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Etiologia e Patologia ➤ A febre reumática é a principal causa da estenose mitral (EM) ➤ Outras etiologias: estenose valvar mitral congênita, cor triatriatum, calcificação do anel mitral com extensão para cúspides, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, mixoma atrial esquerdo e endocardite infecciosa com grandes vegetações; Fisiopatologia ➤ Adultos sadios possuem valva mitral de 4 a 6 cm² ➤ Padrão hemodinâmico da EM: na presença de obstrução significativa (< 2cm²), o sangue flui do AE para o VE apenas quando impulsionado por um gradiente de pressão atrioventricular muito elevado; ➤ Se área valvar < 1,5 cm² = EM Grave (débito cardíaco normal durante o repouso e aumenta menos do que deveria durante o esforço); se área valvar < 1cm² = EM “muito grave” (DC baixo durante o repouso e pode não aumentar ou decair durante atividade física); ➤ A pressão diastólica no VE e FE são normais na EM isolada; Sintomas ➤ Inicialmente, dispneia e tosse que podem ser desencadeadas por alterações súbitas na FC; ➤ À medida que a estenose evolui, graus menores de esforço desencadeiam dispneia e surgem ortopneia e/ou dispneia paroxística noturna; ➤ Alterações pulmonares: capacidade vital, capacidade pulmonar total, capacidade inspiratória máxima e a captação de oxigênio por unidade de ventilação ficam reduzidas; ➤ Embolização sistêmica pode ocorrer em pacientes com FA, >65anos e naqueles com baixo DC; ➤ Achados Físicos: → Inspeção e palpação: rubor malar com fácies aflita e cianótica (EM grave); PA sistêmica normal ou ligeiramente baixa; → Ausculta: B1 hiperfonética nos estágios iniciais da doença e um pouco retardada. O componente pulmonar (P2) da B2 com frequência se encontra acentuado (aumento da pressão na AP), e os dois componentes da segunda bulha se apresentam desdobrados. Um sopro sistólico suave de grau I ou II/VI pode ser audível no ápice ou medial a ele, e pode significar doença valvar mista com insuficiência; Exames Complementares ➤ ECG: quando houver hipertensão pulmonar grave ou quando a ET complicar a EM, produzindo aumento do átrio direito (AD), a onda P poderá estar elevada e apiculada na D2 e positiva na V1. O complexo QRS geralmente é normal; ➤ ECO: padrão ouro. Inicialmente ETT, se insuficiente, ETE. ➤ Radiografia de Tórax: alterações mais precoces são a retificação da borda esquerda superior da silhueta cardíaca, proeminência do tronco das APs, dilatação das veias pulmonares do lobo superior e deslocamento posterior do esôfago em razão de aumento do AE; ➤ Cateterismo cardíaco: pode ser útil quando houver discrepância entre os achados clínicos e não invasivos, incluindo aqueles obtidos com ETE e ecocardiografia com esforço. Diagnóstico diferencial ➤ IM significativa pode cursar com sopro diastólico proeminente, audível na ponta e causado por aumento do fluxo anterógrado transmitral. Um sopro apical holossistólico com intensidade de graus III/VI, bem como a presença de B3 sugerem IM significativa. O diagnóstico diferencial pode ser feito uma vez que não há intensificação pré-sistólica e ocorre atenuação com Estenose Mitral Cardiologia a administração de nitrito de amila ou outros vasodilatadores arteriais; ➤ Defeito septal atrial também cursa com aumento do VD e acentuação da vasculatura pulmonar; ➤ Mixoma atrial esquerdo pode obstruir o esvaziamento do AE, causando dispneia, sopro diastólico e alterações hemodinâmicas que lembram as da EM. Todavia, esses pacientes costumam apresentar sinais sugestivos de doença sistêmica, como perda de peso, febre, anemia, embolia sistêmica e elevação das concentrações de IgG e IL-6; Tratamento ➤ Profilaxia com penicilina para infecção por estreptococos-beta-hemolíticos do grupo A para prevenção secundária de febre reumática é importante para pacientes em risco com EM reumática; ➤ Beta-bloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio não di-hidropiridínicos (ex:verapamil ou diltiazém) e os glicosídeos digitálicos são úteis para reduzir a frequência ventricular nos pacientes com FA; ➤ Recomenda-se uso de varfarina por tempo indeterminado (meta de INR de 2 a 3) para pacientes com EM que apresentem FA ou que tenham histórico de tromboembolismo; ➤ Anticoagulantes orais diretos (apixabana, rivaroxabana) NÃO ESTÃO APROVADOS PARA PACIENTES COM EM REUMÁTICA; ➤ A menos que haja alguma contraindicação, a valvotomia mitral está indicada nos pacientes sintomáticos (classe funcional II a IV da NYHA) com EM isolada muito grave, cujo orifício efetivo seja <1,5cm² em adultos de tamanho normal. Não é indicada para pacientes assintomáticos e/ou com EM leve ou moderada (área da valva mitral >1/5cm²), a menos que tenham história de embolia sistêmica recorrente ou hipertensão pulmonar grave (pressão sistólica na AP > 50mmHg em repouso ou 60mmHg no exercício). ➤ A substituição da valva mitral (SVM) é necessária nos pacientes com EM associada à IM significativa, naqueles cuja valva tenha sido gravemente deformada por manipulações com cateter ou cirúrgicas, ou nos casos em que o cirurgião avalia não ser possível melhorar significativamente a função da valva com valvotomia; REFERÊNCIAS: JAMESON, J. L.; et al. Medicina Interna de Harrison. 20ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.
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