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Língua Portuguesa e Literatura 105 Atividade extra Lingua falada. Lingua escrita e gêneros textuais Questão 1 Sabemos que linguagem é todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos, e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos. São exemplos, respectivamente, de linguagem auditiva e visual: a. buzina de automóvel – placas de sinalização de trânsito b. placas de sinalização de trânsito – buzina de automóvel c. reprodução de CD musical – buzina de automóvel d. leitura de e-mail – reprodução de CD musical Texto 1 Até o fim Quando eu nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de saída a minha estrada entortou Mas vou até o fim. (Chico Buarque - CD) 106 Texto 2 Poema de Sete Faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. [..] ( DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Obra completa. Aguilar ) Questão 2 O anjo é um elemento comum aos dois textos. De que forma são tratados os anjos nos textos? Questão 3 Brigadeiro de micro-ondas Ingredientes 1 lata de leite condensado 1 colher de sopa de margarina 3 colheres de sopa de chocolate em pó Granulado a gosto Modo de preparo Em um recipiente próprio para micro-ondas, de preferência redondo e de borda alta, misture todos os ingre- dientes. Leve ao micro-ondas por 6 minutos em potência alta ou na tecla brigadeiro do próprio micro-ondas. Mexa a mistura na metade do tempo. Depois de pronto, retire do forno e mexa até ficar uma massa lisa e brilhante. Leve à geladeira para esfriar, depois enrole os docinhos, passe no granulado e coloque nas forminhas. Fonte: http://tudogostoso.uol.com.br/receita/456-brigadeiro-de-microondas.html. Acesso em 15/01/13. O anjo de Drummond vem desenhado bem no estilo grave que lhe impõe a língua culta já o anjo de Chico Buarque, vem no estilo bem popular com que o autor o coloca na sua composição “safado”, “chato” e menos culto, bem na linhagem dos malandros que costumam ser brindados nas composições do autor. Língua Portuguesa e Literatura 107 A receita lida foi publicada em um site de culinária para a. vender os brigadeiros para as festas. b. instruir os leitores a saber como fazer brigadeiros. c. informar sobre os valores nutricionais que a guloseima contém. d. fazer propaganda da margarina usada para a confecção do doce. Questão 4 Roda Viva Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente Ou foi o mundo, então, que cresceu. (Chico Buarque - CD) Há nesse texto palavras que são marcas de oralidade, ou seja, que são usadas predominantemente em diálo- gos orais. Quais são elas? Questão 5 Carta de Pero Vaz de Caminha De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu nos do mar muito gran- de, porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos, parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. (In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 12-23. Literatura Comentada. Adaptado.) A palavra “tem” no lugar “há”, do verbo haver. / A expressão “a gente” no lugar do pronome pessoal “nós”. 108 Nesse trecho da Carta de Caminha, ao refletir sobre suas características textuais, percebe-se que a. as características argumentativas e narrativas predominam. b. o principal objetivo do texto é ilustrar experiências vividas. c. o relato das experiências vividas é feito com aspectos descritivos. d. a intenção do autor é apresentar uma oposição aos fatos mencionados. Língua Portuguesa e Literatura 71 Atividade extra A prescrição Questão 1 Sabão em barra caseiro Ingredientes: 1/2 kg de soda cáustica 1 litro de água; 3 litros de óleo de cozinha (usado e já saturado em frituras); 2 litros de álcool (de posto de gasolina). Preparo: Ferva 1 litro de água.Simultaneamente, esquente bem 3 litros de óleo.Coloque a soda cáustica na água fervendo, dentro de um balde de plástico e,imediatamente,Retire o óleo do fogo e despeje por cima.Em seguida coloque o álcool.Mexa (com um pedaço de pau) durante 15 minutos.Despeje numa caixa de papelão forrada com sacolas de plástico, vire as borda delas umpouco para cima. Observação: A altura do sabão, dentro da caixa de papelão é em torno de 5 a 6 cm. Dica:Fazendo o sabão na lua nova, ele ficará melhor.http://www.ecologiaonline.com/receitas-para-preparar- -sabao-caseiro Assinale a alternativa correta com base nas afirmações: I- A receita é um texto injuntivo/prescritivo pertencente ao gênero instruir. II- A receita de sabão apresenta o imperativo na 3ª pessoa do singular, mostrando menor formalidade. 72 III - A receita de sabão é um texto injuntivo formal porque dá ordens precisas sobre a produção do sabão. IV- A receita apresentada não é um texto injuntivo/ prescritivo porque não contém verbos no imperativo. a. I e II estão corretas b. III e IV estão corretas c. I, II e III estão corretas d. todas estão corretas Leia o texto a seguir para responder às questões 2, 3 e 4. Bom conselho Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio vento na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade (www.chicobuarque.com.br) Língua Portuguesa e Literatura 73 Questão 2 Na canção “Bom Conselho”, o autor modifica o sentido de vários provérbios. Identifique três dessas referências. Questão 3 Por que essa canção é um exemplo de tipo de texto prescritivo ou injuntivo? Questão 4 Quais são os recursos linguísticos apresentados no texto que confirmam essa ideia? Língua Portuguesa e Literatura 63 O que perguntam por aí? ENEM 2010 Resposta: Letra E Comentário: As biografias também são textos narrativos. 64 Resposta: Letra E Comentário: O uso correto dos conectivos é fundamental para a coesão de um texto. Língua Portuguesa e Literatura 65 Atividade extra A narração: os elementos linguísticos e tipos de discurso Leia os textos para responder às questões 1 e 2 Perto do coração selvagem Devagar veio vindo o pensamento. Sem medo, não cinzento e choroso como viera até agora, mas nu e calado embaixo do sol como a areia branca. Papai morreu. Papai morreu. Respirou vagarosamente. Papai morreu. Agora sabia mesmo que o pai morrera." (Clarice Lispector) A terceira margem do rio (...) "Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com o gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar." (Guimarães Rosa) Questão 1 Caracterize a posição do narrador em cada texto. "Perto do coração selvagem" - Narrador de terceira pessoa, onisciente. “A Terceira margem do rio” – Narrador de primeira pessoa. 66 Questão 2 Retire de cada um dos textos uma passagem que justifique sua resposta anterior. Leia o fragmento a seguir para responder às questões 3 e 4: "A mãe disse: - "Está ai assim há meia hora, chorando que nem maluco.Não sei mais o que faço". Já lhe prometi tudo mas ele continua berrando desse jeito". Questão 3 Transcreva o fragmento para o discurso indireto. Questão 4 Por que nesse fragmento o narrador optou pelo uso do discurso direto? Questão 5 Reestruture o texto a seguir, dando-lhe a forma de discurso indireto. Deixando sobre a mesa os papéis necessários,o funcionário perguntou, nervoso, ao chefe: - O senhor assinará agora ou depois? - Já, imediatamente! bradou o outro. Passagem: "Devagar veio vindo ... mas nu e calado" "Agora sabia mesmo que o pai morrera." Para dar voz à personagem aumentando a carga expressiva do enunciado Deixando sobre a mesa os papéis necessários, o funcionário perguntou, nervoso, ao chefe se ele assinaria naquele momento ou depois. O chefe bradou que assinaria imediatamente. A mãe disse que ele estava ali assim havia meia hora, chorando que nem maluco, e que ele não sabia mais o que faria Língua Portuguesa e Literatura 97 O que perguntam por aí! (UFSM) Numere a primeira coluna de acordo com a segunda: ( ) Compensação de frustrações sentimentais na fuga da realidade através da imaginação. ( ) Literatura de informação que resgata as origens da nacionalidade brasileira, refletindo um certo didatismo. ( ) Reconhecimento da realidade através dos sentidos, revelando uma preocupação com aspectos religiosos. ( ) Utilização de linguagem simbólica para a expressão da fugacidade das coisas, marcadas pelo paradoxo e pela gradação. ( ) Utilização de linguagem metafórica para expressar sentimentos individuais e de culto à nacionalidade. (1) Romantismo (2) Barroco (3) Quinhentismo A sequência correta é: a. 3, 2, 2, 1, 1 b. 3, 1, 3, 1, 2 c. 1, 3, 2, 2, 1 d. 1, 3, 2, 1, 2 e. 2, 1, 3, 1, 3 98 Resposta: Letra C Comentário: A partir do que estudamos sobre cada escola literária na segunda coluna, a alternativa “C” é a resposta correta, uma vez que, retrata os postulados dos movimentos literários, na coluna 1, de forma específica. Língua Portuguesa e Literatura 99 Atividade extra A literatura e o tempo: o homem canta sua vida e sua história! Questão 1 O homem em conflito é uma característica muito explorada na escola literária denominada Barroco. Por isso, afirma-se que a figura de linguagem muito frequente nessa escola literária é a a. metonímia b. hipérbole c. pleonasmo d. antítese Questão 2 Entre as escolas literárias portuguesas e brasileiras há movimentos literários que existiram na história portuguesa, porém não fazem parte do histórico de movimentos literários brasileiros. Por que existe essa diferença? Cite um movimento literário que existe na história da literatura portuguesa, porém não existe na brasileira. O Brasil só foi “descoberto em 1500”, ou seja, não havia registros literários aqui antes de seu descobrimento pelos Portugueses. O Trovadorismo é um exemplo de movimento literário que não existe na literatura brasileira. 