Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmacologi� Módul� 2- quart� períod�. Aul� 1: Ant� hipertensiv�: - Hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. - Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus. - Acredita-se que a patogenia da hipertensão arterial resida: 1- No rim e no seu papel de regular o volume vascular através da eliminação de sal e água; 2- No sistema renina-angiotensina-aldosterona através dos seus efeitos sobre o tono vascular sanguíneo, regulação do fluxo sanguíneo renal e metabolismo de sais; 3- No sistema nervoso simpático, que regula o tônus dos vasos de resistência. - Diagnóstico da hipertensão arterial: - A avaliação inicial de um paciente com hipertensão arterial sistêmica (HAS) inclui: a confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, avaliação do risco CV. - As lesões de órgão-alvo (LOA) e doenças associadas também devem ser investigadas. - Fazem parte dessa avaliação a medição da PA no consultório e/ou fora dele, utilizando-se técnica adequada e equipamentos validados, história médica (pessoal e familiar), exame físico e investigação clínica e laboratorial. Tratamento não medicamentoso: . - É fundamental para a eficácia do tratamento medicamentoso. - Isso pode diminuir a dose e o número dos medicamentos usados para tratamento. - Atividade física, dieta (cuidado especial com o sal), interrompimento do tabagismo, - Estágio 1 com risco cardiovascular baixo: mudanças do estilo de vida e acompanhamento por pelo menos 3 meses. Se isso conseguir reduzir os índices de pressão arterial do paciente, não entrará com medicamento. > Fora esse, todos os outros irão entrar com tratamento medicamentoso. > Paciente idoso frágil inicia-se com a monoterapia, e se piorar depois entra com outro fármaco. Fora isso, de forma geral o tratamento medicamentoso é com combinação de fármacos. - O objetivo principal do tratamento anti hipertensivo é diminuir os riscos cardiovasculares. - Atualmente, implantaram-se metas para ver a efetividade do tratamento. - De primeira, se a meta não for atingida, observe primeiro se a adesão farmacológica foi feita de forma correta. Se a adesão foi correta, aumenta a dose. Se ainda assim não melhorou, inicia a combinação de fármacos para o tratamento. Tratamento medicamentoso: . - Princípios gerais no tratamento medicamentoso: - Desde que exista indicação de tratamento medicamentoso, o paciente deverá ser orientado sobre a importância do uso contínuo, de eventual necessidade de ajuste de dose, da troca ou associação de medicamentos e ainda do eventual aparecimento de efeitos adversos. - Um medicamento para ser indicado deverá, preferencialmente: 1- Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbimortalidade CV; 2- Ser eficaz por via oral; 3- Ser bem tolerado; 4- Poder ser usado no menor número de tomadas por dia; 5- Pode ser usado em associação; 6- Ser utilizado por um período mínimo de 4 semanas, antes de modificações, salvo em situações especiais; 7- Ter controle de qualidade em sua produção. - Classes de anti-hipertensivos: 1- Diuréticos; 2- Adrenérgicos; 3- Vasodilatadores; 4- Inibidor direto da renina; - É necessário saber quais os fármacos que podem ser usados em monoterapia. Eles possuem maior perfil de segurança e de efetividade. > Diuréticos, bloqueadores de canais de cálcio e de angiotensina, beta bloqueadores, inibidores de ECA. - Nunca associa dois fármacos com o mesmo mecanismo de ação, pois potencializa a chance de reações adversas e não potencializa o efeito anti-hipertensivo. > Exceção: diuréticos poupadores de potássio podem ser associados a diuréticos tiazídicos ou de alça. (não pode associar o tiazídico com o de alça). 1- Diuréticos: . - Três tipos: diurético de alça, tiazídicos, poupadores de potássio. - Exercem ação anti-hipertensiva mediante diminuição da volemia. Promovem a excreção de sódio e potássio, diminuindo assim a osmolaridade plasmática com consequente diminuição do volume plasmático. - Menor volume sanguíneo passando pelos vasos, menor resistência nos vasos. - Diferença entre eles: em qual ponto do néfron irá atuar. - Diuréticos de alça: os fármacos de alça inibem parte da reabsorção de água. São responsáveis pela maior perda de volume, por isso produzem maior diurese. São reservados para situações de hipertensão associada a insuficiência renal e na insuficiência cardíaca com retenção de volume. - Tiazídicos: atua na parte distal do ducto proximal. Produzem uma diurese importante, mas não tanto quanto os de alça. São tão eficazes quanto, e possuem perfil de tolerabilidade maior. Por isso, são mais usados, em baixas doses. - Poupadores de potássio: atuam próximo ao ducto coletor. São antagonistas dos receptores de aldosterona. A função da aldosterona é absorver sódio e água. Apresentam pequena eficácia diurética mas, quando associados a tiazídicos e aos diuréticos de alça, são úteis na prevenção e no tratamento de hipopotasemia. - Tiazídico ou de potássio: tende a ter hipopotasemia. Nesse momento, pode botar o poupador de sódio para melhorar o estádio. - O poupador de potássio em alguns pacientes, principalmente com insuficiência renal, pode gerar hiperpotassemia/hipercalemia. É necessário sempre estar avaliando o nível dessas substâncias. 