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Dedico este livro a todos que 
querem aprender o Direito para 
fazer a diferença no mundo. 
Juntos, vamos muito mais longe.
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SOBRE A AUTORA
Olá! Que bom te encontrar por aqui. Meu nome é Cíntia
Brunelli. Sou geminiana, catarinense, amo café e defini-
tivamente acho que inverno é vida. Minha cor preferida é
azul. Adoro comida italiana (porca pipa!) e, quando estou
muito animada, gosto de cantar (azar dos vizinhos).
Sou um pouco como você. Eu queria muito entender o
universo das leis, mas a verdade é que eu me sentia bas-
tante indefesa diante da vida. Então eu fiz algo que mu-
dou totalmente a minha vida. Eu decidi estudar Direito. 
O simples fato de ter entrado no curso de Direito foi o
que mudou minha vida? 
Não. 
Você provavelmente conhece a história de pessoas que
se formaram em Direito e não tiveram uma transforma-
ção expressiva. 
Já vi alunos que pegaram o diploma da faculdade, mas
aprenderam tão pouco que hoje não são capazes sequer
de conseguir ajudar a própria família a resolver os seus
problemas jurídicos. 
Como eu demorei para entrar no curso e sabia que iria
me formar com 30 anos, eu decidi que ia estudar o
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máximo que eu pudesse. E assim eu fiz. Eu me dediquei
e me comprometi em dar o meu melhor, e, como resul-
tado disso, me formei com média final 9,5. 
Antes de terminar a faculdade, eu já havia passado no
Exame da Ordem e em dois concursos públicos (técni-
co judiciário do TJ/SC e do TRF-4). 
Mas, mais do que isso, eu me apaixonei pelo Direito e
vi como ele é capaz de transformar a trajetória das pes-
soas. Quem entende as leis está mais seguro diante dos
problemas da vida. 
Em razão disso, eu senti que precisava contribuir para o
próximo e decidi que tinha que fazer algo a respeito. Eu
me sentia  tão privilegiada por entender o mundo jurídi-
co que parecia absurdo que os outros não tivessem esse
mesmo conhecimento. 
Então, logo que terminei a faculdade, comecei a postar
vídeos no Youtube, porque eu queria que todo mundo
soubesse aquilo que eu tive a oportunidade de aprender
(youtube.com/jusjuridiques).
Anos depois, criei um perfil no Instagram para fazer
montagens e textos sobre temas de Direito, técnicas de
estudo e pitadas de humor (instagram.com/me.julga).
Recentemente, iniciei um canal no Telegram, com áudios
e conteúdos exclusivos (http://t.me/cintiabrunelli).
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Todavia, senti que seria necessário algo mais sistematiza-
do para que você pudesse entender, de fato, o Direito,
da forma mais eficiente possível. Foi a partir dessa ideia
que surgiu o livro Introdução ao Mundo do Direito. 
Agradeço, do fundo do coração, a confiança que você
teve em mim. 
De minha parte, posso dizer que vou fazer o máximo
para te ajudar a começar a compreender o Direito,
para que ele possa revolucionar sua vida da mesma for-
ma como transformou a minha. 
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O que esperar deste livro?
Nada menos do que 6 meses de graduação, condensa-
dos em um único livro: este é o objetivo de Introdução
ao Mundo do Direito. Parece uma meta ousada, mas
acredite: eu demorei bem mais de 6 meses para apren-
der o que está em alguns capítulos deste livro!
O fato é que há muito para aprender quando o assunto
é Direito e, através desta leitura, você vai ter uma quanti-
dade considerável de conhecimento.
Os primeiros capítulos são voltados a quem ainda não
tem nenhum contato com o Direito. Ele responde a al-
gumas dúvidas comuns de quem não faz parte do uni-
verso jurídico, como: Por que as pessoas do Direito falam
difícil? Por que as leis parecem difíceis de entender? O que
significam as expressões mais utilizadas no Direito?
Também há, neste livro, alguns capítulos para quem está
pensando em entrar na faculdade. Se este for o seu
caso, você vai aprender alguns fatos sobre o curso de
Direito e vai amar ver as dicas para iniciantes que eu
escrevi para você!
Seguindo adiante, você vai compreender quais são os
significados do Direito (você vai perceber que essa defi-
nição parece simples, mas não é tão óbvia assim). Eu
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também vou explicar para você a diferença entre artigo,
caput, parágrafo, inciso, alínea e item, para fazer a lei-
tura correta das leis. 
Este livro também traz pontos super importantes da his-
tória do Direito, em capítulos que falam sobre as Escolas
(ou Teorias) do Direito, como a Escola do Direito Positi-
vo e Escola do Direito Natural. Esse tema nos ajuda a en-
tender os diferentes detalhes do nosso ordenamento ju-
rídico.
Na sequência, você vai conhecer os Fatores de Mudan-
ça do Direito: econômicos, políticos, culturais e religi-
osos. Como você sabe, o Direito muda o tempo todo, e
minha ideia foi a de trazer alguns dos fatores que influ-
enciam essas alterações.
O contrário também acontece: o direito também condici-
ona o comportamento da sociedade. As normas podem
produzir diversos efeitos sobre o grupo, então, por este
motivo, eu escrevi um capítulo acerca dos Efeitos da
Norma sobre a Sociedade.
Existem outras perguntas que são cruciais a quem está
iniciando o estudo do Direito, tais como: qual é a
diferença entre um princípio e uma regra? E quais são
as diferenças entre Direito, Moral e Ética? Estas
diferenças estão neste livro.
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Quer saber o que é lei, jurisprudência, doutrina,
costumes, analogia, princípios e equidade? Está tudo
aqui! Você vai conhecer as fontes e os procedimentos
de integração do Direito. 
Você também vai entender o que fazem alguns dos
principais profissionais do meio jurídico: juiz,
promotor, delegado de polícia, defensor público,
procurador de órgãos públicos, advogado, analista e
técnico. Além disso, existem alguns concursos que
exigem um período de atividade ou prática jurídica por
parte do candidato, razão pela qual eu decidi escrever
um capítulo sobre esse tema.
Este ebook também traz os fundamentos para você
começar a entender o Processo Civil: eu explico o que
são petição inicial, contestação, réplica e muitos outros
termos utilizados nos processos. 
Em seguida, eu também abordo os atos cabíveis ao juiz,
especialmente despachos, decisões interlocutórias e
sentenças, e falo também sobre os acórdãos produzidos
pelos tribunais. 
Seguindo adiante, o livro traz qual é a diferença entre
Executivo, Legislativo e Judiciário, para você entender
o que é mais importante sobre os Três Poderes e saber
o que cada um deles faz. 
Devido à grande importância do Poder Judiciário, eu
optei por trazer um capítulo inteiro aprofundando este
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poder, para que você entenda como ele se subdivide.
Você vai conhecer os ramos do Poder Judiciário: Justiça
Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Mili-
tar e Justiça Estadual. 
Por fim, eu trouxe os principais tópicos sobre os Tribu-
nais de 2ª e 3ª Instância e você vai ficar ciente sobre a
função de cada um deles. 
Eu escrevieste livro pensando em quem está
literalmente começando do zero absoluto. Se esse não
for o seu caso, você pode utilizar o meu livro para
relembrar as disciplinas iniciais. Pode parecer bobo,
mas muita gente se forma em Direito sem saber a
diferença entre parágrafo e inciso, ou entre normas e
regras, ou entre Justiça Estadual e Justiça Federal... e
tudo isso (e muito mais) está no meu ebook! 
Gratidão por ter adquirido meu livro! Espero, de cora-
ção, que você goste e que ele te ajude a compreender
de forma mais fácil o universo jurídico (que seria tão
importante que todos soubessem). 
No próximo capítulo, vou te ensinar a melhor forma
para extrair o máximo de conhecimento e aprender Di-
reito muito mais rápido. É um conteúdo valioso, mas
que a maioria dos estudantes de Direito desconhece.
Aproveite!
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Devagar e sempre: o jeito certo de começar
Tenho certeza de que você está louco para saber tudo
de Direito o quanto antes. Eu sei como é isso. Quando
comecei a estudar Direito, eu também queria aprender o
mais rápido possível.
Parece contraditório, mas o que eu preciso te dizer nes-
se momento é: calma!
Antes de começar a explicar o Direito, quero contar algo
que você precisa saber para que sua aprendizagem
aconteça mais fácil.
Nesse primeiro capítulo, vou te ensinar algo valioso, que
a maioria dos estudantes de Direito não sabe: vou ensi-
nar o passo a passo para aprender qualquer assunto da
forma mais eficiente.
O que fazer quando você não sabe nada ou quase nada
de alguma disciplina? Como começar um estudo do
zero? 
O primeiro passo é  buscar em primeiro lugar saber o
básico. É ter uma ideia geral.
