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1 
 
 
 
 
 
TÓPICOS EM MICOLOGIA 
CLÍNICA 
 
MICOLOGIA CLÍNICA – ACL 5137 
 
CURSO DE FARMÁCIA 
 
 
 
 
 
 
PROF
a
 BERENICE PAGANI NAPPI 
 
PROF. JAIRO IVO DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
NOME: 
 
 
 
 
 2015-2 
 
 
2 
2 
 
 
ÍNDICE 
ASSUNTO: PÁGINA 
 
IMPORTÂNCIA MÉDICA DOS FUNGOS.................................................................... 03 
MORFOLOGIA DOS FUNGOS EM VIDA PARASITÁRIA E SAPROFÍTICA................... 06 
DERMATOFITOSES..................................................................................................................... 08 
PITIRÍASE VERSICOLOR.......................................................................................................... 10 
ERITRASMA.................................................................................................................................. 11 
TINHA NEGRA (TINEA NIGRA)............................................................................................... 12 
PIEDRAS......................................................................................................................................... 13 
TRICOBACTERIOSE................................................................................................................... 13 
CANDIDÍASES............................................................................................................................... 14 
MICOSES CAUSADAS POR FUNGOS OPORTUNISTAS...................................................... 16 
ESPOROTRICOSE........................................................................................................................ 19 
CROMOMICOSE (CROMOBLASTOMICOSE)...................................................................... 20 
MICETOMAS................................................................................................................................. 21 
CRIPTOCOCOSE.......................................................................................................................... 23 
PARACOCCIDIOIDOMICOSE................................................................................................... 25 
HISTOPLASMOSE........................................................................................................................ 26 
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS UTILIZADOS EM MICOLOGIA CLÍNICA...... 27 
COLHEITA DE MATERIAL BIOLÓGICO............................................................................... 27 
EXAME DIRETO........................................................................................................................... 28 
CULTIVO (SEMEADURA)........................................................................................................... 28 
MICROCULTIVO (CULTIVO EM LÂMINA)........................................................................... 28 
PRESERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE CULTURAS DE FUNGOS......................................... 29 
BIOSEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE MICOLOGIA CLÍNICA................................ 29 
SOLUÇÕES E MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS EM MICOLOGIA CLÍNICA.......... 30 
PROVAS ADICIONAIS E COMPLEMENTARES NA IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS... 34 
TESTE DE PERFURAÇÃO DE PELOS IN VITRO................................................................... 34 
MEIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DO GÊNERO Trichophyton...................... 34 
TESTE DA UREASE...................................................................................................................... 35 
MEIO PARA PROVA DE ASSIMILAÇÃO DE AÇÚCARES.................................................. 35 
MEIO BASE PARA FERMENTAÇÃO DE AÇÚCARES......................................................... 35 
CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE LEVEDURAS.............................. 37 
INDUÇÃO DE TUBO GERMINATIVO..................................................................................... 38 
INDUÇÃO DE CLAMIDOSPORO TERMINAL....................................................................... 38 
TESTES UTILIZADOS NA IDENTIFICAÇÃO DE ACTINOMICETOS.............................. 38 
PESQUISA DE FUNGOS ANEMÓFILOS NO AR.................................................................... 39 
MORFOLOGIA DE DERMATÓFITOS..................................................................................... 40 
MORFOLOGIA DE FUNGOS PATOGÊNICOS E ANEMÓFILOS....................................... 42 
GLOSSÁRIO................................................................................................................................... 50 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 52 
MICROMORFOLOGIA DE VIDA PARASITÁRIA DOS FUNGOS...................................... 53 
MACROMORFOLOGIA E MICROMORFOLOGIA DE VIDA SAPROFÍTICA DOS 
FUNGOS......................................................................................................................................... 
 
55 
 
 
 
3 
3 
IMPORTÂNCIA MÉDICA DOS FUNGOS 
 
 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
Micologia clínica é o ramo da microbiologia médica que estuda os fungos causadores de infecções (micoses) 
nos seres humanos. Por tradição, actinomicetos (bactérias filamentosas) patogênicos, e certas algas também são 
estudadas dentro da área de micologia. 
 
O que são fungos? 
 
Fungos são seres vivos com organização celular e DNA delimitado por dupla membrana, sendo, portanto, 
eucarióticos. São organismos micro ou macroscópicos, geralmente com quitina na sua parede celular. Apresentam 
células com mais de 1 µm de diâmetro. São aeróbicos e microaerófilos, geralmente necessitando de fontes orgânicas 
(C e N) para sua sobrevivência. No meio ambiente podem ser sapróbios ou patogênicos dependendo das condições e 
substrato em que se encontram. 
 
Os fungos pertencem ao Reino Fungi, que compreende cerca de 200.000 espécies. Destas, cerca de 150 a 200 
espécies causam infecções nos seres humanos e animais. 
 
O conhecimento básico de aspectos como morfologia, fisiologia, reprodução, nutrição, atividade bioquímica, 
metabólitos, virulência, e estrutura antigênica, é de interesse em Análises Clínicas porque auxiliam no diagnóstico 
laboratorial das infecções, alergias e intoxicações por fungos, pois: 
 
1) Os fungos são agentes de processos infecciosos (micoses) de quadros benignos e assintomáticos ou graves e 
evolutivos; 
 
2) São agentes de hipersensibilidade tardia; 
 
3) Agentes de micetismo - ingestão e intoxicação por fungos macroscópicos toxigênicos (cogumelos); 
 
4) São agentes de micotoxicoses - ingestão contínua e prolongada de alimentos embolorados que contenham fungos 
produtores de micotoxinas. 
 
 Os fungos podem ser classificados quanto a aspectos filogenéticos e pertencem ao Reino Fungi (MYCOTA) 
sendo que os de interesse médico estão agrupados na divisão AMASTIGOMYCOTA com as seguintes subdivisões: 
 
Zygomycotina, Ascomycotina, Basidiomycotina, Deuteromycotina (Fungi Imperfecti). 
 
 Dentre estas subdivisões destacam-se algumas classes de maior interesse em Micologia Clínica: 
 
Classe Zygomycetes: Mucor sp., Rhizopus sp. 
 
Classe Ascomycetes: Saccharomyces cerevisiae, Piedraia hortae, Pseudallescheria boydii. 
 
 
Classe Deuteromycetes: Ordem Hyphomycetes é a mais importante; 
Cryptococcus neoformans, Malassezia furfur, Aspergillus fumigatus e Penicillium sp.. 
 
 Na Micologia Médica e Clínica a classificação dos fungos está relacionada à localizaçãoda micose no 
organismo humano e dividem-se em: 
 
Micoses Superficiais, Cutâneas e Cutâneo-mucosas, Profundas e Sistêmicas. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
4 
ASPECTOS IMPORTANTES NA CLASSIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS 
FUNGOS 
 
1) NUTRIÇÃO E FISIOLOGIA 
 
 Os fungos são microrganismos heterotróficos com grande parte deles aeróbios obrigatórios embora possam 
crescer lentamente em atmosfera reduzida de oxigênio. 
 
 Não realizam fotossíntese e a nutrição é feita por absorção produzindo então enzimas que hidrolisam uma 
grande variedade de substratos para torná-los assimiláveis. 
 
 Para seu desenvolvimento e manutenção exigem fonte de carbono e nitrogênio (macronutrientes). O carbono 
tem a função de construção do material plástico ou energético. Os carboidratos mais utilizados para este fim são a 
glicose, sacarose, maltose, amido e celulose. Elementos como ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são 
exigidos em pequenas quantidades (oligonutrientes). Certos fungos requerem fatores de crescimento que não 
conseguem sintetizar como vitaminas (tiamina, biotina, riboflavina, ácido pantotênico). 
 
 Como fonte de nitrogênio algumas espécies utilizam sais de amônio ou nitratos (nitrogênio orgânico) e outras 
exigem substratos nitrogenados como as peptonas do meio de cultura. Os fungos podem acumular como substâncias 
de reserva carboidratos e lipídeos em seu micélio. 
 
 A água é fundamental para o crescimento fúngico podendo ser captada da atmosfera ou do meio nutritivo, 
embora certos fungos sobrevivam em ambientes desidratados onde então produzem certos tipos de elementos 
reprodutivos para situações desfavoráveis ou podem entrar em vida latente. Portanto, o grau de umidade do meio é um 
fator determinante em todo o ciclo de vida dos fungos. Existem fungos chamados halófilos que crescem em ambientes 
com grande quantidade de sal e aqueles que toleram meios com grandes quantidades de açúcar. 
 
 A temperatura de crescimento abrange uma larga faixa, porém os fungos de importância médica são mesófilos 
(20 a 30 C). 
 
O pH mais favorável ao crescimento fúngico está entre 5 e 7, embora a maioria dos fungos tolere amplas 
variações de pH. 
 
 O tempo de crescimento dos fungos é mais lento que o das bactérias e suas culturas precisam em média de 7 a 
15 dias de incubação. 
 
Muitas espécies exigem luz para seu desenvolvimento. Entretanto, encontram-se outras que podem ser 
inibidas ou mesmo indiferentes à presença de luminosidade. Os fungos podem elaborar vários metabólitos dentre os 
quais antibióticos (penicilina), e micotoxinas (aflatoxinas, por exemplo) com ampla aplicação biotecnológica e 
farmacêutica. 
 
2) ATIVIDADE BIOQUÍMICA 
 
Em condições aeróbias a via glicolítica é responsável por 30% da glicólise enquanto que em condições de 
anaerobiose é usada uma via alternativa (Embden-Meyerhof). Estas atividades estão relacionadas com a identificação 
de espécies de leveduras onde o fungo utiliza C ou N como fonte de nutrientes por via aeróbia (assimilação) e/ou 
anaeróbia (fermentativa) utilizando açúcares. 
 
3) REPRODUÇÃO E CRESCIMENTO 
 
A classificação dos fungos baseia-se nas características dos órgãos reprodutivos da fase sexuada e 
características morfológicas da fase assexuada e micélio. 
 
