4.3 Vigilância em Saúde ........................................................................... 25 
4.4 Vigilância epidemiológica ................................................................... 28 
5 MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO EM VIGILÂNCIA 
EPIDEMIOLÓGICA ................................................................................................... 29 
5.1 Investigação epidemiológica .............................................................. 30 
5.2 As medidas de precaução em relação à transmissão de doenças ..... 31 
6 PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA .............................. 31 
6.1 Morbidade .......................................................................................... 32 
6.2 Mortalidade ......................................................................................... 33 
6.3 Letalidade ........................................................................................... 33 
7 DOENÇAS PREVENÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO .............................. 34 
7.1 Influenza (gripe) ................................................................................. 34 
7.2 Covid-19 ............................................................................................. 35 
 
3 
 
7.3 Doenças pneumocócica ..................................................................... 38 
7.4 Hepatites ............................................................................................ 39 
7.5 Poliomielite ......................................................................................... 40 
7.6 Tétano ................................................................................................ 40 
7.7 Tétano neonatal ................................................................................. 41 
7.8 Coqueluche ........................................................................................ 41 
7.9 Difteria ................................................................................................ 43 
7.10 Doença Meningocócica ................................................................... 44 
7.11 Doenças causadas por Hemófilo B (HIB) ........................................ 45 
7.12 Febre amarela ................................................................................. 46 
7.13 Rubéola ........................................................................................... 47 
7.14 Sarampo.......................................................................................... 48 
7.15 Caxumba ......................................................................................... 49 
7.16 Varicela ........................................................................................... 50 
7.17 Raiva humana ................................................................................. 51 
7.18 Tuberculose .................................................................................... 52 
7.19 Rotavirose ....................................................................................... 53 
7.20 Cólera ............................................................................................. 54 
7.21 Febre Tifóide ................................................................................... 54 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro, quase improvável, um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No 
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 SAÚDE COLETIVA 
 
Fonte: cursosextensao.br 
 Conceito de Saúde 
Para SIQUEIRA e MORAES (2009, p. 2.116), a saúde define-se “no contexto 
histórico da sociedade e em seu processo de desenvolvimento, englobando as 
condições de alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, emprego, 
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde”. E para 
LOPES (2005, p. 1.595), saúde é “o conjunto de condições integrais e coletivas de 
existência, influenciado pelo contexto político, socioeconômico, cultural e ambiental” 
A definição de saúde de CANGUILHEM (2012), citado por DE SOUZA E SILVA 
(2019), busca entender como a vida vem sendo vivida, fazendo uma articulação do 
cotidiano com as regras da sociedade. 
 Conceito de Saúde Coletiva 
De acordo com PAIM (2000), citado por OSMO (2015), a Saúde Coletiva é 
caracterizada como “campo de conhecimento e âmbito próprio de práticas”, e esse 
campo de conhecimento é de natureza interdisciplinar, cujas disciplinas básicas são 
a epidemiologia, o planejamento e administração de saúde e as ciências sociais em 
saúde. Sempre em construção e muito podendo caminhar na produção e em termos 
de reflexão sobre a própria identidade, a Saúde Coletiva, como outros, constitui um 
“campo vivo”. 
 
6 
 
A Saúde Coletiva teve início no final da década de 1970, no período em que o 
Brasil passava pela ditadura militar e veio vinculada à luta pela democracia e também 
ao movimento da Reforma Sanitária. A medicina social e o preventivismo também 
influenciaram para sua constituição (OSMO, 2015). 
2.1 Conceito de doença 
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições 
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o 
prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece 
(BRÊTAS, 2006, apud VIANNA, 2015). 
“Para EVANS & STODDART (2003), citado por VIANNA (2015), a doença 
não é mais que um constructo que guarda relação com o sofrimento, com o 
mal, mas não lhe corresponde integralmente. Quadros clínicos semelhantes, 
ou seja, com os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicaçõespara o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta, 
resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com 
comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade. 
O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do 
conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado nesses 
termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do 
desempenho social, a percepção individual sobre a saúde é que conta. 
2.2 Conceito de Prevenção 
Segundo VIANNA (2015), o conceito de prevenção é definido como “ação 
antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o 
progresso posterior da doença”. A prevenção apresenta-se em três fases. A 
prevenção primária é a realizada no período de pré-patogênese. O conceito de 
promoção da saúde aparece como um dos níveis da prevenção primária, definido 
como “medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima”. Um segundo nível da 
prevenção primária seria a proteção específica “contra agentes patológicos ou pelo 
estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente”. A fase da 
prevenção secundária também se apresenta em dois níveis: o primeiro, diagnóstico e 
tratamento precoce e o segundo, limitação da invalidez. Por fim, a prevenção terciária 
que diz respeito a ações de reabilitação. 
 PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Promoção da Saúde- Proteção Específica; 
 
7 
 
 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Diagnóstico e Tratamento Precoce- 
Limitação da Invalidez; 
 PREVENÇÃO TERCIÁRIA: Reabilitação (ALBUQUERQUE, 2002, apud 
VIANNA, 2015). 
2.3 Processo saúde-doença 
De acordo com VIANNA (2015), o processo saúde-doença busca a promoção 
da saúde, sendo um dos pontos centrais para os profissionais da saúde. Vários 
modelos surgiram sobre a compreensão da saúde com o intuito de se compreender o 
processo saúde - doença como o modelo epidemiológico. São três os tipos de 
componentes: O agente, hospedeiro e o meio. 
Explicações sobre a mortalidade e a morbidade obedecem a um gradiente que 
atravessa as classes socioeconômicas, sendo as classes com menor renda, sujeitas 
a piores condições a saúde. O ambiente é o local onde a pessoa se encontra com as 
coisas ao seu redor exercendo influências, sendo o mesmo afetado de várias formas. 
“Dessa maneira, o processo saúde-doença está diretamente atrelado à forma como o 
ser humano, no decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para 
transformá-la, buscando o atendimento às suas necessidades. ” (GUALDA, 2004, 
apud BRASIL, 2012). 
2.4 Vigilância em Saúde Coletiva 
O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, ao garantir os direitos 
fundamentais do cidadão previstos na Constituição Federal de 1988, estabeleceu uma 
conquista sem precedentes para o País. Desde sua criação, muitas mudanças têm-
se verificado no campo das políticas públicas de saúde com resultados importantes, 
como, por exemplo, a redução da taxa de mortalidade infantil, o controle de doenças 
infecciosas, a implementação de programas considerados exitosos, tais como o de 
imunização e o de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Acquired Immunological 
Deficiency Syndrome (DST/Aids) - este último, reconhecido internacionalmente - e da 
Estratégia Saúde da Família (ESF), como indução para a reorientação do modelo de 
atenção à saúde (MENICUCCI, 2009, apud DE OLIVEIRA, 2015). 
 
8 
 
Se por um lado a implementação dessas estratégias, agregada ao complexo 
movimento de reforma política e administrativa no SUS, representou um avanço na 
tentativa de produzir intervenções mais efetivas, por outro, reforçou ainda mais o 
processo de fragmentação das ações de saúde, na medida em que muitas tiveram um 
cunho de centralização política, e intensificou, no campo da promoção e da proteção 
à saúde, um desperdício do seu extraordinário potencial de atuação (GONDIM, 2008, 
apud DE OLIVEIRA, 2015). 
Segundo DE OLIVEIRA (2015), a complexidade do cenário epidemiológico 
atual, caracterizado pela tripla carga de doenças na população - permanência de 
doenças agudas, aumento do peso relativo às condições crônicas e às causas 
externas -, é decorrente, também, dessa forma de gestão das práticas sanitárias, a 
qual necessita de maior organicidade para desencadear ações oportunas que auxiliem 
na redução ou eliminação dos riscos à saúde e ampliem a capacidade de resposta do 
sistema. 
Uma das propostas surgiu no campo da vigilância - conceito central para a 
teoria e a prática da saúde pública. Nessa perspectiva, o modelo baseado na 
Vigilância em Saúde, cuja tônica é a busca de respostas mais efetivas para as 
demandas e os problemas de saúde, propõe-se a trabalhar a lógica de um conjunto 
articulado e integrado de ações, que assumem configurações específicas de acordo 
com a situação de saúde da população em cada território transcendendo os espaços 
institucionalizados do sistema de serviços de saúde. Segundo a concepção 
sistematizada por Paim, buscou-se, com essa noção, uma interlocução maior entre 
“controle de causas”, “controle de riscos” e “controle de danos” por meio da redefinição 
do objeto, dos meios de trabalho, das atividades e das relações técnicas e sociais 
(ARREAZA, 2010, apud DE OLIVEIRA, 2015). 
A construção dessa proposta trouxe para o cenário a ênfase sobre a 
organização das diferentes especialidades de Vigilância em Saúde existentes no 
Brasil, em consonância com um sistema único e coordenado, capaz de enfrentar a 
complexidade do quadro sanitário brasileiro de forma mais resolutiva, segundo DE 
OLIVEIRA (2015). Esse enfoque pressupõe uma abordagem mais articulada entre as 
vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária e pode ser considerada uma tentativa 
de desvincular a atuação por agravos e por programas, de modo a enfrentar a 
superposição de ações direcionadas para o controle do hospedeiro, do agente 
 