1- Diurético de alça: . - Diminuem a reabsorção ativa na alça de Henle ao bloquear o co-transportador ativo de sódio, cloreto e potássio na membrana luminal de alça de Henle. - Paciente pode apresentar hiponatremia. - Furosemida e Bumetanida. 2- Tiazídico e similares: . - Atuam no túbulo distal. - Hidroclorotiazida, clortalidona, Indapamida. - Atuam basicamente na parte proximal dos túbulos contorcidos distais, bloqueando o cotransportador de sódio-cloreto na membrana luminal das células tubulares. - O sítio de ligação dos tiazídicos bloqueia o co-transportador de sódio-cloreto. - Isso gera o aumento da perda de K +, pois alterou o movimento do sódio. A perda do K + é resultado da tentativa do corpo de equilibrar a concentração de elétrons dentro das células. -Ação vasodilatadora. 3- Poupadores de potássio: . - Atuam nos receptores de aldosterona nos túbulos distais. - Espironolactona (Aldactone) e Amilorida. - Bloqueio da aldosterona, que impede a reabsorção de sódio e excreção de potássio. Por isso, poupa-se o potássio. - Competem com a Aldosterona pelos sítios receptores nas células epiteliais do túbulo coletor cortical, reduzindo a absorção de sódio e potássio nesse segmento tubular. -São diuréticos capazes de eliminar sódio e água, porém poupam o potássio (diferentemente das outras classes). Agem inibindo os canais condutores de sódio no túbulo coletor, como a amilorida e triantereno, ou bloqueando a ação da aldosterona, como a espironolactona. - Reações adversas dos diuréticos: - Fraqueza, câimbras, hipovolemia e disfunção erétil. - Hipocalemia (nível do potássio sérico menor que 3,5 mmol/L), por vezes acompanhada de hipomagnesemia, que pode induzir arritmias ventriculares. - Hiponatremia (baixa concentração de sódio no sangue). - Hiperuricemia (altos níveis de ácido úrico no sangue). - Intolerância à glicose, aumentar riscos do aparecimento do diabetes. - Aumento de triglicerídeos. - A espironolactona pode causar ginecomastia e hiperpotassemia (mais frequente em pacientes com déficit de função renal). 2- Fármacos adrenérgicos: . - Influência sobre adrenalina e noradrenalina, ou seja, sobre o sistema nervoso simpático. - Atividade simpática eleva a pressão arterial. 1- Agonista alfa-2 de ação central: . - Estimula os receptores alfa-2 adrenérgicos no SNC, inibindo a liberação de noradrenalina nas terminações nervosas simpáticas (retroalimentação negativa), reduzindo a atividade simpática e promovendo sedação e diminuição do tônus vasomotore da frequência cardíaca. - Clonidina e metildopa. - A eficácia anti-hipertensiva desse grupo de medicamentos como monoterapia é discreta. - Funciona melhor em associação a medicamentos de outras classes terapêuticas, particularmente quando existem evidências de hiperatividade simpática. -> alfametildopa + hidroclorotiazida. - Alfametildopa é recomendada com agente de escolha para tratamento da hipertensão das grávidas (segurança materno-fetal). - Especificamente com a alfametildopa, pode ocorrer ainda, com pequena frequência, galactorréia, anemia hemolítica e lesão hepática (é contraindicado na disfunção hepática). - No caso da clonidina, destaca-se a hipertensão rebote, quando da suspensão brusca da medicação. - Não interferem com a resistência periférica à insulina ou com o perfil lipídico. 2- Antagonista alfa-1 adrenérgico: . -Diminuem a pressão arterial por meio do bloqueio dos receptores alfa nas arteríolas e vênulas. Em consequência, espera-se maior redução pressórica quando na posição ortostática. - Podem induzir o aparecimento de tolerância farmacológica, que obriga o uso de doses crescentes. - Têm a vantagem de propiciar melhora do metabolismo lipídico (discreta) e da urodinâmica (sintomas) de pacientes com hipertrofia prostática. - Os efeitos indesejáveis mais comuns são: hipotensão postural (mais evidente com a primeira dose), palpitação e, eventualmente, astenia. 3- Bloqueador beta-adrenérgico: . - Efeitos resultantes de bloqueio dos receptores beta-1 incluem diminuição de frequência e força contrátil cardíacas, consequentemente reduzindo o débito e consumo de oxigênio cardíacos. - O mecanismo anti-hipertensivo envolve diminuição inicial do débito cardíaco, redução da secreção de renina e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. - Betabloqueadores de terceira geração (carvedilol e nebivolol) também proporcionam vasodilatação (ação em alfa-1 e liberação de óxido nítrico). - É opção reservada para situações especiais, como nos portadores de coronariopatia, com disfunção sistólica, arritmias cardíacas ou infarto do miocárdio prévio. - Carvedilol, metoprolol, bisoprolol e nebivolol são úteis na redução de mortalidade e morbidade cardiovasculares de pacientes com insuficiência cardíaca, hipertensos ou não, independentemente da faixa