100 Texto para os itens 3, 4 e 5 A SANTA INÊS Cordeirinha linda, Como folga o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo! Cordeirinha santa, De Jesus querida, Vossa santa vida O Diabo espanta. Por isso vos canta Com prazer o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo. Nossa culpa escura Fugirá depressa, Pois vossa cabeça Vem com luz tão pura. Vossa formosura Honra é do povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo. José de Anchieta.Disponível em http://brain92.wordpress.com/2012/09/01/quinhentismo- Acesso em 05 jul 2013 Língua Portuguesa e Literatura 101 Questão 3 Transcreva o fragmento em que parte José de Anchieta menciona o poder de Santa Inês para os povos indígenas. Questão 4 Destaque no poema de José de Anchieta o trecho em que há a existência do bem e do mal. Questão 5 São características da poesia do Padre José de Anchieta a. linguagem cômica, que divertia os indígenas brasileiros. b. temas religiosos, que eram cantados ou recitadas facilmente. c. preocupação em ensinar os jovens jesuítas chegados ao Brasil. d. desenvolvimento de ideias sem qualquer preocupação estética. “Cordeirinha santa/De Jesus querida/Vossa Santa vida /O Diabo espanta” “Porque vossa vinda Lhe dá lume novo” Língua Portuguesa e Literatura 117 O que perguntam por aí? Prova: CESGRANRIO - 2010 - Petrobrás - Todos os Cargos - Nível Superior - Conhecimentos Básicos/Português/ Vozes do verbo Transpondo-se o trecho “O futuro é construído a cada instante da vida,” para a voz passiva sintética, tem-se a forma verbal: a) constrói-se. b) construiu-se. c) há de ser construído. d) pode ser construído. e) foi construído. Resposta: Letra A Comentário: Pois “é construído” encontra-se no presente e a forma da voz passiva sintética no presente é nesse caso “constrói-se”. Língua Portuguesa e Literatura 119 Atividade extra O espírito e a alma de um jornal: rumo aos editoriais Como você já sabe, o editorial é um gênero textual jornalístico, de caráter opinativo, geralmente impessoal, com intenção persuasiva e expressa a opinião do jornal ou da revista que o veicula. Você vai ler dois editoriais e refletir sobre a organização, o tema e a linguagem empregada neles. Editorial Março desponta ainda um tanto tímido no calendário de 2009, espreguiçando-se de fevereiro. As aulas de- finitivamente recomeçam, e do carnaval o único legado são algumas lembranças. Mas, por isso mesmo, é também um mês de renovação, de novas expectativas, tempo propício para colocar a esperança para render juros selvagens no universo paralelo da especulação. Isso me lembra meu velho, um senhor supimpa que a vida ensinou a chicote, e que só não adotou o masoquismo como bandeira de salvação porque a perseverança sempre foi um de seus maiores e mais admiráveis dons; por fim, ele sempre me dizia: “não basta ser bom, é preciso ser o melhor”. O melhor, nesses tempos estranhos, talvez seja o menos pior. Mas Hunter Thompson escreveu: “quando as coisas ficam estranhas, os estranhos viram profissionais”. É possível que isso explique por que o nerd que sentava ao seu lado na época da fa- culdade – aquele mesmo, que atolou toda a vida social na lápide de um blog assinado por um pseudônimo – hoje ganhe 15 vezes mais que você para trabalhar em casa, de cueca, três horas por dia. Esta é nossa primeira edição na tão aguardada Era de Aquários: os astros conspiram, baby; conspiremos nós também, pois. Revista UP!- Jovem inteligente. Ano 3, no. 16, 2009. Adaptado. Disponível em http://www.esade.edu.br/esade/user/file/Provas-ENEM/LINGUAGENS-CODIGOS-e-suas-tecnologias.pdf 120 Questão 1 O segmento que revela explicitamente que o texto se destina a jovens universitários ou que já fizeram curso superior é: a. “As aulas definitivamente recomeçam, e do carnaval o único legado são algumas lembranças.” b. “Tempo propício para colocar a esperança para render juros selvagens no universo paralelo da especu- lação.” c. “A perseverança sempre foi um de seus maiores e mais admiráveis dons.” d. “Que isso explique porqueonerd que sentava ao seu lado na época da faculdade ganhe 15 vezes mais que você.” Editorial A área cultivada em todo o mundo com lavouras transgênicas passou de 1,7 milhão para 81 milhões de hecta- res, e esse crescimento acelerado não dá mostras de perder força. No Brasil, a primeira lavoura geneticamente modi- ficada, que é a soja, foi adotada de maneira tão entusiástica pelos agricultores que o governo, em face da demora na aprovação de legislação adequada, viu-se obrigado por três anos consecutivos a aprovar o seu plantio por medidas provisórias. O entusiasmo se explica pela maior lucratividade. Por requerer menos uso de agrotóxicos, o cultivo da soja transgênica é mais barato e, portanto, mais vantajoso. Naturalmente, é também melhor para o meio ambiente, em- bora ainda sejam levantadas dúvidas por ambientalistas radicais, que exigem testes e estudos adicionais. O mesmo ocorre no que diz respeito aos efeitos sobre a saúde, ainda que nos Estados Unidos (e também aqui, embora muitos consumidores não o saibam) produtos transgênicos de todo tipo estejam sendo consumidos há oito anos sem que se percebam efeitos deletérios. Não há por que se opor a novos testes – desde que o plantio não seja suspenso, nem se imponham obstáculos à pesquisa de novas sementes pela Embrapa. E o mesmo realismo que forçou o governo a liberaro plantio obriga a reconhecer que o progresso representado pela transgenia é irreversível. Se forem constatados efeitos negativos, o que pode ser implausível, mas não é impossível, é questão de sensatez buscar meios de reduzi-los ao mínimo – sem abrir mão dos transgênicos e das vantagens ambientais e econômicas que eles proporcionam. O Globo, Rio de Janeiro, 23 de maio, 2005. Língua Portuguesa e Literatura 121 Questão 2 Esse texto compreende três parágrafos. Qual é a mensagem apresentada em cada um? Resposta: Questão 3 A linguagem apresentada nos dois editoriais lidos está de acordo com a variedade padrão formal da língua portuguesa e a voz verbal empregada é a voz ativa. Qual é o tempo e o modo verbais mais frequentes nesses textos? Texto para os itens 1 e 2 – Equívocos e contradições O debate sobre “redução da maioridade penal”, por ser um tema novo no Brasil, está patinando em dois equí- vocos: tanto os que são a favor quanto os contrários reagem pressupondo que adolescentes seriam julgados como adultos e cumpririam penas em penitenciárias de adultos. Não é assim que funciona na maioria dos países com idade penal abaixo dos 18 anos. Portanto, não se trata exatamente de reduzir a maioridade penal de 18 anos, mas de introduzir a responsabili- dade criminal abaixo dessa idade, e para autores de crimes violentos, que seriam julgados por tribunal específico, com direito e defesa, e a eventual pena seria cumprida numa instituição juvenil, mantendo-se a assistência socioeducativa prestada atualmente. Outro equívoco, ou falácia, é dos oponentes da mudança: criticam a responsabilidade penal como se fosse ex- tinguir as demais ações já existentes. Óbvio que seria um complemento. Da mesma forma que as causas da violência urbana são várias, também são múltiplas as soluções, inclusive no âmbito penal. TÉRCIO, Jason. O globo, 12/06/2013, p. 21. Adaptado. O primeiro parágrafo refere-se ao cultivo dos transgênicos no mundo e mostra a posição do Brasil ao aprovar o cultivo da soja transgênica por meio de medidas provisórias. O segundo parágrafo justifica tal atitude com uma série de argumentos favoráveis, como as vantagens na área da economia, do meio ambiente e de saúde, além do tempo de cultivo – oito anos. O último parágrafo deixa clara a posição do jornal, favorável ao cultivo de transgênicos. Com linguagem persuasiva, o texto procura convencer o leitor da veracidade dos argumentos apresentados. A maioria dos verbos dos dois editoriais está no tempo presente do modo indicativo, predominantemente na 3ª. pessoa. Isso ocorre com muita frequência porque o editorial busca o máximo de objetividade e impessoalidade. 