9 
 
etiológico, do meio ambiente ou da produção e comercialização de fármacos e 
alimentos. 
A adoção do conceito de Vigilância em Saúde procura simbolizar um enfoque 
ampliado, pautado na indução de uma organização de práticas que pretendem se 
configurar de forma mais sistêmica por meio da incorporação de contribuições da 
epidemiologia, da geografia, do planejamento urbano, da epidemiologia e das ciências 
sociais em saúde, produzindo e utilizando de forma compartilhada a informação e a 
comunicação, a fim de melhor instrumentalizar a intervenção (SILVA, 2008, apud DE 
OLIVEIRA, 2015). 
2.5 Quadro sanitário brasileiro e condições de vida 
A vigilância sanitária, ao longo dos anos, teve um escopo de atuação baseado 
em ações normativas, cujo objeto de ação é constituído pelos ambientes que direta 
ou indiretamente interferem no processo saúde-doença; no entanto, existem 
controvérsias em relação ao seu campo de atuação na saúde pública. Alguns autores 
julgam que essa prática não apresenta as características essenciais da concepção 
moderna de vigilância sanitária por ter as atividades de regulação, de controle e de 
fiscalização sanitária como núcleo central. Contudo, não se pode esquecer que as 
atividades da vigilância sanitária surgiram da necessidade de proteção da população 
em decorrência da propagação de doenças transmissíveis nos agrupamentos urbanos 
com o objetivo de eliminar situações de risco à saúde. Portanto, seus métodos de 
intervenção não se restringem às ações meramente técnicas, porém têm como eixos 
propulsores as ações dirigidas ao fortalecimento da sociedade e da cidadania com o 
propósito da promoção da saúde e da prevenção de danos ou agravos (SILVA JR, 
2004). 
Segundo LUCHEESE (2001) citado DE OLIVEIRA (2015), conceitualmente, a 
vigilância sanitária é reconhecida: 
[...] como um conjunto de estratégias institucionais, administrativas, 
programáticas e sociais, integradas e orientadas por políticas públicas que se 
destinam a eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, com base em 
serviços e em açõesintegrais e essenciais à defesa e à promoção da vida 
em seu ambiente. 
 
10 
 
A atuação da vigilância sanitária é abrangente, sendo responsável pelo controle 
de todos os processos - desde a produção ao consumo - dos bens que se relacionam 
direta ou indiretamente com a saúde. Essa amplitude de atuação coloca como tônica 
para a vigilância sanitária que ações gerenciais e sanitárias sejam desenvolvidas por 
meio de um exercício democrático, participativo e de forma articulada, de modo a 
garantir a qualidade dos produtos, dos serviços e dos ambientes, aspectos que são 
fundamentais para a saúde da população (DE SETA, 2007). 
A implantação de ações voltadas para vigilância sanitária surgiu no Brasil com 
a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, e tinham a finalidade de efetuar o controle 
sanitário dos produtos a serem comercializados e consumidos, além dos 
estabelecimentos comerciais; de combater a propagação de doenças, principalmente 
as epidêmicas; de resolver questões de saneamento; e de fiscalizar o exercício 
profissional na área da saúde (DE SETA, 2007). 
No ano de 1832, a sua atuação ganhou contornos mais definidos com o código 
de posturas do Rio de Janeiro, no qual se instituíram normas para o exercício da 
medicina e da farmácia, bem como para o controle de medicamentos e de alimentos. 
Cerca de sessenta anos depois, mais precisamente em 1889, regularizou-se o serviço 
de polícia sanitária nas administrações regionais. Cabe destacar que foi somente a 
partir da década de 1970 que a vigilância sanitária começou a se apresentar de 
maneira mais visível ao setor de saúde com a criação da Secretaria Nacional de 
Vigilância Sanitária (SNVS/MS) durante o processo de reformulação do Ministério da 
Saúde. Foi também nesse período que ocorreu a modificação da terminologia 
'fiscalização' para 'vigilância', em que a vigilância sanitária ampliou o seu campo de 
ação, antes destinado principalmente ao controle e punição (COSTA, 2008, apud DE 
OLIVEIRA, 2015). 
3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE 
De acordo com os estudos de BUSS et al. (2020), a Promoção da saúde, como 
vem sendo entendida nos últimos 30-35 anos, representa uma estratégia promissora 
para enfrentar os problemas de saúde que afetam as populações humanas. Partindo 
de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, essa 
estratégia propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização de 
 
11 
 
recursos institucionais e comunitários, públicos e privados a favor da qualidade de 
vida. 
 
Fonte: culturaesaude.med.br 
Decorridos pouco mais de trinta anos da divulgação da Carta de Ottawa, um 
dos documentos fundadores do conceito contemporâneo de promoção da saúde, esse 
termo ficou associado a um conjunto de valores: qualidade de vida, solidariedade, 
equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, entre 
outros. Refere-se também a uma combinação de estratégias: do Estado (políticas 
públicas saudáveis), da comunidade (reforço da ação comunitária), dos indivíduos 
(desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação das 
estratégias) e de parcerias intersetoriais. Promoção da saúde trabalha com a ideia de 
responsabilidade múltipla pelos problemas e pelas soluções (BRASIL, 1996, apud 
BUSS et al., 2020). 
A promoção da saúde reage à acentuada medicalização da vida social e é uma 
resposta setorial articuladora de diversos recursos técnicos e posições ideológicas. 
Embora o termo tenha sido usado a princípio para caracterizar um nível de atenção 
da medicina preventiva, seu significado foi mudando e passou a representar também 
um enfoque político e técnico em torno do processo saúde-doença-cuidado (BRASIL, 
1996, apud BUSS et al., 2020). 
O conceito moderno de promoção da saúde se desenvolveu, de forma mais 
vigorosa nos últimos trinta anos, nos países desenvolvidos, particularmente no 
Canadá, Estados Unidos e países da Europa Ocidental. Nove Conferências 
Internacionais sobre o tema, realizadas nos últimos 34 anos (em Ottawa, Adelaide, 
Sundsvall, Jacarta, México, Bangkok, Nairóbi, Helsinki e Xangai) aprofundaram suas 
bases conceituais e políticas. Na América Latina, em 1992, realizou-se a Conferência 
 
12 
 
Internacional de Promoção da Saúde, trazendo formalmente o tema para o contexto 
sub-regional (OPAS, 1993). 
SIGERIST (1956) apud ROSEN (1979), citados por BUSS (2020), foi um dos 
primeiros autores a usar o termo, quando definiu as quatro tarefas essenciais da 
medicina: promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação dos enfermos e 
sua reabilitação. O autor afirmou que a saúde se promove proporcionando condições 
de vida decentes, boas condições de trabalho, educação, cultura física e formas de 
lazer e descanso, para o que pediu o esforço coordenado de políticos, setores 
sindicais e empresariais, educadores e médicos. 
LEAVELL & CLARK (1976), citados por BUSS (2020), utilizaram o conceito de 
promoção da saúde ao desenvolverem o modelo da história natural da doença, 
propondo três níveis e cinco etapas nas quais se poderiam aplicar medidas 
preventivas. Prevenção primária, com medidas destinadas a desenvolver a saúde 
como proteção específica do ser humano contra agentes patológicos ou por meio de 
barreiras ambientais. A educação em saúde é elemento importante para esse objetivo, 
assim como: bom padrão de nutrição; desenvolvimento adequado da personalidade; 
educação dos pais; educação sexual e aconselhamento pré-nupcial; moradia 
adequada; recreação; condições favoráveis no lar e no trabalho; exames de saúde 
periódicos e aconselhamento e contato dos médicos com seus pacientes. 
Promoção da saúde, nos moldes citados revelou-se insuficiente para o 
enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis. Com a segunda revolução 
epidemiológica HARTZ (2017) relata que as estratégias de cuidado passaram a 
associar-se a medidas preventivas sobre o ambiente físico e sobre os estilos de vida, 
e não exclusivamente à situação dos indivíduos e das famílias. As diversas 
conceituações de promoção da saúde podem ser reunidas em dois grandes grupos. 
O primeiro diz respeito a atividades dirigidas à transformação dos comportamentos 
individuais, localizando-os no seio das famílias e nos ambientes comunitários. Nesse 
caso, os programas tendem a concentrar-se em componentes educativos 
relacionados a riscos comportamentais passíveis de mudanças e sob controle das 
pessoas, como o hábito de fumar, a dieta gordurosa, o sedentarismo e a direção 
perigosa. 
O segundo grupo enfatiza o papel protagonista dos determinantes gerais sobre 
as condições de saúde e se sustenta no entendimento de um amplo espectro de 
 
13 
 
fatores como alimentação, habitação e saneamento; condições de trabalho; 
oportunidades de educação ao longo da vida; ambiente físico; apoio social para 
famílias e indivíduos; estilo de vida responsável; e cuidados de saúde. As estratégias 
são consideradas fruto de políticas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da 
saúde por meio de escolhas saudáveis e reforço na capacidade de ação dos 
indivíduos e das comunidades. Ele surgiu formalmente no Canadá, em maio de 1974, 
com a divulgação do documento A New Perspective on the Health of Canadians, 
também conhecido como Informe LALONDE (1996) (BUSS et al., 2020). 
LALONDE (1996) era então ministro da Saúde daquele país. A motivação 
central do documento parece ter sido política, técnica e econômica, pois visava a 
enfrentar os custos crescentes da assistência médica, ao mesmo tempo em que se 
apoiava no questionamento da abordagem exclusivamente médica para as doenças 
crônicas, com poucos resultados significativos (BUSS et al., 2020). 
3.1 Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde 
Conferência de Ottawa: Com a participação de cerca de 38 países, 
principalmente do mundo industrializado, a I Conferência Internacional sobre 
Promoçãoda Saúde teve como principal produto a chamada Carta de Ottawa, que se 
tornou um termo de referência para as ideias de promoção da saúde em todo o mundo. 
Por esse motivo a ela será dado um espaço maior do que à descrição das outras 
(WHO, 2020). 
A Carta de Ottawa define promoção da saúde como o processo de capacitação 
da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo 
participação no controle deste processo. O documento ressalta que saúde é o maior 
recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal de um povo, assim como 
importante dimensão de sua qualidade de vida, transcendendo à ideia de formas 
sadias de vida. Afirma também que as condições e os requisitos para a saúde são: 
paz, educação, habitação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos 
sustentáveis, justiça social e equidade. Defesa da saúde, capacitação e mediação 
são, segundo a Carta, as três estratégias fundamentais da promoção da saúde 
(BRASIL, 2002, apud HEIDMANN, 2006). 
 
