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RETA FINAL | DPE/PB 
 
 
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EXECUÇÃO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXECUÇÃO PENAL 
 
Resumo Escrito – Parte I 
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EXECUÇÃO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
EXECUÇÃO PENAL 
 
 Olá, futuras e futuros Defensores Públicos do Estado da Paraíba. A matéria de Execução Penal tem uma 
grande importância para esta prova da DPE/PB, considerando que estará presente na prova objetiva, subjetiva e 
oral. 
 
E olha, além de ser uma matéria boa de estudar, porque requer um conteúdo específico e crítico, podemos 
dizer que sua grade é relativamente pequena. Portanto, meus amigos e minhas amigas, será um prazer percorrer 
com vocês as nuances sobre os pontos deste edital, dando enfoque para o perfil da banca FCC, a qual conhecemos 
bem. 
 
Trabalharemos Execução Penal através de três resumos escritos. Trataremos de doutrina, lei, questões 
atuais e jurisprudência indispensável para sua prova. Não tenho dúvidas de que esses materiais te darão base para 
chegar seguro(a) nesta prova da DPE/PB. 
 
Força, pessoal. Tudo vai dar certo. Que esse ano de 2022 seja um ano de muitas aprovações, e até mesmo 
posse, não é mesmo? :D 
 
Os dias de glória estão cada vez mais pertos. 
 
Até mais. 
 
Um grande abraço. 
 
Coordenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8. Execução penal: evolução histórica, crise e alternativas. Natureza da execução penal. Lei de Execução Penal (Lei 
nº 7.210/84). Objetivos da execução penal. Execução penal e economia política da pena. Execução penal, 
encarceramento em massa e dano social. 
 
Neste concurso para Defensor Público do Estado da Paraíba, assim como na DPE/BA (2021), a disciplina de 
Execução Penal está dentro de Direito Processual Penal. Isso não quer dizer que ela seja menos importante. Ao 
contrário, ela é uma matéria que vale muito à pena, considerando que o conteúdo não é tão extenso, e a 
quantidade de questões em prova costuma ser boa! Além disso, ela te acompanhará nas demais fases do concurso. 
:D 
 
Vamos nessa? 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
A doutrina estabelece que a evolução histórica da Execução Penal mantém íntima relação com a história e 
com a criminologia. 
 
Erick Maia1 destaca que uma classificação possível é a de que a punição passou pelo (i) período da vingança 
privada; (ii) período da vingança divina; (iii) período da vingança pública e (iv) período contemporâneo. 
 
Nesse sentido o autor: 
 
O período da 
vingança privada 
O período da vingança privada foi marcado pela autotutela, pela lei do mais forte. Nesse 
período, o Código de Hamurabi e sua lei de talião podem ser vistos como avanços, pois 
trouxeram a ideia de proporcionalidade. Esse ponto foi objeto de cobrança na prova oral do 
VIII concurso da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, no final de 2019. 
O período da 
vingança divina 
O período da vingança divina foi marcado pela punição aplicada pelos sacerdotes. A religião 
era a principal forma de controle social, e a classe eclesiástica era tida como representante 
da divindade. 
Período da 
vingança pública 
O período da vingança pública foi marcado pela punição aplicada pelo soberano, dito 
representante divino na Terra. A punição era uma demonstração da força do monarca. 
Como demonstra Foucault: “o suplício deve ser ostentoso, deve ser constatado por todos, 
um pouco como seu triunfo. O próprio excesso das violências cometidas é uma das peças de 
sua glória, não é algo de acessório ou vergonhoso, mas é o próprio cerimonial da justiça que 
se manifesta em sua força. O suplício penal não corresponde a qualquer punição corporal: é 
uma produção diferenciada de sofrimentos, um ritual organizado para a marcação das 
vítimas e a manifestação do poder que pune: não é absolutamente a exasperação de uma 
justiça que, esquecendo seus princípios, perdesse todo o controle. Nos ‘excessos’ dos 
suplícios se investe toda a economia do poder”5 . 
Período 
contemporâneo 
O período contemporâneo é marcado, como defende Foucault, por uma “sociedade 
disciplinar”. A formação da sociedade disciplinar remete ao final do século XVIII e início do 
século XIX. A prisão não pertence ao projeto teórico da reforma da penalidade do século 
XVIII. Surge no início do século XIX, como uma instituição de fato, quase sem justificação 
teórica. Toda a penalidade do século XIX passa a ser um controle. Emergiu a noção de 
periculosidade, o indivíduo considerado pelo nível de suas virtualidades e não pelo nível de 
seus atos. Essa espécie de controle penal punitivo não é efetuada exclusivamente pela 
Justiça, mas por uma série de outros poderes laterais, como a polícia e uma rede de 
instituições de vigilância e correção. A função não é mais punir, mas corrigir. É a era da 
ortopedia social. A idade do controle social. 
 
1 Execução penal e criminologia / Erick de Figueiredo Maia ; coordenado por Marcos Vinícius Manso Lopes Gomes. - São Paulo : Saraiva 
Educação, 2021. (Defensoria pública – ponto a ponto). 
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CRISE E ALTERNATIVAS 
 
A FCC costuma trazer esse ponto em seus editais, e com a DPE/PB não foi diferente. Apesar de abstrato, o 
ponto “crise e alternativas” sobre a Execução Penal exige do candidato conteúdo crítico sobre as atuais prisões no 
Brasil. 
 
O Defensor Público do Rio de Janeiro Erick Maia, parafraseando Darcy Ribeiro, destacou: a crise da prisão 
no Brasil (e no mundo) não é uma crise; é um projeto. Abaixo, alguns dos inúmeros argumentos sobre a temática 
apontados pelo Defensor: 
 
“É evidente que a prisão não cumpre suas funções declaradas: não ressocializa, 
assim como o encarceramento em massa não reduz as estatísticas oficiais de 
criminalidade. E, a partir dessas “evidências”, a dita crise se revela: a prisão é vista 
como algo inevitável, e ao mesmo tempo é vista como algo que não funciona. 
 
Estudo inédito da Defensoria Pública do Rio10 mostra que o fator racial ainda tem 
impacto significativo nas prisões em flagrante. Dos 23.497 homens e mulheres 
conduzidos a audiências de custódia de setembro de 2017 a setembro de 2019 
ouvidos pela instituição, cerca de 80% declararam-se pretos ou pardos. O grupo 
também tem mais dificuldade para obter liberdade provisória (27,4% contra 30,8% 
de brancos) e sofre mais agressões (40% ante 34,5% de brancos). A pesquisa revela 
ainda que apenas uma em cada três pessoas consegue liberdade provisória ou 
relaxamento da prisão. Mais de 80% dos casos analisados foram presos sob 
acusação de furto, roubo ou com base na Lei de Drogas. Segundo Caroline Tassara, 
coordenadora do Núcleo de Audiências de Custódia da Defensoria: “a pesquisa traz 
dados riquíssimos que permitem identificar, a partir da análise de mais de 23 mil 
casos, quem são as pessoas presas em flagrante no estado do Rio de Janeiro e 
denunciar a inegável seletividade do sistema penal”. 2 
 
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL 
 
Bem, nesse primeiro momento, precisamos fazer o seguinte questionamento: a execução penal tem 
natureza jurídica jurisdicional ou administrativa? Porque perceba que há diversos atos praticados pelo diretor do 
estabelecimento, por exemplo, e outros praticados pelo magistrado. E agora? 
 
Sobre o tema, pontua Rodrigo Roig, Defensor Público do Estado do RJ: 
 
(...) Sobre a natureza da execução penal, desenvolveu-se inicialmente a compreensão de 
que aquela possuía caráter administrativo, ideia esta fundada na doutrina política de 
Montesquieu sobre a separação dos poderes. Ao longo do tempo, tal concepção perdeu 
força, sobretudo após a tendência jurisdicionalizante inaugurada após a Segunda Guerra. 
Em nosso país, esta concepção não mais encontra guarida na doutrina. Minoritariamente 
em defesa do caráteradministrativo da execução penal, Adhemar Raymundo da Silva 
observava que “cessada a atividade do Estado-jurisdição com a sentença final, começa a 
do Estado-administração com a execução penal”.3 (GRIFOS NOSSOS). 
 
O autor lembra que nos dias atuais há duas principais correntes: 1) natureza mista 
(jurisdicional/administrativa) e 2) jurisdicional. 
 
 
2 Execução penal e criminologia / Erick de Figueiredo Maia ; coordenado por Marcos Vinícius Manso Lopes Gomes. - São Paulo : Saraiva 
Educação, 2021. (Defensoria pública – ponto a ponto). 
3 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 55. 
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(...) Nos dias atuais, a doutrina se divide basicamente em duas correntes. Afirma-se, por 
um lado, que a execução penal possui natureza mista, uma vez que embora os incidentes 
do processo se desenvolvam em âmbito judicial, diversos aspectos da execução 
dependem de atuação administrativa, sobretudo da direção, chefia de disciplina e 
secretaria dos estabelecimentos penais. Nesse sentido, destaca-se a assertiva de Ada 
Pellegrini Grinover: “não se nega que a execução penal é atividade complexa, que se 
desenvolve entrosadamente nos planos jurisdicional e administrativo. Nem se 
desconhece que dessa atividade participam dois Poderes estatais: o Judiciário e o 
Executivo.4 (GRIFOS NOSSOS). 
 
