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Resumo de Direito Civil III - 3º bimestre

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Contrato de prestação de serviços (art. 593 a 609)
- O Código Civil trata da prestação de serviço de forma residual em relação às leis especiais que tratam diferentemente do assunto, sendo as principais: O CDC e a CLT. 
	O CLT cuida do contrato individual de trabalho, compondo este aquele no qual há um vínculo empregatício empregado-empregador que se caracteriza por: 
a) Subordinação hierárquica; 
b) Dependência econômica (salário percebido de acordo com a classe do trabalhador); 
c) Continuidade. 
Características da prestação de serviço afeta ao CC
- No contrato de prestação civil de serviços, o prestador é autônomo em dois sentidos: 
a) Em relação a sua atividade, não se subordina hierarquicamente a ninguém, prestando serviço por conta, não possuindo vínculos com um contratante só. 
b) O pagamento referente ao serviços prestados é livremente pactuado pelas partes, não ficando estas vinculadas a piso salarial de qualquer natureza, tal qual ocorre nas relações de trabalho adeptas à CLT. 
Nomenclatura relacionada à matéria
a) Prestador de serviços: É aquele que realiza um serviço almejando uma remuneração equivalente. 
b) Comitente: É aquele que contrata os serviços do prestador e, por tal, se obriga a pagar a remuneração. 
c) locatio rerum = locação de coisas (já foi estudada); 
d) locatio operis = empreitada; 
e) locatio operara = prestação de serviços; 
Objetivos da prestação de serviços
Diz-se que, em regra, o contrato de prestação de serviços é animado por uma obrigação de meio (bastando a parte, para se exonerar da obrigação, ser diligente e fazer tudo aquilo que está compreendido no conceito da boa e adequada execução do que se pretende, não se exigindo a assunção de nenhum resultado em específico). Todavia, logo se vê que tal regra geral não é absoluta, comportando inúmeras exceções nas quais tais contratos são animados por obrigações de resultado. Ex: Cirurgia plástica estética, implante dentário colocado por dentistas, etc. 
Características do contrato
- O contrato de prestação de serviços é bilateral em sua formação (vez que depende do encontro de dois ou mais núcleos de vontade distintos) e em seus efeitos (já que geral direitos e deveres para ambas as partes, oneroso, comutativo (vez que as prestações são bem definidas, não possuindo cunho aleatório), consensual (não requerendo a entrega de coisa alguma para que reste completo, diferentemente dos contratos reais), informal (não exigindo a lei, nenhuma forma específica para sua validade e eficácia, podendo, até mesmo, ser celebrado verbalmente), intuito persone ou personalíssimo (sendo feito com base na confiança mútua entre contratante e contratado, não sendo possível, desta forma, que qualquer um destes ceda sua parte no contrato sem consentimento prévio do outro; a característica personalíssima deste contrato determina, de igual forma, que, se não houver pactuação em diverso com os herdeiros do contratante, o contrato se extinguirá com a morte de uma das partes), típico (pois definido na lei), podendo ser instantâneo ou de prestações continuadas ou diferidas. 
Prazo
Dispõe o Código que o prazo para o contrato de prestação de serviços não pode ser superior a 04 anos (art. 598). Esta norma vem acompanhando a compilação civil desde o Código de 16, sendo que a época ela era justificada pela necessidade de se evitar que se consolidasse uma “escravidão convencional”. 
	Todavia, com o implemento do Código Civil de 2002 e, anteriormente, com o implemento da CLT, tem-se auferido um novo entendimento quanto à lógica do dispositivo, dizendo-se que ele busca coibir simulações que tenham por finalidade “mascarar” um contrato de trabalho afeto à legislação especial trabalhista (CLT). Neste caso, conforme disposto no artigo 167 do CC, é nulo o contrato de prestação de serviços (simulado), subsistindo, se válido quanto ao objeto, a forma, etc., o contrato de trabalho (dissimulado). 
Pagamento
O pagamento, em regra, será efetuado após a conclusão do serviço, sendo lícito, entretanto, que as partes pactuem de forma diversa. 
Rompimento do contrato de prestação de serviços
Conforme disposto no artigo 599 do CC, acaso o contrato seja celebrado sem prazo determinado e este não possa ser auferido com base na natureza do contrato ou nos costumes do lugar, qualquer das partes pode, a seu arbítrio, mediante aviso prévio, resolver o contrato, desde que observados os prazos instituídos pelo parágrafo único deste artigo, quais sejam: 
a) O aviso prévio deverá ser dado com a antecedência de 08 dias se o salário se houver fixado por tempo de 01 mês ou mais; 
b) O aviso prévio deverá ser dado com a antecedência de 04 dias se o salário se tiver ajustado por semana ou quinzena; 
c) De véspera, quando se tenha contratado por menos de 07 dias. 
	Tais prazos demonstram a diferença de tratamento dado ao trabalho afeto à CLT, para o qual o aviso prévio deve ser com 30 dias de antecedência. 
	Dr. Thalles pensa que se deve combinar o disposto neste artigo 599 com o conteúdo do artigo 603 que determina que “se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte será obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal do contrato”. Todavia, eu, na minha humilde condição de estudante, penso que o artigo 599, ao tratar da resilição unilateral, permite a denúncia vazia (desmotivada do contrato), compondo esta justa causa suficiente que não enseja a imposição no disposto no artigo 603, que se aplicaria, tão somente, aos casos em que o contrato de prestação de serviços foi celebrado por tempo determinado. 
* Observação: Quando o contrato for celebrado verbalmente e não houverem outros meios de prova, adotar-se-á o disposto nos artigos 277 do CC e 401 do CPC, que determinam que a prova exclusivamente será admitida nos contratos cujo valor não exceda ao décuplo do maior salário mínimo do país. 
Comentário acerca da competência da Justiça Estadual e da Justiça do Trabalho
- Antes da Emenda Constitucional n° 45, a Justiça do Trabalho cuidava somente das ações estritamente referentes às relações de trabalho com vínculo empregatício. Todavia, após a referida emenda, delegou-se a esta Justiça a competência para julgar todas as causas que se relacionarem com tal relação (inclusive as indenizatórias que antes eram da Justiça Estadual) e, de igual forma, todas as questões relativas à prestação de serviços. 
	Após tal emenda, destarte, surgiram duas correntes jurisprudenciais distintas: 
1ª – Toda relação de trabalho sem vínculo empregatício tal qual a prestação de serviço é atribuição da Justiça Estadual; 
2ª – Todo contrato de trabalho, independentemente da presença ou não do vínculo supracitado, é afeto à Justiça do Trabalho. 
- Esta segunda corrente jurisprudencial tem sido a mais aceita e a que, desta forma, tende a vingar. Todavia, nos dias de hoje, tal questão ainda resta em aberto. 
Serviço prestado por pessoa sem habilitação
Trata-se o artigo 606 de uma positivação da jurisprudência que surgiu quando da análise dos contratos de corretagem que, frente ao CC de 16, diferentemente do que ocorre no Novo Código, eram atípicos. 
	À época, surgiram diversas ações pelas quais os corretores buscavam cobrar em juízo a porcentagem que lhe cabia da venda em que intervieram, sendo estas contestadas com base no fato de que tais corretores não tinham habilitação alguma. A jurisprudência, a aquele tempo, entendia que o pagamento era devido. 
	O Novel Código, adotando entendimento pouco diverso, definiu que quem não tem título necessário a tal não pode exercer a profissão (quando esta o exige). Todavia, algumas atividades exercidas em contrariedade a esta disposição tem de ser indenizadas por particularidades que apresentam no caso concreto, desde que eivadas da boa-fé. Ex: Médico, desconhecendo do fato de que seu diploma foi cassado, pois a faculdade onde cursou a Medicina estavacheia de irregularidades, prestou serviços com boa-fé a diversos pacientes, devendo, pelo disposto na segunda parte do artigo 606, receber por estes. 