Os fungos, em geral os filamentosos, podem se reproduzir em ciclos sexuais, assexuais e, com menor 
frequência, o ciclo parassexual. As leveduras são geralmente unicelulares e se reproduzem por brotamento ou 
gemulação, podendo a reprodução ser assexuada ou sexuada. A reprodução se faz por meio de órgãos de frutificação 
como esporos, conídios, gametas. Entretanto a maioria dos fungos é potencialmente capaz de obter crescimento em 
 
 
5 
5 
partes de seu micélio (conjunto de hifas) que forma o corpo do fungo e através do desenvolvimento a partir de um 
fragmento ou da ponta da hifa. 
 
 
Reprodução assexuada (Fase Anamorfa ou Imperfeita) 
 
 Os órgãos de frutificação são formados por diferenciação da hifa através de células reprodutivas 
especializadas e não sexuadas como conídios, blastoconídios e artroconídios. Este método de reprodução é o mais 
frequente e mais importante para a multiplicação e manutenção das espécies, assim como sua disseminação, ocorrendo 
em condições impróprias ao seu desenvolvimento. Os chamados fungos Imperfeitos se utilizam muito deste tipo de 
reprodução. 
 
Reprodução sexuada (Fase Teleomorfa ou Perfeita) 
 
 Envolve a união de dois núcleos geneticamente compatíveis. É um tipo de reprodução esporádica que através 
de recombinação genética serve para aperfeiçoamento (variabilidade) das espécies, melhor adaptação ao meio, 
especialização contínua, ocorrendo em condições favoráveis sendo importante para a diversidade das espécies. Ocorre 
nos chamados fungos perfeitos. 
 
Muitos fungos possuem as duas fases reprodutivas podendo ser obtidas em laboratório, outros, contudo, 
necessitam de mais estudos para esclarecer o tipo de reprodução. 
 
Ciclo Parassexual 
 
 Este ciclo é semelhante ao sexual só que em pontos não definidos da hifa ou em certo momento do ciclo de 
vida do fungo, sem a formação de meiose. Ocorre em certas espécies de fungos ou em certo momento do seu ciclo 
vital. É importante para a evolução de determinados fungos. 
 
 
 
 
6 
6 
MORFOLOGIA DOS FUNGOS EM VIDA PARASITÁRIA E SAPROFÍTICA 
 
 
A classificação e identificação dos fungos de interesse médico baseiam-se principalmente em características 
morfológicas tanto em vida parasitária nos organismos vivos quanto em vida saprofítica em meios apropriados de 
cultivo ou no meio ambiente. 
 
 Em vida parasitária os fungos patogênicos são encontrados nas lesões como elementos microscópicos na 
forma filamentosa ou leveduriforme. 
 
 Ao serem cultivados, os fungos podem ser reconhecidos por suas características macro e/ou 
micromorfológicas. Macromorfologicamente são divididos em fungos filamentosos (bolores) e leveduras. Na 
micromorfologia possuem vários componentes celulares semelhantes à célula humana além de alguns mais específicos 
como septos, hifas, rizóides, etc. A estrutura elementar que auxilia a identificação é o micélio (conjunto de hifas) 
vegetativo/reprodutivo com funções específicas de absorção de nutrientes, fixação, manutenção, crescimento e 
reprodução do fungo no substrato. Nos fungos filamentosos o micélio é pluricelular, septado ou cenocítico (sem ou 
com raros septos), hialino ou demácio, enquanto que nos fungos leveduriformes o micélio é unicelular. 
 
 As características apresentadas em vida de cultivo tais como cor, textura, topografia e pigmento reverso, além 
das estruturas das hifas, micélio, órgãos reprodutivos baseados nas observações macro e micromorfológicas são 
importantes na determinação do gênero e/ou espécie patogênica. A seguir, um resumo dos aspectos morfológicos dos 
fungos patogênicos: 
 
I. MORFOLOGIA DE VIDA PARASITÁRIA 
É a que o fungo apresenta nos tecidos de um hospedeiro infectado. 
 
I.1. Pele e unhas. Nestes tecidos os fungos podem apresentar-se como: 
 
I.1.a. Hifas ou filamentos micelianos (pag. 53). 
I.1.b. Artroconídios ou artrósporos (pag. 53). 
I.1.c. Blastoconídios, blastosporos, leveduras ou elementos leveduriformes (pag. 53). 
I.1.c. Pseudo-hifas (pag. 54). 
 
I.2. Pelos e cabelos. Neste caso os fungos se apresentam como hifas, artroconídios ou 
esporos (elementos arredondados) de localização: 
I.2.a. Endothrix: interna (pag. 54). 
I.2.b. Ectothrix: externa (pag. 54). 
I.2.c. Nódulos (piedras): externa. 
 
I.3. Secreções, líquidos, lesões granulomatosas, lesões supuradas. 
I.3.a. Hifas ou filamentos micelianos. 
I.3.b.Blastoconídios ou blastosporos: brotamento simples, múltiplos ou encapsulados. 
I.3.c. Pseudo-hifas. 
 
 
 
II. MORFOLOGIA DE VIDA SAPROFÍTICA 
É a morfologia que o fungo apresenta na natureza ou em meios nutritivos artificiais (meios de cultura). 
 
Micélio: é o conjunto de hifas e/ou blastoconídios do fungo. As hifas em sua forma filamentosa usual podem, em 
algumas ocasiões, sofrer modificações estruturais e morfológicas e dar origem aos conidióforos, que produzem os 
conídios, que são elementos de propagação assexuada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
7 
 
II.1. MACROMORFOLOGIA DE COLÔNIA 
É o estudo macroscópico dos caracteres morfológicos da colônia do fungo. Os caracteres analisados são: 
II.1.a. Topografia da colônia: plana, elevada, umbeliforme, cerebriforme. 
II.1.b. Textura: algodoada, aveludada, granulosa, pulverulenta, membranosa, cremosa, gomosa. 
II.1.c. Cor da colônia. 
II.1.d. Produção de pigmentos. 
II.1.e. Micélio aéreo e profundo. 
 
 
II.2. MICROMORFOLOGIA DA COLÔNIA 
É o estudo microscópico dos caracteres morfológicos de fragmentos da colônia ou microcultivo em lâmina 
(pag. 28) após coloração com lactofenol azul-algodão (pag. 30). Os principais elementos morfológicos dos fungos, de 
importância na identificação dos gêneros e espécies são: hifas septadas, hifas não-septadas, artroconídios, gavinhas, 
candelabros fávicos, pseudohifas, acládios, blastoconídios (blastosporos), macro e microconídios, clamidoconídios 
(lamidosporos), didimosporos, ascos e ascosporos, esporângios e esporangiosporos. 
 
VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS 
Os fungos patogênicos podem apresentar dois tipos de variações morfológicas: 
 
Dimorfismo: É uma variação reversível que consiste na passagem da fase leveduriforme para a fase filamentosa e 
vice-versa, e está na dependência de fatores como temperatura e oferta de nutrientes. 
 
Pleomorfismo: Consiste numa variação irreversível, que geralmente ocorrem após passagens sucessivas em meio de 
cultura, nos quais perdem suas características morfológicas usuais, dificultando a sua identificação. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
8 
DERMATOFITOSES (TINHAS) 
 
DEFINIÇÃO 
São micoses causadas por fungos conhecidos como dermatófitos, adaptados à infecção superficial de tecidos 
queratinizados como unhas, pelos e cabelos, e estrato córneo da pele. 
 
PRINCIPAIS GÊNEROS E ESPÉCIES 
1. Epidermophyton: Epidermophyton floccosum 
2. Microsporum: Microsporum canis 
 Microsporum gypseum 
2. Trichophyton: Trichophyton rubrum 
 Trichophyton mentagrophytes 
 Trichophyton tonsurans 
 Trichophyton schoenleinii 
 
 
TRANSMISSÃO 
A transmissão se dá por contato com escamas de pele ou pelos parasitados, ou ainda areia ou terra contendo elementos 
fúngicos viáveis. De acordo com os locais onde são encontrados, os dermatófitos podem ser classificados em: 
 
1. Dermatófitos geofílicos: encontrados no solo. A transmissão é via solo - ser humano. Ex: M. gypseum. 
 
2. Dermatófitos zoofílicos: parasitam animais. A transmissão é via animais - ser humano. Ex: M. canis, T. 
mentagrophytes. 
 
3. Dermatófitos antropofílicos: encontrados exclusivamente no ser humano. A transmissão é inter-humana. Ex: E. 
floccosum, T. rubrum, T. tonsurans, T. schoenleinii. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
 As dermatofitoses são classificadas de acordo com o local anatômico afetado, de acordo com a seguinte 
nomenclatura: Tinea + local afetado (em latim). Assim, as formas clínicas mais comuns são: 
 
1. Tinea capitis: Couro cabeludo. Podem ser de dois tipos: 
 
1.a.Tinha tonsurante. Caracteriza-se por placas tonsurantes no couro cabeludo, podendo haver processos inflamatórios 
de intensidade variável. São causados principalmente pelo M. canis e T. tonsurans. 
 
1.b. Tinha favosa. Também conhecida por favo, é causada pelo T. schoenleinii, e caracteriza-se por uma foliculite de 
curso crônico. Na lesão é encontrado o escútulo, que é uma crosta constituída por hifas, conídios, células e exsudato 
inflamatório. A perda de cabelo é permanente. 
 
2. Tinea pedis (pé-de-atleta): Pés. É desencadeada pelo uso de calçados anti-higiênicos, sudação, umidade, 
acometendo frequentadores de piscinas, soldados, estudantes e atletas. As lesões são caracterizadas pela formação de 
vesículas, fissuras nos espaços interdigitais, esfoliações pruriginosas, edemaciadas ou dolorosas. São causadas 
principalmente pelo T. rubrum, T. mentagrophytes e E. floccosum. 
 
