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Cubismo: Origens e Desenvolvimento

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O Cubismo 
 
O movimento do Cubismo foi introduzido por Les Demoiselies d´Avignon em 
1907. Esta obra desconcertou a todos por ser audaciosa e perturbadora. Esse 
quadro criou novos cânones de beleza estética, destruindo as dintinções 
tradicionais entre o belo e o feio. Contudo, ainda não é um quadro cubista, e sim 
protocubista. Resumia as realizações de Picasso e, sua técnica expressionista e 
emocional, era estranha ao Cubismo. Mas esse quadro suscitou problemas que o 
Cubismo iria resolver e abriu as possibilidades para seu desenvolvimento. 
Também atraiu Braque, pintor jovem e talentoso que alterou todo o 
desenvolvimento de sua arte, aproximando-o de Picasso. 
 
O Cubismo era uma arte formalista preocupada com a reavaliação e reinvenção 
de procedimentos e valores pictóricos. Era uma arte de conteúdo intelectual 
elevado e, em geral calmo e reflexivo. 
 
Em Les Demoiselies vemos diversas fontes como El Greco, Gauguin, arte grega 
arcaica e egípcia e até escultura ibérica. Mas as duas principais fontes de 
inspiração foram Cézanne e a escultura africana, bases da linguagem cubista. 
 
Cézanne, já vinha sendo uma influência preponderante no desenvolvimento da 
pintura moderna desde o início do século e este quadro (de Picasso) o consagrou 
como a maior e mais influente figura do século XIX. Ele sintetizou a forma no 
mesmo grau em que Van Gogh e Gauguin tinham sintetizado a cor e o espaço. 
Sua preocupação em obter uma sensação de solidez e estrutura em suas 
pinturas levou-o a reduzir os objetos às formas básicas mais simples: cones, 
cilindros e esferas. Depois, para explicar melhor a natureza dessas formas, 
observou-as em sua posição mais significativa. Com isso, começa a inclinar 
ligeiramente os objetos na direção do espectador, tentando dar-lhes o aspecto 
que tem tanto quando visto de cima como quando visto de frente. Por vezes 
ainda parecia girar ligeiramente para dar uma visão lateral. Quando olhava seus 
objetos de cima para baixo, também criava um efeito de limitar a profundidade e 
de comprimir o espaço pictórico, como que o comprimindo contra o plano do 
quadro. 
 
Picasso colecionou escultura africana (assim como Matisse que por sinal possuía 
um quadro de Cézanne no qual Picasso se baseou para criar Les Demoiselies), e 
reuniu em suas pinturas a qualidade de toda a escultura africana. Em contraste 
com o artista ocidental, o escultor negro abordava seu tema de maneira muito 
mais conceitual, ou seja, as ideias sobre o seu tema são, para ele, mais 
importantes do que a representação naturalista, resultando em formas mais 
abstratas, estilizadas e simbólicas. Picasso viu aí a chave para uma arte ao 
mesmo tempo representacional e antinaturalista. 
 
Em Les Demoiselies (onde temos figuras de frente com nariz de perfil e uma 
cabeça de perfil com o olho colocado de frente), temos então um novo enfoque 
do problema de representação de volumes tridimensionais numa superfície 
bidimensional. Durante 500 anos, desde a Renascença, os artistas vinham sendo 
guiados pelos princípios da perspectiva matemática e científica, de acordo com o 
qual o objeto ou modelo era visto de um único ponto de vista estacionário. Agora 
 
 
 
 
 
 
 
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é como se Picasso tivesse andado 180 graus em torno de seu modelo e tivesse 
sintetizado suas sucessivas impressões numa única imagem. Isso resultaria no 
desenvolvimento do Cubismo e no que os críticos chamarão de visão simultânea 
– a fusão de vários pontos de vistas de uma figura ou objeto numa única 
imagem. 
 