Extinção do contrato de prestação civil de serviços
- O contrato de prestação de serviços se extingue pelo cumprimento da obrigação de fazer e da obrigação de dar que o animam. Extingue-se, de igual forma, pela resolução, seja por inexecução voluntária ou involuntária como por onerosidade excessiva, pela resilição, seja unilateral (exercício de um direito potestativo) como bilateral (distrato) e pela morte do agente, vez se tratar este de um contrato intuito persone. 
Aliciamento de mão de obra
- O artigo 608 trata dos casos em que alguém “toma” o prestador já contratado, por escrito, por outra pessoa, dispondo que o aliciador (quem assim procede) deverá pagar o correspondente ao que o primeiro comitente pagaria ao prestador pelo período de 02 anos. 
Alienação do prédio rústico (rural) e prestação de serviços
-Dispõe o artigo 609 que a alienação do prédio rural não implica na rescisão do contrato de prestação de serviços naquele imóvel, sendo livre ao prestador escolher continuar com ele em relação ao alienante (primitivo contratante) ou ao adquirente. 
Contrato de empreitada (locatio operis – locação de obra)
Diferenças entre o contrato de prestação de serviços e o de empreitada
- Em primeiro, há de se analisar que no contrato de prestação de serviços há certa subordinação entre o comitente, que fiscaliza o trabalho, e o prestador, que o executa, enquanto que na empreitada as partes contratantes são autônomas. Em segundo, tem-se que, em regra, o contrato de prestação de serviços será animado por uma obrigação de meio, enquanto que a empreitada o é por uma obrigação de resultado. Deve-se levar em conta ainda que na prestação de serviços, é o comitente que responde pelos riscos da coisa a que se pretende produzir, enquanto que na empreitada, por se tratar de uma obrigação de resultado, os riscos correm por conta do empreiteiro. 
Partes contratantes
-São denominadas as partes no contrato de empreitada: 
a) Dono da obra, tomador ou comitente: Corresponde àquele que toma os serviços do empreiteiro para ver realizada determinada obra desejada. 
b) Empreiteiro: Que organiza a feitura da obra desejada pela dono da obra, não sendo necessário que ele proceda a ela pessoalmente, a não ser que o contrato tenha sido celebrado no intuito persone (exceção à natureza do contrato que não é pessoal). 
Características
a) Bilateral: É um contrato bilateral, pois pressupõe prestações recíprocas e distintas provenientes das partes; 
b) Oneroso: Pois cada uma das partes recebe determinada vantagem mediante uma contraprestação; 
c) Comutativo: Pois as partes sabem com antecedência qual é a prestação que lhes cumpre, possuindo entre tais prestações um equilíbrio ainda que subjetivo; 
d) Consensual: Pois basta a expressão volitiva para que ele se aperfeiçoe, não sendo requerida forma especial ou qualquer ato tal qual a entrega da coisa; 
e) Execução continuada ou instantânea: Dependendo, para tal classificação, da magnitude do negócio; 
f) Típico: Pois legalmente definido
g) Não-pessoal: Trata-se de um contrato que, em regra, não é contratado no intuito persone, podendo, todavia, tal ser convencionado pelas partes. 
Espécies de empreitada
- Dispõe o artigo 610 do CC: “O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com o seu trabalho ou com ele e os materiais”. Desta forma, temos que o artigo em questão institui duas espécies distintas de empreitada, quais sejam: 
1ª – Empreitada de lavor (do latim labor, que significa mão de obra): Trata-se daquela na qual o empreiteiro ingressa somente com os seus serviços; 
2ª – Empreitada mista: trata-se daquela na qual, além da mão de obra, o empreiteiro oferece os materiais necessários à realização da obra. Ex: Chaveiro que vai instalar a fechadura que ele mesmo comercializa. Conforme disposto no §1º, a obrigação de fornecer os materiais não se presume, mas sim resulta da lei ou da vontade das partes. 
	Uma vez instituídas as espécies de empreitada, temos, como seus efeitos: 
a) Na empreitada de lavor, é para o dono da obra que correm todos os riscos de perda e de deterioração, desde que não tenha o empreiteiro agido com culpa (lato senso); 
b) Na empreitada mista, os riscos acima aludidos correm por conta do empreiteiro, desde que o dono da obra não esteja em mora de receber; 
	Institui ainda o artigo 613 do CC que, acaso na empreitada de lavor, se a coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono da obra nem culpa do empreiteiro, este (empreiteiro) perderá a retribuição se não provar que a perda resultou de defeitos dos materiais e que em tempo reclamara da sua qualidade ou quantidade (Se o dono comprou material ruim ele tem o dever de avisar). Neste caso, tem-se que o empreiteiro é presumivelmente culpado (tratando-se esta, todavia, como o próprio artigo institui já que abre a possibilidade de prova de que os materiais estavam defeituosos, de uma presunção juris tantum). 
Indivisibilidade da empreitada
- Diz-se que, em regra, a empreitada é indivisível. Assim sendo, não se pode exonerar de um contrato desta natureza tendo realizado apenas parte da obra. Todavia, o artigo 614 nos dá a ideia de divisibilidade da empreitada, instituindo que a obra poderá ser feita por partes distintas. Contudo, o que se observa é que, neste caso, contratos indivisíveis e autônomos serão celebrados com cada um dos empreiteiros, que poderão receber de acordo com aquilo que foi executado ou de acordo com as medidas da obra realizada. Ex: Casa está em péssimo estado de conservação e empreiteiro, em princípio, é contratado para fazer o reboco de um cômodo, sendo que os demais seriam consertados em momento futuro. Neste caso poderá cobrar pelo cômodo ou pela metragem daquilo que foi realizado, e não deixar para receber tudo quando a casa inteira estiver arrumada. 
Verificação
-Institui o §1º do artigo 614 que “tudo o que se pagou presume-se verificado”, competindo, desta forma, ao dono da obra, verificar ao fim do trabalho do empreiteiro, se aquilo que lhe foi entregue corresponde em qualidade, quantidade e medida com aquilo que foi contratado. 
	Quanto a este assunto, ainda institui o §2º que aquilo que foi medido será presumido verificado se após 30 dias da medição não forem denunciados vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem lhe fizer às vezes na fiscalização. 
Obrigatoriedade no recebimento da obra
- Determina o artigo 615 que somente será lícito ao dono da obra se negar a recebê-la, quando pronta, quando o empreiteiro houver se afastado das instruções recebidas e dos planos dados ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza. Desta forma, acaso a obra tenha sido concluída de acordo com o ajuste ou os costumes do local, acaso o dono da obra se recuse a recebê-la sem justo motivo, poderá o empreiteiro proceder ao depósito judicial desta, impedindo que se dê sua mora, e fazendo com que os riscos da coisa corram por conta daquele. 
	Tem-se, desta forma, que o documento que comprove o efetivo recebimento da obra é de suma importância. 
Posição do projetista frente à obra
- Está expressamente disposto que, o contrato de empreitada, quando tem por objeto a feitura de um plano ou uma planta de construção, não obriga o projetista a executá-la ou mesmo fiscalizar-lhe a execução. (art. 610 §2º) 
Ação quanti minoris
- Determina o artigo 616 que, no caso em que o empreiteiro tenha se desviado do projeto ou das regras técnicas para o serviço, será lícito não só que o credor (dono da obra) se negue a recebê-la, mas como, de igual forma, que ele aceite recebê-la com abatimento proporcional do preço. Trata-se este de um instituto que muito se aproxima aos vícios redibitórios. 
Empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis
- Indica o artigo 618 que no caso de edifícios ou outras construçõesconsideráveis (evidenciando que o contrato de empreitada pode se dar quanto a obras de pequeno porte), quando a empreitada for mista (fornece os materiais e o serviço), o empreiteiro responderá pelo prazo irredutível de 05 anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. 
	A doutrina é pacífica em instituir que tal prazo é de garantia. Desta forma, depois de transcrito este é que se inicia a contagem do prazo para eventuais ações. Ex: 03 anos no campo da responsabilidade civil, 10 anos no campo da rescisão ou revisão contratual, etc. 
	Todavia, ainda no que concerne a tal prazo de garantia, o parágrafo único do dispositivo institui que decai no direito de reclamar do vício, o dono da obra que não o fizer-lo, dentro dos 05 anos, em 180 dias após a aparição do defeito. Quanto a esta questão, posição doutrinária que se mostra mais adequada ao princípio da equidade determina que para cada vício que venha a aparecer, um prazo distinto de 180 dias haverá, desde que dentro do prazo de garantia. 
	Ainda sobre este assunto, corrente doutrinária majoritária tem entendido que a norma do caput assomada à do parágrafo único geraria uma contradição (contraditio in terminis). Para sanar tal questão, adota-se o entendimento de que, conforme determina o próprio dispositivo, o prazo de garantia seria destinado às obras de grande porte e edifícios, enquanto que o parágrafo único seria aplicável às obras de menor porte tais qual a pintura, os ladrilhos, etc. (matéria de prova)
	Quanto ao solo, há posição doutrinária que indica que quando as condições destes forem desfavoráveis à construção, deverá o empreiteiro se negar a realizar a obra, ou, se resolver fazê-lo, celebrar compromisso com o dono da obra pelo qual ele reconhece as condições adversas e assume todos os riscos delas resultantes. 
Aplicação do CDC
- É importante ressalvar que o contrato de empreitada pode (nem sempre) compor uma relação de consumo. Neste caso, aplicar-se-á a ele o disposto na legislação especial, qual seja, o CDC. 
Quanto ao preço
- Têm-se, quanto ao preço, algumas espécies distintas do contrato de empreitada, sendo elas: 
1ª – Empreitada de preço fixo ou fechado: É aquela no qual o preço previamente estipulado não pode ser alterado, ainda que o empreiteiro tenha feito modificações no plano que recebeu, a não ser que tais modificações tenham sido indicadas por escrito pelo dono da obra. 
	Há de se analisar, todavia, que é perfeitamente possível que se aplique a este caso a cláusula rebus sic stantibus (teoria da imprevisão) se, nos termos do Código Civil, houver onerosidade excessiva para uma das partes caracterizada pela lucro desarrazoado da outra motivado por acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. 
2º - Empreitada de preço variável: É aquela na qual se estabelece um índice de variação (em regra o Sindicon, que é voltado para a construção civil) que determinará o preço quando do adimplemento. Comporá, de igual forma, uma empreitada de preço variável acaso o preço seja estabelecido, oportunamente, de acordo com o mercado. 
3ª – Empreitada de preço de custo: Haverá empreitada de preço de custo quando o pagamento efetuado pelo dono da obra tem o escopo apenas de reembolsar o empreiteiro em seus gastos com mão de obra, materiais se for o caso, etc. 
4ª – Empreitada de administração: Ocorre quando cumpre simplesmente ao empreiteiro administrar a obra, não recebendo nada por isso. 
Acréscimos ao plano
- Conforme disposto no artigo 619, o empreiteiro não terá direito a acréscimo do preço por modificações que tenha realizado no plano para o qual ele foi contratado para executar, a não ser que estas tenham se dado por expressa determinação do dono da obra. 
	Todavia, quanto a isto, o parágrafo único do mesmo dispositivo determina que, ainda que não tenha havido tal autorização escrita, o dono da obra fica obrigado a indenizar, se sempre presente à obra não podia ignorar os acréscimos e nunca protestou. 
Alterações no projeto
- Institui o artigo 621 a necessidade de autorização para modificações, a menos que sejam de pouca monta, no projeto do projetista, a não ser que fique comprovada a inconveniência ou a onerosidade excessiva de execução na forma originária. 
Suspensão da obra
- Tanto o dono da obra quanto o empreiteiro podem, em situações especialíssimas, suspendê-la. Sendo que se dará: 
a) A suspensão pelo dono da obra (art. 623): Desde que este pague ao empreiteiro as despesas e os lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganhado se concluída a obra. 
b) A suspensão pelo empreiteiro: O artigo 624 institui que se o empreiteiro suspender a obra sem justa causa responderá pelas perdas e danos, instituindo o artigo 625 as hipóteses em que poderá fazê-lo: 
I – Por culpa do dono ou por motivo de força maior; 
II – “quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços”; 
III – “Se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo do preço; 
Contrato impessoal
- O artigo 626 expressa a impessoalidade do contrato de empreitada, instituindo que este não se extingue com a morte de qualquer das partes, a não ser que, excepcionalmente, ele tenha sido contratado no intuito persone. 
Responsabilidade na empreitada
- Quanto à responsabilidade do construtor na empreitada, buscam-se as normas da responsabilidade civil constantes do próprio Código, determinando o artigo 927: “aquele que por ato ilícito (186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a reparar”. Determina ainda o parágrafo único do mesmo dispositivo que: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. 
	Destarte, o Código Civil, ao adotar a teoria do risco-atividade no parágrafo único o 927, gerou para o construtor (cuja atividade obviamente gera riscos para os direitos tanto do dono da obra quando de terceiros – Ex: pessoa que passa ao lado da construção e leva um tijolo na jaca.) a responsabilidade civil objetiva, ou seja, independente de culpa. 
	Pode ser ainda que a empreitada corresponda a uma relação de consumo, a qual, como bem se sabe, aplica-se o disposto no Código de Defesa do Consumidor. Neste caso, o artigo 27 deste institui prazo prescricional de 05 anos para a reparação do dano causado por fato do produto ou serviço, iniciando a contagem deste a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. O artigo 17 do mesmo estatuto dispõe ainda sobre o “consumidor por equiparação”, os quais terão os mesmos direitos que os consumidores no que diz respeito à cobrança dos danos ocasionados pelo fato do produto ou do serviço. 
Incorporação imobiliária (lei 4591/64) 
Conceito
- O artigo 28, parágrafo único, da lei supramencionada nos fornece um conceito de incorporação imobiliária dispondo: “Para efeito desta lei, considera-se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações, ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas” Ex: Apartamentos da CV Lopes. 
	Destarte, observa-se que a finalidade da construção é a alienação de unidades autônomas que, todavia, não excluem o caráter condominial do imóvel como um todo (condomínio horizontal). Todavia, tem-se, conforme menciona o próprio artigo 4º desta lei, que se trata este de um condomínio distinto dos demais, já que “a alienação de cada unidade, a transferênciade direitos pertinentes à sua aquisição e a constituição de direitos reais sobre ela independerão do consentimento dos condôminos”. 
Incorporador
- Dispõe o artigo 29 da lei “Considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que, embora não efetuado a construção (em regra, já que há casos em que o incorporador e o construtor, ou até mesmo o dono do imóvel, são a mesma pessoa), compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas, em edificações a serem construídas ou em construção sob regime condominial, ou que meramente aceita propostas para efetivação de tais transações, coordenando e levando a termo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições, das obras concluídas”. 
