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Prof. Débora: Direitos Difusos e Coletivos - 03-09-2015
Direitos humanos fundamentais
Os direitos humanos fundamentais referem-se aos direitos da pessoa humana positivados no direito externo (tratados internacionais) e no direito interno(Constituição).
A Constituição de 1988, em seu art. 5º, §1º, usa a expressão “direitos fundamentais”, quando quer fazer referência aos direitos previstos no seu texto. Já, quando quer tratar das normas internacionais de proteção à pessoa humana, faz referência a “direitos humanos”, §3º do mesmo artigo constitucional.
Os direitos humanos fundamentais são VALORES ÉTICOS, MORAIS E POLÍTICOS de uma determinada época e que asseguram as condições mínimas que permitirão uma existência com DIGNIDADE, LIBERDADE e IGUALDADE para qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo.
À medida que foram surgindo ao longo da história agruparam-se em gerações de direitos.
Gerações ou Dimensões dos direitos
Parte da doutrina evita o termo “geração” por dar ideia de sucessão ou substituição dos direitos fundamentais.Utilizam o termo “dimensão” para indicar que tais direitos não se sobrepõem.
Direitos de 1ª geração: direitos individuais (propriedade, liberdade de crença etc);
Direitos de 2ª geração: direitos sociais, econômicos e culturais;
Direitos de 3ª geração: direitos difusos e coletivos
Comparativo entre as três principais gerações de direitos
1ª geração
2ª geração
3ª geração
Titularidade
Indivíduo
Grupos sociais
Difusa
Natureza
Negativos
Positivos
Supraindividuais
Contexto histórico
Revoluções liberais
Revolução industrial e RevoluçãoRussa
RevoluçãoTecnocientífica
Exemplos
Vida, liberdade,propriedade, igualdade perante a lei.
Saúde, educação, moradia, lazer,assistência aos desamparados, garantias trabalhistas
Meio ambiente, comunicação social, criança,adolescente, idoso
Valor-objeto
Liberdade
Igualdade real (material)
Solidariedade e fraternidade
Direitos de 3ª geração – difusos e coletivos
São transindividuais, pois não pertencem a ninguém isoladamente, também conhecidos como metaindividuais (além do indivíduo) ou supraindividuais (acima do indivíduo isoladamente considerado).
Origem na revolução tecnocientífica ou terceira revolução industrial, que nada mais é que a revolução dos meios de comunicação e de transporte, eis que a humanidade tornou-se conectada em valores compartilhados.
Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos
A definição destes direitos está contida no art. 81, parágrafo único do nosso Código de Defesa do Consumidor:
		“I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
		II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe e pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
		III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”.
Direitos de 3ª geração mais citados:
O direito ao meio ambiente, do consumidor, das minorias indígenas, negras e sexuais, da criança e do adolescente, das pessoas portadoras de deficiência física e mental, etc.
Direitos Difusos na CF/88
CF/88, Art. 5º, XXXV
Com a CF/88 foram trazidas as ações coletivas (gênero), que estão abaixo, e que foram ampliadas para efetivamente proteger os direitos difusos e coletivos.
São ações coletivas: Ação Popular, MS coletivo, MI coletivo, Ação para Improbidade adm. e Ação Civil Pública
Lei da Ação Popular – Lei nº 4.717/65
Transformação:
Art. 1º - Legitimidade: o cidadão (portador de título eleitoral) é a pessoa legítima para pleitear os direitos difusos e coletivos.
Art. 18 – Coisa Julgada secundum eventum probationis (segundo as provas do processo), ou seja, se não houver provas suficientes para julgar procedente a ação popular, não há coisa julgada. Ou seja: não há coisa julgada que julgue improcedente a ação por falta de provas.
A Ação popular era cabível sempre que houvesse dano a patrimônio público e um ato lesivo e ilegal a esse patrimônio público.
Lei nº 6.938/81 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente
Art. 14, §1º - trouxe a responsabilidade objetiva e legitimidade do MP.
Responsabilidade Objetiva
Sempre que se tratar de matéria ambiental, é necessário apenas provar o Fato, o Dano e o Nexo de Causalidade: não é mais necessário se verificar o Dolo ou Culpa. Por isso, a responsabilidade do causador do dano é objetiva.