Quando você está aprendendo a cozinhar, uma das pri-
meiras receitas que você aprende é a de cozinhar arroz.
Super simples, não é mesmo? Dificilmente alguém vai
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aprender a preparar uma receita difícil e sofisticada
sem saber ao menos cozinhar arroz.
Nos estudos, acontece algo semelhante.
Podemos pensar no conhecimento como uma árvore,
que tem raiz, tronco, galhos e folhas. Quem consegue
aprender bem e raciocinar com clareza é quem começa
pelas raízes. Aprende a base e só depois vai para os de-
talhes. 
Uma pessoa que não tem um conhecimento e já quer
direto ter um conhecimento profundo é aquela que
quer ir direto pras folhas. 
E aí o que ela vai tentar fazer? 
Procurar atalhos. Decorar.
Só que você consegue decorar tudo de Direito? 
Não! De jeito nenhum.
Querer ter um conhecimento profundo sem saber a
base é mais ou menos como querer fazer uma receita de
risoto super sofisticado, com 17 ingredientes diferen-
tes… sem nunca antes na vida ter cozinhado arroz! Difi-
cilmente vai dar certo.
Alguém que está entrando no mundo do Direito deve
querer aprender primeiro a base. As ideias gerais. De
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uma forma simples, clara, didática e resumida.
O ideal é que primeiro você tenha uma noção do esque-
leto de cada assunto.
Esse é o propósito deste livro.
Meu objetivo é o de fazer com que você aprenda de
verdade o Direito, e, para isso, você vai precisar com-
preender o básico. Ter uma noção inicial. Entender qual
é a raiz. Aprender a “fazer o arroz” das disciplinas jurídi-
cas.
O passo a passo é o seguinte: em primeiro lugar, você
vai entrar em contato com os assuntos de uma forma re-
sumida. 
Você não vai começar a estudar um assunto que você
não sabe nada usando um livro super minucioso, apro-
fundado e cheio de detalhes. Ele só vai te confundir. 
Por este motivo, eu preferi elaborar um livro de noções
gerais, porque acredito, do fundo do coração, que essa
é a forma mais inteligente e estratégica para você com-
preender o Direito.
É melhor que você estude os assuntos de um jeito sim-
plificado, para poder fazer isso com qualidade, o que
significa que você vai entender bem o que está sendo
estudado. 
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Este livro é um excelente caminho, pois foi escrito da for-
ma mais didática e simples possível. O objetivo é o de
te ensinar o mais importante, de uma forma sintetizada,
simples e compacta.  
Se você está partindo do zero, você não precisa e nem
deve assistir a aulas voltadas ao Concurso da Magistra-
tura, ou ler livros que tenham tanto grau de aprofunda-
mento. 
Nesse momento, talvez você me diga: “eu estou come-
çando do zero, mas eu tenho o sonho de ser juiz. Nes-
se caso, eu posso ver aulas ou ler livros mais apro-
fundados?”. 
Eu não recomendo. 
Um erro comum dos estudantes é o de querer se apro-
fundar demais em determinados assuntos, sem antes ter
compreendido a raiz. 
Não adianta nada você ler 500 páginas de um livro super
aprofundado se você não captou ainda os fundamen-
tos por trás daquele assunto. É como se você estivesse
tentando pegar um monte de folhas aleatórias da árvore
do conhecimento... 
O mesmo vale para o linguajar utilizado para aprender.
Se você partir do zero e precisar ler termos como “ou-
trossim”, “malgrado”, “defeso” e “prescinde”, talvez
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acabe desanimando por não conseguir compreender fa-
cilmente o conteúdo do que está sendo dito.
Quando você era um bebê e engatinhava, você não saiu
em seguida correndo. Não queira pular as etapas. Co-
mece a caminhar. 
Valorize aulas e livros simples, que vão poder te ajudar
agora. Depois, quando conseguir compreender as pre-
missas gerais, você vai poder se aprofundar. 
Eu acredito que a simplicidade é a forma mais eficiente
de ensinar o Direito. É por isso que busquei escrever este
livro da forma mais simples possível. Meu compromisso
é com o seu aprendizado.
Quero que este livro pareça uma conversa que eu teria
com você. Quando estiver lendo, imagine que eu estou
em sua frente, explicando tudo isso com calma e tran-
quilidade. 
Agora que você entendeu a importância de compreen-
der as noções gerais de Direito, você está pronto para
começar a mergulhar no universo jurídico. Sinto uma
alegria gigante ao saber que você está comigo. Bora es-
tudar!
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Sumário
SOBRE A AUTORA..............................................................3
O que esperar deste livro?.............................................6
Devagar e sempre: o jeito certo de começar.......10
Primeiras impressões sobre o Direito.....................18
As expressões mais utilizadas no Direito...............27
Fatos sobre o curso de Direito...................................33
Significados do Direito..................................................40
Técnica Jurídica - Artigo, caput, parágrafo, inciso, 
alínea e item......................................................................43
Escolas ou Teorias do Direito ....................................47
Escola Jusnaturalista ou Escola do Direito 
Natural...........................................................................48
Escola Teológica.........................................................50
Escola Racionalista ou Contratual.......................51
Escola Histórica...........................................................53
Escola Marxista...........................................................54
Escola do Direito Positivo........................................55
Qual é a corrente aplicadano direito 
contemporâneo?.........................................................57
Fatores de Mudança do Direito.................................58
Fatores Econômicos...................................................59
Fatores Políticos..........................................................60
Fatores Culturais........................................................61
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Fatores Religiosos.......................................................63
O que mais?.................................................................64
Efeitos da Norma sobre a Sociedade......................66
Efeitos Positivos da Norma.....................................66
Efeito de controle social....................................66
Efeito conservador...............................................69
Efeito transformador da norma......................69
Efeitos Negativos da Norma..................................70
Lei ineficaz...............................................................71
Omissão da autoridade em aplicar a lei......72
 Ausência de estrutura adequada à 
aplicação da lei. ....................................................74
Princípios e Regras..........................................................77
Direito, Moral e Ética......................................................80
Fontes do Direito ...........................................................86
Costumes.......................................................................87
Jurisprudência.............................................................92
Lei....................................................................................97
Doutrina........................................................................99
Procedimentos de integração das leis..................102
Analogia......................................................................104
Costumes....................................................................105
Princípios gerais de direito...................................106
Equidade.....................................................................108
O que faz cada profissional do Direito? .............110
Juiz................................................................................111
Promotor.....................................................................114
Delegado de Polícia................................................117
Defensor Público......................................................119
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Procurador de Órgãos Públicos..........................122
Advogado....................................................................126
Técnico e Analista....................................................128
Atividade jurídica para concursos..........................131
A Petição Inicial e o início do processo................146
Quais são os principais atos dos juízes no 
processo?.........................................................................155
Os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário
.............................................................................................161
Poder Legislativo......................................................162
Poder Executivo........................................................164
Poder Judiciário........................................................167
Poder Judiciário ............................................................170
Justiça do Trabalho.................................................171
Justiça Eleitoral.........................................................173
Justiça Militar............................................................175
Justiça Federal...........................................................177
Justiça Estadual........................................................180
Tribunais de 2ª instância e Tribunais Superiores
.............................................................................................183
Conclusão........................................................................194
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18 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO
Primeiras impressões sobre o Direito
A pergunta que não quer calar: por que as pessoas do Direito
falam tão difícil?
Antes de entrar no Direito, eu tinha a teoria de que no meio
jurídico as pessoas buscam “complicar” a linguagem como
meio de dificultar o acesso do cidadão à justiça. Eu pensava
assim: “o linguajar jurídico é rebuscado para impedir que
pessoas comuns possam fazer valer os seus direitos”.
Hoje eu já vejo que o motivo, na verdade, é muito mais sim-
ples do que isso.
Em primeiro lugar, toda área tem o seu linguajar técnico.
Se você for ler um artigo da área médica, por exemplo, vai ver
dezenas de palavras que você não faz a menor ideia do que
significam. Da mesma forma, o Direito também tem os seus
termos técnicos.
Talvez você me pergunte: “ah, mas não teria como simplificar,
para todo mundo entender?”
Nem sempre é possível. Por exemplo: se o juiz escrever no
processo as palavras “litisconsórcio” e “litisconsorte”, quem
nunca estudou Processo Civil vai dizer: “Que??? Litisconsorte é
a senhora sua mãe!”
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19 CÍNTIA BRUNELLI
O litisconsórcio é a pluralidade de partes em um
polo. Quando temos mais de um autor ou mais de
um réu, temos um litisconsórcio.
Quem é do meio jurídico, sabe disso. Não é necessário colocar
uma explicação do que significa litisconsórcio.
Além disso, existem também palavras que são utilizadas no Di-
reito com um significado diferente do que aquele que é co-
nhecido pela maioria das pessoas.