No entanto, Roig é enfático ao lembrar que a existência de atividades de cunho administrativo no curso da 
execução da pena não desnatura sua natureza jurisdicional, assim como atividades de cunho administrativo não 
afastam a natureza jurisdicional do processo de conhecimento5. 
 
CAIU NA DPE-MG-2019-FUNDEP: “É mista ou complexa a natureza jurídica da execução penal, por envolver 
atividade jurisdicional e administrativa, prevalecendo a primeira, conforme sustenta parte da doutrina”.6 
 
PROVA ORAL DPE-MG-2019-FUNDEP: Fale sobre o princípio da complexidade na execução penal.7 
 
APROFUNDA RDP: PRIVATIZAÇÃO DOS PRESÍDIOS: Devemos criticar duramente a ideia de privatização de presídios. 
Não se pode aceitar a mercantilização do sofrimento. A execução penal tem caráter jurisdicional, e transferir o 
poder de executar penas a pessoas jurídicas de direito privado (que inegavelmente objetivam o lucro) é um grande 
absurdo. Portanto, seja qual for a modalidade de privatização (PPP, co-gestão, etc.), o candidato deverá apresentar 
algumas das críticas (ex: transferência de poder punitivo a particulares; mercantilização da execução penal; não 
interesse em que o preso progrida para o regime aberto, tendo em vista que a empresa lucra pelo número de 
pessoas encarceradas), etc. É bom lembrar que Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, “mudou quatro 
pilares do governo americano com quatro decretos. O primeiro determina que o Departamento de Habitação 
implemente políticas não discriminatórias; o segundo ordena a eliminação dos presídios privados; outro aumenta a 
soberania das tribos nativo-americanas; e o último pede o combate à xenofobia contra americanos de origem 
asiática”.8 
 
Em Minas Gerais, por exemplo, o MPT já ajuizou Ação Civil Pública por considerar ilícita a terceirização de 
funções integrantes do sistema prisional, no caso do presídio de Ribeirão das Neves. 
 
De acordo com o Procurador do Trabalho Geraldo Emediato de Souza, entre os postos de trabalho 
terceirizados estão atividades relacionadas com custódia, guarda, assistência material, jurídica e à saúde. 
 
 
4 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 55. 
5 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 55/56. 
6 CORRETO. Ou seja, embora mista/complexa (administrativa e jurisdicional), prevalece a esfera jurisdicional. 
7 Excelência, sobre a natureza da execução penal, desenvolveu-se inicialmente a compreensão de que aquela possuía caráter administrativo, 
ideia esta fundada na doutrina política de Montesquieu sobre a separação dos poderes. Ao longo do tempo, tal concepção perdeu força, 
sobretudo após a tendência jurisdicionalizante inaugurada após a Segunda Guerra. Em nosso país, esta concepção não mais encontra guarida 
na doutrina. Nos dias atuais, a doutrina se divide basicamente em duas correntes: a) natureza mista (complexa) e b) jurisdicional. Afirma-se, 
por um lado, que a execução penal possui natureza mista, uma vez que embora os incidentes do processo se desenvolvam em âmbito judicial, 
diversos aspectos da execução dependem de atuação administrativa, sobretudo da direção, chefia de disciplina e secretaria dos 
estabelecimentos penais. Parte da doutrina afirma que “não se nega que a execução penal é atividade complexa, que se desenvolve 
entrosadamente nos planos jurisdicional e administrativo. Nem se desconhece que dessa atividade participam dois Poderes estatais: o 
Judiciário e o Executivo”. No entanto, não é demais reforçar que parcela da doutrina, a exemplo de Rodrigo Roig, sustenta que a existência 
de atividades de cunho administrativo no curso da execução da pena não desnatura sua natureza jurisdicional, assim como atividades de 
cunho administrativo não afastam a natureza jurisdicional do processo de conhecimento. 
8 Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/01/26/biden-assina-ordens-executivas-para-combater-o-racismo-nos-
estados-unidos.ghtml. Acesso: 26/05/2021. 
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/01/26/biden-assina-ordens-executivas-para-combater-o-racismo-nos-estados-unidos.ghtml
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/01/26/biden-assina-ordens-executivas-para-combater-o-racismo-nos-estados-unidos.ghtml
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“Além de ser uma medida extremamente onerosa para os cofres públicos, poderá dar 
azo a abusos sem precedentes”, frisa o procurador. Na ação, proposta em 2011, 
Emediato classifica a privatização de prisões como inaceitável, tanto do ponto de vista 
ético como moral: “Numa sociedade democrática, a privação da liberdade é a maior 
demonstração de poder do Estado sobre seus cidadãos. Licitar prisões é o mesmo que 
oferecer o controle da vida de homens e mulheres para quem der o menor preço, como 
se o Estado tivesse o direito de dispor dessas vidas como bem lhe aprouvesse”.9 
 
 Dando continuidade, está expresso em nosso edital da DPE-PB ponto sobre os objetivos da execução penal. 
Sobre o tema, veja o que diz o art. 1º da LEP (Lei de Execução Penal): 
 
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou 
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do 
condenado e do internado. 
 
Contudo, em provas de Defensoria esse ponto deve ser lido de maneira crítica. 
 
Por isso, peço que enxerguem a execução penal em uma perspectiva redutora de danos. Essa perspectiva 
redutora de danos é MUITO trabalhada no livro do professor Roig, adotado por diversos examinadores da 
Defensoria, considerando que ele é um grande crítico desta área no Brasil (ele também é Defensor Público). Em 
síntese, enxergue o cumprimento de uma pena sempre com o viés redutor dos danos. Assim, não se pode aceitar 
que o apenado sofra além do que já lhe é possível em razão de uma pena aplicada. 
 
Sob as ideias trazidas pela teoria da prevenção especial positiva, a pena tem finalidade de “ressocialização”, 
embora essa expressão também seja criticada (inclusive, conforme abordado acima, não recomendamos utilizá-la 
em provas discursivas e orais, pois no cárcere não há como (re)ssocializar alguém que nunca teve condições mínimas 
para se educar); o Estado não ofereceu políticas públicas efetivas, tais como educação de qualidade, moradia, lazer, 
saúde, etc. O Estado não oferece educação de qualidade fora dos estabelecimentos prisionais, que dirá dentro 
deles. Porisso alguns examinadores criticam a expressão “ressocializar”). 
 
Não é demais relembrarmos que na ADPF-347 (tão cara aos estudos para Defensoria Pública) o STF 
reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive hoje o que se chamou de “Estado de Coisas 
Inconstitucional”10, considerando a existência de quadro generalizado e sistêmico de violação aos direitos 
fundamentais das pessoas presas: 
 
“O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência de um quadro 
de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou 
incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura, 
de modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação 
de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O STF 
reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas 
Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. 
As penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e 
desumanas. Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída 
aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-
Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas e 
orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos 
 
9 Disponível em: http://www.sindcop.org.br/blog/ler?link=ppp-em-presidio-de-ribeirao-das-neves-e-“ilicita”-segundo-ministerio-publico-
do-trabalho-de-minas-gerais. Acesso em: 26/01/2021. 
10 Segundo Márcio do Dizer o Direito, a ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema Corte do país pode 
atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, em 1997, com a chamada "Sentencia de Unificación (SU)". Foi 
aí que primeiro se utilizou essa expressão. 
http://www.sindcop.org.br/blog/ler?link=ppp-em-presidio-de-ribeirao-das-neves-e-
http://www.sindcop.org.br/blog/ler?link=ppp-em-presidio-de-ribeirao-das-neves-e-
RETA FINAL | DPE/PB 
 
 
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direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Assim, cabe ao 
STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver 
o problema e monitorar os resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu 
parcialmente medida cautelar determinando que: • juízes e Tribunais de todo o país 
implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de custódia; • a União libere, 
sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para 
utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos 
contingenciamentos. Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo 
menos na análise da medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798).11 
 
 E esse tema ganha ainda mais relevância na DPE/PB, considerando que o nosso edital traz os seguintes 
pontos: 
 
10. (...) Direitos sociais e execução penal. Execução penal e realidade concreta: as penas 
ilícitas. Superlotação prisional e consequências jurídicas. 
 
 Desta forma, devemos ficar atentos à observância dos direitos sociais (aqueles de segunda dimensão, que 
exigem uma prestação positiva do Estado, como alimentação, saúde, higiene, etc), pois a realidade dos cárceres do 
Brasil nos mostra um completo estado massivo de violação desses direitos. Desta forma, poderíamos dizer que 
praticamente todas as prisões do Brasil são ilegais, por violarem direitos básicos como os listados acima. Desta 
forma, teoricamente, se essas prisões são ilegais, juridicamente falando deveriam ser imediatamente relaxadas. 
 
 Mais recentemente, o Plenário do STF decidiu que a decisão do Ministro Relator que, de ofício, na ADPF 
que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional (ADPF 347) no sistema prisional, determina medidas para 
proteger os presos do Covid-19, amplia indevidamente o objeto da ação. Isso porque no dia 18/03/2020, o Ministro 
Relator Marco Aurélio, de ofício decidiu “conclamar” os juízes de Execução Penal a adotarem junto à população 
carcerária procedimentos para evitar o avanço da doença dentro dos presídios. 
 