Essa responsabilidade objetiva é Integral. Não há nada que possa ser alegado para se romper o nexo de causalidade.
Dano Imprevisível: falha da ciência é o defeito de concepção, é risco de desenvolvimento e de concepção. No caso ambiental não é possível fazer essa alegação, pois basta que o cara tenha causado um dano para ele ser reparado. É o risco da atividade que ele corre.
Legitimidade do MP
Não é necessário esperar que o indivíduo constate o dano particular. Se é possível saber a ocorrência do dano, é possível ao MP pleitear a reparação daquele dano.
*
Lei nº 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública
Essa lei é instrumental: só tem regras processuais, sem estabelecer qualquer proteção ao direito material.
Art. 1º - Campo de Aplicação dessa lei: era apenas para a proteção do consumidor, de ofensa a lei. O rol era taxativo de proteção dos direitos difusos e coletivos.
A LACP (Lei 7347/85) – Tutela Coletiva – Incorporou ao nosso ordenamento institutos processuais coletivos (arts. 5º e 9º) e Restringiu a proteção a alguns interesses (art. 1º).
Lei 7.347/85 – Essa lei foi recepcionada pela CF/88, e garante que todos os direitos garantidos são difusos ou coletivos.
Art. 5º - Legitimidade estendida para a proteção dos novos direitos
Art. 9º - possibilidade de colheita de provas por meio do inquérito civil e solução de conflitos extrajudicialmente.
Dificuldade: disciplina processual própria
Essa lei restringiu a aplicação para o Meio Ambiente, para o Consumidor e para o Patrimônio artístico, cultural e histórico.
Direito de Ação
O direito de ação é radicalmente modificado, pois agora é possível acessar o Poder Judiciário diante de Lesão ou Ameaça a Direito Individual ou Coletivo. 
O direito de ação assegurado é individual ou coletivo, e por isso a coisa julgada de um não pode obstar o direito de outro. 
Remédios constitucionais
Ação Popular
Art. 5º, LXXIII CF: a ação popular foi ampliada, visando uma proteção de cunho coletivo.
A visão é progressista, pois a proteção é de patrimônio público e do meio ambiente (termos gerais e abstratos). Basta agora que haja um ato Lesivo: não é mais necessário que seja um ato ilegal.
A expressão meio ambiente torna a proteção da ação popular mais geral, e interfere até em quem são os legitimados ativos.
Mandado de Segurança Coletivo
Art. 5º, LXX CF – o MS deve ser impetrado diante de Direito Líquido e Certo. Mas se esse direito for de entes da coletividade, o MS alcança todos os que estão na mesma situação.
Há também diferença em relação à representação.
Mandado de Injunção Coletivo
Art. 5º, LXXI CF – há diferença em relação à legitimação e à coisa julgada.
Representação Processual por entidades associativas
Art. 5º, XXI CF – são associações que se destinam a proteger bens difusos e coletivos. Basta que conste do Estatuto social qual é a finalidade dessa associação.
Competência Legislativa Concorrente
A União estabelece as regras gerais, e o Estado, DF e Municípios podem detalhar as regras gerais, em função de interesse local ou interesse regional. Em matéria ambiental haverá legislações diferentes em Estados e Municípios.
Capítulo específico Destinado ao Meio Ambiente
Art. 225 CF – O meio ambiente é um direito que pertence a todos. Esse é o reconhecimento expresso de que o direito ambiental é um direito de natureza difusa: o Estado não detém a titularidade de quaisquer bens
ambientais.
*Especificações do Meio Ambiente
§1º - o meio ambiente é natural, artificial, cultural ou de trabalho. Essa é a classificação clássica do meio ambiente. Essa é a visão clássica porque hoje em dia também se discute que o meio ambiente se volta ao patrimônio genético.
Capítulo Destinado ao MP na CF
Arts. 127, 129, III e IX e §1º
O MP tem finalidade institucional: são as finalidades e os direitos que os membros do MP devem seguir.
Os direitos individuais não deixam de ser repartições de direitos 
Funções do MP na CF: O MP pode instaurar inquérito civil (para apurar lesão de massa) e promover ação civil pública.
Se outros interesses puderem ser identificados e fizerem parte da finalidade institucional, é possível que esses interesses sejam protegidos.