3. Tinea unguium (onicomicose, unheiro): Unhas. Caracteriza-se por lesões destrutivas e esfarinhadas das unhas, 
iniciando-se pelas bordas livres, de cor branco-amarelada. Em geral ocorre formação de hiperceratose do leito 
ungueal, porém os tecidos periungueais raramente são afetados. São causadas principalmente pelo T. rubrum, T. 
mentagrophytes e E. floccosum. 
 
4. Tinea corporis: Dermatofitoses da pele glabra. As lesões se manifestam sob a forma de eritema ou manchas pápulo-
escamosas, placas eritematosas, isoladas ou confluentes, descamativas, pruriginosas e de curso prolongado. As 
principais espécies envolvidas são T. rubrum, M. canis e E. floccosum. 
 
5. Tinea cruris: Virilha e nádegas. É causada principalmente pelo T. rubrum, T. mentagrophytes e E. floccosum. 
 
 
 
9 
9 
6. Tinea barbae ou Tinea faciei: Face. É causada principalmente por T. mentagrophytes e T. verrucosum. 
 
7. Tinea manuum: Mãos. É causada principalmente pelo T. rubrum, T. mentagrophytes. 
 
8. Tinea imbricata: Corpo. É restrita a alguns grupos indígenas, sendo causada exclusivamente pelo Trichophyton 
concentricum. 
 
 Além destas formas clínicas, as dermatofitoses estão associadas ao desencadeamento de reações imunológicas 
aos produtos do fungo, sendo o processo conhecido como mícides ou dermatofítides. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
1. Exame microscópico direto. O material (pele, unha, pelos e cabelos) deve ser examinado ao microscópio após 
clarificação com potassa a 20% (pag. 30). Resultado negativo é expresso como “ausência de elementos fúngicos no 
material examinado”. Resultado positivo é expresso como “presença de filamentos micelianos ou hifas no material 
examinado”(pag. 53). Em caso de pelos e cabelos infectados, o resultado é expresso como “micose do tipo Ectothrix 
ou Endothrix” (pag. 54). 
 
2. Cultivo. O material biológico deve ser semeado em ágar Sabouraud seletivo (pag. 31). A incubação é feita à 25
o
 C 
ou temperatura ambiente. Acompanhamento por até quatro semanas, avaliando-se as características macro e 
micromorfológicas, e identificando-se o gênero ou espécie. 
 
3. Testes adicionais. Devem ser realizados quando não se consegue identificar as colônias que crescem no meio de 
cultura. Podem ser utilizados os seguintes testes: teste de perfuração de pelo in vitro (pag. 34), prova de urease (pag. 
35), provas nutricionais (inositol, tiamina, ácido nicotínico; pag.34) e crescimento em meios de arroz (pag. 31). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
10 
 
PITIRÍASE VERSICOLOR 
 
DEFINIÇÃO 
É uma infecção crônica da camada córnea da pele, caracterizada por lesões descamativas hipo ou hipercrômicas. 
 
SINONÍMIA 
Tinea versicolor, micose de praia, pano, etc. 
 
AGENTE CAUSAL 
Espécies do gênero Malassezia. Este gênero atualmente compreende sete espécies principais: M. furfur, M. 
sympodialis, M. pachydermatis, M. globosa, M. obtusa, M. restricta, M. slooffiae. Recentemente, outras espécies 
também foram descritas. 
 
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E PREVALÊNCIA 
É frequente nos doissexos, com predominância em adultos jovens. Pode acometer outras faixas etárias. 
 
TRANSMISSÃO 
É um fungo antropofílico, sendo que o ser humano é a única fonte de contaminação, pelo contato inter-humano, ou 
através de fômites como toalhas, vestuário, etc. 
 
FATORES PREDISPONENTES 
Deficiências vitamínicas, desnutrição, tuberculose, diabetes mellitus, corticoterapia prolongada, sudorese, gravidez, 
etc. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A Pitiríase versicolor apresenta-se como máculas, finamente descamativas e geralmente assintomáticas, cuja coloração 
varia do marfim ao castanho-escuro. As escamas geralmente têm o aspecto farináceo, daí serem denominadas escamas 
furfuráceas. Em peles pigmentadas as áreas lesionadas podem se tornar acrômicas devido à diminuição do pigmento 
melânico da epiderme. As lesões predominam na parte superior do tórax, face e antebraços. Porém, outras regiões do 
corpo podem ser afetadas. 
 
Outras patologias associadas à Malassezia sp.: malassezioses, foliculite pitirospórica, dermatite seborreíca, dermatitite 
atópica, etc. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
1. Exame direto: exame microscópico das escamas raspadas, após clarificação com potassa. O material também pode 
ser colhido com fita adesiva, a qual é posteriormente montada em lâmina e examinada ao microscópio. Em casos 
positivos geralmente são observados elementos leveduriformes agrupados e hifas curtas e tortuosas, que compõe a 
morfologia parasitária deste fungo (pag. 53, 54). 
Resultado a ser expresso: Malassezia sp. 
 
2. Cultivo. Não é feito rotineiramente. Todas as espécies deste gênero são lipofílicas e a maioria (com exceção de M. 
pachydermatis) é lipodependente.Para o isolamento e crescimento deste fungo é essencial a presença de lipídios 
(óleo de oliva) ou ácidos graxos de determinado tamanho de cadeia no meio. Os meios mais utilizados são: 1) 
1)Ágar Sabouraud seletivo contendo 1% óleo de oliva e 3% bile de boi; 2) Meio de Dixon e; 3) Meio de Leeming 
& Notman. O fungo cresce entre 4-10 dias à 37 
o
C. Inicialmente são colônias de cor creme, brilhantes, elevadas e 
que posteriormente se tornam foscas, secas e beges. As diversas espécies apresentam colônias muito parecidas 
entre si, e exigem a realização de testes morfofisiológicos e bioquímicos complementares para a sua diferenciação. 
Estes testes incluem cultivo em Tween 20, 40, 60, 80, Cremofor EL, teste de catalase e beta glicosidase e cultivo 
em diferentes temperaturas. 
 
 
 
11 
11 
 
ERITRASMA 
 
DEFINIÇÃO 
É uma infecção bacteriana, cujas lesões são morfologicamente semelhantes àquelas observadas em micoses 
superficiais. 
 
AGENTE CAUSAL 
Corynebacterium minutissimum (Nocardia minutíssima) 
 
PREVALÊNCIA 
Ocorre principalmente em países quentes e acomete principalmente indivíduos adultos do sexo masculino, sendo raro 
em mulheres e crianças. 
 
TRANSMISSÃO 
Inter-humana ou através de fômites (vestuário). 
 
FATORES PREDISPONENTES 
Maceração de pele, sudação, umidade, etc. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Tem localização perigenital e axilar. Apresenta-se como lesões eritematosas ou acastanhadas pouco sintomáticas, com 
os bordos bem definidos. A localização interpodigital também tem sido descrita. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
1. Exame direto. Obtenção das escamas da lesão por raspagem. Suspensão das mesmas em uma gota de soro humano 
e feitura de esfregaços e coloração pelo Gram. Evidenciação de filamentos finos, agrupados em feixes retilíneos ou 
torcidos, pouco ramificados, sob a forma cocóide (1 m de diâmetro) ou bacilar (5-25 m), gram-positivos. 
 
2. Cultivo. Não é feito rotineiramente. Quando é feito, é utilizado ágar-sangue ou meio para cultivo celular 
enriquecido com 20% de soro fetal bovino. 
 
 
 
 
 
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TINHA NEGRA (TINEA NIGRA) 
 
DEFINIÇÃO 
Micose superficial que se localiza preferencialmente na camada córnea da palma das mãos, sob a forma de pequenas 
lesões papulosas, de coloração preta, que podem confluir formando pequenas placas ou manchas fuliginosas. 
 
AGENTE CAUSAL 
Hortaea werneckii (Phaeoannelomyces werneckii). 
 
PREVALÊNCIA 
Distribuição praticamente universal, sendo mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais. 
 
TRANSMISSÃO 
É saprófita de vida livre encontrado em beira dos mares tropicais e subtropicais, solo, areia do mar, ar e plantas. O 
fungo pode ser veiculado para o organismo através de pequenos traumas. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Lesões maculo-papulosas, sem tendência à cura espontânea, castanhas ou negras, podendo confluir formando placas 
ou manchas. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
Exame direto: colheita das escamas das lesões suspeitas, clarificação com potassa e exame microscópico. Na lesão 
apresenta-se como filamentos micelianos curtos e de parede espessa, de coloração pardo-escura, com a presença de 
clamidósporos e elementos leveduriformes. 
 
Cultivo: Cultiva-se em ágar Sabouraud com ou sem inibidores (pag. 30,31). Macromorfologicamente as colônias 
apresentam-se verde-escuras, ou cinza-esverdeadas, cremosas, de superfície lisa ou rugosa, tornando-se, com o tempo, 
negras e aveludadas (pag. 60). Ao exame micromorfológico evidenciam-se elementos leveduriformes, às vezes com 
brotamento e com septo central (didimosporos) (pag. 61). Filamentos micelianos acastanhados também podem estar 
presentes. 
 
 
 
 
 
 
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13 
 
 PIEDRAS 
DEFINIÇÃO 
São micoses nodulares de pelos e cabelos, no qual o fungo se localiza na parte livre e aérea da haste do pelo. 
 
TIPOS E AGENTES CAUSAIS: 1. Piedra preta: Piedraia hortae 
 2. Piedra branca: Trichosporon sp. 
 
PREVALÊNCIA E TRANSMISSÃO: A piedra preta é endêmica em áreas tropicais da América central e do Sul e 
da Oceania, enquanto que a piedra branca é encontrada em áreas subtropicais e temperadas do Mundo. Em ambos os 
casos a transmissão se dá através de contatos com pessoas ou fômites, contaminados com os fungos. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E MORFOLOGIA 
 
Exame direto: Evidenciação da morfologia de vida parasitária ao microscópio, após clarificação e esmagamento do 
nódulo entre lâmina e lamínula. 
 