“É certo que no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta. No 
entanto, o pedido é específico. Nenhum dos pedidos da ADPF 347 está relacionado com 
as questões inerentes à prevenção do Covid-19 nos presídios. Não é possível, portanto, a 
ampliação do pedido cautelar já apreciado anteriormente. A Corte está limitada ao 
pedido. Aceitar a sua ampliação equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade 
constitucional para propositura da ação. Ademais, em que pese a preocupação de todos 
em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida cautelar, ao conclamar os juízes de 
execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de megaoperação para analisar 
detalhadamente, em um único momento, todas essas possibilidades e não caso a caso, 
como recomenda o Conselho Nacional de Justiça. O STF entendeu que, neste momento, 
o Poder Judiciário deve seguir as recomendações sobre a questão emitidas pelo Conselho 
Nacional de Justiça CNJ e por portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Justiça. Para 
evitar a disseminação do novo coronavírus nas prisões, o CNJ recomendou a análise de 
situações de risco caso a caso. A Recomendação 62/2020 do CNJ traz orientações aos 
Tribunais e aos magistrados quanto à adoção de medidas preventivas contra a propagação 
do Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo. STF. Plenário. ADPF 
347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 18/3/2020 (Info 970).12 
 
11 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Estado de Coisas Inconstitucional. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e732ced3463d06de0ca9a15b6153677. Acesso em: 26/05/2021. 
12 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional dos presídios, 
determinar medidas para proteger os presos do Covid-19. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/488b084119a1c7a4950f00706ec7ea16. Acesso em: 26/05/2021. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e732ced3463d06de0ca9a15b6153677
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/488b084119a1c7a4950f00706ec7ea16
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 Dando continuidade, em nosso edital da DPE/PB há um ponto sobre ECONOMIA POLÍTICA DA PENA. 
 
 Marco Alexandre de Souza Serra, em sua obra “Economia Política da Pena”, estabelece que “a 
compreensão do funcionamento do poder punitivo exige analisar o Estado à luz de sua própria estrutura. Numa 
sociedade dividida em classes, na qual uma delas detém a propriedade dos meios de produção de riqueza social e 
outra a propriedade da força de trabalho também necessária à geração dessa riqueza, o Estado possui uma 
configuração específica. Desenvolver essa análise, através da construção de um discurso envolve escolhas 
terminológicas neutras. Economia indica mais do que a ciência que trata dos fenômenos relativos à produção, 
distribuição e consumo de bens; designa também a organização dos diversos elementos de um todo. Nessa 
condição, economia está para a análise dos sistemas de punição, em fases e estágios relacionados ao 
desenvolvimento das forças produtivas, mas também remete à gestão da oferta de força de trabalho à disposição 
do processo de acumulação do capital. Segundo demonstra a história, tal processo se desenvolve mediante o recurso 
à penalização dos trabalhadores. A ênfase política decorre daassunção do uso da pena como exercício de poder. A 
política integral do Estado, particularmente desde o surgimento da prisão, tende a ser regida por uma racionalidade 
que visa justificar a desigualdade inerente ao capitalismo. A crítica a essa razão de Estado, portanto, deve se 
reportar à crítica da economia política burguesa. A crítica das teorias da pena, particularmente das preventivas, 
pode ser realizada a partir desse ponto de vista”.13 
 
Isso tudo guarda relação com o nosso outro ponto do edital a respeito do encarceramento em massa: 
 
“(...) Execução penal, encarceramento em massa e dano social.” 
 
 No que toca ao encarceramento em massa, Juliana Borges na obra “O que é encarceramento em massa”? 
elenca que diversos fatores podem ter influenciado diretamente neste processo de superlotação que vivemos 
atualmente, pois somos o terceiro país com a maior população carcerária do mundo, com mais de 700 mil presos, 
ficando atrás apenas dos Estados Unidos (com 2 milhões 100 mil pessoas atrás das grades) e China (1 milhão e 600 
mil pessoas encarceradas). 
 
Para a autora, (2018, p. 16), “o sistema de justiça criminal tem profunda conexão com o racismo, sendo o 
funcionamento de suas engrenagens mais do que perpassados por esta estrutura de opressão, mas o aparato 
reordenado para garantir a manutenção do racismo e, portanto, das desigualdades baseadas na hierarquia 
racial”.14 No primeiro semestre de 2017, o quantitativo de pessoas privadas de liberdade no Brasil era de 726.354. 
Segundo o IFOPEN, o gráfico abaixo apresenta a série histórica das pessoas privadas de liberdade entre os anos de 
1990 e 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 SERRA, Alexandre de Souza. Economia política da pena. Revan, 2009. 
14 BORGES, Juliana. O que é encarceramento em massa? Belo Horizonte: Letramento/Justificando, 2018, p. 16. 
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EXECUÇÃO PENAL 
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 Contudo, abaixo vocês podem perceber que de 2017 para 2019 houve um aumento significativo na 
população carcerária, conforme dados do Infopen 2019: 
 
 
 
 
 Além disso, dados atuais assustadoramente mostram que 23,29% da população prisional tem entre 18 a 
24 anos, como podemos ver abaixo (Infopen 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme dados extraídos do Infopen (2017) as pessoas presas de cor/etnia pretas e pardas totalizam 
63,6% da população carcerária nacional, conforme gráfico abaixo. 
 
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Indo além, em relação ao dado sobre a cor ou etnia da população prisional feminina brasileira, o gráfico 
abaixo indica as mulheres presas de cor/etnia pretas e pardas totalizam 63,55% da população carcerária nacional. 
 
 
 
 
Abaixo, trago os dados do Infopen feitos em 2019, que mostram um enorme índice de pessoas pretas e 
pardas no sistema carcerário. 
 
 
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Juliana Borges, na obra sobre encarceramento em massa (ano de 2018), lembra que “68% das mulheres 
encarceradas são negras, e 3 em cada 10 não tiveram julgamento, consideradas presas provisórias. 50% não 
concluíram o ensino fundamental e 50% são jovens, sendo esta média de mulheres em torno de 20 anos”. (2018, 
p. 91). 
 
O dano que isso é capaz de trazer à sociedade (dano social) é inestimável, já que as prisões brasileiras 
superlotadas e com tratamentos desumanos, onde a violação de direitos é algo comum, favorecem à reincidência 
e dificulta a prevenção especial positiva (o que costumeiramente chamam de “ressocialização). Quando se analisa 
os dados de maneira geral, os crimes mais cometidos no Brasil são os patrimoniais, seguidos de crimes relacionados 
à Lei de Drogas. Contudo, esse percentual se inverte quando analisamos os crimes cometidos por mulheres, sendo 
os crimes relacionados à Lei de Drogas os com maior incidência, como podemos observar dos gráficos abaixo 
extraídos do Relatório do Infopen 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 De 2000 a 2015 tivemos um grande aumento da população carcerária feminina, que cresceu 
exponencialmente, como podemos observar do gráfico abaixo (Infopen 2019). 
 
 
 
 
 Por fim, é importante que você conheça o atual recurso em HC nº 136961 – RJ. 
 
 O caso diz respeito ao notório caso do Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho no Rio de Janeiro (IPPSC). Após 
denúncias feitas pela Defensoria do Rio de Janeiro, a referida unidade prisional foi objeto de inúmeras inspeções 
que culminaram com a Resolução da Corte IDH de 22/11/2018, que ao reconhecer referido instituto inadequado 
para a execução de penas, especialmente em razão de os presos se acharem em situação degradante e desumana, 
determinou no item n. 4, que se computasse "em dobro cada dia de privação de liberdade cumprido no IPPSC, para 
todas as pessoas ali alojadas, que não sejam acusadas de crimes contra a vida ou a integridade física, ou de crimes 
sexuais, ou não tenham sido por eles condenadas, nos termos dos Considerandos 115 a 130 da presente resolução”. 
Neste caso, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Reynaldo Soares da Fonseca, ao conceder a ordem no 
referido HC, a fim de que fosse contado em dobro todo o período em que o homem esteve preso no Instituto Penal 
Plácido de Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Bangu, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 
 
 Por fim, é bom lembrar que a “execução penal, encarceramento em massa e dano social” é um ponto 
expresso em nosso edital da DPE/PB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EXECUÇÃO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
PONTO: Agravo em execução. 
 
Na parte de Execução Penal, em nosso edital, não há o agravo em execução de maneira expressa. Contudo, 
ele está implícito no ponto “Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84)”. Dada sua relevância e incidência em provas 
elaboradas pela FCC, trabalharemos com detalhes. 
 
Bem, mão na massa e vamos lá! 
 
O agravo em execução, como muitos de vocês sabem, é o recurso utilizado no âmbito da execução penal. 
No entanto, o Código de Processo Penal não traz absolutamente nada sobre ele, e a LEP, a quem caberia detalhá-
lo, surpreendentemente só traz um único artigo sobre o tema, vejam: 
 
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. 
 
Certo. Vamos prosseguir. 
 