	Tem-se, desta forma, que cumpre ao incorporador alienar partes ideais do imóvel (e não um pedaço concreto fisicamente observado), sendo este “considerado quanto a sua existência mas não quanto a sua concretude”, com a finalidade de vincular tal parte ideal do imóvel a uma unidade autônoma de uma edificação, ou mesmo a uma edificação autônoma, que será posteriormente construída. Ex: Venda de apartamento em edifício que ainda está por construir. 
Requisitos indispensáveis para que o incorporador proceda à alienação
- O artigo 32 institui os documentos a serem arquivados no cartório do Registro de Imóveis (CRIA) antes que o incorporador possa proceder à alienação das unidades autônomas a serem edificadas. Acaso proceda a tal alienação antes de realizar tais arquivamentos, poderá, inclusive, ter sua conduta adequada ao tipo penal do estelionato, arcando com as sanções que lhe são inerentes. 
Forma de pagamento
- Em regra (pode ser pactuado de forma diversa), o pagamento realizado pelos adquirentes das unidades autônomas futuras não é feito por preço fechado (tantas parcelas de tantos reais), mas sim conforme as variações mercadológicas, vez que o incorporador vai repassado ao construtor os valores. 
Responsabilidade frente aos adquirentes
- Antigamente, complicada questão surgia quando de ação impetrada pelo adquirente da unidade autônoma, sendo que o dono do imóvel, o construtor e o incorporador buscavam se eximir de suas responsabilidades, cada um a sua maneira. O entendimento jurisprudencial que tem vingado, desta forma, nos dias de hoje, é o de que eles serão solidários. 
Patrimônio de afetação
- A lei institui, no artigo 31-A, a hipótese de ser constituído, pelo incorporador, um patrimônio de afetação que responderia como garantia às obrigações constituídas com os adquirentes das unidades autônomas (Ex: tantos lotes daquele loteamento não serão, em princípio, vendidos, pois estão separados como garantia). O que se observa, é que tal faculdade deveria compor, na realidade, uma obrigação. 
Empréstimo
Conceito
- Tem-se por empréstimo o contrato animado por uma obrigação de entrega e uma subseqüente obrigação de restituição. Observa-se que tal contrato se divide em dois tipos distintos, quais sejam o mútuo e o comodato. 
Comodato (cômodo = benefício; benefício dado). 
- Trata-se de um empréstimo gratuito de um bem infungível (móvel ou imóvel), ou seja, que não pode ser substituído por um congênere e que, em regra (apesar de comportar exceções) é um bem não consumível ou durável. 
	Trata-se este, diferentemente do depósito, de um empréstimo de uso, vez que objetiva que o comodatário use, conserve e devolva o bem, enquanto que no depósito, em regra, o uso do bem é vedado. 
	Diz-se que é um contrato bilateral em sua formação mas unilateral quanto a seus efeitos, uma vez que resulta em obrigações somente para uma das partes (porque gratuito), qual seja, neste caso, o comodatário (e não o comodante, embora seja ele quem seja privado da posse direta do bem), que fia obrigado a usar o bem para o fim presumido ou contratado, fica obrigado à sua conservação e fica ainda obrigado a devolvê-lo quando do fim do contrato. 
	Trata-se de um contrato real (e não consensual), vez que depende, para se apereiçoar, além da expressão volitiva válida das partes, da efetiva entrega do bem. 
	É um contrato temporário, vez que o bem dado deve ser restituído quando requerido pelo comodante (sem prazo) ou quando do término do prazo pactuado. 
	É um contrato intuito persone, já que é celebrado com base na confiança entre as partes. 
	É um contrato típico, vez que previsto e regulado pela lei. 
	É um contrato que admite a execução continuada, pois as obrigações do comodatário (conservação do bem, etc.) se alongam pelo período em que este estiver na posse do bem. 
	Há de se levar em conta que, apesar de gratuito, pode ser que o comodato seja gravado de um modo (encargo) não perdendo ele, todavia, o seu caráter de gratuidade. Ex: Comodante contrata com comodatário que este deverá consertar um muro da residência que se empresta. Quanto a este encargo é importante observar que não pode constituir onerosidade excessiva ao comodatário, ou ficará caracterizado um contrato de locação. 
Perigo no comodato
- Acaso, no curso de um comodato, o bem emprestado sofra perigo, deverá o comodatário prezar por ele em prejuízo dos seus. Ex: Incêndio. Cumpre ao comodatário socorrer, em primeiro, a TV que lhe foi dada em comodato. Tal determinação decorre da necessidade do comodatário tratar o bem como se seu fosse. 
Questão da fungibilidade no empréstimo
- É possível, embora em primeira vista o bem pareça ser fungível (substituível por um congênere), que se o convole em infungível pela via contratual ou mesmo pelas circunstâncias do negócio. Ex: Garrafa de vinho que, embora se mostre, em princípio, consumível e fungível, pode ser feita infungível pela via contratual ou pelo fato de ser uma garrafa de vinho raríssima, emprestada para fim único de exposição (sendo denominado, nesta hipótese em específico, de bem infungível ad popam ostentationem – Para ostentação). 
	Desta forma, sempre em que um bem, em princípio fungível, for emprestado com o intuito de ser devolvido em momento futuro, ter-se-á, na verdade, um bem infungível. 
Solidariedade no comodato
- Sempre em que houver mais de um comodatário eles serão, em regra, solidários. 
Extinção do comodato
1º - Devolução da coisa; 
- Acaso a coisa não seja devolvida, quando do termo final quando houver prazo determinado ou após a notificação quando o comodato se dá por prazo indeterminado, é permitido ao comodante, em 30 dias, ingressar com ação de reintegração da posse. Diz-se que a parte se valerá de tal expediente processual pois, como bem se sabe, através do comodato transfere-se a posse direta do bem (uso e gozo) mas não o domínio (propriedade). 
Mútuo
- Trata-se o mútuo, diferentemente do comodato, de empréstimo de coisa fungível (pode ser substituída por uma congênere). 
	Quanto a ele é importante ressalvar que ele poderá ser oneroso, apesar de gratuito em sua essência (oneroso = mútuo feneratício = empréstimo de dinheiro a juros).
	Trata-se de um contrato, em regra, intuito persone, vez que celebrado de acordo com a fidúcia que uma parte deposita na outra. Todavia, tal não se aplicará, por exemplo, nos contratos bancários. 
	Trata-se de um contrato típico, vez que definido e regulado pela norma.
	Trata-se de um contrato que enseja um consumo, já que, por ser o bem fungível e consumível, o mutuário passa, na realidade, a ser seu proprietário, vez que devolverá outro bem, ainda que congênere. Desta forma, enquanto o comodato é um empréstimo de uso, o mútuo é um empréstimo de consumo. 
Mútuo feito a menor
- Institui o artigo 588 que “o mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores”. Trata-se esta de uma norma geral, vez que, o artigo 589 lhe traz exceções, quais sejam: 
a) Se aquele, sob cuja guarda estiver o menor,ratificar (confirmar) o mútuo posteriormente ele passará a ser exigível; 
b) Se a pessoa sob cuja guarda está o menor estiver ausente e o menor contraiu o mútuo com a finalidade de se alimentar; 
c) “Se o menor tiver bens ganhos com seu trabalho. Mas em tal caso, a execução do credor não pode lhe ultrapassar as forças” (de tais bens); 
d) Se o empréstimo se reverteu em benefício do menor (Ex: comprou um remédio de que precisava, etc.). Neste caso, acaso o menor tenha usado mal o dinheiro, a divida será inexigível. 
e) Se o menor obteve o empréstimo maliciosamente (ex: menor se fez passar por maior para contrair o empréstimo). 