14 
 
O documento afirma que a finalidade da promoção da saúde é assegurar 
igualdade de oportunidades e meios para que todas as pessoas realizem seu 
potencial humano: ambientes favoráveis, acesso à informação, habilidades para viver 
melhor e possibilidade de fazer escolhas saudáveis. Os profissionais da área social e 
de saúde têm responsabilidade de contribuir que tal finalidade seja atingida. 
A Carta de Ottawa propõe cinco campos de ação: 
[...] elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; (2) criação 
de ambientes favoráveis à saúde; reforço da ação comunitária; (4) 
desenvolvimento de habilidades pessoais; reorientação do sistema de saúde 
(CZERESNIA, 2003, apud HEIDMANN, 2006). 
Segundo MOYSÉS (2004), a implementação de políticas públicas saudáveis 
implica na construção da saúde como prioridade de políticos e dirigentes de todos os 
setores; materializa-se em legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças 
organizacionais e realiza-se por meio de ações intersetoriais que levem a equidade 
em saúde, a distribuição equitativa de renda e as políticas sociais inclusivas. 
Segundo BUSS (2020), para reorientação dos serviços de saúde, a Carta 
propõe a superação do modelo biomédico, centrado na doença e na assistência 
médica curativa. Os resultados esperados seriam transformações na organização e 
financiamento dos sistemas e serviços, dando ênfase à promoção da saúde e à 
formação dos profissionais já com outra mentalidade. 
Conferência de Adelaide (1988): XAVIER (2017), aborda com centralidade as 
políticas públicas saudáveis, sendo a intersetorialidade a estratégia fundamental para 
sua construção. Essas políticas são trabalhadas através de quatro áreas imediatas: 
apoio à saúde da mulher, alimentação e nutrição, tabaco e álcool e a criação de 
ambientes favoráveis. Apesar de não fazer referências diretas aos DSS, afirma que 
“as iniquidades no campo da saúde têm raízes nas desigualdades existentes na 
sociedade”, enfatizando a responsabilidade pública pela saúde. Declara que o acesso 
a produtos e serviços de saúde, à educação em saúde e a criação de ambientes 
favoráveis poderiam fechar a lacuna de tais desigualdades sociais. Destaca um grupo 
prioritário para as políticas de acesso à saúde: os desfavorecidos e vulneráveis. 
Conferência de Sundsvall: Essa III Conferência, realizada na Suécia em 
1991, foi a primeira a focar diretamente a interdependência entre saúde e ambiente. 
Ela ocorreu na efervescência prévia à primeira das grandes iniciativas das Nações 
Unidas previstas para preparar o mundo para o século XXI: a Conferência das Nações 
 
15 
 
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Ampliava-se, aos poucos, 
a consciência dos indivíduos, movimentos sociais e governos sobre os riscos de um 
colapso do planeta diante das inúmeras e profundas agressões ambientais 
decorrentes do modo de produção e consumo das sociedades contemporâneas. O 
evento trouxe o tema do ambiente não restrito à dimensão física ou natural, mas 
também social, econômica, política e cultural. Referiu-se claramente aos espaços 
onde as pessoas vivem: a comunidade, suas casas, seu trabalho, seus espaços de 
lazer e as estruturas econômicas e políticas que determinam o acesso aos recursos 
para viver e tomar decisões (WHO, 2020, apud BUSS, 2020). 
Sublinhou quatro aspectos: 
 A dimensão social, na qual se incluem normas, costumes e processos 
sociais que afetam a saúde e alertou para as quebras nas relações 
tradicionais pelo crescente isolamento social e perda de valores; 
 A dimensão política que requer dos governos a garantia de participação 
democrática nos processos de decisão e descentralização de recursos 
e de responsabilidades; 
 A dimensão econômica, que sublinha a necessidade de escalonar 
recursos para setores sociais, de saúde e desenvolvimento sustentável; 
 A utilização da capacidade e conhecimento das mulheres, inclusive nos 
setores político e econômico. 
O documento fez menção: 
[...]a experiências locais oriundas de todo o mundo, formando cenários para 
ação na denominada pirâmide dos ambientes favoráveis de Sundsvall: 
educação, alimentação e nutrição, moradia e vizinhanças, apoio e atenção 
social, trabalho e transporte. Tais experiências foram reunidas e revisadas 
num informe da OMS (HANGLUND, 1996, apud BUSS, 2020). 
Conferência de Jacarta: Esta foi a primeira Conferência a se realizar num país 
em desenvolvimento. Desde seu subtítulo “Novos atores para uma nova era”, nela se 
reforçou a ação comunitária como uma dimensão fundamental da promoção da saúde. 
A conferência reforçou as cinco estratégias descritas na Carta de Ottawa, mostrando 
que as ações são mais eficazes quando centradas simultaneamente em todas. Foram 
definidas cinco prioridades para os anos subsequentes: 
Promover a responsabilidade social com a saúde, por meio de políticas 
públicas saudáveis e comprometimento do setor privado; Investimentos no 
setor saúde de forma articulada com as áreas de educação, habitação e 
 
16 
 
sociais; Consolidar e expandir parcerias em todos os níveis de governo e da 
sociedade; Aumentar a capacidade da comunidade e fortalecer os indivíduos 
por meio da educação, capacitação de lideranças e acesso a recursos; Definir 
cenários preferenciais para atuação (escolas, ambientes de trabalho e outros) 
(HANGLUND, 1996, apud BUSS, 2020). 
Declaração de Bogotá: Assim é conhecido o documento que lançou a 
proposta de promoção da saúde na América Latina. Nele afirma que a Região deve 
criar condições que garantam o bem-estar geral como propósito fundamental do 
desenvolvimento. Parte da análise de que, assolada pelas desigualdades agravadas 
pela prolongada crise econômica e pelas políticas de ajuste macroeconômico a 
América Latina enfrenta a deterioração das condições de vida da maioria da 
população, aumento dos riscos para a saúde e redução de recursos para enfrentá-los. 
O desafio da promoção da saúde inclui transformar as relações excludentes, 
conciliando interesses econômicos, propósitos sociais, solidariedade e equidade 
social. 
OPAS (1993), citado por BUSS (2020), declara que o documento estabelece 
cinco princípios ou premissas: 
 Alternativas orientadas a superar, simultaneamente, as enfermidades 
causadas pelo atraso e a pobreza e as derivadas da urbanização e da 
industrialização. 
 Reafirmação da democracia nas relações políticas e sociais. 
 Conquista da equidade, pela identificação dos fatores que favorecem a 
iniquidade e propostas de ação para aliviar seus efeitos; 
 Desenvolvimento integral dos seres humanos e das sociedades. 
 
Segundo XAVIER (2017), esse documento apontou três estratégias para a 
promoção da saúde na Região: 
 Impulsionar a cultura da saúde, modificando valores, crenças, atitudes e 
relações; 
 Dar relevo às estratégias de promoção da saúde; 
 Convocar, animar e mobilizar um grande compromisso socialpara 
assumir a política de saúde como prioridade. 
 
OPAS (1993), citado por BUSS (2020) definiu ainda onze compromissos 
indispensáveis para alcançar os objetivos propostos: 
 
17 
 
 Impulsionar o conceito de saúde condicionado por fatores políticos, 
econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e 
biológicos, tendo a promoção da saúde como estratégia; 
 Convocar as forças sociais para aplicar a estratégia de promoção da 
saúde; 
 Incentivar políticas públicas de equidade e de ambientes e opções 
saudáveis; 
 Estabelecer mecanismos de concertação entre os setores sociais e 
institucionais; 
 Reduzir gastos improdutivos e a profusão de burocracias 
centralizadoras, fontes de ineficiência e desperdício; 
 Fortalecer a capacidade da população para participar nas decisões que 
afetam sua vida e para optar por estilos de vida saudáveis; 
 Eliminar os efeitos das desigualdades sobre a mulher; 
 Estimular o diálogo dos diversos saberes. 
 Fortalecer a capacidade de convocação do setor para mobilizar a 
produção social de saúde e mostrar as responsabilidades dos diferentes 
atores na sua construção; 
 Reconhecer como trabalhadores e agentes de saúde as pessoas 
comprometidas com os processos de promoção da saúde; 
Estimular investigações em promoção da saúde, gerar ciência e tecnologia 
apropriada e disseminar conhecimentos. 
 