O modo como as figuras foram desdobradas ou puxadas também tem o efeito de 
nos conscientizar de que a superfície em que o pintor está trabalhando é plana. 
O Cubismo objetivava unir o motivo central da telas ao que o circundava, 
forçando todo o complexo pictórico a integrar-se novamente à tela plana. 
 
Foi com a colaboração de George Braque que o Cubismo nasceu. Ele era mais 
metódico, suave (poético) e interessado na forma pictórica e, usando Cézanne, 
criou um novo conceito de espaço que iria complementar o novo tratamento da 
forma que Picasso desenvolveu em sua fase negroide, que se seguiu à realização 
de Les Demoiselies. Braque parou de pintar no estilo fauve e simplificou formas à 
maneira de Cézanne, para negar a ideia de profundidade e produzir uma pintura 
mais conceitual, disciplinada e geométrica. O espaço era sua principal obsessão 
pictórica. A análise de planos e facetas articulados, que Picasso aplicou às formas 
tridimensionais, ele aplicou aos espaços que as circundavam. 
 
No Cubismo a profundidade e a perspectiva são negadas e a cor torna-se 
limitada; em Picasso por considerá-la secundária em relação às propriedades 
esculturais e em Braque por ele considerar que a cor iria perturbar as sensações 
espaciais. 
 
São distinguíveis duas fases principais no desenvolvimento do Cubismo: analítico 
(que também pode ser dividido em formativo e clássico) e sintético. Foram 
teorizadas por Juan Gris, o terceiro membro do triunvirato dos grandes cubistas. 
 
No analítico, em arranjos de instrumentos musicais, cálices, jornais e outros 
objetos de experiência cotidiana que evocam a sensação tátil através de valores 
associativos, Braque pôde controlar e explicar melhor as pressões e 
contrapressões do espaço cubista. Ele rompe ocasionalmente os contornos dos 
objetos a fim de permitir que o espaço circundante flua para o espaço do quadro. 
Mas ainda existe a possibilidade de o espectador reconstituir para si o objeto 
(analisado, transposto em linguagem cubista) em sua integridade naturalista. 
Desse complexo de elementos composicionais, o objeto emerge lentamente para 
depois se perder de novo na ativação global da superfície, de modo que é 
estabelecida uma espécie de diálogo entre os objetos representados e a 
continuidade espacial na qual estão inseridos. 
 
Com a compreensão de que se estabelecera um novo idioma, Picasso percebeu 
que o valor das novas técnicas residia no fato de lhe permitirem maior liberdade 
na expressão dos princípios desenvolvidos durante os anos precedentes. Logo, 
diferentes aspectos e pontos de vista de um objeto podiam ser mutuamente 
 
 
 
 
 
 
 
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sobrepostos de um modo mais livre, mais caligráfico, e depois fundidos numa 
única imagem “simultânea”. Esse desenvolvimento foi o auge, a fase clássica do 
Cubismo Analítico e o consolidou como uma linguagem nova. 
 
O Cubismo mantivera um equilíbrio cuidadoso entre abstração e representação, 
mas o desenvolvimento do Cubismo estava impelindo-os em direção à abstração, 
que seria uma conclusão extrema e que desagradou a Picasso e a Braque. Eles 
tinham desde o início rejeitado todo o conteúdo literário e anedótico e evitaram 
todas as formas de Simbolismo. Quando sua preocupação com problemas 
puramente pictóricos, envolvidos na nova abordagem do espaço e da forma, os 
colocou no limiar da pura abstração, eles voltaram-se para temas e objetos que 
faziam parte dos mecanismos e da experiência de seus cotidianos. Esse limiar 
para a abstração ficou para ser transposto por artistas seus contemporâneos. 
 
