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Infecções congênitas 1 🦠 Infecções congênitas IGOR LUIS FREIRE ALMEIDA - MEDICINA UniFG � Via hematogênica transplacentária. Quando suspeitar? RN assintomático na maioria das vezes. Final da gravidez, o risco de transmissão é maior, mas gravidade é menor. Suspeita com doença ou sorologia materna. RN sintomático. Quadro antenatal. Quadro inespecífico ou específico. Visceral, ocular, neurológico, cutâneo, medular. Sequelas. Sorologia - ATENÇÃO IgM no RN → infecção. IgG no RN → pode ser infecção materna. Comparar títulos ou avaliação seriada (materna → diminui os níveis). Sífilis congênita � Treponema pallidum Clínica PRECOCE (< 2 ANOS) → as lesões são contagiosas (precaução de contato até iniciar o tratamento). Rinite sifilítica (sanguinolenta). Placas mucosas. Condiloma plano → lesão úmida ao redor dos orifícios. Lesões cutâneas. Pênfigo palmoplantar → exantema vesículo-bolhoso. Lesões ósseas Osteocondrite: articulação + metáfise, dor à manipulação. Infecções congênitas 2 Pseudoparalisia de Parrot: diminuição da mobilidade por dor + exame neurológico normal. Periostite: duplo contorno; pode levar a deformidades ósseas, como tíbia em sabre. TARDIA (> 2 anos) → são sequelas. Nariz em sela. Rágades. Fronte olímpica Tíbia em sabre Alterações dentárias Dentes de Hutchinson. Molares em amora. Como investigar? Na suspeita → clínica ou sífilis na gestante = VDRL (teste não treponêmico). Sangue periférico. Em alguns casos → hemograma. Anemia; plaquetopenia; leucopenia ou leucocitose. Líquor. Infecções congênitas 3 VDRL +; celularidade > 25; ptn > 150. RX ossos longos. Avaliação auditiva e visual. Avaliação hepática e eletrólitos. RX tórax (pneumonia). Tratamento Como foi o tratamento da gestante? Adequado: Penicilina benzatina. Adequado para a fase (doses e intervalo entre doses). Iniciado até 30 dias antes do parto. Avaliado risco de reinfecção (não necessita exclusivamente do tto do parceiro). Queda de VDRL documentada (prova: aumento no momento do parto = reinfecção). Mãe não tratada ou inadequadamente tratada = sífilis congênita. Realizar todos os exames e tratar todos os casos! Líquor alterado → P. cristalina IV 10 dias. Primeiros 7 dias: 12/12h. >8 dias: 8/8h. Líquor normal e outra alteração → P. cristalina IV 10 dias; P. procaína IM 10 dias. Assintomático e todos os exames normais (VDRL -) → P. benzatina DU. Mãe adequadamente tratada. VRDL do RN sempre! VDRL ≥ materno em 2 diluições (IgM + IgG)? Quanto maior o título, maior o nº de Ac = maior passagem placentária. Sim = sífilis congênita → demais exames + 10 dias de penicilina cristalina ou procaína de acordo com LCR. Não → exame físico. Normal → acompanhamento (criança exposta à sifilis; acompanhamento sem notificação). Alterado. VDRL não reagente → avaliar outras infecções congênitas. VDRL reagente = sífilis (10 dias de tratamento com penicilina cristalina/procaína). Acompanhamento Teste não treponêmico (VDRL) → 1, 3, 6, 12 e 18 m. Declinar aos 3 meses; não reagente aos 6 meses. Não realiza mais se ≥ 2 testes não reagentes. LCR de 6 em 6 meses (quando havia alteração). Avaliação auditiva, visual e neurológica: 6/6 meses nos primeiros 2 anos. Teste treponêmico: > 18 meses (se - e depois +, não é congênito). Toxoplasmose congênita Diagnóstico da gestante IgM; IgG. Infecções congênitas 4 Após infecção aguda: aumento IgM → aumento IgG → IgM diminui até desaparecer→ IgG positiva para sempre. IgM fica reagente por muito tempo (8 meses). 1º trim.: IgM -; IgG + → negativo. IgM +; IgG - → falso-positivo → repetir → IgM +; IgG + = positivo. IgM +; IgG +. Índice de avidez do IgG: ⬆ = infecção há mais de 3/4 mês. Tratamento na gestante Espiramicina → previne transmissão transplacentária. Sempre avaliar infecção fetal → USG/PCR líquido aminiótico. Amniocentese entre 18-21 semanas. Se infecção fetal → sulfadiazina + pririmetamina + ácido folínico (apenas após o 1º trim. [teratogênicos]). Clínica Tríade de Sabin Corirretinite bilateral Hidrocefalia obstrutiva Calcificações difusas Tratamento Tratar todos os RN infectados. Sulfadizina + pirimetamina + ácido folínico → 1º ano. 