Conferência do México: Segundo WHO (2020) citado por BUSS (2020) a V 
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde foi realizada na Cidade do 
México, no ano 2000 e teve como objetivos: 
 Avaliar o impacto da promoção da saúde na saúde e qualidade de vida, 
especialmente, para as pessoas que vivem em circunstâncias adversas; 
 Elevar a saúde a um lugar de destaque no programa de desenvolvimento 
das organizações internacionais, nacionais e locais; e 
 Incentivar a formação de alianças para a saúde entre os diferentes 
setores e em todos os níveis da sociedade. 
 
18 
 
Na Declaração intitulada “Das Ideias às Ações”, destacam-se: colocar a 
promoção da saúde como prioridade nas políticas e programas locais, 
regionais, nacionais e internacionais; assegurar a participação ativa de todos 
os setores e da sociedade civil no desenvolvimento das ações de promoção; 
apoiar a preparação de planos de ação nacionais para promoção da saúde; 
e, estabelecer e fortalecer redes nacionais e internacionais que promovam a 
saúde (WHO, 2020, apud BUSS, 2020). 
 
Conferência de Bangkok (2005): afirma que as políticas e alianças destinadas 
a empoderar as comunidades e melhorar a saúde e a equidade em saúde devem ter 
lugar central na agenda do desenvolvimento mundial. A Carta de Bangkok continua 
valorizando o protagonismo da sociedade civil e do setor privado. Relaciona a PS aos 
direitos humanos, atribuindo ao indivíduo a responsabilidade pela saúde. Os DSS são 
apontados como “fatores de risco” sobre o controle dos indivíduos. Coloca que a 
mesma globalização que aprofunda as desigualdades e a exclusão social de milhões 
de pessoas, traz consigo novas “oportunidades de colaboração para melhorar a 
saúde”, tais como os avanços das tecnologias da informação e as comunicações e; 
os melhores mecanismos disponíveis para a governança mundial e a troca de 
experiências (XAVIER, 2017). 
 
Conferência de Nairobi: De acordo com XAVIER (2017), a sétima Conferência 
Internacional sobre PS ocorreu em Nairóbi, no Kenya, e o Documento resultante foi 
intitulado de Nairobi chamada à ação (OMS, 2009). O mesmo reforça como 
responsabilidades prioritárias daqueles comprometidos com a PS: fortalecer a 
liderança em PS e os sistemas de saúde; empoderar as comunidades e indivíduos; 
colocar a PS como estratégia central na agenda do desenvolvimento; fortalecer 
processos participativos e; construir e aplicar conhecimentos acerca da PS. O 
Documento elege algumas estratégias de ação para o alcance dessas 
responsabilidades, a exemplo da garantia do financiamento adequado e do acesso 
universal e da melhoria das abordagens dos sistemas de saúde e do gerenciamento 
de seu desempenho. 
 
Conferência de Helsinque: Essa VIII Conferência lançou o desafio de 
construir estratégias com foco em “Saúde em Todas as Políticas”. Ela aprofundou as 
implicações das decisões de todas as áreas sobre a saúde e a busca de sinergias 
entre elas, a favor da equidade. A declaração do evento chamou a atenção das 
 
19 
 
autoridades políticas sobre as consequências de suas decisões para o bem-estar e a 
saúde das populações (WHO, 2020, apud BUSS, 2020). 
 
De acordo com WHO (2020), citado por BUSS (2020), foram propostas as 
seguintes ações: 
 Adotar o enfoque da Saúde em Todas as Políticas; 
 Assegurar estruturas e processos sustentáveis que efetivem o referido 
enfoque; 
 Fortalecer a capacidade dos Ministérios da Saúde para envolver outros 
setores do governo, por meio de liderança, parceria, advocacia e 
mediação, para alcançar resultados de saúde; 
 Desenvolver recursos humanos, capacidade institucional e habilidades 
técnicas que facilitem o objetivo de Saúde em Todas as Políticas; 
 Adotar auditoria transparente e mecanismos de responsabilização que 
construam a confiança entre governos e cidadãos; 
 Estabelecer salvaguardas contra os conflitos de interesse que 
prejudiquem a saúde nos investimentos comerciais; 
 Fomentar o engajamento público e da sociedade civil no 
desenvolvimento, implementação e monitoramento da Saúde em Todas 
as Políticas 
 
Conferência em Shangai: Esta IX Conferência foi realizada em 2016. Seu foco 
foi promover a saúde mediante a adoção de medidas condizentes e com o alcance 
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Da Declaração do evento 
constam quatro grandes temas e uma série de compromissos, segundo HANGLUND 
(1996), citado BUSS (2020): 
 Adoção de decisões políticas em favor dos direitos das mulheres, das 
populações deslocadas e do crescente número de pessoas afetadas por 
crises humanitárias e ambientais. 
 Utilização de estratégias de governança para promover o bem-estar. 
 Reconhecimento das cidades e comunidades como ambientes 
essenciais à saúde. 
 
20 
 
 Reconhecimento do saber em saúde como elemento fundamental para 
a promoção da equidade em saúde. A Declaração termina com um 
“chamado à ação” para que os compromissos assumidos acelerem a 
implementação dos ODS por meio do compromisso político e do 
investimento financeiro na promoção da saúde. 
Da organização das atividades de Vigilância Epidemiológica, controle de 
endemias, Vigilância Sanitária, Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador 
no SUS, descrevendo que suas atividades são públicas e exercidas em 
articulação e integração com outros setores, dentre os quais os de 
saneamento básico, energia, planejamento urbano, obras públicas e meio 
ambiente (BRASIL, 2008, apud, CARVALHO, 2011). 
4 ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DO SISTEMA DE SAÚDE E 
IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE SAÚDE NOS MUNICÍPIOS 
 
Fonte:susfacil.gov.br 
No debate sobre promoção da saúde, especial destaque deve ser dado às 
políticas públicas saudáveis, à governabilidade, à gestão social integrada, à 
intersetorialidade, às estratégias dos municípios saudáveis e ao desenvolvimento 
local. Como já dito, não é novo o reconhecimento da contribuição das políticas 
públicas para a saúde das populações. Remonta aos primórdios do Estado moderno, 
por volta do século XVII, embora o advento da era microbiológica, em meados do 
século XIX, tenha restringido o escopo da ação sanitária, despojando-a de seu caráter 
de intervenção social e enfatizando seu caráter técnico e setorial (BUSS, 2020). 
 
21 
 
Entretanto, de forma curiosa e até paradoxal, a relação entre políticas públicas 
e saúde volta a ganhar relevo nos últimos anos, não tanto por seus benefícios, mas 
pelos malefícios gerados. São notórios, e por vezes dramáticos, os efeitos das 
políticasque impulsionaram a economia urbano-industrial ao longo do século XX: 
desigualdades sociais, danos ambientais irreparáveis em alguns casos, ambientes 
sociais mórbidos de sociopatias e psicopatias, por exemplo (BUSS, 2020). 
A ideia contemporânea de políticas públicas saudáveis envolve um duplo 
compromisso: o de situar a saúde no topo da agenda pública, promovendo-a de setor 
da administração a critério de governo, e o compromisso técnico de enfatizar, como 
foco de intervenção, os fatores determinantes do processo saúde-doença-cuidado. 
Sua perspectiva ultrapassa em abrangência as ações ambientais da saúde pública 
tradicional e, mesmo, as políticas urbanas de expansão de serviços e bens de 
consumo coletivo. Implica numa (re) formulação inovadora, tanto do conceito de 
saúde, quanto do de Estado (e, portanto, de política pública) e de seu papel perante 
a sociedade (TERRIS, 1996, apud BUSS, 2020). 
A nova concepção de Estado, subjacente à proposta das políticas públicas 
saudáveis, é aquela que (re) estabelece a centralidade de seu caráter público e de 
sua responsabilidade social, isto é, seu compromisso com o interesse e o bem comum. 
Numa perspectiva de reforma do Estado, isso implica um esforço (desenho 
institucional) de superar déficits de eficiência/efetividade (capacidade de fazer o que 
deve ser feito) e de representatividade/sensibilidade (capacidade de definir o que 
precisa ser feito, segundo o interesse e as necessidades da sociedade) (BUSS, 2020). 
Um ponto importante no marco da promoção da saúde é a superação da ideia 
de políticas públicas como iniciativas exclusivas ou monopolistas do aparelho estatal. 
Em fóruns participativos, expressivos da diversidade de interesses e necessidades 
sociais, as políticas públicas tendem a ser comprometidas com a saúde na linha de 
“saúde em todas as políticas” (BUSS, 2020). 
Outro aspecto fundamental é o empoderamento da população organizada, 
através da difusão ampla das evidências sobre as relações entre saúde e seus pré-
requisitos, assim como da construção de mecanismos de atuação eficientes. Numa 
nova distribuição de deveres e direitos entre o Estado e a sociedade, entre indivíduos 
e coletivos, entre público e privado, a questão da participação é pré-requisito 
institucional e político para a definição da “saúde que queremos” (BUSS, 2020). 
 