1. Piedra preta: apresenta-se como nódulos escuros ou negros, duros, com 0,5-1,0 mm, firmemente presos à haste do 
pelo, em número de 1 a 4 nódulos por fio. À microscopia são observados filamentos micelianos septados e 
acastanhados e também a presença de ascos contendo ascósporos (pag. 54). 
 
2. Piedra branca: nódulos claros, brancos ou castanho-claro, friáveis e moles, podendo ser facilmente destacáveis dos 
pelos. Microscopicamente são observados artroconídios e blastoconídios. 
 
Cultivo: ambos os fungos crescem facilmente em ágar Sabouraud (pag. 30). O Trichosporon sp. é inibido pelo 
cicloheximide. As características morfológicas em vida saprofítica são: 
 
1. Piedraia hortae: colônias de crescimento lento, cinzas, negras ou esverdeadas, aveludadas elevadas ou planas, lisas 
ou cerebriformes (pag 60). À microscopia são observados filamentos micelianos acastanhados, septados e ramificados. 
 
2. Trichosporon sp.: colônias de crescimento rápido, cor creme, rugosas ou cerebriformes (pag. 62). Ao exame 
microscópico observam-se artroconídios (pag. 63) e blastoconídios. 
 
 
 
TRICOBACTERIOSE (TRICOMICOSE NODULAR AXILAR) 
DEFINIÇÃO 
É uma bacteriose que afeta os pelos da axila e raramente os pelos pubianos, sendo causada pelo Corynebacterium 
tenuis. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Apresenta-se na forma de nódulos de diferentes cores: amarela, vermelha e preta. 
Assim, podem ser denominados tricomicose flava, rubra e nigra. Ao microscópio os nódulossão constituídos por 
filamentos finos bacterianos, entrelaçados, circundados por substância amorfa. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
Exame direto: evidenciação da morfologia bacteriana ao microscópio. 
Cultivo: Meio 199 (para cultivo celular) acrescido de soro fetal bovino, ou ágar-sangue. A temperatura de incubação é 
de 37 
o
C. 
 
 
 
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CANDIDÍASES 
 
DEFINIÇÃO 
São infecções causadas por leveduras pertencentes ao gênero Candida, principalmente a espécie Candida albicans, e 
que acometem a pele, unhas, mucosas, trato intestinal e urinário, etc. 
 
AGENTES ETIOLÓGICOS 
São representados por várias espécies do gênero Candida: 
Candida albicans; 
 
Espécies de Candida- não albicans: Candida tropicalis - Candida parapsilosis - Candida glabrata - Candida 
pseudotropicalis - Candida guilliermondii - Candida krusei 
 
TRANSMISSÃO 
Geralmente é endógena (a C. albicans é frequentemente um simples comensal de mucosas e trato gastrointestinal e 
respiratório). Pode haver transmissão por contato inter-humano e fômites (roupas e toalhas). 
 
FATORES PREDISPONENTES 
 
Imunodepressão (AIDS), uso prolongado de corticosteróides, gravidez, diabetes, queimaduras graves, maceração das 
dobras da pele, sudorese intensa e umidade constante. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
1. Candidíases superficiais: 
1.a. Candidíase oral: ocorre formação de placas brancas na mucosa oral e cantos dos lábios (sapinho). 
 
1.b. Candidíase intertriginosa: lesões eritematosas, úmidas, exsudativas e descamativas, localizadas nas dobras da pele 
como axilas, região submamária, interglútea, perianal, espaços interdigitais, etc. 
 
1.c. Vulvovaginite por Candida: lesões pruriginosas e eritematosas com leucorréia e sensação de queimadura. 
 
1.d. Onicomicose por Candida: acometem principalmente a região periungueal da unha, a qual se apresenta 
edemaciada, avermelhada e dolorosa. Por pressão, geralmente eliminam material purulento, rico em elementos 
leveduriformes. 
 
1.e. Candidíase muco-cutânea: acometimento da pele, mucosas e unha. 
 
2. Candidíase disseminada: acometimento visceral. A candidíase em pacientes com AIDS ocorre em mais de 80% 
destes pacientes, como infecção oportunista. As formas clínicas mais frequentes são a candidíase esofagiana, 
onicomicoses e vulvovaginites, todas de difícil tratamento. 
 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 
Exame direto: evidenciação da morfologia de vida parasitária no material biológico. As espécies do gênero Candida 
apresentam-se como blastoconídios arredondados ou ovalados, 3-6 x 3-9 m, que apresentam brotamento. Alguns 
blastoconídios se alongam tornando-se pseudo-hifas. Em caso de invasão tecidual, a C. albicans pode formar tubos 
germinativos, que se transformam em filamentos micelianos septados. 
 
Cultivo: ágar Sabouraud com ou sem inibidores (pag. 30, 31) e incubação à temperatura ambiente. Algumas espécies 
de Candida são sensíveis ao cicloheximide. Em ágar Sabouraud as colônias são lisas, brilhantes e cremosas. À 
micromorfologia são observados blastoconídios e raras pseudo-hifas, não se diferenciando as espécies deste gênero 
(pag. 65). Em ágar-fubá há a produção pela C. albicans dos chamados clamidósporos terminais (pag. 65). Outras 
espécies de Candida não produzem estes elementos, com exceção da Candida dubliniensis. 
 
 
 
 
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Testes complementares 
 
1. Meios específicos para Candida sp. Mudanças da cor das colônias. Permitem a identificação de algumas espécies. 
 
2. Indução de clamidosporos terminais em meios pobres como o ágar-fubá e ágar-arroz (pag. 31) para identificação de 
C. albicans/C. dubliniensis. 
 
3. Indução de tubo germinativo para identificação de C. albicans/C. dubliniensis. 
 
4. Provas de assimilação e fermentação de açúcares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MICOSES CAUSADAS POR FUNGOS OPORTUNISTAS: Hialohifomicoses, Zigomicoses e 
Pneumocistose 
 
DEFINIÇÃO 
Micoses oportunistas são infecções causadas por organismos fúngicos que normalmente não são infectantes, os quais 
se aproveitam de alterações nas condições fisiológicas normais do hospedeiro, para se implantar e se multiplicar, 
causando patologias. Hialohifomicoses são micoses causadas por fungos filamentosos hialinos. 
 
CONDIÇÕES ASSOCIADAS À INFECÇÃO FÚNGICA OPORTUNÍSTICA 
Hospedeiro imunocompetente - a capacidade do fungo dependerá de vários fatores como densidade de propágulos, 
tempo de exposição, virulência da cepa, nutrientes disponíveis ao metabolismo do fungo, etc. As condições 
patológicas associadas à infecção fúngica oportunistica são: Neoplasias, leucemias e linfomas; doenças auto-imunes 
(lúpus eritematoso); uso prolongado de corticosteróides e outros imunodepressores; endocrinopatias como diabetes 
mellitus; queimaduras extensas e outros traumatismos; desnutrição; AIDS e leucemia com neutropenia. 
 
PRINCIPAIS FUNGOS OPORTUNISTAS E RESPECTIVAS MICOSES 
 
Fungo Micose 
 
Candida sp Candidíase 
Histoplasma capsulatum Histoplasmose 
Zygomycetes: Rhizopus sp. 
 Mucor sp. 
 Absidia sp. 
Zigomicoses 
Aspergillus sp. Aspergilose 
Fusarium sp. Fusariose 
Pneumocystis jiroveci Pneumocistose 
 
 
 
ZIGOMICOSES 
 
Principais agentes etiológicos: Rhizopus sp., Mucor sp. 
 
Habitat: São encontrados em suspensão no ar, água, solo e alimentos (pães velhos), frutas e batatas. 
 
Transmissão: Dá-se através da inalação de esporos, ingestão (alimentos), penetração traumática dos esporos (feridas). 
 
Fatores de risco: pacientes imunocomprometidos (leucemias, neutropenias, diabetes mellitus descompensada), uso de 
corticosteróides. 
 
Manifestações clínicas 
1. Zigomicose cutânea. 
2. Zigomicose pulmonar. 
3. Zigomicose rinocerebral. 
4. Zigomicose disseminada (fígado, coração, rins e tubo digestivo). 
 
Patogenia: tropismo vascular devido à implantação do fungo nos vasos sanguíneos com formação de trombos e 
necrose hemorrágica. 
 
 
Diagnóstico laboratorial: 
A zigomicose é uma infecção de progresso rápido e necessita de diagnóstico imediato. O material biológico é 
representado por secreção, escarro e biópsias. 
 
 
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1. Exame direto, histopatológico e cultura. A observação da micromorfologia é importante pois as hifas são não-
septadas (cenocíticas), largas, com ramificações em ângulos retos (90
º
) , muito características, que invadem as 
paredes dos vasos e colonizam a luz dos mesmos. 
2. Cultivo: ágar Sabouraud sem inibidores. Raramente crescem em hemocultivo e são termotolerantes sendo que a 
patogenicidade está relacionada à temperatura. 
 
 
 ASPERGILOSE 
 
A doença varia de acordo com as extensões das lesões, tempo de evolução clínica, tipo de órgão afetado e grau de 
resistência orgânica do hospedeiro. 
 
Agentes etiológicos: Aspergillus fumigatus, A. niger, A. flavus, A. clavatus, A. nidulans, etc. 
 
Transmissão: Dá-se pela inalação ou ingestão de conídios que existem no meio ambiente (solo, ar, vegetação, água, 
alimentos). 
 
Fatores de risco associados: leucemias e linfomas transplantados renais, defeitos na funçãoleucocitária. 
 
Manifestações clínicas: as doenças variam desde toxicose, alergia, colonização até invasão tecidual. 
 
Aspergilose pulmonar: pode ser alérgica, invasiva e intracavitária. Outras manifestações menos frequentes incluem a 
forma cutânea, cerebral, orbitária, intestinal. 
 
Patogenia: o fungo pode se localizar na superfície dos brônquios causando a bronquite catarral. Quando se encontra 
em cavidades pré-existentes, causadas por vários processos patológicos como tuberculose, abcessos, etc., vai ser 
denominado de “bola fúngica”. A aspergilose invasiva do parênquima pulmonar se faz pelas hifas nos tecidos com 
formação de lesões granulomatosas e necróticas. 
 