💡Quem tem gato 🐈, tem “PAS” (paz) 🕊 → toxoplasmose, piri + ácido + sulfa. Corticoide. Coriorretinite grave. Ptn LCR > 1 g/dL. Citomegalovirose congênita Transmissão Infecções congênitas 5 Infecção materna aguda, reinfecção ou reativação. IgG + = possibilidade de reativação e infecção. Clínica Sintomas em apenas 10%. Microcefalia. Rash petequial (muffin de blueberry) / purpúrico. Calcificação periventricular. “CMV = circula meus ventrículos”. Investigação Vírus urina / saliva (< 3 semanas). Se feito após, pode diagnosticar uma infecção pós-natal. Tratamento Ganciclovir (IV, 6 sem.) / valganciclovir (VO, 6 m.). Reduzir sequelas → surdez (principal causa de surdez neurossensorial não hereditária na infância). 💡Cê me vê, mas cê não me ouve. Rubéola congênita Infecção apenas no 1º trimestre. Clínica Mãe com IgG -, IgM + → RN nunca terá rubéola, pois só se infecta uma vez. Surdez. Catarata (reflexo vermelho ausente) → coriorretinite em sal e pimenta (pode ocorrer na sífilis). Cardiopatia. Persistência canal arterial (PCA). Estenose artéria pulmonar. Sopro na ausculta. Varicela congênita � Gestante < 20 sem com varicela. Infecções congênitas 6 Exposição intrauterina ou no período neonatal ao vírus varicela-zoster pode causar 3 situações: Síndrome da varicela fetal 25% dos casos → infecção nas 20 primeiras semanas. 12% → anomalias congênitas. 80% → entre 9º e 20º semanas. Baixa probabilidade de infecção→ antes da 5º e depois da 24º semana. Afeta sistemas musculoesquelético, SNC e pele. Infecção do feto. Clínica. Lesões presentes ao nascimento. Cicatrizes estreladas e angulares com disposição em um dermátomo. Musculoesquelético → hipoplasia, equinovarismo, ausência ou alteração dos dedos. SNC → atrofia cortical, hidrocefalia, íleo ou bexiga neurogênica, distúrbios sensoriais. Pode levar a grave DRGE, pneumonias aspirativas recorrentes, insuficiência respiratória. Oftalmológicas → coriorretinite, catarata, microftalmia, sd. de Horner, nistagmo, anisocoria. Podem ser achados isolados e paciente pode ficar sem diagnóstico até o 2º ano de vida. Diagnóstico. US ou RM fetal. Sorológico→ inconclusivo (alta taxa de falso positivo). Não precisa isolar o RN → replicação viral ocorre em fase precoce da gestação. Varicela neonatal Epidemiologia Mãe com varicela 21 dias antes do parto → ocorre varicela neonatal em 25-50% dos RN. Letalidade: até 35%. Incubação: 9 a 15 dias. Transmissão Infecção via transplacentaria. Garante pelo menos uma proteção parcial aos RN de mães imunes devido à passagem de Ac, mesmo em RNs PT e PIG. Baixo risco de transmissão horizontal em maternidades ou berçários. Baixo risco de epidemias. Maioria da população adulta é imune à doença. Manifesta-se no lactente entre o 5º e 10º dia de vida. Mãe com varicela entre 5 dias antes e 3 dias depois do parto = Alta possibilidade do RN desenvolver varicela grave e disseminada. Pneumonia, hepatite e encefalite. Porque? É um periodo insuficiente para a gestante formar anticorpos e transferi-los ao feto nos 5 dias que precedem o parto. Quadro clínico Comprometimento do estado geral. Máculas avermelhadas → evoluem para: Pápulas ou vesiculas Infecções congênitas 7 Múltiplas lesões hemorrágicas e necróticas. Herpes zoster infantil Lesões vesiculares sobre base eritematosas num trajeto de um nervo. Por reativação do VVZ latente no gânglio sensorial depois da infecção primária. Lactentes → podem desenvolver sem que tenham apresentado evidência clínica de varicela quando expostos ao VVZ no período intrauterino. Distribuição característica facilita o diagnóstico. Bom prognóstico, exceto nos imunossupressos. Quase sempre mais grave. Final da 1º semana: lesões mais frequentes nas extremidades que no tronco com aspecto semelhante à varíola. 2º semana: vesículasprofundas com base hemorrágica. 30-50% de risco de complicações viscerais - pulmões, fígado, pancreas e cérebro. Tratamento Ig específica. Sinal de infecção = aciclovir. Clínica Lesões cicatriciais. Hipoplasia dos membros. Doença neurológica. Mastite perinatal Aumento mamário por exposição aos hormônios maternos. Internação + ATB (oxacilina e amicacina). Eritema tóxico neonatal Doença benigna e auto-limitada; ocorre em 1/3 dos RN AT e raramente em prematuros ou peso < 2500g. Fatores predisponentes → sexo feminino, parto a termo, RN de primigesta, verão e outono, parto vaginal. Clínica Face, tronco, braços e nádegas. Máculas e pápulas eritematosas. Intermitência entre atividade e desaparecimento. Teste de Tzanck → eosinófilos. Eosinofilia periférica em aprox. 17%.
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