Dando continuidade, precisamos saber que o art. 197 da LEP é a nossa previsão do agravo em execução 
em nossa legislação, como vimos. Mas qual prazo a interposição do agravo? É cabível em face de qual decisão? 
Cabe juízo de retratação? É endereçado a quem? 
 
Pois é, nenhuma lei se deu ao trabalho de dizer. Sendo assim, para preencher essa lacuna o STF editou o 
presente enunciado de súmula: 
 
Enunciado 700-STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal. 
 
Apesar de trazer o prazo, o enunciado não traz outras considerações. No entanto, o entendimento hoje é 
de que se aplicam ao agravo em execução as mesmas regras previstas para o recurso em sentido estrito, a partir 
do artigo 581 do CPP. 
 
Ou seja: se vocês estiverem fazendo a peça processual para sua segunda fase da DPE/PB, e ela for o agravo 
em execução, abram o Vade Mecum e vá direto ao artigo 581 e seguintes do CPP. Em relação ao prazo, vocês vão 
fundamentar também usando o enunciado de Súmula do STF (esse enunciado normalmente recebe pontuação 
específica no espelho de correção). 
 
Sobre o prazo, vejam quantas vezes isso já foi objeto de questionamento em provas anteriores: 
 
CAIU NA DPE-AM-2011-INSTITUTO DAS CIDADES: “É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra 
decisão do juiz da execução penal”.15 
 
CAIU NA DPE-PI-2009-CESPE: “O prazo para a interposição de agravo contra a decisãodo juiz da execução penal é 
de dez dias”.16 
 
CAIU NA DPE-AL-2009-CESPE: “O prazo para a interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal é 
de dez dias”.17 
 
Sobre a legitimidade no agravo em execução, pontua Gustavo Henrique Badaró18: 
 
 
15 CORRETO. 
16 ERRADO. 
17 ERRADO. 
18 Badaró, Gustavo Henrique. Processo penal. - 3. ed. revi, atual, e ampl. – São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 891/892. 
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EXECUÇÃO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
(...) A legitimidade recursal deve ser analisada a partir da legitimidade geral para a 
execução penal. O art. 195 da LEP estabelece que o procedimento judicial da execução 
penal se inicia ex officio pelo juiz, ou a requerimento do Ministério Público, do interessado 
ou de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, ou ainda mediante 
propostas do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa. O Ministério 
Público, o condenado, seu representante ou seus parentes, se tiverem qualquer 
requerimento indeferido, terão legitimidade e interesse em recorrer. Quanto ao 
Conselho Penitenciário e à autoridade administrativa, Grinover, Magalhães Gomes Filho 
e Scarance Fernandes explicam que eles podem simplesmente propor a instauração do 
procedimento sem, contudo, formular pedido. Assim, não há que se cogitar de 
indeferimento, ou de prejuízo, caso seja desatendida a representação, pelo que não 
poderão recorrer. O juiz não pode recorrer ex officio, pois tal exige previsão expressa. 
 
No que se refere aos efeitos, lembra Badaró19: 
 
“que, como todo recurso, o agravo em execução tem efeito devolutivo, pois “devolve” 
ao Tribunal o conhecimento da questão. O agravo em execução não tem efeito 
suspensivo (LEP, art. 197, parte final). Há, contudo, quem sustente que se a eficácia 
imediata da decisão puder causar dano irreparável, o condenado poderá se valer de 
habeas corpus para obter efeito suspensivo à decisão (por exemplo, determina a 
regressão de regime) e o Ministério Público poderá utilizar o mandado de segurança (por 
exemplo, para suspender a eficácia de decisão que concede o livramento condicional). 
No entanto, o STJ tem súmula no sentido de que o Mandado de segurança não se presta 
para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público”. 
 
Enunciado de Súmula 604 do STJ: “Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso 
criminal interposto pelo Ministério Público”. 
 
O agravo em execução tem o chamado “efeito regressivo ou iterativo”, uma vez que há previsão de juízo 
de retratação no procedimento do recurso em sentido estrito (CPP, art. 589, caput), aplicável ao agravo. 
 
Acrescente-se que o art. 66, inciso V da LEP prevê que compete ao Juiz da execução determinar a 
desinternação e o restabelecimento da situação anterior. O art. 179, por outro lado, informa que transitada em 
julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação. 
 
Sobre isso, Renato Brasileiro afirma que: 
 
“se, pelo menos em regra, o agravo em execução não é dotado de efeito suspensivo, 
especial atenção deve ser dispensada ao quanto disposto no art. 179 da LEP, que dispõe 
que "transitada em julgado a sentença, o juiz expedirá ordem para a desinternação ou a 
liberação". Como se percebe, a partir do momento que o dispositivo condiciona a 
desinternação ou a liberação do agente inimputável ou semi-imputável cuja 
periculosidade tenha cessado ao trânsito em julgado da referida decisão, é de se concluir 
que, nesse caso, o agravo em execução é dotado de efeito suspensivo, visto que sua 
simples interposição tem o condão de impedir o trânsito em julgado, ao qual está 
condicionada a produção dos efeitos da referida decisão”. 20 
Esse tema, inclusive, foi objeto de questionamento na prova da Defensoria Pública do Estado do Minas 
Gerais, em 2019: 
 
 
19 Idem, p. 891/892. 
20 DE LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 6. Ed. rev., amp. e atual. Salvador/BA: Juspodivm, 2018. op. cit. p. 1745. 
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CAIU NA DPE-MG-2019-FUNDEP: “Da decisão que determinar a desinternação do inimputável caberá agravo em 
execução, que será recebido com efeito suspensivo”. 21 
 
Agora vamos adiante! 
 
Uma pergunta interessante é: dessa decisão do juízo da execução (recorrível por agravo em execução) cabe 
Habeas Corpus? 
 
Prezad@s, nesse ponto aqui eu peço cautela. 
 
Conforme assentado pelo STJ, é descabida a utilização do Habeas Corpus como sucedâneo recursal, 
exigindo que seja interposto o recurso cabível. Vejamos: 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO CABÍVEL. 
IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO E 
DISPAROS DE ARMA DE FOGO. PRONÚNCIA. PRISÃO PREVENTIVA QUE ULTRAPASSA TRÊS 
ANOS. EXCESSO DE PRAZO CONFIGURADO. JULGAMENTO DO RECURSO EM SENTIDO 
ESTRITO. 1. Esta Corte não deve continuar a admitir a impetração de habeas corpus 
(originário) como substitutivo de recurso, dada a clareza do texto constitucional, que 
prevê expressamente a via recursal própria ao enfrentamento de insurgências voltadas 
contra acórdãos que não atendam às pretensões veiculadas por meio do writ nas 
instâncias ordinárias. 2. Verificada hipótese de dedução de habeas corpus em lugar do 
recurso cabível, impõe-se o não conhecimento da impetração, nada impedindo, contudo, 
que se corrija de ofício eventual ilegalidade flagrante, como forma de coarctar o 
constrangimento ilegal. (...) (STJ - HC: 190947 BA 2010/0214259-9, Relator: Ministro OG 
FERNANDES, Data de Julgamento: 02/05/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: 
DJe 14/05/2013) 
 
Vou tentar explicar melhor. 
 
Em tese, os tribunais superiores não admitem que em vez de interpor o recurso cabível, impetre-se um HC. 
 
Isso é muito absurdo? É. Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se fere o direito à liberdade e 
preenche os requisitos constitucionais, nada impediria a utilização do HC, cujo procedimento é mais célere do que 
os recursos. Isso demonstra a prevalência da chamada “jurisprudência defensiva” sobre a tutela do direito de 
liberdade, pois quando a Corte obsta a impetração de HC, dificulta o acesso do jurisdicionado a ela (considerem 
que um recurso demora muito mais para ir à mesa, além de possuir mais requisitos a serem obedecidos do que um 
HC). 
 
Devemos criticar? Sim, e muito, sobretudo em provas orais e dissertativas. 
 
No entanto, considerando que é jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, caso seja narrado 
em uma segunda fase de nossas Defensorias Públicas, por exemplo, que houve uma decisão no âmbito da execução 
penal, e considerando que você só poderá fazer apenas uma peça (ou o HC ou o agravo em execução), 99% das 
chances de ser o agravo em execução, embora na prática possamos sustentar a possibilidade de HC. Por isso, não 
recomendamos que seja feito um HC em prova de segunda fase, a menos que o enunciado seja MUITO, MAS MUITO 
explícito em relação a isso. Caso contrário, não arrisquem: façam o agravo em execução. 
 
Além disso, vocês poderão informar, em sua peça de agravo em execução, que será impetrado um HC, 
considerando a situação de flagrante ilegalidade etc. Isso já foi cobrado na prova da DPE-BA e no espelho veio 
 
21 CORRETO. 
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expresso que o candidato teria que fazer menção à impetração do HC, sendo que a peça correta, para aquela 
situação, era o agravo em execução. 
 
Em resumo, ainda que os dois (HC e agravo), na prática, sejam utilizados, o recurso (agravo em execução) 
tem ampla possibilidade de análise probatória, diferente do HC, que exige prova documental pré-constituída. 
 