Mútuo Feneratício
- Corresponde ao empréstimo de dinheiro a juros. Tais juros podem ser de duas naturezas distintas, definidas pelo Código em seus artigos 591 e 406, sendo estas: 
a) Juros compensatórios (art. 591): Trata-se do rendimento do dinheiro, ou seja, do seu aluguel. São eles que estabelecem a lucratividade do empréstimo. 
	Quanto a tais juros, tem-se que o código de 16 não limitava a taxa pela qual ele poderia ser exercido. Desta forma, muitos foram os abusos na vigência de tal legislação, até que , em 1933, o Decreto 22.626/33 (lei da usura) veio e estabeleceu um máximo de 6% ao ano. Tal lei, de igual forma, impedia a capitalização dos juros (inserção do valor obtido pelos juros no capital para fins de cobrança, ou seja, juros sobre juros ou juros compostos). 
	Tal decreto era constantemente descumprido principalmente pelas instituições bancárias sob o argumento de que era preciso se obedecer às determinações do mercado (coeteris paribus). Destarte, surgiu a Lei da Reforma Bancária, que criou o Sistema Financeiro Nacional, que instituiu que a política de juros a ser trabalhada pelos bancos deveria obedecer ao disposto nas decisões do CMN (conselho monetário nacional) e não à taxa legal de juros, conforme confirmado pela Súmula 596 do STF. 
	Desta forma, diferenciou-se a cobrança de juros compensatórios praticada pelos particulares (que não podem, segundo o código, extrapolar a taxa de 1% ao mês) da praticada pelos bancos (que dependem dos limites instituídos pelo CMN, cuja aplicação cumpre ao BACEN). Qualquer descumprimento desta determinação pelos particulares, fatalmente, geraria a tipicidade de sua conduta como crime contra a economia popular, instituídos pela lei 1521/51. 
b) Juros moratórios: Correspondem a uma penalidade pelo atraso no pagamento. 
Forma de cobrança de juros no Novo Código
- Institui o artigo 591: “Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o artigo 406, permitida a capitalização anual”
	Neste sentido, dispõe o artigo 406: “quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional”
	Quanto a tal. tem-se que a taxa aplicada, para alguns doutrinadores, é a Selic (Sistema especial de liquidação e custódia de títulos da dívida pública), que já tem em si mesma a correção monetária e os juros. Já para outra corrente doutrinária, nestes casos vale-se do §1º do artigo 161 do CTN, que institui uma taxa de 12% ao ano. (esta corrente tende a vigorar)
	Ainda neste estudo, conforme o artigo 591, a capitalização (soma dos juros ao capital para fim de nova cobrança de juros) é anual. Todavia, tem entendido a jurisprudência que, se outra lei especial instituir prazo menor, este será válido, aceitando o STJ até mesmo a capitalização mensal. Ex: Nos contratos agrários a capitalização se dá de 6 em 6 meses.
Depósito (art. 627/652)
Conceito
-Trata-se o depósito de um contrato pelo qual um depositante entrega um bem móvel a outrem (depositário) para que ele o guarde, conserve e devolva quando o depositante requisitar ou ao termo final do prazo instituído. 
	Em primeiro, há de se ressalvar que não se pode confundir o contrato de depósito com a mera permissão de guarda, compondo esta uma situação na qual o depositário não fica sujeito aos deveres de guarda e conservação supramencionados, vigorando neste, de forma plena, o princípio do res perit domino. Ex: Vizinho pede ao outro para que possa guardar seu carro em sua garagem por uns dias. 
Objeto 
- Trata-se o objeto do contrato de depósito de um bem móvel, podendo este ser: 
a) Infungível: Corresponde ao chamado depósito regular; 
b) Fungível: Corresponde ao chamado depósito irregular. Diz-se que o depósito irregular se diferencia do mútuo pois este não é um contrato de consumo, ou seja, o depositário não assume a posse do bem com o escopo de consumi-lo, mas sim conservá-lo para seu legítimo proprietário. 
Características do depósito
- Diz-se, com base na tradição jurídica, que o contrato de deposito é, em regra, gratuito. Todavia, sempre em que o depósito for inerente à profissão de alguém (ex: bancário) ou for instituída, para ele, uma contraprestação pela via contratual, ter-se-á um contrato de depósito oneroso, que, na prática corresponde à grande maioria. Ex: Armazéns gerais, estacionamentos, hotéis (no que diz respeito às bagagens dos hóspedes, etc. 
	É um contrato unilateral se gratuito, vez que comporta deveres somente por parte do depositário, e bilateral se oneroso, caso em que comporta deveres para ambas as partes. 
	É um contrato comutativo, vez que as prestações são bem definidas e há um equilíbrio, ainda que subjetivo, entre elas. 
	Trata-se de um contrato intuito persone, devido ao elevado grau de confiança depositada no depositário que deverá velar pela boa manutenção do bem. 
	Trata-se de um contrato típico, pois definido e regulado pela legislação civil vigente. 
	Trata-se de um contrato temporário. 
	Trata-se de um contrato real, assim como o mútuo e o comodato, dependendo, desta forma, da entrega do bem para sua efetivação. 
Depósito de bens imóveis
- Apesar do depósito judicial ser admitido quanto a bens imóveis, a doutrina e a jurisprudência são pacíficas no entendimento de que tal depósito não corresponde àquele contrato regulado pelo Código Civil e que, por sua vez, somente se admite quanto a bens móveis. 
Formalidade do contrato de depósito
- Alguns doutrinadores atestam ser o contrato de depósito formal, vez que, conforme determinação expressa do artigo 646 do CC, este somente será provado por escrito. Outra corrente doutrinária, todavia, acredita que tal determinação nada tem a ver com a formação do contrato, sendo necessário o documento que o materialize com finalidade restritamente ad probationem. 
	Esta segunda corrente ainda se baseia na escala ponteana (de Pontes de Miranda) que determina que: 
1º - Para existência do contrato: 
a) Sujeitos; 
b) Objeto; 
c) Forma quando exigível; 
2º - Para a validade do contrato: 
a) Sujeito capaz e legitimado; 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
3º - Eficácia: 
a) Ausência de onerosidade excessiva; 
b) Etc. 
	
	Desta forma, esta corrente acredita estar o instrumento escrito, previsto no artigo 646, no plano da eficácia do contrato, ficando claro que sem ele o contrato existe e é válido. 
Classificação do depósito
- Trata-se esta de uma classificação quanto à manifestação de vontade, podendo, desta forma ser: 
a) Voluntário ou convencional: É aquele formado, contratualmente, pelo acordo de duas ou mais vontades; 
	Neste, o depositário não pode usar do bem depositado sem expressa autorização do depositário. Assim sendo, acaso o bem seja entregue lacrado, assim deverá ser devolvido, apesar de tal determinação ter sido relativizada, tamanho o grau de periculosidade dos dias atuais. 
	Quando há dois ou mais depositantes de bens divisíveis, estes deverão ser entregues, a cada um dos depositantes, em suas respectivas proporções, a não ser que o contrato tenha instituídoa solidariedade ativa (do credor). 
	Por ser um contrato celebrado com base na confiança (intuito persone), o bem depositado deverá ser entregue ao depositante quando este o reclamar, ainda que haja prazo diverso pré-estabelecido. Todavia, conforme disposto no artigo 633, o depositário não ficará obrigado à devolução do bem se: 
I – Tiver direito de retenção, nos termos do artigo 644. 
- Tal hipótese terá lugar quando de um depósito oneroso o depositante não arcar com a sua contraprestação ou, em um depósito gratuito, houverem sido necessários gastos indispensáveis à conservação do bem e aquele não quiser reembolsar o depositário quanto a estes. 