Art. 129, §1º - É a extensão da legitimação ativa da Ação Civil Pública, pois outros legitimados também podem propor a Ação Civil Pública além do MP, na forma da lei. A legitimidade em ações coletivas é a Legitimidade Concorrente e Disjuntiva: há mais de um legitimado, é concorrente porque não há hierarquia entre eles e é disjuntiva porque não é necessária a autorização do outro para ajuizar a ação civil pública.
Campo do Direito Material na CF/88
Art. 5º, XXXII
Art. 6º - São os direitos sociais, que para a professora são todos os direitos de natureza difusa. Esses direitos são garantidos como se fossem de todos, tanto que os direitos sociais estão atrelados à questão ambiental.
Esses direitos sociais estão previstos no Estatuto da Cidade, que diz que para termos uma cidade sustentável é necessário garantir aos cidadãos todas as garantias do art. 6º.
Responsabilidade Objetiva da Administração Pública
Art. 37, §6º CF – a responsabilidade não precisa da prova de dolo ou culpa. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência entendem que a responsabilidade é subjetiva em caso de Omissão.
Art. 129, III, IX e §1º da CF/88
Art. 129, §1º - as legislações infraconstitucionais que definem os legitimados para a proteção dos direitos difusos e coletivos são a Lei da Ação Civil Pública e o CDC.
O art. 129, III, IX e §1º ampliou o rol taxativo dado na LACP, e reforçou o art. 5º dela e ampliou os direitos que podem ser defendidos pela ACP para todos os direitos difusos ou coletivos.
Legislação infraconstitucional
Lei 7.853/89 – Defesa dos Portadores de Necessidades Especiais
Lei 7.913/89 – Mercado de Valores Mobiliários
É o que interessa à econômica do País. A Economia do País tem natureza difusa.
Lei 8.069/90 – ECA
Esses direitos têm natureza difusa, devendo a proteção a eles se dar de forma coletiva.
Lei 8.078/90 – CDC
Lei 8.429/92 – Improbidade Administrativa
A lei diz expressamente que tudo o que pode ser considerado Improbidade Administrativa tem natureza difusa, devendo ser assegurado o direito por meio de ação civil pública.
Lei 8.884/94 – Infração à Ordem Econômica
São os abusos que ocorrem no mercado que devem ser coibidos pelo Estado, e está atrelada à atuação do CADE.
Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade
Decorre do art. 182 CF. Esse Estatuto define o que vem a ser Cidade Sustentável.
Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso
O idoso passou a ser considerado um problema da coletividade: todos os direitos assegurados ao idoso passam a ter natureza difusa.
Código de Defesa do Consumidor
Parte material
Proteção do consumidor
Parte processual
Nessa parte o CDC inovou vários aspectos da LACP (ação civil pública).
Ele criou um Microssistema processual coletivo: sistematizou a proteção dos novos direitos, por meio de regras específicas e individuais para tramitação dos processos coletivos, distinguindo a nova categoria de direitos.
O CDC diz que os Direitos Interindividuais, Transindividuais, Metaindividuais ou Coletivos Lato Sensu são o gênero, e podem ser protegidos em Juízo conforme suas espécies: Direitos Difusos, Coletivos stricto sensu e Individuais homogêneos.
Os Direitos Difusos, Coletivos stricto sensu e Individuais homogêneos serão a causa de pedir e o pedido nas ações coletivas.
Microssistema de Tutela Coletiva
Alterou a LACP, dizendo que sempre que houver questão em relação a direitos difusos ou coletivos, a LACP e o CDC deverão ser aplicados em conjunto, como um microssistema de tutela coletiva.
Inclusão do §6º no art. 5º da LACP
Instituiu os Termos de Ajustamento de Conduta, que serão firmados por órgãos públicos, para que firmem os TACs com quem violar os direitos difusos ou coletivos.
Inclusão do §5º no art. 5º da LACP
Instituiu o Litisconsórcio entre os MPs: os MP de diversas áreas, embora seja uma instituição, poderão pleitear em litisconsórcio.
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
Foro competente
Art. 101, I – as ações poderão ser ajuizadas no Foro do domicílio do autor/consumidor.