122 Questão 4 A estratégia argumentativa empregada no texto para defender a tese de que há contradições quanto ao posi- cionamento sobre a maioridade penal é que a. os que são contra reduzir a maioridade penal continuam a julgar aqueles que têm idade abaixo de 18 anos como crianças que precisam ser socializadas e jamais punidas. b. os que são a favor e os que são contra essa ideia supõem que os infratores seriam submetidos a julga- mentos exatamente como aos de adultos. c. os contrários e os favoráveis à mudança da maioridade penal consideram que haverá uma transforma- ção radical no tratamento dos adolescentes. d. a maioridade penal aos 18 anos é um direito intocável do menor, impossível de mudar, portanto essa redução não deve entrar em discussão. Questão 5 Por que esse texto é considerado um artigo de opinião? Resposta: Questão 6 O tempo verbal mais frequente nesse texto é o a. futuro do pretérito do indicativo b. imperfeito do subjuntivo c. presente do indicativo d. imperativo afirmativo Porque não expõe os fatos deforma isenta, mas defende uma opinião, apresentando argumentos para sustentá-la Língua Portuguesa e Literatura 121 O que perguntam por aí? Mackenzie – SP (2009) Dinheiro jovem: lições para fazer sucesso com a turma 1. Quando eu crescer. Os sonhos dos adolescentes são bastante práticos e factíveis. Eles querem ter carro, casa própria e diploma. 2. Parque temático O adolescente vai ao shopping center por prazer. Para atraí-lo, transforme a loja em um espaço de lazer, com direito a música, cor, aroma e muita experimentação. 3. Vaidade em série Eles garantem ter estilo próprio, mas usam as mesmas roupas, ouvem as mesmas músicas e frequentam os mesmos lugares. 4. Retrato em 3X4 Eles são individualistas, mas valorizam a honestidade e não acreditam em mudanças sociais pela política. São pragmáticos e pouco propensos a acreditar em marcas e produtos baseados apenas na propaganda. (Adaptado de Kátia Simões) É correto afirmar que o texto: a. sugere, a partir da exposição de supostas características do adolescente, formas de cativá-lo como consumidor. b. distorce a imagem do consumidor adolescente, ao citar unicamente traços negativos de seu modo de ser. c. corresponde a um receituário explícito sobre como ludibriar o adolescente em transações comerciais. d. perde seu foco, pois confunde o tema “como lucrar” com o tema “como polemizar” com o adolescente. e. veicula ideias equivocadas sobre o adolescente, que não se sustentam sequer quando o parâmetro é o senso comum. 122 Resposta: Letra A Comentário: A resposta correta é a letra a, pois o texto identifica características dos adolescentes, que tornam possível ter sucesso com eles. Língua Portuguesa e Literatura 123 Atividade extra A linguagem na propaganda Questão 1 Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não ver- bais, com vistas a: a. associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a substituição desse produto pelo adoçante. 124 a. ridicularizar a forma física do possível cliente do produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas. b. enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçan- do tal postura. c. criticar o consumo excessivo de produtos industrializados por parte da população, propondo a redução desse consumo. Comentário: Neste caso, temos um perfeito exemplo da utilização da chamada “linguagem não verbal”, em que a mensagem é veiculada por imagens, figuras, desenhos etc. Esse texto chama a atenção do leitor para a ima- gem um tanto estranha de um saco de açúcar que possui barriga – associando logo o uso do açúcar a problemas de obesidade –, para depois apresentar a solução: comece a usar adoçante. Tal recurso é muito utilizado na publicidade. Utilizar imagens pode ser uma forma de facilitar a compreensão do leitor. Questão 2 A propaganda que segue explora a expressão idiomática “não leve gato por lebre” para construir a imagem de seu produto: NÃO LEVE GATO POR LEBRE SÓ BOMBRIL É BOM BRIL Explique como a dupla ocorrência de BOM BRIL no slogan “SÓ BOM BRIL É BOM BRIL”, aliada à expressão idio- mática, constrói a imagem do produto anunciado. Disponível em: http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2011/download/comentadas/portugues.pdf Acesso em 19 ago 2013 Questão 3 Na frase “Não leve gato por lebre”, o verbo se refere a qual pessoa do discurso? A forma verbal em “não leve”, no imperativo negativo, diz respeito à terceira pessoa do discurso: “não leve você”. O imperativo negativo é formado com base no presente do subjuntivo, com o acréscimo de “não”. Espera-se que o aluno perceba que “Bom Bril”, na primeira ocorrência, é nome próprio, o nome da marca. E, na segunda, trata-se de substantivo comum, pois o nome próprio assume significado de nome genérico (palha de aço), ou seja, usa-se a marca pelo produto. Observa-se na expressão “não leve gato por lebre” uma escala valorativa (tipo “Brastemp”), mostrando o produto como “ímpar” em sua categoria, não igualado pelos demais,ou seja, Bom Bril é lebre e os concorrentes são gatos. Língua Portuguesa e Literatura 125 Leia o texto para responder às questões de números 1 a 5. Disponívelem http://sempreprofessora-neusa.blogspot.com.br/2011/08/interpretacao-de-texto-propaganda.html Acesso em 28ago 2013 O texto publicitário é um gênero textual, de natureza argumentativa, que tem a finalidade de promover uma ideia ou um produto e estimular o leitor a consumi-lo. Assim sendo, responda às questões com base na propaganda criada pelo do Governo da Bahia, que você acabou de ler. Questão 4 A propaganda trata do tema 126 a. turismo b. lazer c. meio ambiente d. passatempos Questão 5 A expressão “Jogue limpo”na propaganda indica a. brincar no meio ambiente. b. desrespeitar o meio ambiente. c. preservar o meio ambiente. d. identificar os sete erros da propaganda. Língua Portuguesa e Literatura 127 Gabarito Questão 1 A B C D Questão 2 Espera-se que o aluno perceba que “Bom Bril”, na primeira ocorrência, é nome próprio, o nome da marca. E, na segunda, trata-se de substantivo comum, pois o nome próprio assume significado de nome genérico (palha de aço), ou seja, usa-se a marca pelo produto. Observa-se na expressão “não leve gato por lebre” uma escala valo- rativa (tipo “Brastemp”), mostrando o produto como “ímpar” em sua categoria, não igualado pelos demais, ou seja, Bom Bril é lebre e os concorrentes são gatos. Questão 3 A forma verbal em “não leve”, no imperativo negativo, diz respeito à terceira pessoa do discurso: “não leve você”. O imperativo negativo é formado com base no presente do subjuntivo, com o acréscimo de “não”. Questão 4 A B C D Questão 5 A B C D Língua Portuguesa e Literatura 125 O que perguntam por aí Fonte: Universidade Federal de Santa Maria http://www.coperves.ufsm.br/concursos/vestibular_2012/arquivos/prova_ps1.pdf 126 http://www.coperves.ufsm.br/concursos/vestibular_2012/arquivos/prova_ps1.pdf Língua Portuguesa e Literatura 127 Respostas e comentários: Questão 4: É próprio de Antônio Vieira usar diferentes recursos expressivos para persuadir o leitor. Questão 5 : Resposta D. Veja que o autor se utiliza de figuras de linguagem, de um jogo de ideias para elaborar o sermão. Língua Portuguesa e Literatura 129 Atividade extra Brasil colonial: além da poesia lírica Questão 1 Identifique a afirmação que se refere a Gregório de Matos: a. No seu esforço da criação a comédia brasileira, realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo e mesmo no restante do século XIX. b. Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios verbais do Qui- nhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-românticas. c. Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente manifestou as idéias da ilustração francesa. d. Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos do poder local, valendo-se para isso do engenho artificioso que caracteriza o estilo da época. Questão 2 Leia com atenção o fragmento abaixo, extraído do “Sermão da Sexagésima”, do Padre Antônio Vieira: Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por conseqüência clara que fica por parte do pregador. E assim é. Sa 130 beis, Cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa dos Pregadores. Sabeis, Pregadores, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa nossa. GOMES, Eugênio, org. Vieira – Sermões. Rio de Janeiro: Agir, 1972. Com base no fragmento, afirma-se que o texto relata as dúvidas do pregador diante: a. da fé cristã, típica do período barroco. b. da onipotência de Deus, característica da mentalidade barroca. c. de seu próprio papel enquanto mensageiro da palavra de Deus. d. da tarefa de cristianizar o mundo, questionando a importância da mensagem. Questão 3 Triste Bahia Triste Bahia! ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. A ti tricou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e, tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante. http://www.soliteratura.com.br/barroco/barroco05.php Quais são as três principais temáticas da poesia de Gregório de Matos e por qual motivo o poeta foi apelidado de “Boca do Inferno”? RESPOSTA: A temática religiosa, a satírica e a amorosa. Gregório de Matos fazia poemas criticando e satirizando pessoas influentes da Bahia. Língua Portuguesa e Literatura 59 O que perguntam por aí? ENEM 2010 60 Resposta: Letra D Comentário: Cuidado para não fazer confusão! Descrever algo é diferente de expor um assunto de forma geral. ENEM 2010 Resposta: Letra E Comentário: É muito importante saber reconhecer e classificar os diferentes tipos de textos, utilizados para estabelecer a comunicação no nosso dia a dia! Língua Portuguesa e Literatura 61 Atividade extra A descrição em diferentes gêneros textuais As origens da internet A rede mundial de computadores – internet – surgiu e foi desenvolvida graças a pesquisas científicas com finalidades militares. Em 1969, uma equipe do Ministério da Defesa dos Estados Unidos conseguiu conectar dois com- putadores e começou a enviar mensagens de um para o outro. Mas foi só em 1989 que o britânico Tim Berners-Lee apresentou o primeiro projeto de hipertexto global, World Wide Web (teia de alcance mundial), origem da sigla, hoje mundialmente conhecida, www. Esse projeto foi oferecido ao público 4 anos mais tarde, conquistando um sucesso mundial imediato. (Fonte de pesquisa: Revista Planeta. São Paulo, Três, janeiro de 2006, p. 17. Adaptado) Questão 1 Após a leitura do texto, verifica-se que há a apresentação de um fato, com as características brevemente deline- adas, sem a explanação de opiniões pessoais. Transcreva um trecho que comprove a existência de um texto expositivo. Questão 2 Quais as informações gerais apresentadas no texto sobre a rede mundial de computadores quanto a (A) finalidade de criação (B) data de criação e autoria “A rede mundial de computadores – internet – surgiu e foi desenvolvida graças a pesquisas científicas com finalidades militares.” B) Em 1969, uma equipe do Ministério da Defesa dos Estados Unidos conseguiu conectar dois computadores e começou a enviar mensagens de um para o outro. Mas foi em 1989 que o britânico Tim Berners-Lee apresentou o primeiro projeto de hipertexto global, World Wide Web. Finalidades militares. 62 Questão 3 Explique a origem da sigla www. Questão 4 A frase que está de acordo com a norma-padrão é: (A) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (B) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. (C) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (D) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. Questão 5 A frase que está de acordo com as regras de concordância da norma-padrão é (A) Muitos jovens não consegue concluírem o ensino médio e, sem formação, acaba entrando no mundo do crime. (B) Os objetivos desse plano pode ser resumido na seguinte frase: clareza na comunicação e envolvimento dos empregados na definição de metas. (C) Um dos problemas é a incerteza em relação ao eixo determinante dos conflitos internacionais, que, na guerra-fria era, sem dúvida, a questão ideológica. (D) Para tornar mais claro as regras do programa de participação nos resultados, os diretores convidaram eco- nomistas que pudesse deixar os conteúdos mais compreensíveis para a maioria dos funcionários. WWW sigla de World Wide Web. Esse é o nome pelo qual a rede mundial de computadores internet se tornou conhecida a partir de 1991, quando se popularizou devido à criação de uma interface gráfica que facilitou o acesso e estendeu seu alcance ao público em geral. Língua Portuguesa e Literatura 117 O que perguntam por aí? ENEM 2011Resposta: Alternativa B. Comentário: A questão mobiliza um conhecimento sobre a regra de colocação pronominal que está correta- mente expressa na alternativa B que marca as possíveis funções sintáticas para os pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo. Língua Portuguesa e Literatura 119 Atividade extra Do carteiro ao email: caem as fronteiras! Uma carta inédita a Drummond Querido Carlos, afetuoso abraço. Leio nos jornais que você pediu demissão. Sem dúvida é uma pena para o Brasil, mas você está correto. E outros dias virão. Pessoalmente, não posso deixar de lhe agradecer tantas finezas que você me prestou, sempre tão solicitamen- te, quando no exercício do cargo. Confirmo meu telegrama de hoje, pedindo-lhe o favor de me representar no almoço de sábado próximo, e de transmitir minha solidariedade à declaração de princípios do 1° Congresso de Escritores. Abandonei a colaboração n'A Manhã, se bem que estivesse gostando, pois me dava um certo treino de escre- ver prosa, e além disso os 800 cruzeiros me eram necessários, nas circunstâncias atuais de minha vida. Mas o governo excedeu-se, perdeu todo o controle, divorciou-se por completo das aspirações populares, e esgotou o seu já fraco conteúdo. De qualquer forma, continuar os artigos seria uma espécie de colaboracionismo. Como você sabe, continuo em regime de saúde, por isso não posso tomar parte pessoalmente na campanha que se desenrola. Entretanto, estou bastante atento à mesma; por isso - caso você julgue oportuno - poderá divul- gar que eu estou solidarizado com a campanha democrática, e absolutamente contra os métodos do governo. Se acharem interessante, poderei escrever, mesmo sobre assunto político, pequenas crônicas e notas - desde que minha saúde o permita. Que coisa a morte do Mário, hein? Fiquei muito sentido, e, sabendo que vocês eram muito amigos, é o caso de se apresentar pêsames a você. Em que pé está o nosso livro? E o seu? Então, querido Carlos, lembranças a Dolores e Maria Julieta. 120 O abraço amigo do Murilo P. S. Lembranças também ao João Cabral. (Folha de S. Paulo, 11/05/91) Disponível em http://www.coladaweb.com/exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/carta - Acesso em 14 out 2013) Questão 1 Com relação aos assuntos abordados pelo remetente, percebe-se que: a. Os dois amigos Carlos e Murilo são escritores; o primeiro escrevia para jornais e o segundo era fun- cionário público. b. O remetente lembra que a "morte do Mário" comoveu a todos, mas não mais a Carlos do que a ele. c. O escritor Murilo está mais preocupado com a questão da demissão e com as causas que a provocaram. d. O destinatário tinha muitos amigos: Carlos, Maria Julieta, Dolores e Murilo. Questão 2 Segundo as orientações do material didático, colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. A ênclise está exemplificada em: a. “Se acharem interessante, poderei escrever...” b. “pois me deva um certo treino de escrever prosa...” c. “Pessoalmente, não posso deixar de lhe agradecer tantas finezas que você me prestou...” d. Confirmo meu telegrama de hoje, pedindo-lhe o favor de me representar no almoço de sábado próximo...” Questão 3 Tendo em vista que vocativo é a parte da carta que indica a quem o remetente se dirige, transcreva