II – Se houver ordem judicial no sentido de que aquele bem está sob arresto, penhorado, seqüestrado ou embargado (bloqueado, restrito). Neste caso o depositário será notificado pelo Poder Judiciário. 
III – Se o depositário suspeitar, fundamentadamente, de que aquele bem foi adquirido dolosamente. Ex: José deixa veículo, sob depósito, no estacionamento de Matias que escuta no rádio notícia sobre veículo roubado com características idênticas àquele sob sua guarda. Neste caso, poderá reter a posse e notificar às autoridades. 
b) Necessário: É aquele que não emana diretamente da vontade das partes, subdividindo em: 
1º - Legal: Aquele advindo da lei; Ex: bens achados, bens de menores, bens penhorados, etc. 
2º - Miserável: Aquele decorrente de calamidades onde a vítima tem de deixar seus bens à guarda de outrem. Este depósito será sempre oneroso. 
3º - Hoteleiro: Trata-se daquele procedido pelos hotéis, pensões e outras instituições afins com relação às possessões de seus clientes. Tem-se que este depósito equipara-se ao legal (art. 649). 
	Pontes de Miranda, ao tratar sobre o depósito necessário hoteleiro, indicou que estarão sujeitos a esta natureza de depósito todos os estabelecimentos e serviços que se assemelharem ao hotel, tal qual o internato, o ônibus, a estalagem, o albergue, a escola, etc. 
Questão do artigo 636
- Institui o artigo 636: “O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira”. 
	Parece-me que o artigo trata dos casos em que o depositário possui seguro para as coisas que lhe são rotineiramente entregues em depósito (estacionamentos), sendo que, neste caso, acaso a coisa venha a se perder e seja restituída pelo seguro, a segunda coisa deve ser devolvida ao depositante, ainda que a primeira tenha se perdido por força maior, cumprindo ao depositário ceder-lhe, de igual forma, qualquer ação de que tenha direito contra terceiro que tenha ocasionado a perda da coisa. Ex: lucros cessantes. 
Morte do depositário
- Por ser este contrato celebrado no intuito persone, tem-se que com a morte do depositário, extingue-se o contrato de depósito. 
Incapacidade do depositário
- Tem-se que neste caso cumprirá ao curador legal velar pelo bom cumprimento do contrato de depósito. 
Responsabilidade civil do depositário
- Institui o artigo 642: “O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que valha a escusa, terá de prová-los”. 
	Quanto a esta disposição legal, cumpre-nos recordar que quanto a esta matéria, o código não mais divide entre caso fortuito e força maior, mas sim: 
a) Fortuito interno: É a força maior que acontece no âmbito da atividade da pessoa. Neste caso, pela teoria do risco-atividade, tem-se que a responsabilidade civil, aqui, será objetiva (art. 932, IV), independendo da prova da culpa. 
b) Fortuito externo: É a força maior ocorrida fora do âmbito da atividade do agente. Tem-se, portanto, que para fim de aplicação do dispositivo, somente o fortuito externo sentará o depositário pela responsabilidade. 
Cofres de banco
- Por haver casos em que o depositário (banco) desconhece o conteúdo do cofre locado, a doutrina surgiu com o seguinte questionamento: Trata-se este de um contrato de locação do cofre ou de um contrato de depósito? 
	A jurisprudência, in casu, tem entendido que poder-se-á provar o conteúdo do cofre por todos os meios permitidos por lei, auferindo-se, deste entendimento, que se trata este de um contrato de depósito. 
Mandato (653 a 692 do CC; 8906/94 – estatuto da OAB; e CPC) 
Histórico
- Tem-se que o mandato tem suas origens no direito romano antigo onde, na conclusão dos contratos tinha-se o costume pelo qual as partes se davam as mãos (manus datum), daí o seu nome mandato. 
Conceito
- O artigo 653 do CC nos dá um vago conceito do que seria o contrato de mandato dispondo: “Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato”. 
	Destarte, ter-se-á o mandato sempre em que a parte outorga poderes para que a outra aja em seu nome, na forma de representação. Desta forma, tem-se que a representação é o traço característico do mandato, devendo-se observar, todavia, que esta está presente, de igual forma, no âmbito legal (os representantes legais) e judicial (representante nomeado para atuar em juízo, tal qual o administrador judicial para a massa falida), e não só no contratual, que é o caso em análise. 
	Em suma, tem-se que o mandatário (aquele a quem se outorga procuração) representa, convencionalmente, o mandante (aquele que outorga a procuração) nos atos definidos no instrumento ou em todos aqueles que se fazem possíveis por intermédio do instituto da representação. 
Mandato, procuração e preposição
- Alguns autores alegam ser o mandato e a procuração expressões sinônimas que remetem ao mesmo significado: contrato pelo qual se estabelece uma representação convencional. 
	Todavia, na realidade, tem-se que há grandes diferenças entre estes dois que não se confundem, a saber: 
a) Mandato: Trata-se de um contrato bilateral em sua formação, vez que depende, para sua existência, do encontro de mais de um núcleo de vontade. Assim sendo, para que se forme o contrato de mandato, é imprescindível que o mandatário (aquele a quem se outorga os poderes de representação) aceite tal incumbência. 
b) Procuração: Trata-se de um ato unilateral em sua formação, vez que depende exclusivamente da vontade do mandante que o fornece. Uma vez que aquele a quem a procuração foi dirigida aceita a incumbência, ter-se-á, pela convergência das vontades, o contrato de mandato. 
* Em suma, o que se pode auferir de tal diferenciação é que a procuração nada mais é do que o instrumento do mandato, já que este, mesmo por ser um contrato (e, portanto bilateral em sua formação), é mais amplo, estabelecendo o que se pretende com tal delegação de poderes, fixando salários quando estes houverem, etc. 
Mandato e prestação de serviços
- Logo de pronto é possível de se perceber a patente semelhança do contrato de mandato com a outrora estudada prestação de serviços. Entretanto, é igualmente fácil perceber que ambos não se confundem, já que, enquanto na prestação de serviços o prestador se obriga a realizar, em nome próprio, serviço em favor do comitente, no mandato o mandatário se reveste de poderes investidos pelo mandante que o possibilita a agir em nome deste, dentro daquilo que for de seu interesse. 
Mandato sem representação
- Tem-se no direito estrangeiro a figura do mandato sem representação, no qual o mandatário, em exercício dos poderes que lhe foram outorgados pelo mandante, age em nome próprio. Diz-se que tal se assemelha à comissão, que é o contrato pelo qual o comitente transfere ao comissário poder para que este faça negócios por conta dos negócios do comitente, possuindo o comissário direito de ação contra os terceiros com quem contrata, enquanto que o comitente só tem ação contra o comissário, vez que não participou da relação jurídica surgida entre este e os terceiros. 
	Todavia, no direitobrasileiro fica claro que a base do mandato é a representação.
Lógica da representação
- A representação, base do contrato de mandato, tem por lógica a idéia de que alguém agirá em nome de outro e em benefício deste. 
Características do contrato de mandato
- Têm-se como características principais do contrato de mandato: 
a) Bilateral em sua formação, e por isso, contrato; 
b) Diz-se, por puro apego à tradição doutrinária, que o contrato de mandato é gratuito e, por isso, unilateral em seus efeitos (onerosidade apenas para o mandatário que tem de cumprir a incumbência que lhe é atribuída). Todavia, o que se tem observado na realidade é que a maioria esmagadora dos contratos de mandato são onerosos e, portanto, bilaterais quanto aos seus efeitos. Ex: Contrato de mandato celebrado com um advogado, etc. 