Espécies de ações
Art. 83 – todas as espécies de ação são cabíveis para proteger esses direitos; assim, as ações poderão ser declaratórias, constitutivas, mandamentais ou de execução.
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
Art. 88 e 101, II - Responsabilidade Objetiva e Solidária e sem denunciação à lide
Foi vedada também a denunciação da lide, pois a responsabilidade é solidária. Foi permitido o chamamento ao processo em caso de seguro; entretanto, o seguro e o causador do dano terão responsabilidade solidária também.
Falência de empresas com seguro: é possível acionar diretamente o seguro para indenização com relação a direitos difusos e coletivos.
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
Tutela específica
Art. 84 – trouxe a ideia da tutela específica da obrigação de fazer, convertendo em perdas e danos apenas se for impossível cumprir a obrigação de fazer.
Isso foi repetido pelo art. 461 CPC
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
Coisa julgada
Art. 103: a coisa julgada que se forma no processo vale para todos os que forem titulares do direito. Por isso, a coisa julgada terá três características:
- secundum eventum litis: só será transportada erga omnes se for procedente; ela só beneficiará os outros.
- secundum eventum probationis: só haverá coisa julgada se houver provas suficientes; por isso, não há coisa julgada por insuficiência de provas em caso de direito for Difuso ou Coletivo stricto sensu; se houver insuficiência de provem ação de direito individual homogêneo, haverá coisa julgada, mas ela não será transportada (pois ela é negativa).
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
- in utilibus: a coisa julgada positiva é transportada para um particular, pois esse indivíduo já teve prejuízos com aquele fato; por isso, esse indivíduo apenas precisa fazer prova do dano sofrido e do nexo de causalidade, podendo ingressar com uma ação de execução (pois o réu já tem responsabilidade com aquilo).
A coisa julgada é erga omnes ou ultra parts.
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
Rol dos legitimados ativos
Art. 82 – são os legitimados ativos para as ações coletivas (gênero); o CDC ampliou o rol da LACP, incluindo alguns legitimados trazidos pelo próprio CDC, como os PROCONs.
Art. 87
Litispendência
Art. 104 – não haverá litispendência, conexão ou continência entre ações coletivas e ações individuais; essas ações coletivas podem correr paralelamente.
Alterações Importantes instituídas pelo CDC
Regras de processo coletivo
Arts. 109 a 117 – ampliação do campo da ACP, que amplia o art. 1º da LACP, inserindo o inciso IV para dizer que as ações coletivas sempre visarão a proteção de qualquer interesse difuso ou coletivo.
Sistemas Interligados
Art. 90 CDC – art. 21 LACP
Os sistemas são aplicados simultaneamente: aplicam-se as regras do CDC à LACP e vice-versa. Essa é a Comunicação entre as Leis.
Sistema Geral de Processo Coletivo
Jurisdição Civil Individual: CPC (só é aplicado o CPC aqui)
Jurisdição Civil Coletiva: CDC + LACP (direitos transindividuais)
É necessário também buscar as regras disciplinadas na lei da Ação Popular e do MS. É possível também se valer do CPC, mas há dois entendimentos: subsidiariamente ou residualmente;
a ideia da jurisprudência é de que é residual, pois o CPC só é aplicado no que foi disciplinado em todas as outras legislações coletivas.
Alguns autores falam em subsidiariamente por causa dos recursos, que se remetem ao CPC; mas os efeitos dos recursos são das leis sobre ações coletivas.
Art. 81, §único do CDC
Gênero: Coletivos lato sensu (também chamados de Direitos Interindividuais, Transindividuais ou Metaindividuais). O CDC diz que esses interesses poderão ser protegidos em juízo conforme suas espécies.
Espécies de Direitos Coletivos lato sensu
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Interesses transindividuais são p.ex.: Consumidor, Criança e adolescente, Meio ambiente. Os direitos são transindividuais porque o direito material alcança diversos indivíduos.
O CDC trouxe as Espécies processuais dos direitos Coletivos lato sensu, os quais têm espécies quanto ao direito processual. 
São Espécies: Difusos, Coletivos stricto sensu e Individuais homogêneos.