22 
 
Um cuidado importante é evitar que a defesa de políticas públicas saudáveis 
implique na subordinação de outros setores governamentais, gerando resistências e 
suscitando isolamentos. Tendo na interdisciplinaridade o seu fundamento cognitivo e 
na intersetorialidade a sua ferramenta operacional, as políticas saudáveis, para não 
se limitarem a uma normatividade burocrática socialmente natimorta, devem suscitar 
ou partir de pactos horizontais com parceiros de outros setores governamentais e de 
outras comunidades epistêmicas, como urbanistas, educadores e ambientalistas. A 
intersetorialidade tão desejada pode ser definida como o processo no qual objetivos, 
estratégias, atividades e recursos de cada setor são considerados segundo suas 
repercussões e efeitos nos objetivos, estratégias, atividades e recursos dos demais 
setores (OPAS, 1993, apud BUSS, 2020). 
Forjar um Estado que opere na lógica da ação pública intersetorial supõe 
desenvolver uma nova institucionalidade social, entendida como o conjunto de 
organismos estatais encarregados do desenho, coordenação, execução e 
financiamento das políticas sociais, inclusive a de saúde. Essa nova institucionalidade 
depende da configuração de uma autoridade social, ou o conjunto dos responsáveis 
pelas políticas sociais, que coordene as políticas intersetoriais e outros arranjos 
voltados ao desenvolvimento. Tal autoridade social deveria ter posição de mesmo 
nível na estrutura de poder que as autoridades econômicas, com funções de 
planejamento e execução claramente definidas, além de recursos financeiros 
garantidos na repartição orçamentária (CEPAL, 1998, apud BUSS, 2020). 
Diversos países no Continente têm procurado desenhos institucionais que 
articulem instâncias governamentais intra e intersetorialmente com a sociedade civil. 
No caso de países de estrutura federativa, como o Brasil, torna-se necessária também 
a coordenação entre os diversos níveis administrativos e os subsetores sociais. Um 
enfoque deste tipo requer necessariamente a criação de redes interinstitucionais e 
uma nova cultura organizacional que requer melhorar a qualidade dos recursos 
humanos envolvidos e gerar novas formas de relações e comunicação entre os 
distintos âmbitos do aparelho estatal (CEPAL, 1998, apud BUSS, 2020). 
Nas últimas três décadas, no Brasil, uma série de experiências de gestão 
pública e mobilização social suscitou a implementação organizada de uma perspectiva 
de ação intersetorial, sob o rótulo do desenvolvimento local integrado e sustentável. 
Recentemente, impulsionadas pela Agenda 2030 e a definição dos Objetivos de 
 
23 
 
Desenvolvimento Sustentável, iniciativas têm sido criadas com vistas ao alcance das 
metas propostas. A saúde pública latino-americana realmente tem condições de 
contribuir efetivamente para a construção teórica e prática de tais propostas, 
principalmente por meio da estratégia dos “Municípios Saudáveis”, um modelo que 
contém os requisitos da formulação e implementação de políticas em prol da saúde 
por meio de ações intersetoriais (BUSS, 2020). 
O movimento das cidades saudáveis surgiu na Europa, no mesmo ano (1986) 
em que se realizou a já mencionada Conferência de Ottawa. Segundo ASHTON 
(1993), citado por BUSS, 2020), o projeto visa ao desenvolvimento de planos de ação 
locais para a promoção da saúde, baseados nos princípios de saúde para todos da 
OMS. A iniciativa hoje envolve muitas localidades, em várias redes nos cinco 
continentes. A constituição do programa num município inclui, em geral, quatro fases: 
início com determinação de prioridades; preparação de um plano de ação; unificação 
dos comitês organizadores e a execução de atividades e criação de sistemas de 
informação para o monitoramento e avaliação das iniciativas. 
Referendado na Declaração de Santa Fé de Bogotá, pela maioria dos países 
latino-americanos, o movimento dos municípios saudáveis chegou à América Latina 
no início da década de 1990. O movimento propõe uma reestruturação do sistema de 
saúde e de sua articulação com outros sistemas, na conformação de políticas e 
programas integrados para o desenvolvimento humano e o bem-estar. Segundo a 
OPAS (1996), citado por BUSS (2020), esse enfoque se centra na ação e na 
participação, assim como na educação sanitária e na comunicação para a saúde, 
visando a ampliar a capacidade da comunidade de melhorar suas condições físicas e 
psicossociais nos espaços onde as pessoas vivem, estudam, trabalham e se divertem. 
Esse movimento avançou rapidamente na região das Américas na década de 1990, 
alcançando mais de 500 municípios em praticamente todos os países do Continente. 
Já foram realizados dois “Encontros Latino-Americanos de Secretarias Municipais de 
Saúde”, um em Cuba (1994) e outro no Brasil (1996) para consolidar a iniciativa e 
trocar experiências. 
Segundo HARTZ (2017), citado por BUSS (2020), a configuração dos 
municípios saudáveis varia em cada local, compreendendo desde programas setoriais 
e dirigidos à promoção de comportamentos individuais saudáveis até propostas 
bastante abrangentes que alcançam diversas dimensões e setores. Muitos países 
 
24 
 
estabeleceram redes nacionais para o intercâmbio de experiências e para a busca de 
vantagens e incentivos nas negociações com os demais níveis do poder público. Um 
enorme desafio que ainda permanece é a identificação das melhores formas de 
institucionalidade social para uma gestão municipal integrada e participativa (BUSS, 
2020). 
Por fim, um alerta: inovações tecnológicas (ferramentas, serviços e plataformas 
digitais)têm grande potencial para contribuir com a promoção da saúde e prevenção 
de doenças. Soluções, como aplicativos, fóruns on-line, blogs, redes sociais, dentre 
outras novidades, podem ampliar as possibilidades de as pessoas se comunicarem a 
favor de uma vida saudável. Porém, assim como os meios digitais podem ampliar os 
benefícios, Relatório da União Europeia, publicado em 2019, alerta que a falta de 
acesso, com segurança, aos recursos digitais e o desconhecimento para utilizar as 
ferramentas disponíveis pode exacerbar as iniquidades em saúde (EU, 2019, apud 
BUSS, 2020). 
4.1 SUS 
De acordo com a Declaração de Alma-Ata em 1978, a Atenção Primária à 
Saúde (APS) apresenta os cuidados essenciais à saúde ofertados nos serviços mais 
próximos aos indivíduos, constituindo o primeiro local de contato com o Sistema Único 
de Saúde (SUS). Nesse contexto, a APS foi instituída em “ações individuais e coletivas 
situadas no primeiro nível, voltadas à promoção da saúde, prevenção de agravos, 
tratamento e reabilitação” (GOMES, 2011, apud LEITE, 2018). 
No Brasil, o SUS foi estabelecido como política pública de saúde na 
Constituição de 1988, com o objetivo de assegurar assistência a todos os cidadãos.12 
Para sua efetiva implantação, foram elaboradas e aprovadas as “Leis Orgânicas de 
Saúde” (Lei n° 8.080 e 8.142); a mais antiga, em seu capítulo II, discorre sobre os 
princípios e diretrizes do SUS, prevendo a descentralização dos serviços para os 
municípios, a regionalização e a hierarquização como princípios organizativos, 
garantindo o direito fundamental à vida; e como princípios doutrinários a 
universalidade, equidade e integralidade (SHIMIZU, 2013, apud LEITE, 2018). 
 
25 
 
4.2 Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) 
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/88), o direito à saúde 
foi sagrado direito fundamental, sendo responsabilidade comum da União, dos 
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal (art. 6º). A Constituição e a Lei nº 
8.080/90 delimitaram os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), 
sendo eles: 
 A integralidade, 
 A equidade, 
 A descentralização, 
 A participação social, 
 A regionalização e 
 A universalidade (BRASIL, 1988, apud AGUIAR, 2016). 
4.3 Vigilância em Saúde 
A Vigilância em Saúde é responsável por todas as ações de vigilância, 
prevenção e controle de agravos, prioritariamente com ações de promoção à saúde, 
com o monitoramento epidemiológico das doenças transmissíveis e não 
transmissíveis, de atividades sanitárias programáticas, de vigilância em saúde 
ambiental e saúde do trabalhador, elaboração e análise de perfis demográficos 
epidemiológicos, proposição de medidas de controle entre outros. A Vigilância 
encontra-se distribuída em patamares hierárquicos técnico-administrativos, nas 
esferas federal, estadual, municipal e regional, sendo que a base de todas as 
informações é a região, mais precisamente a microárea (MALAGUTTI, 2011, apud 
BOCCATTO, 2011). 
Segundo BOCCATTO (2011), a Vigilância em Saúde tem um fluxograma de 
informações e apresenta várias interfaces entre diferentes sistemas: Vigilância; 
Atendimento (Primário, Secundário e Terciário); laboratórios; centros de pesquisa; 
centros universitários; outras secretarias entre outras. A Vigilância em Saúde está 
incluída no campo de ação do SUS e desenvolve programas relevantes de prevenção 
e controle, devendo ser utilizada para o estabelecimento de prioridades, alocação de 
recursos e orientação programática, em várias áreas: 
 