Exemplo disso é a palavra COMPETÊNCIA. Dentro do Direito,
competência significa atribuição. É aquilo que aquela pessoa
ou aquele órgão pode fazer. 
Se algo foge dessa atribuição, a gente diz que a pessoa é in-
competente, porque ela não tem essa competência.
A Constituição Federal traz diversas regras de competência.
Por exemplo: você não vai entrar com uma ação trabalhista na
justiça eleitoral, porque ela não é competente para julgar pro-
cessos envolvendo relações de trabalho.
Uma decisão judicial traz esses termos técnicos porque ela é
escrita para um público específico, que são pessoas formadas
em Direito. 
Parte-se do princípio de que o advogado vai explicar os acon-
tecimentos do processo para o seu cliente.
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Na prática, sabemos que nem sempre acontece.
Como boa parte das ações já tramita pelo meio
eletrônico, muitas vezes a parte acessa o processo
pela internet e acaba ficando cheia de dúvidas so-
bre o linguajar jurídico. Além disso, há ações em
que a parte não tem advogado.
Geralmente quem é do meio jurídico se acostuma a ler e es-
crever muito e isso amplia o vocabulário, o que se reflete nos
textos das petições ou das decisões.
Quando você se dá conta, já está escrevendo “EM QUE PESE”,
“NÃO OBSTANTE”, “OUTROSSIM”, “MALGRADO”, “DEFE-
SO”, “PRESCINDE” e muitas outras palavras e expressões que
fogem do cotidiano da maioria das pessoas.
A escrita também deve seguir um padrão culto, com a obser-
vância das normas gramaticais, o que acaba se distanciando
do dia a dia de muitos que estão acostumadas a só ler “textão
do Facebook”.
O fato é que cada artigo deve ser muito bem estruturado e,
para isso, ele deve ser escrito da forma mais clara, objetiva e
impessoal possível. Ele não pode ter duplos sentidosou con-
tradições. 
Para isso, ele deve ser bem direto e conciso, e é por esse mo-
tivo que muitas vezes se torna tão difícil ler uma lei quando
você não está acostumado, porque é um texto “seco”. 
Mas ele é escrito dessa forma justamente para que seja bas-
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tante direto. Afinal, uma lei vai ter muitas coisas a dizer, então
o ideal é que ela seja extremamente clara, e uma das formas
de se conseguir isso é fazendo frases que sejam concisas. 
No dia a dia, nós não estamos habituados a esse linguajar,
pois é uma linguagem técnica. Mas acredite: depois de um
tempo lendo as leis, você acaba se acostumando e passa a
achar esse jeito de escrever algo super normal. 
O artigo deve ser muito bem estruturado para que ele não fi-
que se repetindo ou mesmo fazendo floreios desnecessá-
rios.
Cada artigo deve tratar apenas de um assunto e ele não pode
ser uma mistureba de coisas, senão corre o risco de se tornar
confuso. 
Há um ditado jurídico que diz que a lei não contém palavras
inúteis, porque cada frase é meticulosamente pensada. 
Por exemplo: o Art. 70 do Código Civil diz que “O domicílio da
pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo”. 
Quem ainda não estudou essa matéria pensa duas coisas: 
Primeiro: “pessoa natural? Por acaso existe uma pessoa artifi-
cial?”
Segundo: “é óbvio que o domicílio é onde a pessoa tem residên-
cia! Isso é um pleonasmo”.
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Para quem já esqueceu: pleonasmo é uma repeti-
ção desnecessária, como “subir para cima”, “descer
para baixo”, “entrar para dentro”, “hemorragia de
sangue”, “estudante surtado”... ops, brincadeiri-
nha! Você achou que ia sair da escola e não ia
nunca mais ouvir falar em pleonasmo? Eu estou
aqui para ressuscitar essa adorável figura de lin-
guagem dos confins empoeirados do cemitério da
sua memória. Como diriam Sandy e Junior: “o
que é imortal não morre no final”.
Vamos por partes. Em primeiro lugar, quando a lei fala em
“pessoa natural”, ela está se referindo a nós, seres humanos,
porque existem também as pessoas jurídicas.
Em segundo lugar, para o Direito, domicílio e residência não
são sinônimos.
O domicílio é como se chama o lugar em que a pessoa tem o
seu centro de atividades, onde ela faz seus negócios e respon-
de por suas obrigações.
É possível que uma pessoa tenha residência em um lugar, mas
essa residência não seja considerada o seu domicílio.
Por exemplo: imagine que você more em um apartamento em
São Paulo, mas tenha também uma casa em Florianópolis.
Contudo, você não mora em Florianópolis e mantém a casa fe-
chada. Essa casa pode ser considerada sua residência, mas não
o seu domicílio.
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Quando você se deparar com um artigo que pareça um pleo-
nasmo, dê uma pesquisada a seu respeito, porque talvez ele
tenha um significado mais profundo do que você imagina...
Porque a lei não contém palavras inúteis. 
Existe atualmente uma tendência a buscar evitar que o texto
fique rebuscado demais. Afinal, o excesso de formalismo faz
com que a escrita se torne cansativa, maçante, enfadonha... e
um verdadeiro pé no saco até para quem é do meio jurídico!
Por exemplo: algumas expressões em Latim são usadas de for-
ma desnecessária, como DATA VENIA.
DATA VENIA significa “com o devido respeito” e é
utilizado quando você vai discordar ou contrariar
a opinião de alguém.
Cá entre nós: qual é a necessidade de escrever DATA VENIA
numa petição ou numa decisão?
Nenhuma! Só a de irritar o leitor.
Data vênia aos que escrevem “data venia”, mas essa é uma
expressãozinha muito cafona!
Por outro lado, existem algumas expressões em latim que são
utilizadas até hoje porque são termos técnicos, como EX
TUNC, EX NUNC, ERGA OMNES, BIS IN IDEM… Nesses ca-
sos, não tem jeito: tem que saber um pouquinho de latim.
Talvez você me diga: “Mas Cintia, eu acho um absurdo usar
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palavras estrangeiras! Eu quero utilizar somente palavras
em português”. 
Você está certíssimo em priorizar o vernáculo (nossa língua).
Porém, existem situações em que não vai dar para fugir do la-
tim. 
Existem expressões do Direito que não têm versão em portu-
guês. Por exemplo: habeas corpus. Como você vai impetrar
um habeas corpus sem usar a expressão habeas corpus? Não
dá! O termo é esse e ponto final. 
Além disso, se você for estudante de Direito, saiba que o Exa-
me da OAB e os concursos públicos cobram o conhecimento
de certas palavras e frases em latim e, se você não souber,
pode acabar errando as questões. 
A análise que eu pessoalmente faço é que ainda que o jurista
não utilize termos técnicos e nem expressões em latim, mesmo
assim o texto jurídico vai ser de difícil compreensão pela
maioria das pessoas.
Porque infelizmente a realidade é que boa parte da nossa soci-
edade não está habituada a ler textos escritos no padrão culto
da linguagem.
Convenhamos: uma decisão judicial tem um certo formalismo.
Ela não pode ser escrita da mesma forma como a gente escre-
ve no Facebook, Instagram, Twitter ou Whatsapp.
O importante então é que, quando a parte aparecer no balcão
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da Vara, pedindo informação, ou no escritório de advocacia,
buscando atendimento, que os profissionais do meio jurídi-
co saibam explicar com palavras mais simples aquilo que
está acontecendo no processo.
Nesse momento se deve adaptar a linguagem para que seja
compreensível.
Lembrei de uma história que aconteceu quando eu estava tra-
balhando na Justiça Estadual, na Comarca de Lages/SC. Eu tra-
balhava em uma Vara Criminal.
Um belo dia, apareceu no balcão da Vara um senhor buscando
atendimento. O estagiário foi perguntar qual era o problema
daquele senhor e este explicou que queria conversar com o
juiz sobre uma ação.
O senhor entregou ao estagiário uma folha com o número da
ação. Checamos no sistema e observamos que o processo dele
era da Vara da Família. Não tinha nada a ver com crime.
O estagiário que estava atendendo esse senhor era um estu-
dante extremamente inteligente. Ótimo aluno. Já estava nos 
períodos finais do curso de Direito.
Portanto, colocando em prática tudo que aprendeu no curso, o
estagiário explicou àquele senhor que não adiantaria conversar
com o juiz da Vara Criminal, porque este não teria competên-
cia para decidir sobre a matéria.
Aquele senhor ouviu o estagiário e disse: “mas se um juiz não
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é competente para olhar o meu processo, então quem é?”
Agora que você já sabe o que é competência, deve ter sacado
que houve um mal entendido...
Então o estagiário esclareceu que o senhor devia buscar aten-
dimento na Vara da Família, porque lá eles poderiam resolver o
seu problema, e não em uma Vara Criminal.