CASO CONCRETO NA SUA PEÇA PROCESSUAL: Assim, por exemplo, imaginem que a decisão do magistrado decrete 
a perda dos dias remidos na fração de 1/3,que é o patamar máximo. No entanto, a decisão foi genérica e não 
fundamentou o porquê da perda do patamar máximo dos dias remidos. Sabemos que para a perda de 1/3 dos dias 
remidos deverá haver uma fundamentação concreta. Para isso, a melhor saída será interpor o agravo em execução, 
pois o grau de profundidade da análise probatória será muito maior do que no Habeas Corpus. Ficou claro? =) 
 
Por fim, é importante analisarmos a extraordinária atuação da Defensoria Pública da União perante o 
Supremo Tribunal Federal, sobretudo em Habeas Corpus. 
 
De fato, há um crescimento expressivo, nos últimos anos, da atuação da DP perante o STF. Esse crescimento 
decorre da melhoria, estruturação e aumento do número de membros da instituição em todo o país (tanto na DPU, 
quanto nas DPs estaduais). 
 
Os Tribunais Superiores perceberam e foram influenciados pelo aumento de participação da DP nos 
processos que chegam até eles. Basta observar, por exemplo, que o número de HCs que se ampliou muito nos 
últimos anos, como decorrência da atuação institucional da DP. Esta lida com um amplo número de assistidos, que, 
por sinal são preferencialmente atingidos pelo sistema penal. Assim, os HCs que, em sua maioria eram decididos 
pelo colegiado, passaram a ser julgados de maneira monocrática, salvo agravo regimental (que, em regra, não 
admite sustentação oral). 
 
Antes mesmo da pandemia referente a COVID-19, o Tribunal passou a utilizar, cada vez mais, meios 
eletrônicos e a DP teve que se adaptar a essa modificação, como forma de ampliar a sua participação. 
 
Além disso, podemos citar a ampliação de participação da DP, para além dos recursos de demandas 
individuais, com outros tipos de petições e pedidos, de maneira mais intensa, presente e completa, na defesa dos 
interesses dos seus assistidos. Sobretudo, em causas de interesses coletivos ou de julgamentos que ultrapassem o 
direito das partes nos processos (recursos repetitivos, repercussão geral, amicus curiae, proposição de súmulas 
vinculantes e participação em audiências públicas). 
 
Abaixo podemos analisar diversas ações marcantes no STF nos últimos anos (que ampliaram a divulgação 
do objetivo da Instituição na sociedade), em que a DPU teve participação: 
 
- Ação Penal 470 (mensalão), em que a DPU foi intimada para fazer a defesa de uma 
pessoa que não tinha advogado. 
 
- Proposição de súmula vinculante pela DPU, que resultou na edição da Súmula 
Vinculante nº 56, que trata da garantia do regime prisional adequado ao apenado. 
 
- Atuação intensa da DPU em recursos que tratem de temas ligados aos assistidos, 
sobretudo, no período atual de pandemia. A participação da DP é fundamental já que 
esses temas, que envolvem, por exemplo, saúde e auxílio emergencial, são relacionados 
a pessoas de baixa renda e que, dificilmente, tem condições de mover recursos nas Cortes 
Superiores. 
 
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- registro de medicamento na ANVISA, originário da DPE-MG, que é o RE 567.718, e o 
recurso da solidariedade dos entes federativos para a concessão de medicamentos, que 
é o RE 155.178. 
 
- HC 97.256, que possibilitou a substituição de pena no tráfico. 
 
- HC 118.533, que afastou a hediondez no tráfico privilegiado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PONTO: Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84). Remição. Direitos do sistema progressivo. Progressão de regime. 
Livramento condicional. Indulto e comutação. Disciplina na execução penal 
 
REMIÇÃO NA EXECUÇÃO PENAL 
 
A remição é um assunto muito provável de cair em provas objetivas, inclusive sendo cobrado em provas 
mais recentes – (DPE/RS – 2022) - (DPE/BA – 2021). 
 
Inicialmente, leiam a redação do art. 126 da LEP (Lei de Execução Penal): 
 
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por 
estudo, parte do tempo de execução da pena. 
 
Certo. Entendido. Aqueles que estão em regime fechado e semiaberto podem remir a pena, isso é, abatê-
la, em razão do trabalho e em razão do estudo. 
 
Agora fiquei com uma dúvida: regime fechado pode remir, regime semiaberto também, mas e o regime 
aberto? 
 
Vejam o que diz o § 6º do art.126 da LEP: 
 
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional 
poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução 
da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1º deste artigo. 
 
Ou seja, segundo a LEP, quem está no regime aberto não pode remir pelo trabalho, apenas pelo estudo. E 
aqui nós devemos criticar. Isso porque é absurda essa ideia. O apenado está no regime menos gravoso e não pode 
remir a pena pelo trabalho? O argumento de que o trabalho é uma obrigação dos regimes aberto e semiaberto é 
bastante criticável, sobretudo pela realidade brasileira e pelo fato de que, se parte da doutrina diz que a pena tem 
uma função ressocializadora (por mais questionável que seja essa ideia), então dever-se-ia estimular o apenado ao 
máximo, inclusive promovendo a remição em caso de trabalho no regime aberto. 
 
CAIU NA DPE-PR-2017-FCC: “Não há previsão legal de remição para o sentenciado em regime aberto”.22 
 
Tudo bem, respirem, fiquem mais calmos, vamos prosseguir. 
 
Mas como se dá essa contagem para fins de remição? 
 
É fácil! Vejam o 1º do art. 126 da Lei de Execução penal: 
 
1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: 
 
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, 
inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) 
dias. 
 
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho 
 
 Vejam essa tabela: 
 
 
22 ERRADA. Vimos que é possível! 
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APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
REMIÇÃO PELO ESTUDO REMIÇÃO PELO TRABALHO 
1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de 
frequência escolar divididas NO MÍNIMO em três 
dias. 
1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. 
 
Mas essas atividades precisam ser necessariamente dentro do estabelecimento prisional? 
 
A resposta é não. Vejamos o enunciado 562 da Súmula do STJ: 
 
Enunciado 562-STJ: É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime 
fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros. 
 
CAIU NA DPE-PR-2017-FCC: “O trabalho intramuros é o único passível de remição”.23 
 
Segundo o art. 33 da LEP, a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no 
máximo, 8 horas. Apesar disso, se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias 
(menos do que prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena. Como esse trabalho 
do preso foi feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso gerou uma legítima expectativa de que 
ele fosse aproveitado, não sendo possível que seja desprezado, sob pena de ofensa aos princípios da segurança 
jurídica e da proteção da confiança. Vale ressaltar, mais uma vez, o trabalho era cumprido com essa jornada por 
conta da determinação do presídio e não por um ato de insubmissão ou de indisciplina do preso. STF. 2ª Turma. 
RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info 860). 
 
EMENTA Recurso ordinário constitucional. Habeas corpus. Execução Penal. 
Remição (arts. 33 e 126 da Lei de Execução Penal). Trabalho do preso. Jornada 
diária de 4 (quatro) horas. Cômputo para fins de remição de pena. Admissibilidade. 
Jornada atribuída pela própria administração penitenciária. Inexistência de ato de 
insubmissão ou de indisciplina do preso. Impossibilidadede se desprezarem as 
horas trabalhadas pelo só fato de serem inferiores ao mínimo legal de 6 (seis) horas. 
Princípio da proteção da confiança. Recurso provido. Ordem de habeas corpus 
concedida para que seja considerado, para fins de remição de pena, o total de horas 
trabalhadas pelo recorrente em jornada diária inferior a 6 (seis) horas. 1. O direito 
à remição pressupõe o efetivo exercício de atividades laborais ou estudantis por 
parte do preso, o qual deve comprovar, de modo inequívoco, seu real envolvimento 
no processo ressocializador. 2. É obrigatório o cômputo de tempo de trabalho nas 
hipóteses em que o sentenciado, por determinação da administração 
penitenciária, cumpra jornada inferior ao mínimo legal de 6 (seis) horas, vale dizer, 
em que essa jornada não derive de ato insubmissão ou de indisciplina do preso. 3. 
Os princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança tornam indeclinável 
o dever estatal de honrar o compromisso de remir a pena do sentenciado, legítima 
contraprestação ao trabalho prestado por ele na forma estipulada pela 
administração penitenciária, sob pena de desestímulo ao trabalho e à 
ressocialização. 4. Recurso provido. Ordem de habeas corpus concedida para que 
seja considerado, para fins de remição de pena, o total de horas trabalhadas pelo 
recorrente em jornada diária inferior a 6 (seis) horas. (RHC 136509, Relator(a): Min. 
DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 04/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-087 DIVULG 26-04-2017 PUBLIC 27-04-2017) 
 
 
23 ERRADO. A Súmula 562 do STJ mostra o contrário. 
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CURSO RDP 
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CAIU NA DPE/RS – 2022 – CESPE: De acordo com o STF, na hipótese de um apenado, por determinação da direção 
do presídio, trabalhar 4 horas diárias, esse período deverá ser computado para fins de remição da pena, sob pena 
de ofensa aos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança. 
 
Vocês já ouviram falar em remição ficta? Já? Vamos relembrar, então. 
 