26 
 
Epidemiológica: Realiza um conjunto de ações que proporcionam o 
conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores 
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos. 
Trabalha com doenças sexualmente transmissíveis agudas e crônicas; doenças 
transmissíveis agudas; doenças transmissíveis crônicas; doenças imunopreveníveis; 
investigações e respostas a casos e surtos e epidemias; doenças emergentes; 
agravos inusitados; inclui o também o Programa Nacional de Imunização (PNI), 
descentralizado aos municípios; 
Ambiental: Desencadeia um conjunto de atividades relativas às zoonoses e 
questões sanitárias ligadas ao meio ambiente e riscos à saúde (água, ar e solo), com 
ações integradas com as subprefeituras e outras secretarias, devendo participar na 
formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; 
Saúde do trabalhador: Desencadeia um conjunto de atividades que, por meio 
das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, se destinam à promoção 
e à proteção à saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e à 
reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos 
das condições de trabalho; 
 
Fonte: afolhatorres.com.br 
Imunização: É o conjunto de todas as atividades relacionadas com os 
imunobiológicos e sua adequada utilização. O Programa Nacional de Imunização 
(PNI) é reconhecidamente um dos melhores do mundo, estando vigente desde 1973, 
continuamente propiciando expressivos benefícios na prevenção de doenças, 
obtendo reiterados sucessos, nunca tendo sido interrompido. Podem ocorrer surtos 
ou acontecimentos inesperados mesmo com imunobiológicos eficazes, cabendo 
 
27 
 
providências complementares organizadas, seguindo diretrizes da Vigilância em 
Saúde, com respaldo científico e rigoroso sistema avaliador de qualidade, também 
com controle de procedimentos inadequados e eventos adversos de imunobiológicos, 
acompanhando também de maneira rigorosa o armazenamento, a conservação e o 
transporte de vacinas até sua utilização; 
Sanitária: Realiza um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou 
prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio 
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse 
da saúde; 
Infraestrutura: Infraestrutura laboratorial e de apoio diagnóstico, do sistema 
de informações de doenças de notificação compulsória, entre outros. 
A Vigilância deve trabalhar de forma integrada e harmônica com todas as 
Unidades de Atendimento à Saúde (também intersetorialmente e 
intersecretarialmente). Na Saúde da Família e da Comunidade, a Estratégia Saúde da 
Família (ESF) desencadeou todo um processo de regionalização também na 
Vigilância. A ESF tem como diretriz a existência da territorialização e a determinação 
de área geográfica com o delineamento das áreas de abrangência de cada uma das 
Unidades Básicas de Saúde. Nas áreas cobertas pela ESF se trabalha com 
microáreas e área de abrangência, que são de responsabilidade sanitária das 
equipes. Na ESF, a Vigilância tem como parceiros as organizações sociais e os 
parceiros contratados pelas secretarias municipais de saúde. As entidades privadas 
qualificadas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios como 
organizações sociais, são declaradas de interesse social e utilidade pública, desde 
que haja reciprocidade e a legislação local não contrarie os mandamentos dessa lei e 
a legislação federal específica (MONKEN, 2005, apud BOCCATTO, 2011. 
 
28 
 
4.4 Vigilância epidemiológica 
 
Fonte: repocursos.unasus.ufma.br 
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) do Brasil foi criado 
em 1975, limitando-se a uma pequena lista de doenças de notificação compulsória. 
Até então, as intervenções de Saúde Pública voltadas para o controle de doenças 
transmissíveis eram da responsabilidade de órgãos subordinados ao Governo Federal 
(Departamento Nacional de Endemias Rurais/DNERU, Campanha Contra Varíola, 
Campanha Contra Tuberculose, Campanha contra Lepra, dentre outras) que 
desenvolviam suas atividades sob a forma de campanhas sanitárias. Com a 
implementação do SNVE, parte das atribuições e responsabilidades da vigilância e 
controle destasdoenças foram sendo repassadas para as Secretarias Estaduais de 
Saúde (SES), estruturadas sob a forma de Programas Especiais ao exemplo do 
Programa Nacional de Imunizações (PNI), que estabeleceu um modelo piramidal que 
mantinha o nível local sem recursos e sem protagonismo no processo de resolução 
de seus problemas de saúde. Entretanto, as denominadas endemias 
(esquistossomose, doença de Chagas, malária, tracoma, entre outras) ficaram sob a 
responsabilidade da Superintendência de Campanhas (SUCAM), órgão da 
administração direta do Ministério da Saúde. Deste modo, a formulação, a 
coordenação e a execução das atividades de prevenção e controle de doenças 
transmissíveis eram realizadas segundo a lógica de programas verticais (TEIXEIRA, 
1998, apud TEIXEIRA, 2018). 
A “Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar” foi criada em 2004, com a 
criação dos Núcleos Hospitalares de Epidemiologia cujo objetivo é detectar, notificar 
e investigar de maneira precoce e oportuna, para adoção adequada de medidas de 
 
29 
 
prevenção e controle das mesmas doenças de interesse para saúde pública, cuja 
porta de entrada no sistema, muitas vezes, são os hospitais, mesmo que estes não 
sejam de referência em doenças infecciosas (BRASIL, 2004 apud TEIXEIRA, 2018). 
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições 
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a 
dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo 
que adoece (CANGUILHEM, 1995, apud, BRASIL, 2012) 
5 MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO EM VIGILÂNCIA 
EPIDEMIOLÓGICA 
 
Fonte: oimpacto.com.br 
As ações de vigilância epidemiológica são hierarquizadas, ou seja, cada nível 
assume responsabilidades para com o planejamento e execução das medidas e ações 
a serem empreendidas a nível central, regional e local: 
Nível central (Governo Federal/Ministério da Saúde): é o grande 
responsável pela determinação e regulamentação nacional das ações de vigilância 
epidemiológica. Nele, as ações são discutidas para, somente após, serem 
recomendadas a todos os estados da Federação. Detém as bases de dados dos 
sistemas de informação da vigilância epidemiológica - que reúnem todas as 
informações referentes à saúde e às doenças no Brasil. 
Nível regional: correspondente aos estados da Federação (Secretarias de 
Estado de Saúde): cabe coordenar as ações de vigilância desenvolvidas pelos 
municípios, procurando estabelecer prioridades de acordo com as informações 
obtidas, prestando consultoria. 
 
30 
 
As centrais estaduais de regulação de transplante de órgãos são exemplo de 
ação de vigilância diretamente desenvolvida pelo nível de gestão regional. 
Por seu intermédio as secretarias estaduais de Saúde controlam o número 
de doadores, os pacientes para os quais o transplante é prioritário, a 
localização dos possíveis doadores e que hospitais dispõem de estrutura para 
realizar a intervenção cirúrgica necessária. Assim, é possível conhecer as 
necessidades relacionadas a um problema de saúde específico e intervir 
diretamente sobre ele, estabelecendo uma rede de comunicação entre as 
unidades locais coordenadas pelas centrais. 
Nível local: traduzido na figura do município (Secretarias Municipais de 
Saúde) e sua região administrativa (Distritos Sanitários): cabe executar as 
práticas de vigilância, desenvolvendo as ações mais diretamente relacionadas aos 
indivíduos, por meio dos serviços assistenciais oferecidos. Neste nível, 
principalmente, faz-se necessário que os serviços de saúde estejam informados da 
ocorrência das doenças de notificação compulsória para que possam, assim, planejar 
e implementar as medidas de promoção, prevenção e controle adequadas às 
necessidades da população local – o que chamamos “informação para a ação” 
ROUQUAYROL, 1999, apud NEGRI, 2002). 
5.1 Investigação epidemiológica 
A investigação epidemiológica deve ocorrer sempre que for notificado um caso 
suspeito de alguma doença. Significa que mesmo que o diagnóstico não esteja 
confirmado deve-se realizar a investigação e executar as medidas de controle e 
prevenção da transmissão, recomendadas pelos serviços de epidemiologia e 
padronizadas pelo nível central (Ministério da Saúde): 
 A busca de casos e visita domiciliar – quando os serviços locais de 
epidemiologia, ao receberem notificações de doenças de clientes 
atendidos, procuram localizá-los por meio de aerograma, telefonema ou 
visita ao domicílio para realizar a investigação epidemiológica; 
 O apoio a procedimentos diagnósticos – quando da definição de suspeita 
ou confirmação de uma doença, a coleta de material biológico, 
realização de testes específicos e interpretação de seus resultados são 
procedimentos frequentemente desenvolvidos pelo auxiliar de 
enfermagem (WALDMAN,1998, apud NEGRI, 2002). 
 