Nas espécies de direitos Difusos e Coletivos stricto sensu sempre será visada a obrigação de fazer, que pode ser cumulada com indenização;
Espécies processuais dos direitos Coletivos lato sensu
Espécies
Titulares
Objeto
Origem
Difusos
Indeterminados
Indivisível
Circunstância de fato comum
Coletivosstrictosensu
Determinados
Indivisível
Relação Jurídica Base
Individuais Homogêneos
Determinados
Divisível
Circunstância de fato comum
Ex.: todos os veículos Fox serão chamados por causa dos bancos (direitos difusos), todos os bancos dos consumidores que compraram serão trocados (direitos coletivos stricto sensu) e indenização aos consumidores (direitos individuais homogêneos).
O Recall de uma série de carros pretende alcançar inclusive os futuros compradores, e por isso o direito é difuso.
Direitos Difusos
Art. 81 (…) Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
Sujeitos Indeterminados: não se sabe quem foi afetado, pois inclusive pessoas que futuramente se envolverão com o fato ocorrido poderão ser protegidas por essa pretensão.
Objeto Indivisível: relacionado à pretensão; será buscado o mesmo resultado da ação para todos aqueles que são titulares do direito (a pretensão de todos é igual); não há como separar ou quantificar exatamente o que é de cada um.
Origem: é o que une os titulares do direito; será sempre uma circunstância de fato, ou seja, algo que aconteceu.
Coisa julgada erga omnes.
Direitos Coletivos stricto sensu
Art. 81 (…) Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: (…) II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
Sujeitos Determinados: Grupo, Classe ou Categoria de pessoas
Objeto Indivisível: pretensão é buscada de forma igual para todos os titulares do direito.
Origem em Relação jurídica base: é necessário que as partes envolvidas estejam vinculados por alguma relação jurídica base; os titulares dos interesses preexiste à lesão ou ameaça. É como um condomínio (várias pessoas ligadas por alguma relação jurídica).
Coisa julgada ultra parts: é possível definir no processo quem são os lesados.
Direitos Individuais Homogêneos
Esses direitos foram inseridos no ordenamento brasileiro pelo CDC. Esses direitos são individuais em sua essência (o direito material é de cada indivíduo), mas são considerados coletivos na forma que serão protegidos em Juízo.
Art. 81 (…) Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: (…) III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Sujeitos Determinados: é possível determinar as pessoas que foram afetadas pela lesão.
Objeto Divisível: é possível separar e quantificar o de cada um. Por isso, a execução dependerá do dano eventualmente sofrido.
Sempre envolverá reparação de danos. Busca-se com essa ação o dever de indenizar: a responsabilidade do réu; a indenização em dinheiro será buscada por meio da execução.
Fato de origem comum: não é necessária uma relação jurídica anterior entre os envolvidos.
Coisa julgada erga omnes: os sujeitos estão vinculados por uma situação comum, mas não pertencem ao mesmo grupo, classe ou categoria de pessoas.
Princípios do Processo Coletivo
Princípio do Interesse Jurisdicional do Conhecimento do Mérito
As ações coletivas possuem sempre natureza social, não prevalecendo o processo (as regras processuais), mas sim a análise do direito material.
Este princípio faz com que o Juiz deva ultrapassar todos os vícios processuais, para que possa de fato conhecer o que está sendo objeto da ação coletiva ajuizada.
É possível p.ex. um legitimado ativo que tenha questionada sua legitimidade; geralmente acontece em relação ao MP, quando entra com ação para defender os direitos individuais homogêneos.
Os vícios processuais não podem deixar o Juiz de analisar o mérito da ação: ele não pode extinguir o feito sem julgamento do mérito, porque ele deverá intimar o certo legitimado ativo.
O Juiz só poderá extinguir o processo por vício processual se for impossível suprir esse vício.
Princípio da Máxima Prioridade da Tutela Jurisdicional Coletiva
O coletivo prepondera sobre o individual: ocorre quando há interesses individuais ligados ao interesse coletivo defendido em um processo. Por isso, a prioridade é juntar a decisão das ações individuais na mesma ação coletiva.
É o princípio da economia processual e evitar decisões conflitantes; por isso, será julgada primeiro a matéria coletiva (porque geralmente a coletiva pode ser mais favorável), e depois os pedidos individuais (indenizações para as pessoas afetadas p.ex.).