um exem- plo do texto lido. “Querido Carlos”. Língua Portuguesa e Literatura 121 Questão 4 A palavra destacada é um verbo transitivo direto em: a. “Fiquei muito sentido”. b. “... mas você está correto”. c. “Mas o governo excedeu-se”. d. “Confirmo meu telegrama de hoje”. Língua Portuguesa e Literatura 113 O que perguntam por aí? Enem – 2009 – 1º dia Resposta: Letra C Comentário: Durante os intensos exercícios físicos, o sistema nervoso estimula o aumento da sudorese, o que facilita a eliminação do excesso de calor. Língua Portuguesa e Literatura 115 Atividade extra Diferentes textos na divulgação das descoberta científicas O esforço repetitivo que acompanha as novas tecnologias e o estresse presente no ambiente de trabalho mo- derno, especialmente na última década, abalaram a saúde do trabalhador brasileiro. Levantamento inédito do Minis- tério da Previdência revelou que os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (dort) — que reúne doenças de coluna, tendinite, bursite e outras lesões por esforço repetitivo (LER) — e transtornos mentais e comportamentais, como depressão, ansiedade, apatia e agressividade, já respondem por mais de um terço dos afastamentos do traba- lho. Entre 2000 e 2005, o percentual foi de 33,5%. As duas ocorrências estão entre os quatro principais males do trabalho, desbancando doenças tradicionais, como diabetes, pressão alta e problemas de coração. Lesões (fraturas e perda de membros) e envenenamentos — in- toxicação, principalmente no ramo de fabricação de molhos, condimentos e temperos — ainda aparecem no primei- ro lugar da lista. Problemas circulatórios estão em terceiro. O setor de serviços, o que mais se expandiu nos últimos tempos e o que mais emprega, é um dos protago- nistas dessa nova realidade. A sua expansão foi recentemente recalculada pelo IBGE, e o setor representa 64% da riqueza gerada no país. DOCA, Geralda e ALMEIDA, Cássia. O Globo, 08/04/2007 Questão 1 1. Para justificar o título “A tecnologia que adoece”, o texto se apóia na idéia de que: (A) a intoxicação, principalmente no ramo de fabricação de molhos, condimentos e temperos, é responsável por várias doenças tradicionais. (B) a pressão alta, as fraturas e a presença de tumores cancerígenos constituem fatores de alto risco para a 116 população de baixa renda. (C) o setor de serviços tem crescido muito nos últimos tempos, por isso, a sua expansão foi recentemente re- calculada pelo IBGE. (D) os distúrbios osteomusculares e a depressão causam mais afastamento do trabalho do que doenças, como diabetes e pressão alta. Questão 2 Nesse texto, a frase em que se revela um fato é: (A) A tecnologia deve ser usada com cautela, pois causa doenças. (B) O setor de serviços representa 64% da riqueza gerada no País. (C) As doenças que somam 33,5% de ocorrências precisam acabar. (D) O trabalho alternativo é um dos protagonistas da nova realidade. Questão 3 Estabeleça diferenças entre o texto científico e o texto de divulgação jornalístico. Resposta esperado de acordo com a redação do aluno: O texto científico é mais complexo e contém informações que exigem algum conhecimento do leitor sobre o tema tratado; é produzido e destinado a especialistas. Já o texto de divulgação jornalística, é destinado ao público leigo e apresenta uma linguagem simples e direta, não havendo necessidade de conhecimento prévio do tema tratado. Língua Portuguesa e Literatura 83 O que perguntam por aí? 1. (UFG-GO) Leia o poema de Cruz e Sousa ACROBATA DA DOR Gargalha, ri, num riso de tormenta, Como um palhaço, que desengonçado, Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado De uma ironia e de uma dor violenta. Da gargalhada atroz, sanguinolenta, Agita os guizos, e convulsionado Salta, gavroche, salta clown, varado Pelo estertor dessa agonia lenta... Pedem-te bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa Nessas macabras piruetas d'aço... E embora caias sobre o chão, fremente, Afogado em teu sangue estuoso e quente Ri! Coração, tristíssimo palhaço. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000073.pdf Uma característica simbolista do poema é a: a. Linguagem denotativa na composição poética. b. Biografia do poeta aplicada à ótica analítica. 84 c. Perspectiva fatalista da condição amorosa. d. Exploração de recursos musicais e figurativos. e. Presença de estrangeirismos e de barbarismos. Resposta: D Comentário: O Simbolismo caracteriza-se pela aproximação da poesia e da música. Além da busca por palavras que “evocam” e “sugerem” e não simplesmente descrevem. 2. (Ufam) A respeito do Surrealismo,um dos movimentos de vanguarda relacionados ao Modernismo brasileiro, pode-se afirmar: a. Pierre Garnier, que o sistematizou, declarava que as profundezas de nosso espírito abrigam forças capa- zes de superar o aparente equilíbrio da superfície. b. Sua história se confunde com a de seu líder, Marinetti, que, em 1909, lançou em Paris o manifesto do movimento. c. Teve como líder o romeno Tristan Tzara, que privilegiava a exploração do inconsciente, as narrações dos sonhos, as experiências hipnóticas. d. Tendo como referência o pintor Pablo Picasso, seus adeptos pregavam a deformação dos objetos natu- rais, privilegiando a subjetividade do artista. e. André Breton, que lançou o manifesto do movimento em 1924, considerava o racionalismo absoluto como algo absolutamente desprezível. Resposta: E Comentário: Em 1924, no Manifesrto do Surrealismo, André Breton propõe a escrita automática, e o mundo dos sonhos e a irracionalidade passam a ser elementos presentes nas obras surrealistas. A livre associação de ideias foi um dos recursos utilizados na produção dessa vanguarda Língua Portuguesa e Literatura 85 3. (UFRGS-RS) Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores pré- modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Eucli- des da Cunha. Pode ela ser definida como: a. a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e realistas. b. a pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais euopeizada. c. uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira. d. a necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz nessa matéria. e. o aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas primeira manifestações. Resposta: C Comentário: Os autores pré-modernistas escreviam para fazer o leitor refletir sobre os problemas que atingiam profundamente a sociedade brasileira, rejeitando a ideia dominante de que a literatura era apenas uma forma de entretenimento das e para as elites. Língua Portuguesa e Literatura 87 Atividade extra O movimento modernista Leia as estrofes para responder à questão: Mais claro e fino do que as finas pratas O som da tua voz deliciava... Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava. Era um som feito luz, eram volatas Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades de cascatas... Tanta harmonia melancolizava. SOUZA, Cruz e. "Cristais", in Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86. Questão 1 Conforme as explicações do material didático, o Simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes plásticas, teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo. Uma característica dos poemas simbolistas presente nessa estrofes é (A) a sinestesia, que é a aproximação de campos sensoriais diferentes. (B) a comparação, que o poeta faz entre o perfume e a sua amada. (C) o racionalismo, que diz respeito à contenção das emoções. 88 (D) o classicismo, que é o apego à tradição clássica. Leia o fragmento de “Os sertões” para responder à questão: Foi em um pano de fundo turbulento que a população urbana ouviu com espanto a notícia, em novembro de 1896, de que uma expedição de 100 soldados havia sido derrotada pelos jagunços do interior da Bahia. Começava então a Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro era caixeiro de loja e sua aparência assemelhava-se aos profetas bíblicos. Como fosse hostilizado pelos padres, em 1893, decidiu isolar-se em Canudos, um lugarejo paupérrimo, nas margens do rio Vasa- -barris, no sertão baiano. Rebatizou-o de Monte Santo. Em pouco tempo um fluxo constante de romeiros para lá se dirigiu, e logo o Conselheiro formou uma espécie de pequeno Estado dentro do Estado. No início de novembro de 1896,uma força de 100 praças, sob o comando do Ten. Manuel Ferreira, foi enviada para Juazeiro e depois para Uauá, onde foi destroçada pelo ataque dos jagunços, em 21 de novembro. Foram neces- sárias mais três expedições militares, a última com quase 5 mil homens e artilharia para submeter a "Tróia de taipa". A população lutou até o fim. Umas 300 mulheres, velhos e crianças se renderam. Os homens sobreviventes foram dego- lados e os que resistiram até o fim foram baionetados numa luta corpo a corpo que se travou dentro do arraial, no dia do assalto final, em 5 de outubro de 1897. Antônio Conselheiro, morto em 22 de setembro, teve seu corpo exumado e sua cabeça decepada. O Gen. Artur Oscar determinou que os 5.200 casebres fossem pulverizados a dinamite. E assim, onze meses depois do entrevero de Uauá, terminou Canudos. CUNHA, Euclides. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos4.htm. Acesso em 11/10/2009. Fragmento. Questão 2 O episódio narrado trata-se da história nacional, que gerou um relato literário e épico, retratado por Euclides da Cunha, que é visto como uma obra-prima. Explique de que obra se trata e comente acerca de sua importância como documento político, social e literário. Leia o poema para responder à questão: Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. Resposta, de acordo com a redação do aluno: Trata-se da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha. Durante a guerra de Canudos, os jornalistas ficaram sob forte censura militar. Por isso, o país tomou conhecimento apenas da versão oficial da guerra: a luta da República contra focos monarquistas no sertão baiano. A obra de Euclides da Cunha, publicada cinco anos após o término do conflito, objetiva rever essa versão oficial. Colocando-se nitidamente a favor do sertanejo, o autor situa o fenômeno de Canudos como um problema social decorrente do isolamento político e econômico do Nordeste em relação ao resto do país. Consegue, assim, desmistificar a versão oficial. Com Os sertões, Euclides da Cunha pretendeu dar mais do que um simples testemunho do que presenciara no sertão; pretendeu, principalmente, compreender e explicar, por meio das teorias científicas da época (determinismo, positivismo, sociologia e geografia humana), o que ali se passara. É uma obra que se constitui, portanto, em uma experiência singular na Língua Portuguesa e Literatura 89 No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... GUIMARÃES, Alphonsus de. Disponível em http://anagabrielavieira.blogspot.com.br/2009/09/simbolismo. html. Acesso em18 out 2013. Questão 3 Em sua loucura, Ismália queria a lua do céu e a lua do mar. Considerando a dimensão simbólica do poema, o que pode representar esse desejo? De que "loucura" se trata? Questão 4 Escreva sobre as mudanças ocorridas na transição do século XIX para o século XX, que caracterizaram o Sim- bolismo e o Pré-modernismo. Resposta, de acordo com a redação do aluno: A loucura apresentada no poema trata-se de um sonho de Ismália que, em seu intento de loucura, deseja a liberdade de subir ao céu e descer ao mar. Resposta, de acordo com a redação do aluno: O mundo vivia um momento histórico complexo. O Simbolismo surgiu como reação ao racionalismo e ao materialismo do final do século XIX. Um nome importante do Simbolismo no Brasil é Cruz e Sousa. Algumas características marcantes desse período literário são: a comparação da poesia com a música; a presença da sugestão e do valor conotativo das palavras; a presença constante de misticismo, sentimentos e emoções; visão espiritualista da mulher e busca de temas subjetivos. No Pré-modernismo, o país vivia esse período repleto de acontecimentos que indicavammudanças. Nas obras literárias Pré-modernistas, há alguns pontos comuns, como o caráter inovador; a denúncia da realidade brasileira; o regionalismo, que se torna presente na literatura; a valorização de tipos humanos marginalizados: o sertanejo, o caipira, os mulatos e a aproximação entre realidade e ficção. Alguns autores devem ser reconhecidos como representantes desse período: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça 90 Questão 5 De acordo a tradição literária, Lima Barreto é considerado autor "Pré-modernista". a. Por que o classificam assim? a. Cite pelo menos uma obra desse autor. Leia o texto para responder à próxima questão: Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperida- de. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas causas de tupi, do folklo- re, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! BARRETO, Lima IN http://books.google.com.br/ Questão 6 O autor desse fragmento é Lima Barreto. Suas obras integram o período literário chamado Pré-Modernismo. Tal designação para esse período se justifica, porque ele: (A) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às vanguardas européias. (B) engloba toda a produção literária que se fez antes do Modernismo. (C) antecipa temática e formalmente as manifestações Modernistas. (D) preocupa-se com o estudo do nordestino brasileiro. Porque Lima Barreto antecipa temas tratados no Modernismo. ) Triste fim de policarpo quaresma. Língua Portuguesa e Literatura 91 Questão 7 Não é difícil classificar este poema como simbolista, já que (A) busca a fantasia. (B) exagera a realidade. (C) é impessoal e impassível. (D) apresenta-se direta e objetivamente. Questão 8 Subjetivismo, valorização do inconsciente e do subconsciente, busca do vago, do diáfano, musicalidade, su- gestão são características da poesia: (A) romântica. (B) barroca. (C) árcade. (D) simbolista. Questão 9 Sobre o Simbolismo brasileiro, considera-se que ele (A) reelabora a fala popular carioca em curtos poemas de temática urbana repletos de elipses e trocadilhos bilíngües. (B) retoma a temática romântica com ânimo satírico e polêmico, inclusive parodiando trechos de romances do século XIX. (C) explora a mitologia greco-latina e episódios da história antiga da Europa em sonetos descritivos com chave-de-ouro. (D) explora a sugestividade dos sons da língua em poemas que reportam sensações indefinidas e sentimen- tos vagos. 92 Questão 10 Leia o poema "Siderações", de Cruz e Souza. Para as estrelas de cristais gelados As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais noivados, De nuvens brancas a amplidão vestindo... Num cortejo de cânticos alados Os arcanjos, as cítaras ferindo, Passam, das vestes nos troféus prateados, As asas de ouro finamente abrindo... Dos etéreos turíbulos de neve Claro incenso aromal, límpido e leve, Ondas nevoentas de visões levanta... E as ânsias e desejosinfinitos Vão com os arcanjos formulando ritos Da eternidade que nos astros canta... SOUZA, Cruz e. "Cristais", in "Obras completas." Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. A afirmativa a respeito desse poema é que (A) o poeta idealiza seus desejos, projetando-os para uma instância inatingível. (B) o poema emprega descrições nítidas que garantem uma compreensão exata dos versos. (C) o poeta expõe a sua avaliação sobre a realidade objetiva, utilizando imagens da natureza em linguagem precisa e direta. (D) o poema, em forma de epigrama, traduz uma visão materialista do amor e da sensualidade. Língua Portuguesa e Literatura 143 O que perguntam por aí? (Vestibular – Universidade Federal de São Carlos – 2002) Para responder à questão, leia os versos de Vinícius de Moraes e Renato Russo, respectivamente: “E rir meu riso e derramar meu pranto/Ao seu pesar ou seu contentamento.” “Mudaram as estações/Nada mudou.” 1) É notória a oposição de ideias nos versos, o que significa que neles se encontra como principal figura de linguagem a: a) metáfora b) antítese c) sinestesia d) metonímia e) catacrese Resposta: B Comentário: Antítese é a figura correspondente à aproximação de antônimos ou de ideias que se contrapõem. Língua Portuguesa e Literatura 145 Atividade extra Argumentação, reflexão e método Questão 1 (Uerj 2013 – adaptada) Recordações do escrivão Isaías Caminha Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para que ele possa ser lido, pois quero falar das minhas dores e dos meus sofrimentos ao espírito geral e no seu interesse, com a linguagem acessível a ele. É esse o meu propósito, o meu único propósito. Não nego que para isso tenha procurado modelos e normas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao alcance das mãos, tenho os autores que mais amo. (...) Confesso que os leio, que os estu- do, que procuro descobrir nos grandes romancistas o segredo de fazer. Mas não é a ambição literária que me move ao procurar esse dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações. Com elas, queria modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo, a não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz como eu e com os desejos que tinha há dez anos passados. Tento mostrar que são legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de indiferença. Entretanto, quantas dores, quantas angústias! Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer or- dem. Cercam-me dois ou três bacharéis idiotas e um médico mezinheiro, repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse falar neste livro - que espanto! que sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que se foi o doutor Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido de sua carta apergaminhada, nada digo das minhas leituras, não falo das minhas lucu- brações intelectuais a ninguém, e minha mulher, quando me demoro escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto: – Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã! De forma que não tenho por onde aferir se as minhas Recordações preenchem o fim a que as destino; se a minha inabilidade literária está prejudicando completamente o seu pensamento. Que tortura! E não é só isso: envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me acho, em que me dispo em frente de des- conhecidos, como uma mulher pública...Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, unicamente dela. Quero abandoná-la; mas não posso ab- solutamente. De manhã, ao almoço, na coletoria, na botica, jantando, banhando-me,só penso nela. À noite, 146 quando todos em casa se vão recolhendo, insensivelmente aproximo-me da mesa e escrevo furiosamente. Estou no sexto capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la pública, anunciar e arranjar um bom recebi- mento dos detentores da opinião nacional.1Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil que a refaça e que diga o que não pude nem soube dizer. (...) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri e pensei não o sei narrar. Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, e, sobretudo, pouco expressiva do que eu de fato tinha sentido. LIMA BARRETO. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: PenguinClassics Companhia das Letras, 2010. Sobre o trecho "só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar," (parágrafo 1), responda a questão a seguir: Esse trecho se refere à utilização do seguinte método de argumentação: a. indutivo b. dedutivo c. dialético d. silogístico Questão 2 (Vunesp 2012 - adaptada) Leia a proposição a seguir: Se afino as cordas, então o instrumento soa bem. Se o instrumento soa bem, então toco muito bem. Ou não toco muito bem ou sonho acordado. Afirmo ser verdadeira a frase: não sonho acordado. Dessa forma, conclui-se que: a. sonho dormindo b. o instrumento afinado não soa bem c. as cordas não foram afinadas d. mesmo afinado o instrumento não soa bem. e. toco bem acordado e dormindo. Língua Portuguesa e Literatura 147 Questão 3 (FCC/2012 - Concurso TCE-AP - adaptada) Leia a proposição a seguir: O responsável por um ambulatório médico afirmou: “Todo paciente é atendido com certeza, a menos que tenha chegado atrasado." De acordo com essa afirmação, conclui-se que, necessariamente, a. nenhum paciente terá chegado atrasado se todos tiverem sido atendidos. b. nenhum paciente será atendido se todos tiverem chegado atrasados. c. se um paciente não for atendido, então ele terá chegado atrasado. d. se um paciente chegar atrasado, então ele não será atendido. e. se um paciente for atendido, então ele não terá chegado atrasado. Questão 4 (UFF 2004 - discursiva) Transforme os versos a seguir em um período composto de modo que apresente duas orações desenvolvidas: uma ADJETIVA e uma ADVERBIAL. Faça as modificações necessárias. Eu sou um cara Cansado de correr na direção contrária Sem pódio de chegada ou beijo de namorada Questão 5 Reúna os pares de orações a seguir em um período composto, de modo a estabelecer entre elas a relação de sentido indicada em cada caso. Flexione os verbos no tempo adequado e faça as alterações necessárias. a. O velho barco “voltar” ao cais. O mar “estar” muito perigoso. � Relação de causa. Eu sou um cara QUE ESTÁ CANSADO ( Adjetiva) de correr na direção contrária, PORQUE NÃO HÁ SemPÓDIO DE CHEGADA OU BEIJO DE NAMORADA.( Adverbial) Comentário: Há outras possibilidades de resposta para essa questão. Consulte seu professor. O velho barco VOLTOU ao cais, PORQUE o mar ESTAVA muito perigoso. 148 b. O velho barco “voltar” ao cais. O motor do velho barco “começar” a falhar. � Relação de condição. c. O velho barco “voltar” ao cais. A maré “subir”. � Relação de proporção. d. O velho barco “voltar” ao cais. O comandante do velho barco “infor¬mar” previamente. � Relação de conformidade. O velho barco VOLTARÁ ao cais, À MEDIDA QUE a maré SUBA. O velho barco VOLTARÁao cais, CASO o motor do velho barco COMECE a falhar O velho barco VOLTOU ao cais, CONFORME O SEU comandante do velho barcoINFORMARA previamente Língua Portuguesa e Literatura 95 O que perguntam por aí 1. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: a. ( ) Avisaram-no que chegaríamos logo. b. ( ) Informei-lhe a nota obtida. c. ( ) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos sinais de trânsito. d. ( ) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. e. ( ) Muita gordura não implica saúde Resposta: Alternativa “A”, pois o correto seria: Avisaram-no de que chegaríamos logo. 2. (UDESC 2009)Assinale a alternativa correta em relação ao acento grave indicativo de crase estabelecido pela norma culta da língua. a. Naquela época, a morte de um pescador por sezão cheirava à ironia na vila. b. Depois o boi adoeceu; ficou caído, à moscas, imóvel e rijo na sua armação de bambu verde. c. Mas o boi continua sobre às pernas, mais duro que o samburá de cipó, os olhos de carvão imóveis e tristes. d. As mulheres de saias domingueiras, algumas com o filho no colo, ficavam à espreitar os maridos. e. À vista dos samburás com uns mirrados peixinhos, a comunidade se entristecia. Resposta: Letra E 96 a. Em À IRONIA, não há necessidade de se usar a crase, pois trata-se apenas de uma preposição “a”. Pode- -se perceber claramente que não há necessidade do artigo “a”, ao substituirmos a palavra “ironia” por um substantivo masculino: “ cheirava a desprezo”. b. À MOSCAS está inadequado, pois,antes de palavras no plural, não se utiliza a construção “à”, a menos que estivesse acompanhada de “s”. Exemplo: “às claras”. c. Está inadequado o uso ÀS pernas, porque se trata apenas de um artigo feminino no plural “as pernas”. Não há necessidade de preposição. d. Antes de verbos não se usa crase, pois não há necessidade de artigos antes de verbos. O uso À ESPREI- TAR está, portanto, inadequado. e. Em “À vista d()os samburás ...”- O uso da crase, neste caso, está adequado, pois faz parte da expressão adverbial “à vista de”. Língua Portuguesa e Literatura 97 Atividade extra A linguagem dos textos informativos Questão 1 Assinale o período em que o verbo aspirar NÃO está de acordo com a língua padrão: a. Marta aspirou fundo o perfume das flores. b. Se aspiras ao poder, prepara-te para enfrentar grandes desafios. c. Dinheiro e fama são coisas que não aspiro. d. Bom seria inventar aparelhos que aspirassem o lixo e a poeira das ruas. e. Todos nós aspiramos ao cargo de diretor da empresa. Questão 2 Aponte a alternativa em que a regência do verbo pagar contraria a norma culta. a. Aliviando-se de um verdadeiro pesadelo, o filho pagava ao pai a promessa feita no início do ano. b. O empregado pagou-lhe as polias e tachas roídas pela ferrugem para amaciar-lhe a raiva. c. Pagou-lhe a dívida, querendo oferecer-lhe uma espécie de consolo. d. O alto preço dessa doença, paguei-o com as moedas de meu hábil esforço. e. Paguei-o, com ouro, todo o prejuízo que sofrera com a destruição da seca. 98 Questão 3 Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas das seguintes frases: Ninguém é obrigado ______ fazer o que não quer. Ele disse ______ ela que estava feliz. Ele mentiu para não causar sofrimento ______ outras pessoas. a. a, a, a b. à, a, a c. à, à, à d. a, à, à e. a, a, à. Questão 4 Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas das seguintes frases: Foi graças ______ esse olhar que você o conquistou. Ele foi o primeiro ______ chegar. Não compare sua filha ______ ela. a. a, à, a b. à, à, à c. à, a, a d. a, a, a e. a, a, à Língua Portuguesa e Literatura 99 Questão 5 Ocorre crase FACULTATIVA em: a. Temos muitas coisas a fazer. b. Eles estavam cara a cara. c. Nunca obedeceremos a ela. d. Ela foi a pé para casa. e. Amanhã iremos a minha cidade Língua Portuguesa e Literatura 131 O que perguntam por aí? (ENEM) [...] A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para meninada. [...] andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites [...] era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos, intercalando pe- daços de prosa, como notas explicativas. [...] Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era acorlocal que ela punha nos seus descritivos. [...] Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco. José Lins do Rego. Menino de engenho. A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem: “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco”. “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações”. “... era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio”. “... andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites”. “Recitava contos inteiros em versos, intercalando, pedaços de prosa, como notas explicativas”. Resposta: letra a. Comentário: José Lins do Rego,nascido num engenho, revela, em suas obras, a vida nos engenhose “Per- nambuco”, das opções apresentadas caracteriza essa referência à região onde acontecem seus romances. Língua Portuguesa e Literatura 133 Atividade extra Modernismo e contemporaneidade nos textos em prosa Questão 1 (PUC Minas 2011) [...] Por duas ou três vezes fingira falhar, isso fazia parte de seu número; e seria, talvez, o que o aniqui- lara; falseara um movimento qualquer e, ao procurar retificá-lo, era tarde demais [...] No entanto, como prosseguir,se tivesse de narrar sua história? Como falar, sem parecer covarde, na incomum excitação que se apoderara dele, nas entranhas amarras que o haviam tolhido quando iniciara osexercícios na manhã seguinte? Como determinar a natureza daquela ameaça invisível, que parecia envolvê-lo? Seria igualmente difícil relatar o que lhe sucedera, quando confessara a Aline a impossibilidade de participar naquela manhã e ela o indagara, quase com alegria: — Você também está com medo? Sem dar resposta, voltara colérico ao circo, fizera as acrobacias de costume [...] (Osman Lins, Os gestos, 1994, p.65) As considerações sobre o trecho acima estão corretas, EXCETO: a. Reproduz-se um diálogo entre duas pessoas. b. Identifica-se nesse trecho apenas um exemplo de discurso direto. c. Um dos traços característicos dessa narrativa é predominância do discurso indireto. d. O uso de perguntas, no curso da narrativa, reflete um diálogo interno do narrador personagem consigo mesmo. 134 Questão 2 (PUC Minas 2011) Leia os enunciados retirados do trecho em estudo: I. Como falar, sem parecer covarde [...] II. Seria igualmente difícil relatar o que lhe sucedera [...] III. [...] quando confessara a Aline a impossibilidade de participar naquela manhã e ela o indagara, quase com alegria [..] IV. Como determinar a natureza daquela ameaça invisível, que parecia envolvê-lo? Fica clara a posição do narrador personagem em relação ao seu modo de narrar em: a. I e II, apenas. b. I, III e IV, apenas. c. II, III e IV, apenas. d. I, II, III, IV. Questão 3 ( PUC Minas 2011) “Trem fantasma” Afinal se confirmou: era leucemia mesmo a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar. Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fora passear de trem fantasma; ela queria satisfa- zê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça. Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o trem fantasma. Teríamos de fazer uma improvisação na própria casa, um antigo palacete nos Moinhos de Vento, de móveis escuros e cortinas develudo cor de vinho. A mãe de Matias deu-me dinheiro; fui ao parque e andei de trem fantasma. Várias vezes. E escrevi tudo num papel, tal como escrevo agora. Fiz também um esquema. De posse destes dados, organizamos o trem fantasma. A sessão teve lugar a 3 de julho de 1956, às 21 horas. O minuano assobiava entre as árvores, mas a casa es- tava silenciosa. Acordamos o Matias. Tremia de frio. A mãe o envolveu em cobertores. Com todo ocuidado colocamo-lo num carrinho de bebê. Cabia bem, tão mirrado estava. Levei-o até o vestíbulo da entrada e ali ficamos, sobre o piso de mármore, à espera. As luzes se apagaram. Era o sinal. Empurrando o carrinho, precipitei-me a toda velocidade pelo longo cor- redor. A porta do salão se abriu; entrei por ela. Ali estava a mãe de Matias, disfarçada de bruxa (grossa maquilagem vermelha. Olhos pintados, arregalados. Vestes negras. Sobre o ombro, uma coruja empalhada. Invocava deuses malignos). Dei duas voltas pelo salão, perseguido pela mulher. Matias gritava de susto e de prazer. Voltei ao corredor. Outra porta se abriu – a do banheiro, um velho banheiro com vasos de samambaia e torneiras de bronze polido. Suspenso do chuveiro estava o pai de Matias, enforcado, língua de fora, rosto arroxeado. Saindo dali entrei num quarto de dormir onde estava o irmão de Matias, como esqueleto (sobre o tórax magro, coste- Língua Portuguesa e Literatura 135 las pintadas com tintas fosforescentes; nas mãos, uma corrente enferrujada). Já o gabinete nos revelou as duas irmãs de Matias, apunhaladas (facas enterradas nos peitos; rostos lambuzados de sangue de galinha. Umaestertorava). Assim era o trem fantasma, em 1956. Matias estava exausto. O irmão tirou-o do carrinho e, com todo o cuidado, colocou-o na cama. Os pais choravam baixinho. A mãe quis me dar dinheiro. Não aceitei. Corri para casa. Matias morreu algumas semanas depois. Não me lembro de ter andado de trem fantasma desde então. In: SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 316-317. Considere a seguinte passagem: “Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o trem fantasma. Teríamos de fazer uma improvisação na própria casa, um antigo palacete nos Moinhos de Vento, de móveis escuros e cortinas de veludo cor de vinho”. Assinale o que motivou a improvisação do trem fantasma. a. O diagnóstico da doença. b. O sofrimento dos parentes. c. A fragilidade física de Matias. d. A falta de dinheiro da família. Questão 4 (PUC MINAS 2011) Quanto ao tema e à estruturação da narrativa, verifica-se que o conto: a. apresenta uma visão peculiar sobre a morte, por meio do relato de um narrador diretamente envolvido com os fatos narrados. b. é narrado em terceira pessoa, com uma linguagem simples, que busca refletir a pouca maturidade dos protagonistas. c. possui enredo não linear e linguagem direta, por meio da qual o narrador onisciente expressa a angús- tia dos personagens. d. faz uma crítica social implícita, ao retratar o drama familiar diante da falta de perspectiva de uma criança com leucemia. Os trechos a seguir justificam a resposta: "Afinal se confirmou: era leucemia mesmo a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar. "; "Com todo o cuidado colocamo-lo num carrinho de bebê. Cabia bem, tão mirrado estava. " 136 Questão 5 - Discursiva (ITA-2002) Observe o estilo do texto abaixo: Foi até a cozinha.Tomou um gole de chá com uma bolacha água-e-sal. Ainda pensou em abandonar o pla- no. Mas, como se salvaria? Lavou as mãos e o rosto. Saiu de casa. Trancou o minúsculo quarto-e-cozinha. Aluguel atrasado. Despensa vazia. Contava os trocados para pegar o ônibus. (AUGUSTO,Rogério. “Flores”. Cult. Revista Brasileira de Literatura, nº- 48, p. 34.) a. Do ponto de vista redacional, que traços permitem considerar esse texto como contemporâneo? b. De que forma se revela o clima existente nesse breve texto descritivo-narrativo? Períodos articulados por coordenação num "estilo telegráfico"; palavras e expressões que remetem à coloquialidade. O clima de angústia e opressão fica evidente no cenário sufocante, (“Trancou o minúsculo quarto-e- -cozinha.”), na falta de recursos da personagem (“Aluguelatrasado. Despensa vazia.") e nas dúvidas e inquietações que marcam a personagem (“Ainda pensou em abandonar o plano. Mas, como se salvaria?”).
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