31 
 
5.2 As medidas de precaução em relação à transmissão de doenças 
As medidas de precaução em relação à transmissão de doenças podem incluir: 
Vacinação de bloqueio: é a intensificação da administração de uma vacina, 
visando a impedir a transmissão de uma doença de um indivíduo doente para aqueles 
que com ele convivem em espaço restrito, como no trabalho, escola, creche ou 
quartéis. Essa medida é usualmente utilizada quando há o acometimento por uma 
doença de transmissão fácil e contra a qual se dispõe de vacina, como a coqueluche 
ou sarampo A febre amarela, por exemplo, teve vacinação de bloqueio para evitar que 
novos casos atingissem outras regiões do país; 
Intensificação de vacina: é uma estratégia utilizada para aumentar o número 
de pessoas protegidas contra uma doença. Para tanto, podem ser modificados os 
critérios normalmente utilizados para a aplicação da vacina, aumentando-se o número 
de doses ou a faixa etária da população-alvo; 
Indicação de restrição de circulação: o objetivo não é isolar o cliente, mas 
sim garantir que outras pessoas de seu convívio não corram o risco de contrair a 
doença por ainda não estarem protegidas; 
Quimioprofilaxia: algumas vezes, o uso de vacinas para prevenir a 
transmissão de determinada doença não está disponível ou recomendado - casos em 
que são utilizados medicamentos para diminuir o risco de transmissão. A adoção 
desta conduta é chamada quimioprofilaxia, geralmente adotada para os comunicantes 
de casos suspeitos ou confirmados de meningite meningocócica ou causada por 
hemófilos, tuberculose ou leptospirose, e ainda frente à exposição acidental 
envolvendo objetos perfurocortantes potencialmente contaminados com material 
biológico (WESTPHAL, 1998, apud NEGRI, 2002). 
6 PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA 
Para o planejamento de ações de prevenção e controle de doenças e agravos, 
é importante conhecer o perfil dos problemas de saúde da população assistida e das 
doenças apresentadas quais mais acometem a população, que mais matam e quantas 
pessoas morrem. Para o conhecimento de aspectos de saúde não diretamente 
observáveis foram criados os indicadores de saúde, que representam e tentam “medir” 
 
32 
 
os aspectos normalmente não percebidos. Dentre outros importantes componentes 
da estrutura de assistência à população, esses indicadores orientarão o processo de 
planejamento em saúde, a organização dos serviços de atenção e a determinação do 
número de leitos hospitalares necessários para determinada região. Como destaques, 
ressaltamos a morbidade, a mortalidade e a letalidade. 
Apesar dessas limitações, acredita-se que a informação gerada a partir de 
dados de mortalidade, muito utilizada no passado, reterá, por algum tempo 
ainda, o seu lugar central na avaliação dos progressos em saúde e nas 
comparações internacionais, devido principalmente à dificuldade de 
operacionalização de outros tipos de indicadores (HANSLUWKA, 1987, apud, 
SOARES, 2003). 
6.1 Morbidade 
 Segundo NEGRI (2002), a morbidade refere-se ao comportamento das 
doenças numa população expostaao adoecimento. Seus índices permitem conhecer 
que doenças existem habitualmente na área, no período e na população estudada 
(prevalência), e quais os novos casos das doenças na mesma área, período e 
população (incidência). A quantidade de casos de uma doença também permite 
estimar sua importância para aquela população. Estão relacionados à morbidade os 
termos: surto, endemia, epidemia e pandemia. 
Surto: Surto é um aumento repentino do número de casos, dentro de limites 
muito restritos, como uma série de casos de rubéola em uma creche, vários indivíduos 
com conjuntivite em um quartel ou vários bebês com infecção respiratória em um 
berçário de hospital. Também pode ser assim considerado o aumento do número de 
casos de uma doença em uma área específica, considerada livre da mesma. Por 
exemplo, um único caso de poliomielite no Brasil seria suficiente para configurar um 
surto; 
Endemia: Endemia é a ocorrência de certo número de casos controlados em 
determinada região; 
Epidemia: Epidemia é o aumento do número de casos de determinada doença, 
muito acima do esperado e não delimitado a uma região; 
Pandemia: Pandemia, por sua vez, compreende um número de casos de 
doença acima do esperado, sem respeitar limites entre países ou continentes. Os 
exemplos mais atuais são a Aids, tuberculose e Covid-19. 
 
33 
 
6.2 Mortalidade 
A mortalidade é definida como a relação entre o número de óbitos e o número 
de pessoas expostas ao risco de morrer. Dados esses que podem ser agrupados por 
características como sexo, idade, estado civil, causa, lugar, condição, dentre outras. 
Os óbitos ocorridos podem estar classificados segundo a associação de duas ou mais 
dessas características (ROCHA,1999, apud NEGRI, 2002). 
A causa básica de morte é definida pela Organização Mundial da Saúde como 
“ (a) a doença ou lesão que iniciou a sucessão de eventos patológicos que levou 
diretamente à morte, ou (b) as circunstâncias do acidente ou violência que produziu a 
lesão fatal”. Causas associadas são todas as descritas na declaração de óbito 
diferentes da causa básica, ou seja, condições que contribuíram no processo de 
falecimento (contribuintes) ou que foram complicações da causa básica 
(consequenciais). Constituem causas múltiplas todas aquelas descritas na declaração 
de óbito, ou seja, as causas básicas e as associadas (OMS, 1997 apud LAURENTI, 
2015). 
6.3 Letalidade 
Segundo NERI (2002), a letalidade permite conhecer a gravidade de uma 
doença, considerando-se seu maior ou menor poder para causar a morte. A 
determinação da letalidade de certas doenças permite avaliar a eficácia de estratégias 
e terapias implementadas. Por exemplo, espera-se que a vacina anti sarampo reduza 
o número de complicações e óbitos decorrentes da doença. Se há muitos óbitos 
causados pelo sarampo, isto significa que as crianças não estão tendo acesso à 
estratégia de vacinação ou que a vacina não está desempenhando adequadamente 
seu papel na proteção à saúde. 
Para que se possa avaliar o significado dos indicadores e compará-los frente a 
populações diferentes sem que haja distorção das informações, esses indicadores são 
calculados por meio de taxas, índices e coeficientes, e expressos em porcentagens. 
Traduzem, muitas vezes, as condições socioeconômicas e sanitárias locais, pois 
estão intimamente relacionados com as condições de vida e saúde da população. 
Dessa forma, as ações de vigilância epidemiológica e os resultados obtidos com a sua 
implementação e divulgados através de suas bases de dados constituem um elemento 
 
34 
 
precursor da elaboração e implementação de programas de saúde coletiva, ao 
permitirem a identificação de fatores de risco para a determinação dos processos de 
morbidade que atingem os grupos populacionais que recebem atenção específica dos 
serviços de saúde (ROCHA,1999, apud NEGRI, 2002). 
7 DOENÇAS PREVENÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO 
Doenças preveníveis por imunização: Covid-19, Tuberculose, Hepatite B, 
Difteria, Tétano, Coqueluche, Doenças causadas por Hemofilo B, Poliomielite, 
Rotavirose, Doença Pneumocócica, Doença Meningocócica, Sarampo, Caxumba, 
Rubéola, Varicela, Hepatite A, Febre Amarela, Influenza (Gripe), Raiva Humana, 
HPV, Cólera e Diarréia dos Viajantes, Febre Tifóide. 
 
Fonte: portaldafolha.com.br 
7.1 Influenza (gripe) 
A gripe é uma doença viral causada pelos vírus influenza dos tipos A, B e C. 
Os vírus do tipo A e B apresentam importância clínica, representando 75% das 
infecções comparadas com as cepas B; sofrem mutações, e causam epidemias 
sazonais. Podem causar complicações respiratórias em pacientes que são doentes 
crônicos como: cardiopatas, pneumopatas, imunodeprimidos; e em grupos 
vulneráveis como: crianças e idosos. Sua transmissão é através do contato com 
secreções respiratórias, e objetos contaminados. É de alta transmissibilidade, sua 
manifestação clínica é: febre (38º a 40°C), cefaleia, mialgia, dor na garganta, tosse, 
prostração. Podendo evoluir para formas graves como: Síndrome Respiratória Aguda 
 
35 
 
Grave (SRAG) e pneumonia, aumentando o número de hospitalização (BRASIL- M.S/ 
INFORME TÉCNICO, 2018, apud DE MELO, 2019). 
Prevenção: A melhor forma de prevenir a doença é através da vacinação que 
deve ser realizada anualmente. A vacina é composta de vírus inativados, 
fragmentados, diferentes tipos de cepas do vírus Myxovirus influenzae. São definidos 
os tipos de antígenos de acordo com a orientação epidemiológica dos vírus circulantes 
(BRASIL- M.S/ INFORME TÉCNICO, 2018, apud DE MELO, 2019). 
A vacina contra influenza pode ser realizada a partir dos seis meses de idade, 
é indicada para a população indígena e deve ser administrada por via IM ou SC (em 
pacientes que possuem alteração sanguínea ou que estejam em tratamento com 
anticoagulantes orais). Existe diferenciação para o esquema de doses conforme a 
idade; em crianças com 6 meses a 2 anos de idade deve ser realizada duas doses 
fracionadas de 0,25 ml, por via IM, com intervalo de 30 dias entre as doses, e para 
crianças de 3 anos até 8 anos serão administrados duas doses de 0,5 ml com intervalo 
de 30 dias entre as doses, após essa idade e em adultos a dose será de 0,5 ml, por 
via IM. A vacina é contraindicada para aqueles que possuem alergia ao ovo, devendo 
ter a orientação médica se for preciso realizá-la, devendo ser administrada no hospital. 
Para casos em que ocorreram a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) pós-vacinação, 
num intervalo de seis semanas da dose recebida anteriormente, será necessário 
avaliação médica para analisar a necessidade de realizar a vacinação frente o risco 
(BRASIL, 2014, apud DE MELO, 2019). 
7.2 Covid-19 
Segundo FREIRE (2021), a Pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV21, 
que causa a doença conhecida como Covid-19, afetou o planeta de incontáveis 
maneiras, tanto na área da saúde quanto na economia, nas relações sociais e, 
principalmente, no fluxo informacional. A necessidade de nos mantermos distantes 
uns dos outros trouxe a clareza de como é importante a vida em sociedade, na qual 
cada pessoa e instituição tem seu papel. Além disso, foi em meio ao caos mundial 
que as tecnologias digitais, especialmente as tecnologias de informação e 
comunicação, tiveram oportunidade de suprir demandas comuns da nossa vida e 
nos manter conectados. Um fator importante relacionado à pandemia de Covid-19 foi 
 