Art. 103 CDC – fala que a coisa julgada na ação coletiva só se transporta para beneficiar; é a coisa julgada secundum eventum litis e secundum eventum probationis.
Art. 104 CDC – as ações coletivas e individuais poderão correr concomitantemente; a opção é sempre do indivíduo: ele é que decide se suspenderá o processo até o julgamento da ação coletiva, ou se o seu processo continuará paralelamente com a ação coletiva.
Art. 99 CDC – execuções coletivas e execuções individuais; antes da execução coletiva (que mandará o dinheiro para o fundo de direitos difusos) deverá ocorrer a execução individual.
Princípio da Disponibilidade Motivada da Ação Coletiva
É a possibilidade de desistência das ações coletivas: sempre que houver desistência das ações coletivas, essa desistência tem que ser motivada e o juiz deve analisar a motivação.
Se o juiz entender que a desistência é infundada, ele poderá nomear o MP para prosseguir na causa (se o MP não foi quem pediu a desistência).
Colegitimados: art. 5º da LACP.
Se o MP também entender que há desistência, existe divergência na doutrina:
- O MP pode desistir, mas se aplica o art. 28 CPP por analogia, podendo a ação ser proposta novamente; (concurso da magistratura)
Princípio
da Disponibilidade Motivada da Ação Coletiva
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial (…), o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
- O MP pode desistir, mas se aplica o art. 9º, §§ da LACP (arquivamento do inquérito civil), podendo inclusive nomear outro órgão do MP se forem necessárias outras provas; (professor Hugo Nigro Mazzilli e concurso do MP)
- O MP pode desistir, mas haverá o julgamento sem julgamento do mérito, pelo art. 267, III e VIII, CPC, porque essa extinção não prejudica nem o processo coletivo, nem o indivíduo, já que não se formará a coisa julgada material.
Princípio da Não-taxatividade da Ação Coletiva
Sempre que forem discutidos interesses em ação coletiva, sempre será buscada a proteção de qualquer interesse considerado difuso ou coletivo.
Não há restrições, não há rol taxativo, a determinados interesses. Basta que o interesse seja identificado como difuso ou coletivo.
Art. 129, III, CF
Art. 5º, XXXV CF – não identifica interesse a ser protegido
Art. 1º, IV LACP – esse inciso IV foi incluído pelo art. 110 do CDC, que ampliou o objeto da ação civil pública, podendo ser qualquer interesse difuso ou coletivo. Contudo, o art. 1º, §U limitou (decisão política) o cabimento da ação civil pública.
Princípio do Ativismo Judicial
O juiz tem os Poderes Instrutórios, podendo determinar a produção de quaisquer provas, mesmo que não requeridas pelas partes; além disso, há a relativização do princípio da congruência entre o pedido e o obtido na sentença.
Por isso, o juiz poderá dar sentenças além do pedido, sem que a sentença ou decisão seja considerada nula por ser extra, infra ou ultra petita.
Princípio da Máxima amplitude ou Atipicidade da Tutela Jurisdicional
Esse princípio está vinculado ao processo, e se contrapõe ao princípio da não-taxatividade.
Não taxatividade é o direito material: não restringir os direitos a serem protegidos.
Máxima amplitude: não há restrição do tipo de ação a ser buscada pela tutela jurisdicional, podendo ter natureza condenatória, declaratória, constitutiva, executória, mandamental. 
Art. 83 CDC
Art. 21 LACP
Os interesses defendidos são os coletivos lato sensu.
Princípio da Obrigatoriedade da Execução Coletiva
As indenizações podem se voltar para o Indivíduo ou para a Coletividade.
Quando se voltar para a coletividade, a indenização será revertida para o Fundo de Direitos Difusos. A execução dos valores deve ser feita em até 60 dias após o trânsito em julgado; normalmente quem propõe ação promove execução ao final.
Passado esse prazo de 60 dias, obrigatoriamente o MP deve promover a execução; o MP não pode se recusar a executar.
Art. 15 LACP
Art. 16 Lei da Ação Popular
Deve-se dar sempre preferência para que o indivíduo execute, habilitando-se na ação. Por isso, quando houver pretensão individual homogênea, o MP deve aguardar 1 ano (art. 100, §U, CDC).

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