Caso o apenado queira trabalhar ou estudar, mas não consiga em razão de motivos alheios à sua vontade, 
é possível remir a pena? A isso a doutrina chama de remição ficta, e não se tem admitido, salvo quando o 
impedimento decorre de acidente de trabalho (art. 126, §4º, LEP). 
 
Para Roig, a vedação da remição ficta implica dupla punição: a impossibilidade de exercer os direitos 
constitucionais ao trabalho ou estudo e a inviabilidade de valer-se da remição. Assim, deve o candidato entender 
que a jurisprudência dos tribunais superiores se inclina para não aceitar a remição ficta, mas críticas devem ser 
feitas a esse entendimento em provas abertas. 
 
Vejam abaixo as decisões do STJ e STF no mesmo sentido: 
 
“Não se admite a remição ficta da pena. Embora o Estado tenha o dever de prover 
trabalho aos internos que desejem laborar, reconhecer a remição ficta da pena, 
nesse caso, faria com que todas as pessoas do sistema prisional obtivessem o 
benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública do sistema 
carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição 
exige, necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de 
reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena em virtude de 
trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho, estudo ou leitura, 
não há que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018. STJ. 
6ª Turma. HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018.” 
 
Outro detalhe muito importante que vocês precisam saber é que o tempo a remir em função das horas de 
estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante 
o cumprimento da pena. 
 
Vejam: 
 
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um 
terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o 
cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema 
de educação. 
 
Ponto importante: é possível a revogação dos dias remidos? 
 
Sim, é possível, mas isso deve ser visto com cautela. Os dias remidos podem ser revogados, em caso de 
faltas graves, em ATÉ um terço (1/3). Pessoal, o examinador irá dizer, em sua prova, que o juiz revogará um terço 
dos dias remidos em caso de prática de falta grave. Está errado. Para que o Juiz chegue ao patamar máximo, que é 
exatamente um terço, ele deverá realizar uma fundamentação CONCRETA, pois a LEP usa o termo “até’. Cuidado 
com isso. 
 
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto 
no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. 
 
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APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
Sobre o tema, veja o que diz o STJ: 
 
“Reconhecida falta grave no decorrer da execução penal, não pode ser 
determinada a perda dos dias remidos na fração máxima de 1/3 sem que haja 
fundamentação concreta para justificá-la. STJ. 6ª Turma. HC 282265-RS, Rel. Min. 
Rogerio Shietti Cruz, julgado em 22/4/2014 (Info 539).” 
 
Lembre-se que em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, recomeçando a 
contagem a partir da data da infração disciplinar, e não da data do cumprimento da sanção. 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Sobre a remição na execução penal, é corretor afirmar que em caso de falta grave o 
juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, recomeçando a contagem a partir do cumprimento da sanção 
disciplinar”.24 
 
Agora vamos aprofundar: remição em razão do trabalho com artesanato; isso é possível? 
 
Sim, é possível. Entende-se que o rol não é taxativo, então é possível que outras 
atividades sejam utilizadas para remir a pena. Assim, segundo o STJ no AgRg no 
REsp 1720785/RO julgado em 2018, ficando comprovado que o reeducando 
efetivamente exerceu o trabalho artesanal, ele tem direito à remição. A alegação 
do Ministério Público no sentido de que é impossível controlar as horas 
trabalhadas com artesanato não é um argumento válido. Cabe ao Estado 
administrar o cumprimento do trabalho no âmbito carcerário, não sendo razoável 
imputar ao sentenciado qualquer tipo de desídia na fiscalização ou controle desse 
meio. 
 
 Chamo a atenção de vocês para que relembre da recente e importante decisão do STJ no HC nº 136961 – 
RJ sobre a possibilidade de remição em dobro quando o presto estiver em situação degradante. Dada a relevância 
da temática, vamos revisar rapidamente. 
 
 Chegou até o STJ o recurso em HC nº 136961 – RJ. O caso diz respeito ao notório caso do Instituto Penal 
Plácido de Sá Carvalho no Rio de Janeiro (IPPSC). Após denúncias feitas pela Defensoria do Rio de Janeiro, a referida 
unidade prisional foi objeto de inúmeras inspeções que culminaram com a Resolução da Corte IDH de 22/11/2018, 
que ao reconhecer referido instituto inadequado para a execução de penas, especialmente em razão de os presos 
se acharem em situação degradante e desumana, determinou no item n. 4, que se computasse "em dobro cada dia 
de privação de liberdade cumprido no IPPSC, para todas as pessoas ali alojadas, que não sejam acusadas de crimes 
contra a vida ou a integridade física, ou de crimes sexuais, ou não tenham sido por eles condenadas, nos termos 
dos Considerandos 115 a 130 da presente resolução”. 
 
 Neste caso, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Reynaldo Soares da Fonseca, ao conceder a ordem 
no referido HC, a fim de que fosse contado em dobro todo o período em que o homem esteve preso no Instituto 
Penal Plácido de Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Bangu, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, 
assim ponderou: 
 
“Ao sujeitar-se à jurisdição da Corte IDH, o País amplia o rol de direitos daspessoas 
e o espaço de diálogo com a comunidade internacional. Com isso, a jurisdição 
brasileira, ao basear-se na cooperação internacional, pode ampliar a efetividade 
dos direitos humanos. As sentenças emitidas pela Corte IDH, por sua vez, têm 
eficácia vinculante aos Estados que sejam partes processuais, não havendo meios 
de impugnação aptos a revisar a decisão exarada. Em caso de descumprimento da 
 
24 ERRADO. Como vimos, em caso de falta grave o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data 
da infração disciplinar, e não da data do cumprimento da sanção. 
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sentença, a Corte poderá submetê-la à análise da Assembleia Geral da 
Organização, com o fim de emitir recomendações para que as exigências sejam 
cumpridas e ocorra a consequente reparação dos danos e cessação das violações 
dos direitos humanos. (...) 
 
Portanto, a sentença da Corte IDH produz autoridade de coisa julgada 
internacional, com eficácia vinculante e direta às partes. Todos os órgãos e poderes 
internos do país encontram-se obrigados a cumprir a sentença.” 
 
No dispositivo da referida decisão, o Ministro deixou claro que “as autoridades públicas, judiciárias 
inclusive, devem exercer o controle de convencionalidade, observando os efeitos das disposições do diploma 
internacional e adequando sua estrutura interna para garantir o cumprimento total de suas obrigações frente à 
comunidade internacional, uma vez que os países signatários são guardiões da tutela dos direitos humanos, 
devendo empregar a interpretação mais favorável a indivíduo. Logo, os juízes nacionais devem agir como juízes 
interamericanos e estabelecer o diálogo entre o direito interno e o direito internacional dos direitos humanos, até 
mesmo para diminuir violações e abreviar as demandas internacionais”. 
 
Considerando que essa decisão foi tomada em 28 de abril de 2021, você precisa estar por dentro. Para ficar 
ainda melhor, trago a íntegra da decisão para que você possa ler com mais tranquilidade.25 
 
INFORMATIVOS SOBRE REMIÇÃO 
 
Vamos agora aos principais julgados do STJ e STF, selecionados através do site Buscador Dizer o Direito, de 
autoria do Márcio André Cavalcante: 
 
É possível remir a pena por ter trabalhado ANTES do início da execução penal? 
 
DIZER O DIREITO: É possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena, desde 
que em data posterior à prática do delito. Ex.: Em 2015, João praticou o crime “A”, respondendo o processo em 
liberdade. Em 2016, João cometeu o crime “B” e, por conta deste segundo delito, ficou preso por 3 meses. Durante 
esse período, João trabalhou todos os dias na unidade prisional. Em 2017, João foi absolvido do delito “B”. Em 
2018, João foi condenado pela prática do crime “A”, recebendo 6 anos de reclusão. Iniciou-se a execução penal 
quanto ao crime “A”. João poderá aproveitar o tempo que ficou preso quanto ao crime “B” para ser beneficiado 
com a remição relativa ao período. Isso porque o trabalho em questão foi realizado em momento posterior (2016) 
à prática do delito cuja condenação se executa (crime “A” praticado em 2015). Desse modo, ainda que o trabalho 
tenha sido realizado antes do início da execução penal, será possível a remição da pena porque o delito que está 
sendo agora executado foi praticado antes do trabalho exercido. Não interessa, portanto, se o trabalho foi realizado 
antes ou depois do início da execução penal (início do cumprimento da pena). O que interessa analisar é se o 
trabalho foi realizado antes ou depois do cometimento do crime no qual se quer aproveitar a remição. • Se o 
trabalho foi realizado ANTES do crime: não será possível a remição na execução penal deste delito. • Se o trabalho 
foi realizado APÓS o crime: será sim possível a remição na execução penal deste delito. STJ. 6ª Turma. HC 420257-
RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/04/2018 (Info 625) 
 
 Em relação ao julgado anterior, nas questões de prova o examinador pode querer embaralhar as 
informações para confundir. Então tenham sempre em mente o seguinte: basta procurar no enunciado o momento 
em que ocorreu o trabalho e verificar, na linha temporal, se ele foi realizado DEPOIS do crime em questão. Fiquem 
atentos ao momento em que o crime foi praticado. Esse é o principal lapso temporal que devemos atentar. 
 