36 
 
a necessidade de validação científica rápida para quaisquer nvacinas e tratamentos 
médicos. 
O processo de produção vacinal segue as fases de um estudo clínico, com 
etapas pré-clínicas, realizadas em laboratórios, em geral, em modelos animais, 
objetivando avaliação de dose e toxicidade nesta população. Os ensaios clínicos, em 
humanos, são divididos em três etapas. Os estudos de fase 1 visam avaliar a 
segurança do produto, enquanto os de fase 2 avaliam segurança, dose e frequênciade administração, bem como sua imunogenicidade. Os de fase 3 têm como desfecho 
principal a avaliação de eficácia do produto, através de ensaios clínicos controlados, 
randomizados, envolvendo milhares de voluntários. Após a publicação científica 
desses dados, a vacina candidata é submetida à avaliação pelas agências 
reguladoras, para posterior produção e distribuição. Por fim, os estudos de fase 4, ou 
de pós-licenciamento, estimam os efeitos e eventos adversos após a utilização da 
vacina em larga escala na população alvo. Cada etapa deste processo dura em média 
vários meses a anos (FREIRE, 2021). 
Várias tecnologias de produção estão sendo avaliadas, incluindo ácidos 
nucleicos (DNA e RNA), uso de vetores virais (replicantes e não replicantes), vacinas 
virais (atenuadas ou inativadas) e as vacinas proteicas (recombinantes ou de VLP - 
partículas semelhantes ao vírus - tecnologia utilizada na vacina HPV). Algumas 
dessas plataformas nunca foram utilizadas em vacinas atualmente licenciadas, mas 
existem experiência em áreas como a oncologia e, assim, surgem novas 
oportunidades de produção de vacinas, com maior velocidade de 
fabricação. Entretanto, este processo, como tudo o que é novo e não testado, requer 
cautela, para não oferecer falsas esperanças em um momento tão difícil para a 
humanidade (MUKHERJEE, 2020, apud LIMA, 2021). 
KRAMMER (2021) citado por LIMA (2021), relata que a maioria das vacinas 
estudadas para a COVID-19 visa induzir anticorpos neutralizantes contra as 
subunidades virais, a maior parte delas tendo como alvo a região RBD (do inglês 
domínio de ligação do receptor) da proteína mais conservada do vírus, a Spike (S), 
impedindo assim, a captação do vírus pelo receptor ACE2 (enzima conversora da 
angiotensina 2) humano. Não está claro como as variantes da proteína S utilizadas 
em diferentes candidatas à vacina se relacionam entre si ou com a epidemiologia 
genômica da doença. 
 
37 
 
Vacinas com vetores virais: Adenovírus não replicantes têm sido os principais 
vetores virais utilizados nas plataformas de desenvolvimento para as vacinas COVID. 
Podem ser humanos (Ad5 e Ad26) ou de símios (Chipanzés ChAd). Segundo 
FOLEGATTI (2020), citado por LIMA (2021), a vacina ChAdOx1 nCoV-19, baseada 
em vetores virais, desenvolvida na Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria 
com o laboratório AstraZeneca, induz robusta resposta imune, incluindo resposta 
celular, após a aplicação de duas doses. Utiliza, como vetor, um adenovírus de 
chimpanzé não replicante que expressa a proteína S do SARS-CoV-2. Os estudos de 
fase 1 e 2, envolvendo grupo controle com vacina conjugada meningocócica em 
adultos saudáveis, mostraram resposta específica de células T no 14° dia após 
aplicação, com anticorpos neutralizantes detectados entre 91 e 100% dos pacientes, 
apresentando perfil de segurança aceitável. 
Atualmente, encontra-se em estudos de fase 3 envolvendo profissionais de 
saúde e grupos de alta exposição do Reino Unido e mais quatro países, incluindo o 
Brasil. O surgimento de um evento adverso grave e inesperado em um voluntário que 
apresentou um quadro de mielite transversa fez com que o laboratório suspendesse 
provisoriamente o estudo de fase 3 em todos os centros para melhor análise do caso. 
Após avaliação do Comitê externo de monitoramento, foi afastada relação causal da 
vacina com o evento adverso e o estudo prossegue em todo o mundo (FOLEGATTI, 
2020, apud LIMA, 2021). 
Outras vacinas baseadas em vetores virais já estão liberadas para uso restrito 
em determinados grupos populacionais na China e na Rússia. O laboratório chinês 
CanSino divulgou estudos de fase 1, demonstrando resultados promissores com uma 
vacina que utiliza o Ad5 como vetor,mas não houve publicação de estudos de fase 3 
e atualmente a vacina encontra-se aprovada naquele país para uso exclusivo em 
militares chineses (ZHU, 2020, apud LIMA, 2021) 
Também com a tecnologia do uso do adenovírus, foi iniciada vacinação de 
profissionais de saúde e professores com vacina produzida pelo Instituto Gamaleya, 
em Moscou. Estudo de fases 1/2, publicado recentemente, testou 02 formulações de 
vacinas baseadas em 02 subtipos do adenovírus e todos os participantes produziram 
anticorpos contra a glico-proteína do SARS-CoV-2, com uma taxa de sorocon-versão 
de 100% após 42 dias da aplicação. Também foi avaliada a resposta celular no 28° 
dia, com detecção de proliferação de CD4 e CD8 em todos os estudados. A vacina 
 
38 
 
russa utiliza como vetor viral o Ad26 na primeira e o Ad5 na segunda dose. Há 
proposta de ampliar a vacinação para todos os cidadãos russos em outubro e o 
governo do estado do Paraná está negociando acesso à chamada vacina Sputnik V 
(LOGUNOV, 2020, apud LIMA, 2021). 
Vacinas genéticas: As vacinas de RNA mensageiro têm demonstrado, em 
geral, um excelente perfil de segurança e com boas respostas imunes celular e 
humoral. Tem a vantagem de serem produzidas em maior escala, por se tratar de 
produtos sintéticos, e a desvantagem de serem produtos que requerem conservação 
em congelamento. O RNA vacinal é envolto em uma camada lipídica, evitando assim, 
sua degradação. Até o momento, nenhuma vacina de DNA alcançou a fase 3 em 
ensaios clínicos; 
Vacinas virais: tecnologias tradicionais de produção de vacinas como as de 
vírus vivos atenuados e inativados vêm sendo utilizadas em diversos ensaios clínicos. 
Preocupações com a biossegurança de vacinas atenuadas têm dificultado os estudos 
com essa plataforma, e algumas vacinas inativadas já estão em fase 3 de testes; 
Vacinas virais: tecnologias tradicionais de produção de vacinas como as de 
vírus vivos atenuados e inativados vêm sendo utilizadas em diversos ensaios clínicos. 
Preocupações com a biossegurança de vacinas atenuadas têm dificultado os estudos 
com essa plataforma, e algumas vacinas inativadas já estão em fase 3 de testes 
(KRAMMER, 2021, apud LIMA, 2021). 
7.3 Doenças pneumocócica 
A doença pneumocócica é causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae 
ou pneumococo, possuidora de cápsula, possui 90 sorotipos, conhecidos 
mundialmente, sendo grandes causadores de doenças invasivas e não invasivas. A 
doença pneumocócica pode causar infecções graves como pneumonia, meningite, e 
provocar bacteremia. As formas não invasivas são: sinusite, otite média aguda, 
conjuntivite, bronquite. A forma de transmissão é através de gotículas respiratórias 
como tosse, espirro da pessoa contaminada, podendo ocorrer situação em que a 
pessoa apenas é portadora da bactéria, não desenvolvendo a doença; as crianças 
menores costumam serem as portadoras do pneumococo (FIOCRUZ, 2014, apud DE 
MELO, 2019). 
 
39 
 
O local de colonização do pneumococo pode influenciar a expressão dos 
fatores de virulência: enzimas como superóxido dismutase e NADHoxidase 
podem atuar na patogênese da infecção ao participar da detoxicação dos 
radicais de oxigênio e gerar a competência das células, tornando-as aptas ao 
processo de transformação, que é o principal envolvido na recombinação 
genética do pneumococo (KAPLAN, 2001 apud FREIRE, 2002) 
Prevenção: A vacina pneumocócica é composta por “polissacarídeos 
capsulares bacterianos purificados do Streptococcus pneumoniae (pneumococo), 
com 10 sorotipos de pneumococo (1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F). ” (M.S., 
2014). O esquema é composto por 2 doses, devendo ser realizado aos 2 e 4 meses, 
e um reforço aos 12 meses de idade, podendo receber a dose até os 4 anos (BRASIL- 
M.S., 2016, apud DE MELO, 2019). 
7.4 Hepatites 
Hepatite A: As hepatites virais são infecções sistêmicas causadas por vírus 
que possuem tropismo primário para o fígado, cuja fisiopatologia baseia-se na 
resposta inflamatória hepática ao vírus. Apesar de apresentarem sintomas similares, 
as hepatites virais são doenças distintas, cada qual com sua característica 
epidemiológica, clínica, laboratorial e agentes etiológicos específicos.

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