O conceito de competência já era algo tão corriqueiro para o
estagiário que ele esqueceu que a maioria das pessoas não co-
nhece esse significado.
Depois disso, eu fiquei imaginando aquele senhor saindo do
fórum e dizendo: “Hoje eu vi um estagiário chamando o juiz
de incompetente. Esse mundo está perdido mesmo”.
No próximo capítulo,vou falar sobre algumas das palavras e
expressões mais utilizadas no Direito. Você vai conhecer o sig-
nificado de palavras que são fundamentais na vida de advoga-
dos, juízes, promotores e outros profissionais da área. 
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27 CÍNTIA BRUNELLI
As expressões mais utilizadas no Direito
Hoje vou explicar algumas das expressões mais utilizadas por
estudantes e profissionais do Direito, de um jeito simples e
fácil de entender. 
Minha ideia, com esse capítulo, é a de te auxiliar a compreen-
der de forma mais fácil o restante do livro. Afinal, essas pala-
vras vão aparecer muitas vezes!
Além disso, existe outro motivo para eu ter decidido explicar
essas expressões. Eu aprendi todas as palavras deste capítulo
no meu primeiro dia de aula.
Há alguns meses, ao folhear as anotações do meu primeiro dia
de aula, eu me dei conta de como elas eram dúvidas impor-
tantes. Da mesma forma, penso que podem fazer a diferença
para você. 
A primeira palavra anotada em meu primeiro dia de aula, que
é uma das mais importantes para os estudantes e profissionais,
é a palavra Constituição. 
A nossa Constituição Federal parece até pequena, se for
comparada a algumas leis, como o Código Civil. Enquanto a
Constituição tem apenas 250 artigos, o Código Civil tem 2.046.
Mas não se engane: na Constituição está tudo que é mais pre-
cioso para a organização nacional. 
Qual é a diferença entre a Constituição e as leis?  
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Podemos dizer que a Constituição é a norma mais importan-
te do país. Ela organiza o funcionamento do país e confere di-
versos direitos e garantias ao povo.
Nenhuma lei pode contrariar a Constituição. Ela está no
topo do nosso ordenamento jurídico. 
Isso nos leva a outra expressão muito utilizada no Direito: or-
denamento jurídico. 
O que é ordenamento jurídico? É o nosso conjunto de normas,
ou o nosso sistema jurídico. Dentro de todo o universo de
normas que existe no Brasil, que é o nosso ordenamento ju-
rídico, a Constituição é o que há de mais precioso.
Outra palavra que é muito utilizada no Direito é a palavra peti-
ção, que significa pedido.  
A petição é um documento escrito por meio do qual uma das
partes do processo se comunica com o juiz para pedir algu-
ma coisa.
Quando o advogado vai entrar com a ação, ele faz uma peti-
ção inicial, ou seja, ele elabora um texto em que ele explica
qual é o problema do seu cliente e pede que o juiz tome uma
providência em relação a isso.
Depois, ao longo do processo, o advogado pode ir juntando
outras petições, caso seja necessário.
Em outro capítulo, vou falar mais sobre as peças que os advo-
gados escrevem quando estão defendendo um cliente em um
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29 CÍNTIA BRUNELLI
processo. Calma! Tudo vai fazer muito mais sentido.
Agora vamos para a próxima expressão, que é pleitear em juí-
zo. O que é isso? O verbo pleitear significa pedir. Quando al-
guém faz um pedido ao juiz, a gente diz que essa pessoa está
pleiteando em juízo. 
Através de uma petição, a parte vai pleitear algo ao Poder Ju-
diciário. Em outras palavras, ela vai dizer: “Vossa Excelência,
meu direito foi lesado, me ajude, HELP!!!”
Ao longo da ação, o juiz vai ouvir também a parte contrária,
para ter as duas versões da história. 
Ao final, o pedido da parte vai ser julgado procedente, parci-
almente procedente ou improcedente, o que quer dizer que
ele vai ser concedido, mais ou menos concedido ou não con-
cedido. 
Você deve ter percebido que eu usei algumas vezes a palavra
“parte”. Quem são as partes do processo? 
As partes são as pessoas envolvidas nesse problema que foi le-
vado ao Judiciário. Existe o autor, que é quem está pedindo al-
guma coisa ao juiz, e o réu, que é contra quem o pedido foi
formulado. 
Sempre que as pessoas ouvem a palavra “réu”, na hora já pen-
sam que se ele foi processado é porque é culpado... mas não é
bem assim! 
Em cada processo, o juiz deve analisar a situação para ver se o
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30 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
autor tem razão. Cabe ao juiz decidir se o pedido do autor será
concedido.
Agora vou falar sobre três palavras extremamente usadas no
Direito, que são Ação, Processo e Autos. Qual é a diferença
entre essas três expressões tão famosas? 
Ação é o direito de solicitar uma prestação jurisdicional, ou
seja, poder fazer um pedido ao Judiciário. Em outras pala-
vras, Ação é o direito que você tem de poder entrar na justiça
para discutir o seu problema. 
Podemos dizer que o direito de ação é um direito de agir. O
que não quer dizer que o seu pedido vai ser concedido, pois
ele vai ter que ser analisado pelo juiz. 
E o processo? O processo é uma sequência de atos. Essa se-
quência deve ser lógica e ordenada, para que o problema le-
vado ao juiz possa ser esclarecido.
Por exemplo: o autor entra com a petição inicial. Aí o réu ofe-
rece contestação, em que ele se defende e explica o seu pon-
to de vista. Depois disso, dependendo do caso, o autor pode
ter direito à réplica, para rebater os argumentos do réu. Daí,
em algumas situações, o juiz pode pedir que as partes tragam
mais provas, ou ele pode marcar uma audiência para ouvir as
partes e suas testemunhas (tudo isso vai depender do caso
concreto). 
Por fim, o juiz vai fazer uma sentença, em que diz se o pedido
do autor é procedente ou não. 
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31 CÍNTIA BRUNELLI
O processo acaba aí? Não necessariamente! Afinal, pode haver
recurso.
Mesmo que não haja recurso, pode ser que depois tenha a
fase de cumprimento de sentença, para que a parte vencedo-
ra possa pedir que a parte vencida cumpra aquilo que foi de-
terminado pelo juiz. Tudo vai depender da situação. 
Recapitulando: ação é o direito de pedir que o judiciário se
manifeste sobre um problema, enquanto o processo é a se-
quência de atos utilizados para esclarecer essa situação.
Por fim, temos os autos. O que são autos? 
Os autos são o conjunto das peças, decisões e registros de um
processo. Quando você vai ao Fórum e diz que “quer ver um
processo”, na verdade você está vendo os autos. 
O processo é a sequência de atos e os autos são a representa-
ção física do processo.
Antigamente todos os autos eram impressos. Era o que se
chamava de “processo físico”. Agora também existem os pro-
cessos digitais, que são autos eletrônicos que ficam em uma
rede e podem ser acessados pela internet. 
A tendência é que, com o tempo, todos os processos físicos
deixem de existir e o Judiciário passe a utilizar somente os pro-
cessos eletrônicos. 
Por fim, as últimas expressões deste capítulo são jurista e
operador do direito. 
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32 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
“Jurista” e “operador do direito” é como se chamam as pessoas
do meio jurídico, de uma forma geral. Podem ser advogados,
juízes, promotores, delegados, por aí vai. 
Há quem defenda que existe diferença entre ser um jurista e
ser um operador do direito. O jurista seria um pensador, al-
guém que reflete sobre o Direito, enquanto o operador do di-
reito seria simplesmente o profissional do meio jurídico. 
Já outras pessoas utilizam essas expressões como sinônimos. 
Essas foram as palavras que eu aprendi no meu primeiro dia
deaula no curso de Direito, em fevereiro de 2010. Ao longo
dos demais capítulos, serão lidas inúmeras vezes. 
Se você tem interesse em conhecer outras palavras conhecidas
no meio jurídico, minha recomendação é que você conheça o
curso Primeiros Passos no Direito. Lá você terá a oportunida-
de de saber o significado de várias expressões do Direito, além
de aulas avançadas.
Para conhecer todos os detalhes do Primeiros Passos no Di-
reito, visite o site: www.cintiabrunelli.com.br/ direito 
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33 CÍNTIA BRUNELLI
Fatos sobre o curso de Direito
Este capítulo é especial a todos que são calouros ou estão
pensando em entrar na faculdade. Separei alguns fatos sobre
o curso de Direito e, ao final, você vai descobrir se o mundo
das leis é mesmo o seu mundo.
O Direito está em constante transformação, porque ele acom-
panha as mudanças da sociedade. Então um livro que foi fei-
to há alguns anos provavelmente já vai estar desatualizado. 