Diagnóstico laboratorial: 
O material biológico é constituído principalmente por biópsias de tecidos afetados. O escarro tanto em exame direto 
como em cultura não tem significado clínico porque pode significar apenas colonização do pulmão. Os exames 
histopatológico e radiológico são muitos importantes e devem estar associados ao diagnóstico clínico. 
 
 
 FUSARIOSE 
 
Está relacionada a espécies do gênero Fusarium. São patogênicas para as plantas e produzem toxinas (tricoteceno). Os 
fatores de risco: leucemias, linfomas. 
 
Manifestações clínicas: ceratites (infecção da córnea), lesões necróticas tegumentares e fungemia. 
 
Diagnóstico Laboratorial: 
Exame micológico direto e cultivo, complementado com estudos histopatológicos tanto para casos de suspeita de 
fusariose, trichosporonose ou qualquer outra suspeita de infecção causada por fungo considerado contaminante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PNEUMOCISTOSE 
 
Agente etiológico: Pneumocystis jiroveci (P. carinii). 
 
Transmissão: reativação de focos primários ou reinfecção exógena. 
 
Fator de risco: 
Baixos níveis de CD4 (< de 200/mm
3): AIDS– uso de corticóides –transplantes – desnutrição – leucemias/linfomas. 
 
Mecanismo de agressão: 
Formação de exsudato e infiltração de células inflamatórias (células plasmáticas). 
 
Manifestações clínicas: 
Pneumonia é mais marcante: dispnéia – febre - tosse. 
Outros órgãos podem ser afetados: rins - cérebro - tireóide - tubo digestivo - fígado - baço. 
 
Diagnóstico laboratorial: 
lavado brônquico – biópsias – escarro. São utilizados métodos de evidenciação direta após coloração (Ortotoluidina, 
Giemsa, Prata) ou pesquisa de DNA fúngico. Não é um fungo cultivável. 
 
 
 
 
 
 
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ESPOROTRICOSE 
 
DEFINIÇÃO 
É uma micose subcutânea de natureza gomosa, na qual há a formação de nódulos subcutâneos que posteriormente 
ulceram e supuram. 
 
AGENTE ETIOLÓGICO 
É constituído por um complexo de seis espécies e, dentre elas, Sporothrix schenckii e Sporothrix brasiliensis são as 
espécies mais frequentemente isoladas em casos humanos. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Ocorre em todo o mundo, sendo mais comum em áreas temperadas e tropicais. O grupo mais afetado é aquele 
representado por indivíduos adultos do sexo masculino. Também é frequente em determinadas profissões como 
jardineiros, agricultores, veterinários, carpinteiros, mineiros, etc. 
 
TRANSMISSÃO 
O Sporothrix vive como saprófita em vegetais, detritos orgânicos, solo ou água contaminados bem como a boca e 
pelos de animais (gatos, ratos, cachorros, coelhos, equinos, etc). O fungo penetra geralmente por meio de traumas, 
embora também possa ser inalado ou ingerido. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O período de incubação varia de três dias a seis meses. Acomete principalmente os membros superiores, face e 
membros inferiores. As principais formas clínicas são: 
 
1. Forma linfocutânea. A lesão inicia-se como uma pápula, pequena úlcera ou nódulo subcutâneo, indolor. As lesões 
se estendem através dos vasos linfáticos, produzindo um cordão de nódulos subcutâneos firmes e assintomáticos. 
 
2. Forma cutânea fixa ou localizada. É uma lesão solitária confinada ao local de inoculação. 
 
3. Forma cutânea disseminada. Pode resultar de disseminação hematogênica ou inoculação. As lesões manifestam-se 
através de pápulas, nódulos subcutâneos, lesões gomosas, ulcero-vegetantes e verrucosas, com comprometimento 
geral do paciente. 
 
4. Esporotricose sistêmica. Ocorre em pacientes imunocomprometidos e resulta da disseminação hematogênica. Os 
órgãos mais afetados são os olhos, nariz, faringe, pulmões e ossos. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
Material biológico: material purulento de nódulos fechados, raspagem e escarificação ou biópsia. 
 
Exame direto: após clarificação com potassa ou coloração pelo Gram, PAS, Giemsa e prata, e pesquisa do fungo nas 
lesões com anticorpos fluorescentes. Nas lesões são observados escassos elementos leveduriformes fusiformes, com 
brotamentos e em alguns casos os chamados “corpos asteróides”. 
 
Cultivo: As espécies do gênero Sporothrix são fungos dimórficos e que se apresentam sob duas fases: 
1. Fase filamentosa: ocorre quando o fungo é cultivado em ágar Sabouraud em temperatura ambiente. A colônia se 
apresenta com a superfície rugosa, pregueada e membranosa, branca ou creme, geralmente desenvolvendo um 
pigmento marrom ou negro em parte do micélio (pag. 72). A micromorfologia é constituída por conídios piriformes 
arranjados tipicamente em forma de “margarida” (pag. 73). 
 
2. Fase leveduriforme: ocorre quando o fungo é cultivado em meios nutricionalmente ricos em proteínas como ágar-
infusão de cérebro e coração ou ágar-sangue e incubados à temperatura de 37 ºC. As colônias são cremosas, claras e 
de superfície irregular. A micromorfologia é constituída por elementos leveduriformes, ovalados ou fusiformes. 
 
 
 
 
 
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CROMOMICOSE (CROMOBLASTOMICOSE) 
 
DEFINIÇÃO 
É uma micose cutânea ou subcutânea de curso crônico, causada por fungos demácios, e caracterizada pelo 
aparecimento de nódulos ou verrugas, ulceradas ou não, principalmente nos membros inferiores. 
 
AGENTES ETIOLÓGICOS 
Fonsecaea pedrosoi 
Phialophora verrucosa 
Fonsecaea compacta 
Cladophialophora (Cladosporium) carrioni 
Rhinocladiella aquaspersa 
 
EPIDEMIOLOGIA 
A cromomicose distribui-se mundialmente, porém é mais prevalente em regiões tropicais. No Brasil, que detém cerca 
de um terço do total de casos, a maioria ocorre em indivíduos do sexo masculino. 
 
TRANSMISSÃO 
Os fungos vivem em matéria orgânica, vegetais em decomposição e solo. A transmissão se faz através de penetração 
de espinhos ou farpas de madeira. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
1. Forma verrucosa: caracteriza-se por espessamento e endurecimento da derme e epiderme decorrente de 
hiperceratose e hiperacantose, assemelhando-se à elefantíase. 
 
2. Forma ulcero-vegetante: lesões de crescimento exuberante, gomosas, exsudativas, crostosas, que muitas vezes 
confluem entre si. 
 
3. Forma nodular: ocorrem na fase inicial da doença, podendo permanecer estacionária. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 
Exame direto: após clarificação com potassa, do material obtido por escarificação ou biópsia, ou cortes histológicos 
corados pela hematoxilina-eosina. Na lesão os fungos se apresentam como elementos arredondados, 5-12 m, 
acastanhados, de parede espessa, e com os septos transversais e longitudinais, conhecidos como corpos escleróticos, 
ou células muriformes ou corpos fumagóides. 
 
Cultivo: Em ágar Sabouraud Seletivo/Simples para avaliação macromorfológica. As espécies são muito semelhantes 
entre si. O exame micromorfológico das colônias feita pelo microcultivo deve ser realizado para a identificação das 
espécies. Neste ensaio podem ser observados os seguintes tipos deconidióforos: 
 
1. Tipo cladospório: esporos de ramificações curtas ou longas, lembrando elementos gemulantes em cadeia. 
 
2. Tipo fialófora: esporos ovalados produzidos lateralmente ao longo de um elemento em forma de taça. 
 
3. Tipo acroteca: esporos produzidos lateralmente ao longo de um elemento em forma de bastão curto. 
 
Fonsecaea pedrosoi: encontro de todos os tipos de conidióforos. 
Phialophora verrucosa: predomínio dos conidióforos do tipo fialófora. 
Cladophialophora carrioni: predomínio dos conidióforos do tipo cladospório longo. 
 
 
 
 
 
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MICETOMAS 
 
DEFINIÇÃO 
É a designação coletiva de um grupo de micoses e actinobacterioses subcutâneas, causadas respectivamente por 
fungos e actinomicetos. 
 
Os micetomas podem ser de dois tipos: 
1. Actinomicetomas: são micetomas causados por actinomicetos.. 
2. Eumicetomas: são micetomas causados por fungos. 
 
As características mais marcantes do micetoma são as lesões abundantes, granulomatosas e com tendência à 
fistulização e presença do grão na lesão e no material purulento. 
 
Grão: é uma microcolônia fúngica (eumicetoma) ou actinomicética (actinomicetoma). Apresenta cores variadas de 
acordo com o agente etiológico e o seu tamanho varia de 0,2-1,0 mm. 
 
1. Actinomicetomas: são responsáveis por 75% de todos os casos de micetomas no Brasil. Podem ser divididos em 
dois grupos: 
 
1.a. Actinomicetomas endógenos: são causados por actinomicetos anaeróbios. Os agentes etiológicos fazem parte da 
flora da cavidade oral e intestinal e a transmissão se faz por traumas internos. As lesões supurativas e abundantes 
ocorrem principalmente na face, tórax, pescoço e abdômen. Ocorre formação de fistulas com eliminação de pus e 
grãos. 
Ex: Actinomyces israelli 
 Arachnia propionica 
 
1.b. Actinomicetomas exógenos: são causados por actinomicetos aeróbicos, sendo encontrados no solo e ar. A 
transmissão corre através de traumatismos externos. Os membros inferiores e superiores, ombros e pulmões são os 
sítios mais afetados. As lesões são supurativas e ocorrem com presença de pus e grãos. Na fase tardia pode haver 
acometimento e destruição dos ossos. 
Ex: Nocardia asteroides 
 Nocardia brasiliensis 
 Actinomadura madurae 
 Actinomadura pelletieri 
 Streptomyces somaliensis 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
a. Exame dos grãos entre lâmina e lamínula, após clarificação com potassa. Serão evidenciadas massas de filamentos 
bacterianos com deposição de material eosinofílico nos bordos (fenômeno Splendore- Hoeppli). 
 
b. Esfregaços corados pelo Gram e Kynion do material purulento. 
 
c. Biópsias: exame anatomopatológico. 
d. Cultivo: meio de BHI ou tioglicolato à 37 
o
C em jarra anaeróbica para actinomicetos aneróbicos. Meio de agar 
Sabouraud (sem inibidores) à 25 
o
C para actinomicetos aeróbicos. Os materiais utilizados no cultivo podem ser 
grãos, pús ou biópsias. 
 
e. Provas de decomposição da caseína, tirosina, xantina, gelatina e ureia para identificar espécies do gênero Nocardia 
e Actinomadura. 
 