 Para ilustrar: 
 
 
25 Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/pena-cumprida-situacao-degradante.pdf. Acesso em 7 de dez de 2021. 
https://www.conjur.com.br/dl/pena-cumprida-situacao-degradante.pdf
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Por outro lado, não será permitida a remição se: 
 
 
 
 
 
 
 
Vimos que o preso pode remir a pena em razão de trabalho com artesanato. Sob esse mesmo argumento, 
é possível a remição se o preso fizer aula de canto em coral? A resposta é sim. Veja o que disse o STJ: 
 
O reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical realizada em coral. STJ. 6ª Turma. REsp 
1666637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613). 
 
CAIU NA DPE/RS – 2022 – CESPE: Segundo o STJ, o reeducando que participa de coral musical não tem direito à 
remição de sua pena pela realização dessa atividade, por ela não se enquadrar nem como trabalho, nem como 
estudo. 26 
 
E remição em razão de resenha de livros? É possível? A resposta também é positiva, vejam a decisão: 
 
“O fato de o estabelecimento penal onde se encontra o detento assegurar acesso a atividades laborais e à educação 
formal, não impede que ele obtenha também a remição pela leitura, que é atividade complementar, mas não 
subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente, havendo compatibilidade de horários. STJ. 5ª Turma. HC 
353689-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/6/2016 (Info 587). 
 
E pela simples leitura, é possível? Sim. 
 
DIZER O DIREITO: É possível computar a remição pelo simples fato de o apenado ficar lendo livros (sem fazer um 
curso formal)? SIM. A atividade de leitura pode ser considerada para fins de remição de parte do tempo de 
execução da pena. STJ. 6ª Turma. HC 312486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 9/6/2015 (Info 564). 
 
CAIU NA DPE/SC – 2021 – FCC: A remição27 
A) é cabível para condenados por crimes com violência ou grave ameaça contra a pessoa, desde que não constitua 
crime hediondo ou equiparado. 
B) pode ser reconhecida por práticas educativas não-escolares e pela leitura. 
C) pode ter seu cômputo em dobro, em caso de pessoa idosa que não seja reincidente específica em crime doloso. 
D) é direito exclusivo de quem cumpre pena em regime semiaberto ou fechado. 
E) pelo estudo tem regulamentação restritiva e prejudicial ao condenado, pois só é permitido o ensino presencial. 
 
Existe possibilidade de o preso remir a pena estando em prisão domiciliar? Esse julgado é muito importante, 
prestem atenção: 
 
DIZER O DIREITO: É possível a remição de pena com base no trabalho exercido durante o período em que o apenado 
esteve preso em sua residência (prisão domiciliar). A fim de evitar uma interpretação restritiva da norma, impõe-
 
26 GAB: E. 
27 GAB: B. 
Absolvido no 
crime B 
Crime B (aqui o acusado teve a 
preventiva decretada e, 
enquanto preso, trabalhou) Crime A 
Condenado no crime A. Da sentença 
imposta, haverá remição do trabalho 
feito enquanto cumpriu a preventiva 
referente ao crime B. 
 
Crime A (aqui o acusado 
teve a preventiva decretada 
e, enquanto preso, 
trabalhou) 
Crime B 
Absolvido no 
crime A Condenado no crime B. Da sentença 
imposta, NÃO HAVERÁ remição do 
trabalho feito enquanto cumpriu a 
preventiva referente ao crime A. 
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24 
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se o reconhecimento dos dias trabalhados,ainda que em prisão domiciliar. Em se tratando de remição da pena é 
possível fazer uma interpretação extensiva em prol do preso e da sociedade. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 
1689353/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/02/2018. 
 
Quero que você entenda uma coisa: é possível remir a pena se o trabalho foi realizado no final de semana - 
ainda que sem autorização do juízo? 
 
Sim, veja o julgado abaixo do STJ: 
 
DIZER O DIREITO: Se o preso, ainda que sem autorização do juízo ou da direção do estabelecimento prisional, 
efetivamente trabalhar nos domingos e feriados, esses dias deverão ser considerados no cálculo da remição da 
pena. STJ. 5ª Turma. HC 346948-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/6/2016 (Info 586). 
 
Importante lembrar que a remição não sofre influência da reincidência e da hediondez do crime na 
execução penal, pois isso já foi objeto de prova. 
 
CAIU NA DPE-SC-2017-FCC: “Não sofrem influência da reincidência e da hediondez do crime na execução penal os 
seguintes direitos: remição e permissão de saída”.28 
 
Esgotamos remição. 
 
Vamos agora estudar o LIVRAMENTO CONDICIONAL, presente também em nosso edital. 
 
LIVRAMENTO CONDICIONAL 
 
O livramento condicional é um tema que incontáveis vezes esteve presente em provas de Defensoria. Na 
DPE-BA, por exemplo, diversas pessoas pegaram o tema livramento condicional na prova oral. E se repetiu na DPE-
AP e na oral da DPE-MA. O tema é ainda mais importante quando se nota a modificação trazida pelo denominado 
“Pacote Anticrime”, que comentaremos a seguir. 
 
Vamos ao que interessa. 
 
O livramento condicional tem previsão no Código Penal e na LEP. Muitos alunos estudam o livramento 
condicional apenas pelo Código Penal, e outros apenas pela LEP. Gente, tem que ser feito o diálogo das fontes, 
lembrem-se disso. Há informações relevantes em ambas as leis, certo? 
 
Mas em síntese, e de maneira fácil, qual o conceito de livramento condicional? 
 
Pessoal, o livramento condicional nada mais é do que um direito subjetivo (cuidado em dizer, em prova 
escrita ou oral, que é benefício) do apenado que foi condenado a pena igual ou superior a 2 anos, e que, preenchidos 
os requisitos legais, terá o direito à saída antecipada, razão pela qual permanecerá no chamado “período de prova”. 
Em linhas gerais é isso. É um direito tal qual à progressão. 
 
 Veja o que estabelece Rodrigo Duque Estrada Roig: 
 
(...) A classificação direitos públicos subjetivos de certa forma ignora o fosso existente 
entre o caráter vinculante desejado e a forma pela qual a execução penal, realisticamente, 
se ampara em critérios subjetivos e de conteúdo amplamente discricionário. De qualquer 
modo, transitando na esfera do dever-ser (direito público subjetivo) ou do ser 
(discricionariedade efetivamente vinculada), fato é que a subjetivação (administrativa ou 
 
28 CORRETO. 
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25 
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judicial) não possui ascendência sobre a proteção de direitos humanos. O livramento 
condicional, assim como ocorre com outros direitos da execução penal, deve ser passível 
de reconhecimento de ofício pelo Juiz da execução. Sua denegação, por outro lado, não 
pode ocorrer de ofício, sob pena de nulidade, haja vista a necessidade de se assegurar 
ampla defesa ao condenado (art. 112, § 2º, da LEP). (GRIFOS NOSSOS).29 
 
Imagine que o apenado foi condenado por roubo. Não houve possibilidade de aplicar a ele a substituição 
por pena restritiva de direito, tendo em vista a existência de violência e grave ameaça. Também não foi possível 
aplicar o sursis da pena previsto no art. 77 do Código Penal, porque a condenação foi superior a dois anos e o Juiz 
também entende que as circunstâncias do art. 59 eram desfavoráveis. 
 
Ele iniciou o cumprimento da pena. Portanto, se ele cumprir os requisitos objetivos (fração mínima) e o 
requisito subjetivo (não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses), ele terá direito a sair antes do 
tempo previsto. É um direito independente da progressão da pena, certo? Não confunda os institutos. 
 
Continuemos. 
 
Se o apenado consegue sair através do deferimento do livramento condicional, por quanto tempo ele ficará 
nesse período de prova? 
 
É aqui que muitos erram. Cuidado com isso. 
 
No livramento condicional o tempo do período de prova é o resto da pena a cumprir. Então se a condenação 
foi em 6 anos e ele cumpriu mais de 2 anos (+ 1/3), o período de prova será o restante (4 anos, por exemplo). 
 
E se passar o período de prova e o livramento não for revogado? 
 
Simples: extinção de punibilidade. 
 
MOMENTO ALUNO-AMIGO: Vixe, RDP. Agora saquei! Ficou fácil demais! Dei valor agora! Livramento é só isso? Claro 
que não, kkkk. Há muito mais coisas, mas se você aprendeu isso, já está meio caminho andado. Vamos juntos? 
#BORA 
 
REQUISITOS DO LIVRAMENTO 
 
Vamos lá. Quais os requisitos do livramento condicional? 
 
Há os requisitos objetivos e subjetivos: 
 
REQUISITOS OBJETIVOS 
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
REQUISITOS SUBJETIVOS 
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
(a) PPL igual ou superior a 2 (dois) anos. 
(b) + 1/3 se não for reincidente em crime doloso + 
bons antecedentes 
(c) + metade se for reincidente em doloso 
(d) + mais 2/3 em hediondo ou equiparado – vedado 
ao reincidente específico. 
(e) tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de 
fazê-lo, o dano causado pela infração. 
(a) comprovado: a) bom comportamento durante a 
execução da pena; b) não cometimento de falta grave 
nos últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no 
trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover 
a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
(b) para o condenado por crime doloso, cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do 
livramento ficará também subordinada à constatação 
de condições pessoais que façam presumir que o 
 
29 Execução penal: teoria crítica/Rodrigo Duque Estrada Roig. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 208. 
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liberado não voltará a delinquir (????) 
 