Dependendo da matéria, existem livros que foram feitos há
um ano e que já estão ultrapassados, porque houve mudan-
ças profundas nas leis ao longo do ano. 
Isso leva a uma consequência prática: os livros jurídicos são
praticamente descartáveis. 
Acredito que em nenhuma outra área os livros fiquem defasa-
dos tão rápido como no Direito.
E o que fazer com os livros antigos?
Eu, por exemplo, tenho livros que comprei em 2010, logo que
entrei no curso de Direito. Um livro de  2010 é praticamente
um vovô. Uma peça de museu. 
Mas eu não joguei meus livros no lixo porque existem algumas
partes deles que ainda podem ser utilizadas, como os capítulos
que falam sobre princípios. 
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34 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
O Direito muda todo dia e grandes modificações podem surgir
nas leis, mas os princípios são o grande facho de luz que ori-
enta o ordenamento jurídico.
Conhecendo bem os princípios que regem cada matéria, fica
muito mais fácil entender os assuntos, pois mesmo que as leis
seja modificadas, os princípios permanecem os mesmos.
Além disso, há conteúdos que dificilmente se tornam desatua-
lizados, como aqueles relacionados à parte filosófica do Direi-
to. 
Uma das disciplinas menos valorizadas pelos alunos na gra-
duação de Direito é a disciplina de Filosofia do Direito. O
que é um grande erro. 
A filosofia é maravilhosa para desenvolver raciocínio dentro do
Direito e entender por que certas coisas são do jeito que são,
ou como elas não são mas deveriam ser. 
O problema é que, infelizmente, os professores das universida-
des possuem um grande conhecimento, mas nem sempre sa-
bem ensinar o conteúdo da melhor forma.
Sim, eu também passei por isso. 
Além da Filosofia do Direito, também é fundamental entender
os principais pontos sobre os períodos da história, para que
você possa perceber a influência de determinados movimen-
tos e ideologias dentro do nosso ordenamento jurídico. 
Através da história, podemos saber o que já deu certo e erra-
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35 CÍNTIA BRUNELLI
do no passado, para trazer reflexões para os dias de hoje.
Conhecendo a história, nós podemos evitar que certos proble-
mas aconteçam novamente. 
Muita gente tem “ideias” que parecem inovadoras, mas, na
verdade, já foram testadas no passado e não deram certo.
Ao estudar história, você entende por que isso aconteceu e aí
pode pensar em soluções melhores.
O bom jurista é aquele que vai além de meramente “decorar”
as leis da atualidade, pois entende que é necessário com-
preender por que o Direito tornou-se aquilo que é hoje (e
perceber o que deveria ser feito para que o sistema evolua).
Devido a isso tudo, você não precisa (e nem deve) ter tanta
pressa para começar a estudar as leis. Antes de partir para a
leitura das leis e dos códigos, é necessário compreender os en-
sinamentos da Filosofia e da História do Direito.
Contudo, sabemos que nem todos os estudantes entendem a
importância dessas disciplinas. O resultado é que existem alu-
nos que viram verdadeiros robozinhos jurídicos, porque só
sabem decorar, e não conseguem realmente pensar o Direito. 
Vai mais longe a pessoa que aprende a ter pensamento críti-
co, e isso não é obtido se você somente decora como um pa-
pagaio aquilo que você vê.
Não é meu objetivo aprofundar nos mínimos detalhes sobre a
filosofia e a história do Direito, pois eu precisaria de livros in-
teiros sobre isso. Mas para você que deseja se aprofundar nes-
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36 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
se assunto, minha recomendação é que você conheça o curso
Primeiros Passos no Direito. No curso eu trago alguns con-
ceitos básicos que são importantíssimos para aguçar o seu
senso crítico e passar a enxergar as normas, a política e a
justiça de outra forma. 
Outro fato sobre o curso de Direito é que você vai ter que ler
muito. SIM. Quando entrar na faculdade, você vai descobrir
que antes você ACHAVA que lia bastante, mas não lia quase
nada...
O vocabulário dos livros jurídicos, que nós chamamos de Dou-
trinas, é muito mais rebuscado do que o dos livros em geral.
São livros mais densos. 
Um livro de Direito não é uma leitura fácil como “Harry Potter”,
“Senhor dos Anéis” ou “50 tons de cinza” (enfim, não sei o que
você gosta de ler). 
Muita gente entra no Direito se gabando porque acha que vai
ser tudo muito tranquilo, porque se considera um grande lei-
tor... e aí entra em choque quando começa a ler os livros de
Direito e não entende patavina! 
A solução, nesse caso, é começar com leituras de Direito que
sejam mais simplificadas. Procure livros jurídicos que sejam
resumidos e tenham um linguajar didático. Exemplo: sinopses
jurídicas.
Deixe os livros mais sofisticados para quando você estiver em
um patamar mais avançado em seus estudos. 
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37 CÍNTIA BRUNELLI
Para acelerar o seu processo e aprender o Direito mais rápido,
minha sugestão é a de que você faça debates do assunto das
aulas com seus colegas, para trocar opiniões e informações. 
Quando estava na faculdade, eu muitas vezes voltava da aula
de ônibus, e nesse trajeto eu ia debatendo com os colegas
aquilo que a gente tinha visto na aula naquele dia.  Era muito
proveitoso. 
Se a sua turma tem grupo de Whatsapp, troquem ideias ali
também. Ou convide os colegas que curtem ter papos mais
profundos para fazer um grupo só vocês. Afinal, grupo de
Whatsapp não serve só para trocar meme e figurinha...
Busque também sair da sua zona de conforto: conversar com
pessoas diferentes, leia livros diferentes, conheça outras cul-
turas e busque contato com quem te traz inspiração. 
Cada dia é uma nova oportunidade para você aprender algo
novo. Mas isso só vai acontecer se você estiver disposto a sair
da sua zona de conforto e buscar algo que vá além daquilo
que você já conhece. 
Aos poucos, você também vai notar que o Direito vai ampliar
a sua visão de mundo. É comum o aluno começar a perceber
que está mudando de opinião sobre certos assuntos, porque
está vendo as coisas sob uma ótica que antes não via. 
Além disso, ele vai passar a não acreditar em tudo que lê, es-
pecialmente naquilo que vê no Facebook ou recebe nos gru-
pos do Whatsapp. 
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38 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
Ele também vai começar a notar que muitas vezes os jornalis-
tas da TV e dos sites de notícias não sabem exatamente o
que estão falando, porque, afinal, a maioria deles não estu-
dou Direito... e saber o Direito faz toda a diferença. 
Ou pior: você vai notar que certas matérias são noticiadas de
forma a querer manipular a população! 
E o efeito disso é que, muitas vezes, você vai sentir uma vonta-
de incontrolável de querer falar sobre o Direito com as pessoas
ao seu redor, para querer abrir os olhos de todos sobre tudo
aquilo que você está tendo contato agora. 
Resumindo: você provavelmente vai virar um chato. 
Bem-vindo ao clube! Eu sou uma chata assumida. 
Se você entrou no Direito e não virou um chato, você não está
fazendo isso do jeito certo. É isso.
Nesse momento, talvez você esteja dizendo: “isso
não é verdade, eu não sou um chato”. É chato sim.
Aceita que dói menos. Não tem nada de errado em
ser um chato. O pior é ser alienado: aquela pessoa
que acredita em tudo que lê, que vê notícia mani-
pulada e nem desconfia, que compartilha Fake
News, e por aí vai. Entre ser chata ou ser alienada,
eu prefiro ser chata. Da próxima vez que te chama-
rem de chato, responda: “obrigado!”
O último fato sobre o curso de Direito que trago neste capítu-
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39 CÍNTIA BRUNELLI
lo é que você vai aprender a se defender diante dos proble-
mas da vida. 
Quando você estiver diante de uma situação, você automatica-
mente vai buscar no seu cérebro qual é a solução jurídica.
Isso é libertador, pois você vai saber o que pode e o que não
pode ser feito. 
Você também vai poder ajudar pessoas ao seu redor, quando
elas tiverem problemas. 
Tem gente que tem aquela mentalidade do tipo: “ai, que dro-
ga, agora minha família fica tentando tirar dúvidas jurídicas co-
migo”, mas não vale a pena pensar dessa forma. Nós vivemos
em comunidade. Faz sentido um ajudar o outro. 
Se você pode auxiliar alguém da sua família a resolver um pro-
blema, ajude. A vida é um grande eco. O que você faz de
bom, volta para você depois. 
Eu acredito nisso. 
E você?
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Significados do Direito
Afinal, qual é o significado do Direito? Essa definição parece
simples, mas não é tão óbvia assim.
A verdade é que o Direito pode ter muitas definições e signi-
ficados. Neste livro e no Primeiros Passos no Direito, trago
aquilo que considero o mais importante para que você possa
desenvolver raciocínio jurídico.