2. Eumicetomas: são causados por fungos. As principais espécies envolvidas são: 
 Madurella mycetomatis - Madurella grisea - Exophiala jeanselmei - Pseudoallescheria boydii - Acremonium sp. 
 
A transmissão é sempre exógena, através de traumatismo. 
 
 
 
 
 
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Ocorrem principalmente nos membros inferiores, sendo caracterizados por lesões crônicas, abcedantes, com formação 
de fístulas, por onde drena material seroso e grãos. Nas fases mais avançadas pode haver o comprometimento dos 
ossos. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
O material biológico é constituído por secreção serosa, grãos e biópsias. 
 
1. Exame microscópico dos grãos entre lâmina e lamínula, após clarificação com potassa. Serão evidenciadas massas 
de hifas e clamidoconídios. 
 
2. Exame anatomopatológico das biópsias. 
 
3. Cultivo do material seroso, grãos e biópsias. O meio utilizado é o ágar Sabouraud sem inibidores. A identificação da 
espécie do fungo é feita pela macro e micromorfologia das colônias e micromorfologia do microcultivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CRIPTOCOCOSE 
 
DEFINIÇÃO 
É uma micose sistêmica de evolução subaguda ou crônica que atinge órgãos e sistemas principalmente pulmões e 
sistema nervoso central. 
 
AGENTE ETIOLÓGICO 
É causada por fungos do complexo Cryptococcus neoformans, atualmente com duas espécies: Cryptococcus 
neoformans e Cryptococcus gattii. O C. neoformans corresponde aos sorotipos A (variedade grubii) e D (variedade 
neoformans) enquanto que o C. gattii corresponde aos sorotipos B e C. 
 
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO 
 
É uma micose de distribuição universal por ser infecção oportunista, acometendo com maior frequência pacientes 
imunodeprimidos com doença primária. Atualmente o maior número de casos ocorre em pacientes com AIDS, sexo 
masculino, e com idade entre 30 a 40 anos. 
 
As variedades neoformans e grubii de C. neoformans são encontradas em solos com fezes de pombos e outras aves 
nos centros urbanos com maior frequência; enquanto a espécie C. gattii é isolada de árvores do tipo eucalipto de 
regiões tropicais e subtropicais em locais com maior concentração destas árvores. 
 
A transmissão se faz por inalação de leveduras capsuladas ou esporos da sua fase sexuada ou teleomórfica 
(Filobasidiella neoformans e Filobasidiella bacillispora ). 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
Apresenta um quadro clínico variado, podendo a micose manifestar-se sob a forma de infecção ou doença, 
dependendo do estado imunológico do paciente e de fatores associados como a virulência da cepa, tamanho do 
inóculo, quantidade de propágulos aspirados, etc. 
 
Formas Clínicas: 
 
1. Pulmonar: Infecção primária da doença podendo ser localizada, assintomática ou disseminada. 
 
2. Meningoencefálica (neurocriptococose): forma mais grave da doença, secundária a processos pulmonares e 
cutâneos. Manifesta-se por quadros de meningite, meningoencefalite ou criptococoma. O microrganismo desenvolve-
se rapidamente, resultados uma progressiva deterioração do quadro e morte. 
 
3. Cutânea ou cutânea - mucosa: manifestação da disseminação da doença com lesões papilomatosas, 
pústulocrostosas, subcutâneas, verrucosas e ulcerosas. 
 
4. Mistas: comprometimento da pele, mucosas, gânglios, meninges, articulações, ossos, pulmões, órgãos genitais. 
 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
O material biológico de escolha para esta micose é o escarro, líquor, material ganglionar, lesões mucocutâneas. 
 
1. EXAME DIRETO 
 
A. A fresco: sem coloração não permite boa visualização. 
 
B. Corado: levedura capsulada que não se cora os corantes habituais, utiliza-se então tinta-da-china ou Nanquin. 
À microscopia apresenta um campo escuro onde as leveduras possuem ao seu redor uma cápsula de 
mucopolissacarídeos de natureza inerte (não reage com o corante) formando um halo claro ao redor de cada levedura 
(pag. 79). Em cortes histológicos de biópsias a coloração utilizada é o PAS e mucicarmim. Os polissacarídeos da 
cápsula estão relacionados ao grau de virulência das cepas. 
 
 
 
 
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24 
 
2. CULTIVO 
 
Em ágar Sabouraud sem ciclohexemide (inibe o crescimento) a temperatura de 25 ºC ou 37 ºC. As colônias são 
viscosas, mucóides, cremes (pag. 78). Em sua micromorfologia apresenta os elementos semelhantes àqueles do exame 
direto, podendo a cápsula ser pequena devido a sucessivos repiques ou perda da viscosidade. 
 
3. PROVAS DE IDENTIFICAÇÃO 
 
A. Prova bioquímicas 
 
A. 1.Prova da urease: diferenciação entre leveduras do gênero Candida (-) e Cryptococcus (+) em meio ágar ureia de 
Christensen (pag. 35). 
 
A. 2. Provas de assimilação de carboidratos e nitrato: Assimila diferentes açúcares e nitrato, porém não fermenta 
nenhum tipo de açúcar. 
 
A. 3. Provas de presença de compostos fenólicos: servem para rápida identificação presuntiva do C. neoformans. Este 
tem a capacidade de produzir pigmento semelhante à melanina em meio de cultivo contendo compostos fenólicos tais 
como: ácido caféico, sementes de “alpiste” (Guizotia abyssinica, pag. 32), dopamina. A capacidade de produzir 
colônias marrons nestes substratos é indicativa da atividade da enzima fenoloxidase. 
 
A. 4. Provas de diferenciação das espécies C. gattii e C. neoformans: 
 
Baseadas na mudança de cor do meio de cultivo CGB (canavanina glicina azul de bromotimol, pag. 33) onde as 
variedades neoformans e grubii de C. neoformans não variam a cor do meio (esverdeado ou amarelado), e a espécie 
C. gattii torna o meio azul. 
 
B. Provas Imunológicas: Aglutinação em látex (para detecção do antígeno capsular), ELISA. 
 
 
 
 
 
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PARACOCCIDIOIDOMICOSE (BLASTOMICOSE SUL-AMERICANA) 
 
 
DEFINIÇÃO 
É uma micose sistêmica crônica, com um foco primário pulmonar, e que se dissemina para a mucosa oral, nasal e 
vísceras, formando granulomas ulcerativos. 
 
AGENTE ETIOLÓGICO: Paracoccidioides brasiliensis 
 
EPIDEMIOLOGIA: A doença é encontrada desde o Sul do México até o Norte da Argentina. O maior número de 
casos ocorre no Brasil (80%), Colômbia e Venezuela. Os casos tendem a se concentrar ao redor de florestas úmidas, 
com chuvas abundantes, temperaturas moderadas e invernos suaves. A faixa etária mais afetada é representada por 
adultos de 30 a 60 anos, com grande predomínio do sexo masculino. A maioria dos casos é proveniente das áreas 
rurais. 
 
TRANSMISSÃO 
O provável mecanismo de transmissão é através da inalação dos conídios do fungo, porém sem comprovação 
definitiva. O período de incubação é muito variável (média de 15 anos). 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
I. Doença primária benigna 
 1. Paracoccidioidomicose pulmonar primária 
 
II. Doença aguda e progressiva crônica 
 1. Doença pulmonar aguda e progressiva crônica 
 2. Doença disseminada com envolvimento mucocutâneo, linfático e visceral. 
 
III. Paracoccidioidomicose aguda juvenil. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
1. Diagnóstico micológico: o material biológico a ser colhido depende do tipo de lesão e pode ser escarro, lavado 
brônquico, pus de linfonodos, raspados de lesão cutânea, biópsias, etc. 
 
1.a. Exame direto: é feito após clarificação do material biológico com potassa. 
1.b. Exame após coloração: é feito em esfregaços de escarro ou cortes histológicos de biópsias. Os métodos de 
coloração mais utilizados são a hematoxilina-eosina, Grocott (prata) e PAS. 
 
Nestes materiais o P. brasiliensis apresenta-se como elementos leveduriformes globosos de múltiplo brotamento, com 
2-10 m de diâmetro, podendo atingir cerca de 30 µm. A parede celular é dupla, espessa e bastante refringente. 
 
1.c. Cultivo: O P. brasiliensis é um fungo dimórfico, podendo apresentar-se saprofiticamente sob a fase filamentosa e 
leveduriforme. 
 
Fase leveduriforme (em ágar-sangue ou BHI a 37 
o
C): colônias de crescimento lento, com aspecto cerebriforme ou 
sulcado, de cor esbranquiçada ou bege-clara. A micromorfologia é constituída por leveduras multibrotantes (pag. 81) e 
hifas distorcidas. 
 
Fase filamentosa (em ágar-sabouraud a 25 
o
C): colônia de crescimento lento, com aspecto aveludado ou membranoso, 
sulcado ou não, cor branca ou bege, com reverso amarelado ou acastanhado (pag. 80). Ao exame microscópico são 
observadas hifas septadas e clamidoconídios intercalados. 
 