	Corrente doutrinária diversa, buscando pacificar tal entendimento, alega ser o mandato bilateral imperfeito, vez que a prestação inerente ao mandante representaria um modo (encargo) que não descaracterizaria a gratuidade do contrato. Todavia, Dr. Thalles não comunga deste entendimento, pensando ser o contrato de mandato, quando há uma contraprestação estipulada, oneroso. 
	É importante ressalvar ainda que, conforme disposto na própria legislação, quando a procuração (pela qual se estabelece o contrato de mandato) for outorgada a profissional, no âmbito de suas atuações profissionais, o mandato presumir-se-á oneroso. 
c) Trata-se de um contrato intuito persone, ou seja, celebrado com base na confiança existente entre as partes e, portanto, personalíssima (mas e o substabelecimento?), havendo o mandato ad judicia (para o foro) e ad negotia (para os negócios em geral); 
d) É um contrato consensual e informal, bastando, desta forma, tão somente o acordo de vontades, independendo de forma especial, já que a lei não a exige para sua existência. Destarte, poderá o contrato de mandato assumir, até mesmo, a forma verbal. Trata-se esta de mais uma diferença entre o contrato de mandato e a procuração, já que esta última somente poderá se dar por escrito. 
e) Pode ser de execução continuada ou diferida; 
f) Pode ser um contrato preparatório para outro contrato (mandato ad negotia); 
g) Temporário, ainda que não tenha sido especificado prazo. 
 
Espécies de mandato
1ª – Quanto ao campo de atuação: 
a) Mandato ad negotia: Trata-se do mandato contratado para os negócios em geral, desde os mais simples aos mais complexos. Ex: Mandato para que o representante celebre contrato em nome do representado. 
b) Mandato ad judicia (CPC artigos 37, 38; Lei 8906/94 – Estatuto da OAB, artigos 1º, 4º e 5º): Trata-se do mandato celebrado com fins de representação em juízo. 
2ª – Quanto à extensão dos poderes: 
a) Mandato especial: É aquele celebrado para fins de exercício de determinada atividade específica que não compõe mero ato de administração. O artigo 661 §1º institui alguns casos em que o mandato especial se fará necessário, não compondo, entretanto, rol taxativo, havendo outras hipóteses em que tal será necessário. 
b) Mandato em termos gerais: É aquele que confere poderes de administração, permitindo, desta forma, que o representante gerencie uma atividade em nome do mandatário. 
	A atuação do gerente (representante) deverá ser pautada pelas recomendações do contrato de mandato, não podendo ele extrapolar os seus poderes. 
	Para toda e qualquer atividade que não se enquadrar em mero ato de administração (ex: alienação), tem-se que, conforme o disposto no §1º do 661, o mandato especial será necessário. (Ex: Procuração com poderes especiais para que o advogado receba a citação). 
c) Mandato geral para os negócios do mandante: O mandato geral não se confunde com o mandato em termos gerais pois, enquanto este só diz respeito aos atos de administração, este diz respeito a estes e a todos os demais negócios do mandante, devendo tais negócios serem especificados no próprio instrumento. 
3º - Quanto ao número de procuradores: 
a) Singular: É quando, no mandato, há um único procurador (representante); 
b) Plural: É quando há mais de um procurador figurando no contrato de mandato, podendo ainda tal categoria ser subdivida em: 
b1 – Conjunto: É quando, havendo mais de um procurador, todos devem participar do ato para o qual foram instituídos. Ex: Mandato com 05 procuradores, os quais deverão assinar conjuntamente o ato para o qual foram contratados. 
b2 – Sucessivo: É quando, havendo mais de um procurador contratualmente definido, os demais somente figurarão no ato, sucessivamente, acaso o primeiro não possa fazê-lo, ou seja, os demais procuradores somente agirão, em certa ordem, na falta do procurador principal. 
b3 – Solidário: Trata-se da solidariedade na atuação dos procuradores, ou seja, no contrato solidário todos os procuradores podem agir em conjunto ou separadamente, sendo capazes, cada um deles, de praticar o ato por si só. 
b5 – Fracionário: Entre os vários procuradores, cada um é indicado para uma parte do que se propõe. 
Substabelecimento e seus efeitos (CC. Art. 667 e §§ 1º e 4º)
- Trata-se o substabelecimento da transferência dos poderes, conferidos ao mandatário pelo mandante através da procuração, a um outro procurador. Quanto a este assunto tem-se situações distintas: 
a) Proibição de substabelecer expressa na procuração: O §1º trata de tal proibição expressa dispondo que na eventualidade de haver cláusula de proibição de substabelecimento, acaso o mandatário substabeleça ainda assim, será responsabilizado pelos prejuízos ocorridos durante a gerência do substituto, ainda que provenientes do caso fortuito, a não ser que prove que tais prejuízos teriam ocorrido ainda que este não tivesse substabelecido. 
	O §3º trata, de igual forma, da proibição no substabelecimento. Há de se analisar, em primeiro, que embora somente este parágrafo disponha expressamente que a proibição constará da procuração, tem-se, no entender do Dr. Thalles, que tal se aplicará de igual forma ao §1º, já que, no seu entender, como o mandato pode ser verbal e a procuração não, tal cláusula tem de se fazer expressa, caso contrário considerar-se-á omissivo o contrato. Neste caso, tem-se que os atos praticados pelo substabelecido, sempre em que houver a referida proibição, não obrigarão ao mandante, salvo se houver posterior ratificação (confirmação) de tais atos que retroagirá à data do ato. 
b) Permissão expressa para substabelecer: O §2º, ao tratar da permissão expressa para o substabelecimento, dispõe que quando tal houver o mandatário somente responderá pelos danos causados pelo substabelecimento se tiver agido com culpa na escolha deste (culpa in eligendo) ou nas instruções dadas a ele. Tem-se que tais instruções serão constantes do mandato e não da procuração. 
c) Omissão, na procuração, quanto ao substabelecimento: Dispõe o caput do artigo 667 que o mandatário deverá ser diligente na execução daquilo que se propõe por meio do mandato, respondendo pelo prejuízo que causar por culpa sua ou daquele a quem substabeleceu, sem permissão (omissão na procuração), poderes que deveria exercer pessoalmente (Dr. Thalles é quem pensa que a expressão “falta de permissão”, constante do caput, significa omissão e não proibição). 
	Determina ainda o §4º que sendo omissa a procuração, acaso o procurador substabeleça, será responsável pelos danos causados culposamente pelo substabelecido. 
	
Extinção do mandato, sua revogabilidade e irrevogabilidade (CC. art. 682 a 691)
-Quanto à extinção do mandato o artigo 682 dispõe que tal se dará quando: 
I – Pela renúncia ou revogação; 
- Tratam-se estas de hipóteses de resilição unilateral, ou seja, extinção do contrato pela vontade de uma só das partes, compondo um direito potestativo, podendo, assim, ser ad nutum (renúncia = resilição por parte do mandatário; revogação = resilição por parte do mandante). 
	Tem-se no mandato a possibilidade da inserção de cláusula deirrevogabilidade, dispondo o artigo 683 que quando esta houver e ainda assim o mandante a revogar, responderá por perdas e danos. 
	Sobre este mesmo assunto, o artigo 684 trata do caso em que a clausula de irrevogabilidade quando houver negócio celebrado entre o mandante e o mandatário ou entre o mandatário e terceiro, sendo a revogação, neste caso, ineficaz (não entendi). 
	O artigo 685 trata do caso em que o mandato serve como “instrumento” ao autocontrato (art. 117), instituindo que neste caso, ainda que não haja cláusula de irrevogabilidade, o contrato assim o será, pois neste caso já há um negócio concluído entre o mandante e o mandatário, que somente será formalizado por intermédio dos poderes conferidos no mandato (acho que é isso que o artigo quer dizer). 