Vou começar por essa frase:
O Direito é um conjunto de normas de conduta
social, imposto coercitivamente pelo Estado, para
a realização da segurança, segundo os critérios de
justiça. 
Nesta pequena frase, temos diversas informações que você
precisa compreender. Vou explicar uma a uma. 
“Conjunto de normas de conduta social”: aqui encontramos
dois elementos importantes, que são “normas” e “conduta
social”.
As normas definem quais são os procedimentos que devem
ser adotados. Quais são os comportamentos permitidos em
sociedade? Quais são os limites de liberdade?
As normas impõem proibições e traçam uma linha que divide
o lícito e o ilícito. Elas também impõem obrigações dentro da
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41 CÍNTIA BRUNELLI
vida em sociedade.
Também há normas para estruturar o Estado e organizar a re-
lação entre as pessoas e os órgãos públicos.
“Imposto coercitivamente pelo Estado”: existe um poder de
coerção do Estado sobre as pessoas. O indivíduo deve ajustar
sua conduta ao que é determinado pelo Estado.
Para poder controlar a vida jurídica do país, o Estado se subdi-
vide em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, e
cada poder deve cumprir determinadas funções. Em outro ca-
pítulo, vou falar mais sobre isso.
Podemos observar que apenas as normas jurídicas requerem
participação do Estado. 
Todavia, devo dizer também que o Estado não é o único que
cria fontes do Direito. A própria sociedade pode criar normas,
como é o caso dos costumes.
“Para a realização da segurança segundo os critérios de
justiça”: o Direito é um instrumento em função do bem-estar
da sociedade. O seu objetivo final é a justiça. 
Para existir justiça, é necessário que haja segurança jurídica.
Isso significa que deve haver normas que organizem a socie-
dade, tragam ordem jurídica e garantam o respeito aos direi-
tos dos cidadãos.
Ainda falando sobre justiça, é possível mencionar a frase do
jurista romano Ulpiano, quando disse que “a justiça é a cons-
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tante e permanente vontade de dar a cada um o seu direi-
to”.
Existe outra pergunta que deve ser respondida: o que são Di-
reito Objetivo e Direito Subjetivo?
Podemos dizer que o Direito Objetivo é a regra. É aquilo que
está na norma, de uma forma abstrata. 
Enquanto isso, o Direito Subjetivo é o poder de agir que sur-
ge com essa norma, para que o sujeito possa defender seus
interesses. 
Vou dar um exemplo: no Código de Defesa do Consumidor,
nós temos várias regras que protegem as relações de consu-
mo. Essas regras são o Direito Objetivo. 
Se você comprar um produto e ele vier com um problema, e o
fornecedor se recusar a resolver, você vai poder entrar com
uma ação na justiça para pedir providências. Essa possibilida-
de de agir é o Direito Subjetivo. 
De uma forma bem resumida, podemos dizer que o Direito
Objetivo é a regra de forma abstrata, e o Direito Subjetivo é o
poder de exigir que essa regra seja colocada em prática.    
Existem muitos outros significados do Direito, mas acredito
que estes são os mais relevantes para que você possa com-
preender o seu alcance.
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43 CÍNTIA BRUNELLI
Técnica Jurídica - Artigo, caput, parágrafo,
inciso, alínea e item
Quem está entrando no mundo do Direito deve entender a di-
ferença entre artigo, caput, parágrafo, inciso, alínea e item,
para fazer a leitura correta das leis. 
Esse capítulo é sobre Técnica Jurídica, mas você vai perceber
que é bastante fácil de compreender.
Vamos começar pelo artigo. 
Os artigos são sempre numerados e a forma de escrever e fa-
lar o seu número varia, porque os nove primeiros devem se-
guir uma sequência ordinal. Como assim? Art. 1º, Art. 2º,
Art. 3º... e assim vai até o Art. 9º. 
Depois vira uma sequência cardinal, ou seja, Art. 10, Art. 11,
Art. 12... ao infinito e além! 
Os nove primeiros são ordinais, os demais são cardinais. 
E você achando que nunca mais ia precisar saber o que são
números ordinais e cardinais, hein?
O que importa mesmo é saber que até o artigo nono é de um
jeito, e do artigo dez em diante é de outro. 
O artigo pode se subdividir em diversas partes, chamadas ca-
put, parágrafo, inciso, alínea e item. 
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44 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
Art. Caput
   § Parágrafo
      I - Inciso
         a) Alínea
            1. Item
Vou  escrever um artigo que eu inventei, só para ajudar na ex-
plicação:
Art. 1º O céu é azul.
   § 1º O céu poderá possuir outras cores nas seguintes 
hipóteses:
      I – durante o pôr do sol;
      II – durante o período noturno;
      III – devido a mudanças climáticas, especialmente as 
listadas a seguir:a) tempo nublado, subdividindo-se as cores do céu
em:
            1. grafite;
            2. chumbo.
         b) tempo chuvoso.
   § 2º Os eventos listados no § 1º são transitórios e não 
possuem o condão de modificar permanentemente a cor
do céu.
“Art. 1º O céu é azul” → Essa primeira frase é o caput, ou
seja, a cabeça do artigo. É o seu enunciado, a regra geral, a
ideia central.
Se o assunto tratado pelo artigo for muito complexo, tiver
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http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI218540,21048-Paragrafo+unico+ou+unico
45 CÍNTIA BRUNELLI
muitos detalhes ou exceções, o ideal é que não seja tratado
totalmente no caput , senão ele vai ficar muito longo e confu-
so. 
Aí é que entram os parágrafos, incisos, alíneas e itens, para
ajudar a organizar o artigo. 
Vamos ver qual é qual. 
O parágrafo tem esse símbolo:  § 
Os parágrafos servem para trazer algum complemento, escla-
recimento ou exceção à regra trazida no caput.
Atenção: se o artigo tiver apenas UM parágrafo, ele não vai
utilizar o símbolo. Nesse caso, deve se escrever por extenso:
Parágrafo Único. 
Também pode ser que o artigo não tenha nenhum parágrafo.
Tudo vai depender da regra trazida no caput. 
E os incisos, alíneas e itens, o que são?  
Os incisos são escritos em algarismos romanos: I, II, III, IV, V...
As alíneas estão em letras minúsculas: a, b, c, d, e...
Os itens são os algarismos arábicos: 1, 2, 3, 4, 5...
Os incisos, alíneas e itens possuem basicamente a mesma fun-
ção, que é a de trazer uma lista de alguma coisa. 
Esses três devem seguir uma ordem: primeiro você usa os in-
cisos.
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46 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
Atenção: você pode usar incisos tanto para dividir artigos
como parágrafos. 
Dentro dos incisos, podem haver alíneas.
Por fim, dentro das alíneas podem existir itens. 
Tá, e é só isso? Assim simples? 
Sim. É isso aí! Eu falei que era muito fácil. Agora você já sabe a
diferença entre artigo, caput, parágrafo, inciso, alínea e item. 
Se você quer saber mais sobre Técnica Jurídica, eu recomendo
que você leia a Lei Complementar 95, que é a lei que traz re-
gras técnicas para a elaboração das leis. Sim, nós temos uma
lei sobre como fazer leis! 
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47 CÍNTIA BRUNELLI
Escolas ou Teorias do Direito 
O estudo das Escolas ou Teorias do Direito é um tema extre-
mamente importante que está relacionado à história e ajuda a
entender os diferentes detalhes do nosso ordenamento jurídi-
co. 
Não sei se você já parou para refletir sobre isso, mas o Direito
não é uma ciência exata, pois existem diversas formas de en-
xergar as normas. 
Eu vou explicar as principais Escolas do Direito:  Jusnaturalis-
ta, Teológica, Racionalista, Histórica, Marxista e Positivista. 
Uma informação importante: essas escolas não necessaria-
mente seguiram a sequência que eu vou explicar neste capí-
tulo. 
Na verdade, você vai perceber que algumas delas aparece-
ram meio que simultaneamente. 
Então não pense em uma única linha do tempo, em que
uma escola termina e aí a outra começa. Não, elas foram sur-
gindo gradativamente e exercendo influência umas sobre as
outras. 
Ao final deste capítulo, você vai perceber a influência de cada
uma dessas correntes nos dias de hoje. 
Se você se interessa por este assunto, também vai adorar as-
sistir às aulas do curso Primeiros Passos no Direito.
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48 INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO 
Escola Jusnaturalista ou Escola do Direito Natural
Por que “Direito Natural”? 
Porque essa escola acredita que existe uma lei verdadeira,
que seria uma lei natural. Como dizia Ulpiano, um jurista ro-
mano: “o direito natural é aquele que a natureza nos ensi-
nou”.
Para o jusnaturalismo, há valores que são imanentes do ho-
mem, seja qual for sua cultura, porque se originam da própria
natureza humana.