2. Métodos imunológicos: são baseados principalmente na pesquisa de anticorpos, através de métodos de 
imunodifusão em gel de ágarose (o mais utilizado), ensaio imunoenzimático, imunofluorescência indireta, fixação de 
complemento, etc. Podem também ser utilizados ensaios de intradermoreação com paracoccidiodina. 
 
 
 
 
 
 
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 HISTOPLASMOSE 
 
DEFINIÇÃO 
É uma micose sistêmica, de acometimento predominantemente pulmonar, causado por um fungo dimórfico que tem 
afinidade pelo sistema fagocitário-mononuclear. 
 
AGENTE ETIOLÓGICO: Histoplasma capsulatum. Esta espécie apresenta duas variedades de importância humana: 
Histoplasma capsulatum variedade capsulatum e Histoplasma capsulatum variedade duboisii. 
A variedade capsulatum tem ampla distribuição geográfica enquanto que a variedade duboisii é restrita à África. 
 
HABITAT E TRANSMISSÃO 
Seus conídios são encontrados em galinheiros, cavernas, sótãos de casas velhas ou abandonadas e outras construções. 
Também podem ser isoladas do solo. Os reservatórios animais são constituídos por morcegos, galinhas e outras aves 
gregárias. A transmissão se dá através da inalação dos conídios (microconídios) que se encontram em suspensão junto 
com a poeira. A transmissão por via oral não é aceita por todos os autores. O período de incubação varia de 3 a 30 
dias. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
1. Formas assintomáticas 
2. Formas sintomáticas 
 2.a. Histoplasmose pulmonar: 
 2.a.1. Histoplasmose pulmonar primária 
 2.a.2. Histoplasmose pulmonar crônica 
 2.b. Histoplasmose localizada 
 2.c. Histoplasmose disseminada 
 
Patogenia da histoplasmose: a lesão na histoplasmose caracteriza-se por um infiltrado de macrófagos, células 
linfoplasmocitárias e eosinófilos. Esse infiltrado leva à formação de um granuloma que posteriormente necrotiza e se 
calcifica. O sistema imunológico celular e humoral torna-se fortemente sensibilizado com os antígenos do fungo. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
1. Evidenciação direta do fungo. Esfregaços de escarro, sangue, medula óssea e sedimento urinário e sua coloração 
por giemsa. Também podem ser feitos cortes histológicos de biópsias e sua coloração pelo Giemsa, prata 
(Grocott), PAS e hematoxilina-eosina. 
 Nas lesões se apresenta com a forma de pequenas células redondas ou ovais, com 1 a 5 m de diâmetro, na 
maioria das vezes no interior dos macrófagos. 
 
2. Cultivo: O H. capsulatum é um fungo dimórfico, podendo apresentar-se saprofiticamente sob a fase filamentosa e 
leveduriforme. 
Fase leveduriforme (em ágar-sangue ou BHI a 37 
o
C): Fase leveduriforme: em BHI à 37 
o
C, as colônias apresentam-se 
membranosas e úmidas ou cremosas, de cor branca ou branco-amarelada. À micromorfologia apresentam-se como 
leveduras pequenas de 1-5 m de diâmetro. 
 
Fase filamentosa: cultivada em ágar Sabouraud a 25 
o
C. São algodoadas ou pulverulentas, brancas ou bege-claras, com 
reverso amarelo ou alaranjado. À microscopia observam-se hifas, microconídios globosos de 3-5 m e macroconídios 
tuberculados de 8-20 m. 
 
3. Pesquisa de anticorpos anti-H. capsulatum: 
 3.1. Imunodifusão em gel de agarose. 
 3.2. Fixação de complemento. 
 
4. Intradermorreação com histoplasmina. 
 
 
 
 
 
 
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PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS UTILIZADOS EM MICOLOGIA CLÍNICA 
 
COLHEITA DE MATERIAL BIOLÓGICO 
 
PRINCIPAIS CUIDADOS NA COLHEITA DO MATERIAL BIOLÓGICO 
 
1. O material deverá ser preferencialmente colhido no laboratório, em um ambiente com janelas e portas fechadas. 
 
2. O paciente deverá suspender o uso de medicação antifúngica por pelo menos uma semana (antifúngico tópico) e 
duas semanas (antifúngico oral). 
 
3. Deve-se selecionar a área da lesão para a coleta do material. 
 
 4. Colher quantidades de materiaissuficientes para vários exames diretos e semeaduras. 
 
MATERIAL NECESSÁRIO PARA A COLHEITA DO MATERIAL BIOLÓGICO 
Bisturi, pinça de depilação e outras pinças, tesoura, cureta, espátula de unha, alça de platina, swab, agulhas e seringas 
descartáveis, tubos de ensaio, placa de Petri, lâmina e lamínulas. 
 
MATERIAIS BIOLÓGICOS 
 
Escamas: Nas dermatofitoses colhe-se o material na periferia da lesão onde há doença ativa e as hifas são viáveis para 
cultura. Colhe-se por raspagem com bisturi e acondiciona-se em placa de Petri. No caso de Pitiríase versicolor com 
pouco material, colhe-se diretamente sobre uma lâmina com bisturi e, no caso de haver bastante material, colhe-se por 
raspagem com bisturi em placa de Petri pequenas. 
 
Pelos e cabelos: Colhe-se com pinça de depilação, extraindo-se o pelo pela raiz. No caso de micose do tipo nodular, 
corta-se o pelo junto aos nódulos com tesoura e coloca-se o material em placa de Petri pequenas. 
 
Pús , exsudatos e secreções: Dependendo do caso usa-se alça de platina ou “swab”. 
 
Escarro e expectoração: Colhe-se o material em frasco estéril de boca larga. 
 
Peles soltas: Colher os fragmentos com pinça ou corta-se com bisturi e acondiciona-se em placas de Petri pequenas. 
 
Unhas: Preferencialmente deve-se raspar com cureta ou bisturi, tratando-se de lesão subungueal ou superficial, e 
acondiciona-se o material em placas de Petri pequenas. 
 
Bolhas: Colhe-se a pele que envolve o líquido. 
 
Líquidos orgânicos: Punção (líquor e abcessos), aspiração de líquido pleural, sinovial, pulmonar- sedimento da 
centrifugação. 
 
Sangue: Coletado do catéter, bolsa de sangue, do braço- hemocultivo. 
 
Urina: Parcial de urina (jato médio), catéter vesical, punção suprapúbica. 
 
Secreção vaginal: Coleta com “swab” para o exame a fresco, esfregaço, cultura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 EXAME DIRETO 
 
Na maioria das vezes serve só para verificar se a lesão é micótica ou não. Coloca-se uma quantidade do material 
sobre uma lâmina, e após uma gota de soda ou potassa a 20 ou 30% (pag.30). Aguardam-se alguns minutos para haver 
a clarificação e examina-se ao microscópio. 
 
EMISSÃO DE RESULTADOS DE EXAME MICOLÓGICO DIRETO 
NEGATIVO: “Ausência de elementos fúngicos no material examinado” 
POSITIVO: depende do que for encontrado: 
1) “Presença de filamentos micelianos no material examinado” 
2) “Presença de artroconídios no material examinado” 
3) “Malassezia sp.” 
4) “Presença de leveduras no material examinado” 
5) “Parasitismo do tipo endothrix” 
6) “Parasitismo do tipo ectothrix” 
 Podem ser observadas associações de elementos fúngicos supracitados, bem como outros tipos de morfologias que 
são menos frequentes na prática do dia a dia. 
 
 
 
CULTIVO (SEMEADURA) 
 
Serve para identificar o agente etiológico da micose. A semeadura compreende a colocação do material biológico na 
em três pontos da superfície do ágar Sabouraud (com ou sem inibidores). Incuba-se à temperatura ambiente ou 25 
o
C 
durante duas ou três semanas, e examinam-se as características morfológicas da colônia do fungo. 
 
 
REPIQUE 
 
Serve para conservar as colônias por um determinado tempo. No caso de colônias de fungos que fazem parte de uma 
coleção de culturas (micoteca), estas deverão ser repicadas em média a cada dois ou três meses, e em alguns casos em 
menos tempo. 
 
 
MICROCULTIVO (CULTIVO EM LÂMINA) 
 
É realizado quando não se consegue identificar o agente a partir do seu crescimento no meio de cultivo. O cultivo em 
lâmina permite demonstrar ao exame microscópico, a morfologia dos fungos, tornando possível a visualização correta 
de suas estruturas, como as características das hifas, conidióforos, conídios, etc. 
 
MATERIAL NECESSÁRIO 
Cultura do fungo, placa de Petri, bastão de vidro dobrado em U ou lâminas de microscopia, papel-filtro com igual 
diâmetro da placa de Petri, água destilada estéril, alça de platina, lâmina, lamínula, pinça, bisturi, meio de ágar 
Sabouraud sólido e lactofenol-azul-algodão. 
 
PREPARO DO MATERIAL 
1. A amostra deve ser recente e cultivada em meio sólido. 
2. Forrar a placa de Petri na qual vai ser feito o microcultivo com o papel-filtro. Colocar o bastão de vidro dobrado 
junto com a lâmina. Embrulhar o papel e esterilizar em forno Pasteur à 170
o
 C durante 2 horas. 
3. O meio a ser utilizado pode ser o ágar Sabouraud ou qualquer outro meio. Formar uma camada de cerca de 2 mm 
em outra placa de Petri e cortar em blocos quadrados de 5 mm de lado. 
 
 
 
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EXECUÇÃO 
1. Retirar um bloco de ágar com o lado da lâmina do bisturi, colocando-a sobre a lâmina da placa, de maneira 
asséptica. 
2. Retirar pequenas porções da colônia e semear em dois lados do bloco. 
3. Cobrir este bloco com uma lamínula estéril, com cuidado. 
4. Molhar o papel com água destilada estéril. A placa funcionará como uma câmara úmida. 
5. Identificar a placa e acompanhar o crescimento da cultura. 
6. Após crescimento retira-se a lamínula do microcultivo colocando-a em uma nova lâmina contendo lactofenol azul 
de algodão. 
Obs: Alternativamente pode-se utilizar a lâmina do microcultivo (se houver crescimento) quando não for possível a 
identificação pela lamínula. 
 