 Atente-se para uma mudança sutil no inciso III do art. 83 do Código Penal, após o denominado “Pacote 
Anticrime”. 
 
COMO ERA NO CÓDIGO PENAL COMO FICOU COM O PACOTE ANTICRIME 
Art. 83 
 
III - comprovado comportamento satisfatório durante 
a execução da pena, bom desempenho no trabalho 
que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria 
subsistência mediante trabalho honesto; 
Art. 83 
 
II – comprovado: a) bom comportamento durante a 
execução da pena; b) não cometimento de falta grave 
nos últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no 
trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover 
a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
 
I Jornada de Direito Penal e Processo Penal do CJF/STJ - realizada nos dias 10 a 14 de agosto de 2020: 
 
Enunciado 4: A ausência de falta grave nos últimos 12 (doze) meses como requisito à obtenção do livramento 
condicional (art. 83, III, "b" do CP) aplica-se apenas às infrações penais praticadas a partir de 23/01/2020, quando 
entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019. 
 
Enunciado 5: É prescindível (dispensável) a decisão final sobre a prática de falta grave para obstar o livramento 
condicional com base no art. 83, III, "b" do CP. 
 
Enunciado 12: O requisito previsto no art. 83, III, b, do Código Penal, consistente em o agente não ter cometido 
falta grave nos últimos 12 (doze) meses, poderá ser valorado, com base no caso concreto, para fins de concessão 
de livramento condicional quanto a fatos ocorridos antes da entrada em vigor da Lei 13.964/2019, sendo 
interpretado como comportamento insatisfatório durante a execução da pena. 
 
CAIU NA DPE-PE-2018-CESPE: “André e Bruno, companheiros de cela em determinada penitenciária, são assistidos 
pela Defensoria Pública do Estado de Pernambuco. André cumpre pena de seis anos por furto qualificado e tem 
comoantecedente criminal uma condenação de um ano e oito meses por crime culposo, já cumprida. Bruno, por 
sua vez, cumpre pena de nove anos por tráfico de drogas e não possui antecedentes criminais. A concessão do 
benefício do livramento condicional a André dependerá de ele cumprir um terço da pena e a Bruno de ele cumprir 
dois terços da pena”.30 
 
Pessoal, perceba que pela leitura da lei (art. 83), só é possível livramento para quem foi condenado a uma 
pena igual ou SUPERIOR a 2 anos. 
 
CAIU NA PROVA ORAL DPE-AP-FCC-2018: Por que quem foi condenado a uma pena inferior a 2 anos não tem direito? 
Qual a razão lógica disso? 
 
Pois é. Perguntinha quente e que deixou o candidato de orelha em pé. Se aquele que foi condenado a pena 
superior pode, por que o que foi condenado a pena inferior não pode? Perceba que a suspensão condicional da 
pena é justamente o contrário: 
 
CAPÍTULO IV 
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
Requisitos da suspensão da pena 
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) 
a 4 (quatro) anos, desde que (...) 
 
30 CORRETO. 
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O legislador pensou: os apenados que não forem beneficiados com o sursis da pena, poderão, por outro 
lado, utilizarem-se do livramento condicional. Sendo que não é bem assim. Pode ser que alguém tenha direito ao 
livramento e que não tenha direito ao sursis. 
 
Quer ver? 
 
Imagine que uma pessoa foi condenada a uma pena de 1 ano e meio (em tese, teria direito ao sursis) por 
roubo (não cabe a substituição por PRD), mas o Juiz entende que as circunstâncias do art.59 não são “favoráveis”, 
razão pela qual indefere a suspensão. Certo. E agora, ele terá direito ao livramento condicional, então né? 
 
Não terá, porque um dos requisitos objetivos do livramento condicional é a pena ser SUPERIOR a 2 anos. 
 
A maioria dos julgados, infelizmente, não reconhece o direito do livramento condicional a quem foi 
condenado a uma pena inferior a 2 anos, o que é um absurdo. Repito: devemos enxergar a execução penal em uma 
perspectiva redutora de danos. Devemos analisar o Código Penal à luz da Constituição e dos tratados internacionais, 
para que não se chegue, apenas com base na legalidade estrita, a inúmeras absurdidades. Não precisa de muito 
esforço interpretativo, mas apenas o bom senso. Pronto. Seria o suficiente. 
 
Veja que linda essa decisão do TJ-RS concedendo o direito ao livramento a condenados com penas inferiores 
a 2 anos, publicada em 2018: 
 
Ementa: PENA INFERIOR A DOIS ANOS. POSSIBILIDADE. É necessário interpretar o velho artigo 83 do Código Penal, 
quando fala em benefício ao condenado por pena igual ou superior a dois anos. O legislador estabeleceu aquele 
prazo, porque, geralmente, invariavelmente, em quase a totalidade das condenações, o réu, punido com pena 
inferior a dois anos, era e é beneficiado com a substituição ou suspensão da pena. E, nesta hipótese, 
corretamente, não cabe o livramento, porque ele não está preso. Há exceções, e o caso presente é uma delas. 
Aplicando-se literalmente o dispositivo citado, cria-se uma situação surrealista. O agravado, porque foi 
condenado a uma pena de um ano e dois meses em regime semiaberto, passando a cumpri-la em presídio, o fará 
por inteiro dentro do estabelecimento prisional. Já outro, cometendo um crime mais grave e recebendo uma 
punição maior, ganhará o benefício e poderá deixar a cadeia em menos prazo que o caso anterior. Isso afronta 
não só o bom senso, como as disposições da Constituição e do próprio Código Penal. Ainda mais nos dias de hoje 
que, ao arrepio da legislação vigente, está se concedendo prisão domiciliar a apenados no regime aberto e no 
semiaberto. DECISÃO: Agravo ministerial desprovido. Unânime. (Agravo Nº 70077615912,... Primeira Câmara 
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio Baptista Neto, Julgado em 20/06/2018). Encontrado em: 
Primeira Câmara Criminal Diário da Justiça do dia 18/07/2018 - 18/7/2018 Agravo AGV 70077615912 RS (TJ-RS) 
Sylvio Baptista Neto. 
 
Feitas essas críticas, vamos analisar com calma os requisitos subjetivos. 
 
Eles estão previstos no art. 83, incisos III e IV do Código Penal. 
 
II – comprovado: a) bom comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos 
últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria 
subsistência mediante trabalho honesto; 
 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; 
 
Na verdade, o que seria “bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído”? Mais um conceito jurídico 
indeterminado. E mais: o que seria trabalho “honesto”? Trabalho informal é honesto? Na minha visão é, mas para 
o diretor do estabelecimento, será que sim? O legislador teve a chance de corrigir esse inciso com a Lei nº 
13.964/2019 (Pacote Anticrime), mas preferiu não o fazer. 
 
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EXECUÇÃO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/PB 
Outro detalhe bastante importante é a fração para o requisito objetivo nos crimes hediondos e 
equiparados, vejam o inciso V do art. 83 do Código Penal: 
 
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico 
em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “O livramento condicional exige o cumprimento de três quintos de pena para o 
condenado reincidente em crime hediondo”.31 
 
Percebam, portanto, que a fração é de + de 2/3. Reparem que sempre há um + na frente, em todas as 
frações. Outro detalhe: o reincidente tem direito ao livramento condicional? A resposta é positiva, desde que não 
seja reincidente específico. 
 
Ainda há um requisito (o mais estranho de todos), que está no § único do art. 83 do CP: 
 
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a 
concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que 
o liberado não voltará a delinquir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Mais uma vez, o nosso legislador exige um exame de futurologia. É um requisito totalmente subjetivo e 
impossível. Tem viés claramente herdado do positivismo criminológico e que deve ser duramente criticado, 
sobretudo por nós. 
 
Uma segunda hipótese de vedação ao livramento condicional decorre do art. 2º, § 9º, da Lei nº 
12.850/2013, incluído pela Lei nº 13.964/2019, em que o condenado expressamente em sentença por integrar 
organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime 
de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos 
probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo”. Ou seja, a manutenção do vínculo com 
organização criminosa, tendo a vinculação sido expressamente reconhecida em sentença, também seria causa de 
impedimento à obtenção da progressão e do livramento. 
 
CAUSAS DE REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO 
 
Agora, vamos para um ponto crucial do livramento, que é a sua revogação. Afinal, quando ele poderá ser 
revogado? Vejam o art. 86 do Código Penal: 
 
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença 
irrecorrível: 
I - por crime cometido durante a vigência do benefício; 
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. 
 
Alguns comentários precisam ser feitos. 
 
Para que o juiz revogue o livramento condicional obrigatoriamente (causa de revogação obrigatória), o 
liberado precisa ser condenado à pena privativa de liberdade com trânsito em julgado. Então se o liberado pratica 
um crime durante

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