Os naturalistas acreditam que deve existir uma lei única em
todas as nações, e essa lei é eterna, porque ela advém de va-
lores que devem reger toda a humanidade.  
O direito natural seria um direito universal, que seria o mes-
mo para todos os povos. Assim, haveria um conjunto de prin-
cípios superiores que nos orientam sobre o certo e o errado. 
Os jusnaturalistas buscam um ideal de justiça e acreditam que
o direito  deve se basear em princípios eternos e imutáveis.
Se uma lei for contrária a esses princípios, ela será uma lei in-
justa e não terá validade.
A Escola Jusnaturalista surgiu com os filósofos da Grécia Anti-
ga. Naquela época, os filósofos já discutiam a existência de um
justo por natureza em contraposição a um justo por lei. 
Exemplo disso é a tragédia de Antígona, escrita por Sófocles.
Eu gosto bastante dessa história e vale a pena contá-la: 
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49 CÍNTIA BRUNELLI
Antígona queria enterrar seu irmão, Polinice, que havia morri-
do em um combate. 
No entanto, o Rei Creonte fez uma lei proibindo que Polinice
fosse sepultado porque ele havia sido considerado um inimi-
go da cidade. 
Antígona não se conforma com essa lei, que ela considera
injusta, e decide realizar o ritual fúnebre para que a alma do
seu irmão pudesse fazer a transição ao mundo dos mortos. 
Ela foi descoberta e, em sua defesa, argumentou que um mero
mortal como o rei não tinha o poder de contrariar as lei divi-
nas, que eram eternas e irrevogáveis. 
Depois disso, Antígona foi presa e se enforcou na prisão. 
Em seguida, seu noivo Hémon, que era filho do Rei Creonte,
ficou desolado e se matou. 
E ao receber a  notícia da morte de Hémon, a esposa do rei,
Eurídice, se suicidou também... 
Tragédia pouca é bobagem!
Hoje em dia seria um pouco difícil pensar em um direito único
e imutável no mundo inteiro, afinal, sabemos que o direito
também é influenciado pela cultura de cada povo. 
Mas o Jusnaturalismo tem grande importância especialmente
no direito internacional, no que se refere aos direitos huma-
nos. 
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Há muitos doutrinadores que defendem que deve haver algu-
mas normas básicas em todos os povos para preservar a dig-
nidade da pessoa humana, como, por exemplo, o combate à
tortura. 
Mais adiante, quando eu explicar sobre a Escola Positivista, vou
falar um pouco mais sobre o Jusnaturalismo.
Escola Teológica
Téo significa Deus, então, para essa escola, as leis foram cria-
das por Deus, sendo também eternas e imutáveis. 
A fonte dos direitos seriam os preceitos religiosos, como ex-
pressão da vontade divina. 
A Escola Teológica também surgiu na antiguidade, mas ga-
nhou força na Idade Média, quando o cristianismo exerceu
um importante papel na cultura ocidental. 
Da Escola Teológica, merecem destaque Santo Agostinho e
São Tomás de Aquino, dois pensadores que buscavam refletir
sobre a origem do mal e tentavam conciliar a fé e a razão.
Sob a influência da Igreja Católica, as discussões filosóficas da
Idade Média se concentravam em questões religiosas, e o Di-
reito também foi fortemente impactado. 
Como exemplo, podemos mencionar o Tribunal da Santa In-
quisição, que pregava que a sociedade deveria seguir os pa-
drões exigidos por Deus e punia aqueles que se desviassem,
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51 CÍNTIA BRUNELLI
muitas vezes, com a morte. 
Talvez você esteja pensando: “a Escola Teológica teve o seu
momento na história, mas hoje ela não exerce influência
nenhuma no nosso Direito”. 
Será mesmo? 
Se você acompanhar algumas discussões relacionadas, por
exemplo, à questão do aborto, você vai ver que até hoje as
igrejas exercem grande influência no Direito. 
O Estado brasileiro é laico, ou seja, não temos uma religião
oficial. 
Mas é inegável que as igrejas possuem bastante influência so-
bre as nossas normas. A origem disso vem da Escola Teológi-
ca.
Escola Racionalista ou Contratual
Nos séculos XVII e XVIII, sob a influência dos filósofos ilumi-
nistas, chega a vez do Racionalismo, que buscou se afastar
dos preceitos religiosos e aproximar a lei da razão. 
Dessa escola podemos mencionar muitos nomes, como Tho-
mas Hobbes, John Locke, Montesquieu e Jean Jacques
Rousseau. 
Os racionalistas queriam formar um sistema de direito que
fosse justo, universal e totalmente fundado em princípios ra-
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cionais. 
O direito decorreria do pacto ou contrato social que o ho-
mem celebra para viver em sociedade. 
Pacto social? Como assim? 
Para explicar isso melhor, vou falar resumidamente sobre a
obra do Jean Jacques Rousseau, chamada Contrato Social. 
Rousseau formulou o seguinte raciocínio: 
Nos primórdios da humanidade, os indivíduos viviam cada um
por si. 
Então, para sobreviver, eles começaram a viver juntos. Em ra-
zão disso, foram formulando regras para que esse convívio
pudesse dar certo. 
Assim, existe uma espécie de pacto ou contrato social, para
reger as relações entre as pessoas. Para que um indivíduo pos-
sa viver em sociedade, ele deve obedecer esse contrato, ou
sofrerá punições através da lei. 
As ideias de Rousseau exercem influência nos dias de hoje? 
Exercem! Muito!
Basta pensar que quando você está em um país, você deve
obedecer às leis desse país. Ninguém pergunta se você quer
seguir as leis brasileiras. 
Subentende-se que existe um “contrato social” para que pos-
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53 CÍNTIA BRUNELLI
samos viver em sociedade. 
Nós precisamos de uma organização que discipline as ativida-
des dos indivíduos, com regras de comportamento, para que
possa haver uma vida coletiva. 
É como diz a frase em latim ubi societas, ibi jus: onde está a
sociedade, está o Direito. 
O contrário também é verdadeiro: porque o Direito só faz
sentido dentro de uma vida sociedade. 
Se você vivesse sozinho em uma ilha deserta, não faria senti-
do obedecer as leis,  porque elas são decorrentes do próprio
convívio social.
Escola Histórica
A Escola Histórica do Direito se rebelou contra a ideia de que
existiria um direito natural, pois, para essa escola, o Direito foi
sendo formado de forma gradual pelos costumes de cada
sociedade. 
O direito seria um produto histórico, decorrente da consciên-
cia coletiva de cada povo, e que vai sempre sofrendo mudan-
ças conforme a sociedade evolui.  
Ele tem a sua origem nos fatos sociais, que seriam os aconte-
cimentos da vida em sociedade, e vai se desenvolvendo de
forma espontânea e gradativa, mais ou menos como aconte-
ce com a linguaguem.  
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Assim como a linguagem é formada de forma paulatina, de
acordo com as necessidades e usos do povo, e sujeita a
transformações progressivas, também é o Direito. 
Cada povo tem práticas que refletem seus costumes e seus
valores e o Direito não poderia ignorar esses fatos.
A Escola Histórica surgiu no final do século XVIII e início do sé-
culo XIX e teve como maior nome Savigny, que defendia que
não existe um direito universal e imutável, pois cada povo em
cada época tem o seu próprio direito, que reflete a sua cultura
e os seus costumes. 
Para Savigny, o direito é um organismo vivo, uma vez que vai
sempre sendo modificado, e a fonte fundamental do direito é
o costume do povo. 
A grande preocupação dessa escola foi afastar a ideia de que
existiria um direito relacionado à natureza do homem, e mos-
trar que a fonte das leis está na vida em sociedade, e que, por
isso, o direito está sempre em transformação.
Sobre a Escola Histórica, o mais relevante para falar era isso. 
Escola Marxista
A Escola Marxista surgiu em meados do século XIX e teve
como nomes Karl Marx e Friedrich Engels. 
Para essa escola, o direito seria uma expressão do interesse da
classe dominante, como um instrumento ideológico de domi-
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nação da burguesia sobre o proletariado. 
Para essa escola, o Direito não emana meramente da socieda-
de, e sim do Estado, e este seria um instrumento de pressão
sobre a classe menos favorecida. 
Marx acreditava que o Estado como nós conhecemos deveria
ser combatido para dar vez a um sistema de governo comu-
nista, de onde o Direito realmente emanaria do povo. 
Karl Marx fazia algumas críticas à Escola Histórica, porque ele
dizia que o Direito não é apenas um produto cultural, mas
também um produto de disputas de interesses. 
Como você pode perceber, a Escola Marxista tem um viés ide-
ológico bastante forte. 