etária. - Indicações: - Angina de peito; - Arritmias; - Cardiomiopatia hipertrófica; - Prevenção da enxaqueca. - Propranolol: - Se mostra também útil em pacientes com tremor essencial, síndromes hipercinéticas, cefaleia de origem vascular e naqueles com hipertensão portal. - Betabloqueadores de primeira e segunda geração podem acarretar também intolerância à glicose e hipertrigliceridemia com elevação do LDL-colesterol e redução da fração HDL-colesterol. - O impacto sobre o metabolismo da glicose é potencializado quando os betabloqueadores são utilizados em combinação com diuréticos. - Diferentemente, betabloqueadores de terceira geração, como o carvedilol e o nebivolol, têm impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico (vasodilatação e diminui resistência à insulina). - Nebivolol: - Apresenta menor interferência na função sexual. - A suspensão brusca dos betabloqueadores pode provocar hiperatividade simpática, com hipertensão de rebote e/ou manifestações de isquemia miocárdica. - Os betabloqueadores de primeira e segunda geração são formalmente contraindicados a pacientes com asma brônquica e DPOC (broncoespasmo). 4- Bloqueadores de cálcio: . - Dihidropiridínicos (anlodipino, nifedipino, felodipino, manidipino, levanlodipino, lercanidipino, lacidipino). - Não di-hidropiridínicos: difenilalquilaminas (verapamila) e as benzotiazepinas (diltiazem) - Mecanismo de ação: inibe o influxo do íon através dos canais de cálcio no músculo liso vascular e cardíaco. Reduzem a excitabilidade do coração e a frequência e promovem relaxamento da musculatura lisa arterial e redução da resistência vascular periférica. - São anti-hipertensivos eficazes e reduzem a morbidade e mortalidade cardiovasculares. - Dar preferência aos bloqueadores dos canais de cálcio de longa duração de ação intrínseca ou de liberação controlada. 3- Vasodilatadores: . - Exercem sua ação graças a sua capacidade de produzir vasodilatação e reduzir a resistência periférica. - Aumentam a permeabilidade da membrana ao potássio, ocasionando hiperpolarização da membrana, desligando os canais de cálcio voltagem-dependentes e inibindo a geração de um potencial de ação. - Fármaco: Hidralazina: em hipertensão moderada ou grave como terapia de segunda ou terceira linha. - Indicação: - Tratamento da PA elevada e angina - Utilizado também para alívio dos sintomas da ICC - Efeitos adversos: - Promove retenção hídrica e taquicardia reflexa, o que contraindica seu uso como monoterapia. - Cefaleia. - Náuseas ou vômitos. - Diarreia. - Perda do apetite. - Tontura e sonolência (principalmente idosos). - Hemorragias ou sangramentos nasais. 1- Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): . - São substâncias que diminuem a pressão arterial por bloquearem a geração de angiotensina II, um dos mais potentes vasoconstritores naturais, por meio da enzima conversora de angiotensina I. - São eficazes no tratamento da HAS, reduzindo a morbidade e a mortalidade cardiovasculares nos hipertensos: 1- Com insuficiência cardíaca, 2- Com infarto agudo do miocárdio, 3- Com alto risco para doença aterosclerótica (prevenção secundária do acidente vascular encefálico). - Quando administrados a longo prazo, os IECAs retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia diabética ou de outras etiologias. - Em indivíduos com insuficiência renal crônica, podem eventualmente agravar a hiperpotasemia. - Em pacientes com hipertensão renovascular bilateral ou unilateral associada a rim único, podem promover redução da filtração glomerular com aumento dos níveis séricos de ureia e creatinina. - Seu uso em pacientes com função renal reduzida pode causar aumento de até 30% da creatininemia, mas a longo prazo, prepondera seu efeito nefroprotetor. 2- Antagonistas dos receptores de Angiotensina II: . - (Losartana , Valsartana, Irbesartan, Candesartana. - Bloqueio dos receptores AT1 da angiotensina II, inibindo a vasoconstrição e retenção hídrica, que elevam a pressão arterial. - Portanto os efeitos são similares aos inibidores da ECA. - Tratamento da hipertensão arterial, especialmente em populações de alto risco cardiovascular ou com comorbidades. - Efeito benéfico em insuficiência cardíaca congestiva - São úteis na prevenção do acidente vascular cerebral - São nefroprotetores no paciente com diabetes mellitus tipo 2 com nefropatia estabelecida - O tratamento com BRA II, assim como o uso de IECA, vem sendo associado a uma menor incidência de novos casos de diabetes melito tipo 2. 3- Antagonista direto da renina: . - Os Inibidores da Renina, ou Inibidores Diretos da Renina, são fármacos que bloqueiam o sítio enzimático ativo da renina, modulando desta maneira a produção de angiotensina I a partir do angiotensinogênio. - Eficácia anti-hipertensiva em monoterapia semelhante aos demais anti-hipertensivos - Efeito benéfico na redução de morbidade cardiovascular e renal, hipertrofia de ventrículo esquerdo e proteinúria. - Renina: Atua transformando angiotensinogênio em angiotensina 1.
Compartilhar