II – Pela morte ou interdição de uma das partes; 
- Conforme mencionado trata-se este de um contrato celebrado no intuito persone, ou seja, personalíssimo. Assim sendo, fica-nos óbvio que a morte ou a interdição prejudicam a existência do contrato. Todavia, o artigo 674 dispõe que “Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora”. 
	Destarte, neste caso, embora o contrato já esteja extinto, tal exceção legalmente estabelecida prolonga os seus efeitos, tendo-se que o efetivo “perigo na demora” deverá ser auferido no caso concreto. 
	Ainda sobre tal assunto, leciona o artigo 689 que os atos praticados pelo terceiro de boa-fé com o mandatário que desconhece da morte ou extinção do mandato por outro motivo, serão reputados válidos. Tem-se, por assim dizer, que a boa-fé contemplada pelo dispositivo é a boa-fé subjetiva (quanto às intenções do agente). 
	O artigo 690 trata do caso de morte do mandatário, dispondo que quando tal houver, os seus herdeiros, cientes do mandato, na pendência de negócio, deverão alertar o mandante e agir, em seu proveito, como as circunstâncias exigirem. (Trata-se de uma exceção ao princípio da relatividade que determina que os contratos vincularão somente às partes? perguntar para ele)
	O artigo 691 institui que neste caso os herdeiros deverão se limitar a tomar medidas conservatórias e, somente se houver urgência, concluir os negócios, valendo-se dos limites outrora impostos ao mandatário falecido. 
* Tratam-se estes de casos de prolongação do contrato após a morte de uma das partes. 
Efeitos da morte do mandante ou do mandatário (674, 689, 690 e 691)
Responsabilidade civil do advogado (art. 14 §4º do CDC) 
- Tem-se, conforme leciona o texto do CODECON, que a responsabilidade do advogado, como profissional liberal que é, somente se apurará mediante culpa (lato senso), compondo, destarte, exceção à regra do dispositivo que trata da responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços. 
	Parte da doutrina dispõe que tal culpa a que está vinculada a responsabilidade do advogado deverá ser gravíssima. Todavia, o que se tem é que na verdade é que aplica-se a máxima culpa et levíssima venit (a culpa ainda que levíssima obriga à indenização). 
	Tem-se que tal responsabilidade embasada na culpa teve seu início, segundo atesta Sergio Cavallieri, na França, quando do julgamento de um médico que, mediante culpa, cortou os dois braços do feto para proceder ao parto. Adotou-se, a partir daí, o princípio da La pert dúne chance (não se pode perder uma chance), sendo este estendido aos demais profissionais liberais, inclusive o advogado. Assim sendo, acaso haja uma chance, por exemplo, de modificar o resultado da demanda via recurso, não poderá o advogado deixar de se valer dela ou estará incorrendo em culpa e, conseqüentemente, ficará obrigado a indenizar.
Corretagem
- Segundo Dr. Thalles, este contrato tem muitas semelhanças com o mandato, contudo os dois não se confundem, já que o mandato compõe representação pessoal e efetiva, enquanto a corretagem, apesar de possuir um aspecto representativo, como contrato aleatório que é, gera obrigação de resultado, devendo o corretor atingir uma finalidade específica esperada pelo comitente, pouco importando, na falha na consecução de tais objetivos, se ele agiu com diligência. 
	Destarte, seria mais adequado que se caracterizasse o corretor como sendo um intermediador entre o comitente (aquele que contrata o seus serviços e o remunerará geralmente através de um porcentual pré-estabelecido sobre o valor da venda) e o terceiro. 
Espécies de corretagem	
Trata-se de um contrato típico no novel código, vez que sob o regime do código de 16, a única legislação que abordava o assunto era a constante do Código Comercial, que ainda assim somente trata da corretagem oficial. Desta forma, distingue-se desde logo duas modalidades distintas de corretagem, quais sejam: 
a) Corretagem oficial: Os corretores oficiais exercem uma função relativa a uma atividade publicamente autorizada e reconhecida, tais como os corretores de seguro, de valores mobiliários, mercadorias, etc. Tal natureza de corretagem é regulada, conforme acima aludido, pelo Código Comercial. 
b) Corretagem simples: É aquela de que trata o Código Civil, exercida pelos corretores livres. Chega-se a esta espécie de corretagem por exclusão, ou seja, todas aquelas que não se enquadrem na categoria de corretagem oficial fatalmente se enquadrarão aqui. Ex: Corretores de imóveis, automóveis, animais, etc. 
Características do contrato de corretagem
- Trata-se de um contrato aleatório, vez que o corretor somente fará jus a uma contraprestação acaso consiga efetivar o negócio para o qual foi contatado; Intuito persone, em regra, pois há casos em que o comitente sequer conhece o corretor, lhe concedendo a opção pelo seu bom nome na praça, etc.; De execução continuada; Bilateral; Oneroso; Preparatório, pois, no entender do Dr. Thalles, ele tem por finalidade precípua proporcionar um outro contrato a ser celebrado entre o comitente e terceiro. 
	Há de se levar em conta ainda que o contrato de corretagem, assim como ocorre na prestação de serviços e até mais do que nela (vez se tratar de um contrato aleatório), não produz qualquer vínculo entre o corretor ou o comitente no que concerne a sua atividade, procedendo o corretor ao que lhe compete da maneira como bem entender e achar conveniente, respeitados, obviamente, os limites da boa-fé, da moral, dos costumes e da legalidade. 
Opção e corretagem
- É comum, quando de um contrato de corretagem, que as partes contratem, de igual maneira, a opção, seja de maneira escrita ou de maneira verbal, tratando-se este de um pacto, unilateral até a aceitação do corretor, em que a ele é garantido o direito de preferência sobre a venda do imóvel por um determinado prazo, dentro das condições pré-estabelecidas. Após a aceitação, tem-se que tal opção comporá um contrato. 
Deveres do corretor
- Institui o artigo 723 que “o corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento dos negócios; Deve, ainda, sob pena de responder por perdas e danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores o do mais que possa influir nos resultados da incumbência”. 
Onerosidade do contrato de corretagem
- Conforme já mencionado, trata-se este de um contrato eminentemente oneroso, já que, na eventualidade do corretor atuar em um negócio sem almejar qualquer contraprestação por tal, ter-se-á uma “prestação de serviços gratuitos”, devendo tal ser expressamente pactuado, pois, como bem se viu no contrato de prestação de serviços, a gratuidade, nestes casos, não se presume, mas a onerosidade sim. 
Direito do corretor ao pagamento
- Fica-nos claro que se o corretor proporcionou o negócio, ainda que o comitente se arrependa deste em exercício de direito de arrependimento (arras penitenciais), terá de pagar a corretagem, nãopossuindo tal direito de arrependimento efeitos contra o corretor. 
	Deve ser analisado ainda que, acaso ele tenha aproximado as partes contratantes mas o comitente celebre, em má-fé presumida, o contrato autonomamente, deverá ainda assim pagar a prestação a que faz jus o corretor. 
	Institui ainda o artigo 726 que “Iniciada e concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; Mas se, por escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade”. 
	Tem-se anda que acaso o corretor seja despedido, ou seja, o contrato de corretagem seja rescindido, ainda assim, se o negócio é celebrado posteriormente por intermédio de sua anterior atuação, ele terá direito a receber. 
	Deve-se levar em conta ainda que acaso existam mais de um corretor, presumir-se-á que a corretagem será repartida entre eles se diverso não foi pactuado, ainda que um tenha agido mais ativamente do que outro.

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