Escola do Direito Positivo
A Escola Positivista exerceu um forte contraponto à Escola
Jusnaturalista. Para os positivistas, não existe um direito
universal porque a justiça é relativa.  
Aquilo que é considerado justo para uma pessoa pode não ser
para outra. Para os positivistas, uma justiça absoluta é um ideal
inatingível.  
As leis são criações voluntárias, ou seja, a sociedade pode de-
cidir como serão suas leis, o que vai variar de acordo com a
cultura de cada povo.
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É importante destacar que, para o positivismo, as normas de-
vem ser objetivas e racionais. Os positivistas acreditam que,
se o direito se apóia em valores, ele se torna muito instável.
Afinal, você pode ter os seus valores, mas o juiz pode ter ou-
tros, o promotor outros, e por aí vai…
A solução seria criar um sistema jurídico lógico e coeso, quase
como uma ciência exata, para conferir segurança jurídica. 
Dentro do Positivismo, existe um nome de grande destaque,
chamado Hans Kelsen. Este estudioso formulou a Teoria Pura
do Direito. 
Por que “teoria pura”? 
Porque  a ideia de Hans Kelsen foi a de responder do que se
trata o Direito sem a interferência de outras áreas, como a
sociologia, a política, a ética, a psicologia, etc. 
O objetivo não era o de ignorar as outras disciplinas, mas o
de analisar somente a ciência jurídica, sem que houvesse
uma mistura com as outras matérias. 
Para Hans Kelsen, o termo “norma” significa algo que DEVE
SER. Ele usa a palavra “dever” com um sentido mais amplo,
não só o de obrigar ou ordenar, mas também inclui o “ter
permissão”, porque uma norma pode não só comandar, mas
também permitir uma conduta. 
A norma traz como o homem DEVE se conduzir. 
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Qual é a corrente aplicada no direito contemporâneo?
A resposta, a meu ver, é que não é possível basear o direito
atualapenas em uma teoria, porque todas exercem influên-
cia no ordenamento jurídico. Elas trabalham em conjunto. 
É importante que exista um direito positivo que traga crité-
rios concretos ao ordenamento jurídico, para que exista segu-
rança jurídica. Para isso, as normas devem ser coerentes e ló-
gicas. 
Além disso, discute-se se existiriam direitos universais e ab-
solutos. Será que existe alguma norma que seja igual em to-
das as culturas e que jamais tenha exceção? 
Por outro lado, o direito não pode se afastar totalmente dos
valores. 
É impossível conceber o direito como uma ciência exata. 
Se o direito se afastar demais dos princípios, ele corre o risco
de se tornar injusto. Exemplo disso foram as atrocidades que
aconteceram na Segunda Guerra Mundial, quando alguns
governos criavam leis para autorizar graves violações aos direi-
tos humanos. 
Aliás, uma dica que tem tudo a ver com o que estamos falando
hoje é o filme “Julgamento de Nuremberg”. 
Esse filme conta a história real do tribunal que julgou o alto
escalão nazista pelos crimes de guerra ocorridos durante a Se-
gunda Guerra Mundial. É um filme excelente. Recomendo!
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Fatores de Mudança do Direito
Como você sabe, o Direito muda o tempo todo, e hoje va-
mos estudar alguns dos fatores que influenciam essas altera-
ções. 
Por que eu disse “alguns”? Porque como são muitos, eu trou-
xe aqui os principais.
Em primeiro lugar, é importante dizer que nem sempre se
teve essa visão de que o Direito deve estar acompanhando a
evolução da sociedade. 
Como você aprendeu no capítulo anterior, houve um tempo
que se acreditava que o direito deveria ser eterno e imutável. 
Contudo, hoje em dia não se vê mais dessa forma. Afinal, o Di-
reito emana da sociedade, e esta sofre modificações ao longo
do tempo, de modo que o Direito consequentemente deve
acompanhar essas mudanças. 
Tudo que age sobre a sociedade produz reflexos também so-
bre o Direito. 
Além disso, atualmente temos que levar em consideração que
vivemos em uma grande aldeia global. Existe uma constante
troca de influências entre os países do mundo, que se tornou
possível pela velocidade dos meios de comunicação. Esse
contato com outras culturas também impacta o meio em
que vivemos e, por consequência, interfere no nosso direito. 
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Podemos dizer que o Direito é, de uma certa forma, sempre
provisório. Nenhuma lei é feita para durar eternamente. Elas
são um reflexo dos anseios daquele momento. 
Até mesmo a Constituição Federal, que é a norma mais im-
portante do país, pode um dia ser substituída por outra
Constituição mais nova. 
Existem muitos fatores que influenciam o Direito e eu vou ago-
ra destacar alguns dos principais, que são os fatores econômi-
cos, políticos, culturais e religiosos. Estes fatores também
são explicados no curso Primeiros Passos no Direito.
Fatores Econômicos
O Direito se transforma à medida que a estrutura econômica
da sociedade vai se modificando. É possível observar isso ao
longo da história. 
Na antiguidade, quando a sociedade era composta por pe-
quenos grupos de camponeses, as relações giravam basica-
mente dentro da família, naquilo que se chamava de Pátrio
Poder. 
Havia o chefe, geralmente o pai, que era a autoridade e dita-
va as regras que deveriam ser obedecidas pelos membros da
família. 
Com o passar dos séculos, na medida em que alguns agricul-
tores foram se tornando comerciantes, o direito foi se ampli-
ando. Ao invés de haver uma concentração somente em torno
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da família, passou a existir uma organização jurídica na comu-
nidade, para poder regular as relações que vinham do comér-
cio e também normas para resolver os conflitos dentro do gru-
po como um todo.  
Mais alguns séculos depois, tivemos a Revolução Industrial,
com a produção em massa de produtos que também causou
uma profunda transformação na economia, e, consequente-
mente, sobre o Direito. Podemos citar como exemplo os con-
tratos, que foram se padronizando. 
Problemas também surgiram, como diversas práticas abusivas
contra consumidores. Para combater os abusos de alguns for-
necedores, foi necessário que o Direito passasse a defender o
consumidor. 
As relações de trabalho também foram sendo reguladas para
diminuir a exploração humana. 
Tudo isso demonstra a importância que o fator econômico
tem dentro do Direito. 
Fatores Políticos
O regime político de um país influencia diretamente as suas
leis. Basta pensar nas diferenças entre países que vivem regi-
mes de ditadura e de democracia.  
As ideologias políticas também norteiam as questões jurídi-
cas. O direito de propriedade, por exemplo, é regulamentado
em um país comunista de uma forma totalmente diferente de
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um país capitalista. 
Quando ocorre uma revolução política, geralmente vem junto
uma revolução jurídica, muitas vezes acompanhada de uma
nova Constituição que reflita o momento em que o país está
vivendo. 
A história das Constituições Federais do Brasil é uma de-
monstração de como os fatores políticos interferem nas ques-
tões jurídicas de uma nação.  Nós já estamos na sétima Consti-
tuição e todas elas tiveram uma forte influência do momento
político pelo qual o país estava passando.
 Algumas dessas constituições foram outorgadas, ou seja, im-
postas, e outras foram promulgadas, o que significa que fo-
ram democráticas. Os direitos e deveres de uma sociedade
são diretamente influenciados pelo momento político que
nós estivermos vivendo. 
Aí você começa a perceber a importância de escolher bem os
nossos representantes políticos. A política não é uma brinca-
deira de criança. A vida de milhões de pessoas entra em jogo,
porque uma decisão política pode mudar completamente o
nosso presente e também nosso futuro.
Fatores Culturais
O Direito acompanha a evolução cultural do povo. Indo
além, podemos dizer que o Direito é um produto da cultura. 
Aqui é importante que você tenha em mente que existe uma
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enorme diferença entre aquilo que é natural e aquilo que é
cultural. 
O natural é aquilo que vem da natureza, dos nossos instin-
tos, ou dos fenômenos químicos e físicos, enquanto que a
cultura é construída e pode ser modificada. 
Muitas vezes algumas situações já estão tão enraizadas na
nossa sociedade que a gente acha que elas são naturais, ou
seja, que são da nossa natureza, mas, na verdade, elas são cul-
turais. 
Vou dar um exemplo bem esdrúxulo só para você entender: 
É da natureza humana o ato de se alimentar. Você precisa co-
mer para viver. 
Eu te pergunto: teria como uma lei determinar que você vai
poder comer somente 1 vez ao mês? Não, né? 
Por outro lado, aquilo que nós comemos tem um forte compo-
nente cultural, desde a escolha dos alimentos e até o meio
como são produzidos. 
Então é possível uma lei estabelecer regras para que esses ali-
mentos sejam elaborados de uma forma mais saudável? Sim,
você sabe que sim.
Nesse momento, talvez você já tenha refletido sobre outras si-
tuações que são naturais ou culturais. Os exemplos são infini-
tos. 
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