FUNDAMENTO DO MICROCULTIVO 
A cultura cresce na lâmina e lamínula, aparecendo as estruturas fúngicas bem organizadas, separadas e intactas 
quando se retira o bloco do ágar, permitindo o estudo detalhado de sua micromorfologia. 
 
 
 
 
PRESERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE CULTURAS DE FUNGOS 
 
1. Repiques sucessivos mantidos a temperatura ambiente. 
 
Os fungos podem ser mantidos na forma de coleção (micoteca ou cepário) no laboratório, a temperatura ambiente, 
com o objetivo de permitir comparações com espécies recém-isoladas e outros estudos. Os repiques são feitos por 
meio da transferência, em condições assépticas, de um fragmento de colônia para um tubo novo de cultura, que pode 
ser o ágar batata ou ágar Sabouraud. O período recomendado para o repique varia de um até no máximo seis meses, de 
acordo com o tipo de fungo. 
 
2. Outros métodos de preservação. 
 
Podem ser utilizados a água destilada, óleo mineral, liofilização e nitrogênio líquido. 
 
 
 
BIOSEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE MICOLOGIA CLÍNICA 
 
Cuidados com o material contaminado: tudo deve ser autoclavado. 
 
Cuidados com os microscópios: Após o uso, limpá-los com gaze umedecida em mistura de álcool e éter. 
 
Cuidados com a bancada: após o uso, limpá-las com gaze umedecida em álcool à 70º ou álcool iodado. 
 
Durante a manipulação de qualquer tipo de fungo, em culturas ou exame direto, deve-se trabalhar sempre próximo a 
um bico de Bunsen aceso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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30 
 
SOLUÇÕES E MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS EM MICOLOGIA CLÍNICA 
 
1. POTASSA A 20% (CLARIFICANTE) 
 
Usado para a pesquisa de fungos em raspados de pele, pelos e unhas. A potassa, em concentrações de 10 a 40%, faz 
com que as células se dilatem e clareiem, permitindo a evidenciação de hifas e esporos de fungos. 
 
KOH........................................................................ 20 g 
H2O destilada.qsp................................................... 100,0 mL 
 
2. POTASSA GLICERINADA A 20% 
 
Mesmo uso anterior, porém preservando o material para ser examinado por um período maior. 
 
KOH........................................................................ 20 g 
Glicerina.................................................................. 20,0 mL 
H2O destilada.qsp...................................................100,0 mL 
 
 
3. LACTOFENOL AZUL-ALGODÃO 
 
Usado principalmente como corante no estudo micromorfológico de cultura de fungos. 
 
Fenol....................................................................... 20 g 
Ácido lático............................................................ 20 g 
Glicerina................................................................. 20,0 mL 
H2O destilada......................................................... 20,0 mL 
Azul-algodão (Azul-Poirrier)................................. 0,05 g 
Adicione na ordem: ácido láctico, glicerina, água destilada. A seguir, acrescente o fenol e o azul-algodão, dissolvendo 
em banho-maria. Finalmente, filtre em papel de filtro. O Azul-algodão pode ser substituído pelo azul de metileno. 
 
 
4. ÁGAR SABOURAUD DEXTROSADO 
 
Usado para o cultivo rotineiro dos fungos, inclusive fungos contaminantes do ar. 
 
Dextrose (glicose)................................................... 20,0 g 
Peptona.................................................................... 10,0 g 
Ágar........................................................................ 15,0 g 
H2O destilada.qsp.................................................... 1.000,0 mL 
Ferver a água, dissolver o ágar, acrescentar a peptona e depois a dextrose. Imediatamente após a dissolução da 
dextrose, distribuir em tubos. Autoclavar a 120 
o
C durante 15 minutos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
31 
 
 
5. ÁGAR-SABOURAUD COM ANTIBIÓTICOS (MEIO SELETIVO) 
Utiliza antibióticos para inibir o crescimento de fungos e bactérias do ar. 
 
Dextrose (glicose).......................................... 20,0 g 
Peptona.......................................................... 10,0 g 
Ágar................................................................ 15,0 g 
H2O destilada qsp.......................................... 1.000,0 mL 
Cicloheximide................................................. 0,5 g 
Cloranfenicol.................................................. 0,1 g 
Dissolver 0,1 g do cloranfenicol em 10 mL de álcool etílico, 0,5 g de cicloheximide em 10 mL de acetona e misturar 
tudo em 1.000 mL de meio fundido. Distribuir em tubos e autoclavar a 120 
o
C durante 15 minutos. 
 
6. ÁGAR-BATATA 
Utilizado para a manutenção de culturas de dermatófitos. 
 
Infusão de batatas.......................................... 500,0 g 
Dextrose......................................................... 10,0 g 
Ágar................................................................ 15,0 g 
H2O destilada qsp.......................................... 1.000,0 mL 
Para o preparo da infusão de batatas, colocar 200 g de batatas descascadas em 500 mL de água destilada e cozinhá-las 
durante 1 h. Filtrar em gaze e completar o volume em 500 mL com água destilada. Adicionar o ágar e glicose, 
dissolver e distribuir nos tubos. Autoclavar a 120 
o
C durante 15 minutos. 
 
 
7. ÁGAR-FUBÁ 
Utilizado na indução de clamidósporo terminal de Candida albicans. 
 
Fubá............................................................... 40,0 g 
Ágar................................................................ 20,0 g 
Tween 80....................................................... 10,0 mL 
H2O destilada qsp.......................................... 1.000,0 mL 
Misturar o fubá com 500,0 mL de água, em banho-maria durante 1 hora. Filtrar em pano e papel filtro. Acrescentar o 
ágar dissolvido em 500,0 mL de água. Completar o volume para 1.000,0 mL. Acrescentar o Tween 80. Distribuir em 
tubos e autoclavar a 120 
o
C durante 15 minutos. 
 
8. ÁGAR ARROZ 
Utilizado na indução de clamidósporo terminal de Candida albicans. 
 
Arroz............................................................... 20,0 g 
Ágar................................................................ 20,0 g 
H2O destilada qsp.......................................... 1.000,0 mL 
Ferver lentamente o arroz com a água durante 45 minutos. Filtrar em gaze e completar o volume para 1000 mL. 
Adicionar o ágar e aquecer em banho-maria até dissolução completa. Distribuir em tubos e autoclavar a 120 
o
C 
durante 15 minutos. 
 
 
 
 
 
32 
32 
 
 
 
9. MEIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE Candida sp 
Utilizado para identificação de culturas de Candida, principalmente Candida albicans, pela mudança de cor. 
 
Extrato de levedura................................................. 1,0 g 
Glicina..................................................................... 10,0 g 
Sulfito de sódio....................................................... 3,0 g 
Citrato de bismuto amoniacal................................. 5,0 g 
Ágar......................................................................... 13,0 g 
H2O destilada.qsp.................................................... 1.000,0 mL 
Dissolver os reagentes em água fervente e distribuir em tubos estéreis, porém sem autoclavar. 
Obs: Certas espécies de Candida possuem a capacidade de reduzir o sulfito a sulfeto, adquirindo coloração que varia 
do marrom claro a preta. 
 
10. CHROMAGAR Candida® 
 
Utilizado para diferenciar espécies de Candida, baseando-se nas diferentes colorações adquiridas pelas colônias. 
Identifica C. albicans e C. tropicalis. É comercializado na forma desidratada sob o nome de CHROMagar Candida® 
(PROBAC). 
 
CHROMagar Candida® desidratado................... 47,7 g 
H2O destilada qsp.......................................... 1.000,0 mL 
Dissolver os reagentes em água destilada estéril fervente, e distribuir em tubos ou placas estéreis, porém sem 
autoclavar. 
 
 
11. MEIO DE LACTRIMEL 
Utilizado para o cultivo de colônias de fungos filamentosos e leveduras e observação de estruturas morfológicas em 
microcultivo. 
 
Farinha de trigo.............................................. 20,0 g 
Leite em pó (20g/200 mL de água)................ 200,0 mL 
Mel................................................................. 10,0 g 
Ágar................................................................ 20,0 g 
H2O destilada qsp.......................................... 1.000,0 mL 
Autoclavar o leite separadamente a 120 
o
C por 15 minutos. Os demais ingredientes são dissolvidos na água e 
autoclavados a 120 
o
C por 15 minutos e distribuídos em tubos. 
 
12. MEIO DE ÁGAR NIGER (Guizotia abyssinica) 
Utilizado para verificar atividade de fenoloxidase de Cryptococcus neoformans e C. gattii. Estas espécies vão 
apresentar colônias com tonalidade marrom. 
 
Glicose................................................................. 10,0 g 
Cloranfenicol......................................................... 50 mg 
Extrato de sementes de niger*............................... 200,0 mL 
Ágar.................................................................... 20,0 g 
H2O destilada ..................................................... 800,0 mL 
 
 
33 
33 
* Extrato de semente de niger: pulverizar 70 g de sementes de G. abyssinica em gral. Suspender em 350 mL de 
água destilada. Autoclavar durante 10 min. Filtrar através de gaze e resuspender no volume original com água 
destilada. 
 
 
13. MEIO PARA QUIMIOTIPAGEM DE C. neoformans 
 
Utilizado para diferenciar a espécie C. gattii (sorotipos B e C) da espécie C. neoformans. C. gattii, pelo fato de possuir 
enzimas capazes de degradar a canavanina, que é tóxica, permite o seu crescimento nesse meio, utiliza a glicina como 
fonte de nitrogênio que degradada, resultando na produção de amônia, que altera o pH tornando-o alcalino. No pH 
alcalino o bromotimol passa de cor verde-amarelado para azul intenso. 
 
Solução A 
Glicina.................................................................

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