Para equilibrar os meios específicos que estavam ficando progressivamente mais 
abstratos, os pintores começaram a usar recursos intelectuais e pictóricos que 
não só acrescentaram uma nova riqueza à superfície das telas, mas também 
reafirmaram o realismo de sua visão. São pistas deixadas por Picasso que 
permitem reconstituir os objetos ou as letras introduzidas por Braque que 
invocam referências a presenças ou ao ambiente em que se inserem os objetos. 
Em 1912, Picasso começa a incorporar fragmentos de materiais a seus desenhos 
e pinturas inventando a colagem e Braque usa tiras de papel, inventando o 
“papier collé” (colagem com papel), completando partes não pintada de seus 
quadros com recortes. O fato de ambos pensarem em soluções parecidas para os 
problemasformais do Cubismo mostra a proximidade do pensamento de ambos 
naquele período. 
 
Os cubistas afirmam o conceito de pintura como um objeto ou entidade 
construída e dotada de vida própria, não refletindo ou imitando o mundo 
externo, mas recriando-o de um modo distinto e independente. Segundo Picasso: 
“... Obter-se na tela a realidade da pintura, que irá competir com a realidade da 
natureza...”. 
 
Era um procedimento novo e revolucionário. A tela podia ser construída reunindo 
uma série dessas formas abstratas ou através da superposição de algumas áreas 
da composição sugeridas por essas áreas. Essas formas podem sugerir um tema 
ou o tema pode ser sobreposto. Os trabalhos feitos dessa forma serão 
classificados como Cubismo Sintético. 
 
Então na fase analítica os pintores começavam com uma imagem mais ou menos 
naturalista, que depois era fragmentada e analisada (resumida) dentro dos 
novos conceitos de espaço e forma. Na fase sintética (caracterizadas pela 
colagem), os artistas começaram com a abstração e trabalharam na direção da 
representação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nessa fase, Picasso renovou seu interesse pela escultura africana. Nessa arte 
duas conchas podem representar olhos, um pedaço de madeira vertical pode se 
tornar um nariz, um horizontal uma boca e um retângulo onde esses objetos 
estão fixados passam a ser lido como uma cabeça. Assim, da mesma forma que 
os escultores primitivos africanos, ele manipula formas planas para sugerir um 
homem ou um violão, por exemplo. Por vezes as usa de modo ambíguo, servindo 
a mais de um propósito (a mesma forma pode sugerir mais de que um objeto). 
 
Outro aspecto característico é a substituição do sólido pelo vazio e do vazio pelo 
sólido, que se dá quando eles recortam uma forma em um pedaço de papel, 
jogam fora a forma e colam o papel de onde foi recortada a figura na tela. 
 
Isso foi largamente usado na escultura cubista, que eram construções de 
madeira, papel, ferro e materiais díspares, alguns com caráter ready-made, ou 
seja, objetos encontrados no lixo que eram montados ou reunidos (incorporadas) 
às construções (esculturas). Contudo, a escultura cubista, mesmo tendo Picasso 
como um representante (outros importantes são Lipschitz e Arquipenko), nunca 
rivalizou em importância com a pintura cubista. 
 
A importância de Juan Gris passa por sua abordagem independente e intelectual, 
que serviu para sublimar e explicar as realizações do movimento e por ser em 
seu trabalho que o Cubismo Sintético chega às conclusões mais puras e lógicas. 
Seu cubismo era mais expositivo e programático (e mesmo didático), com 
objetos divididos em duas partes ao longo de seus eixos verticais e horizontais e 
cada segmento examinado de um diferente ângulo de visão que depois é 
recomposto de modo mais literal e analítico. Ele objetivava sistematizar o 
procedimento cubista. Ele formulou uma importante série de ensaios de grande 
clareza e profundidade para explicar as preocupações do Cubismo nas últimas 
fases do movimento. 
 
É através de seu cubismo, em uma fase mais livre (quando os quadros passam a 
ser produtos de sua mente e não mais descrições de determinados objetos), 
vinculado à decomposição arquitetônica da tela (sua infraestrutura), que se dá o 
relacionamento de artistas como Mondrian, Malevich e Lissitzky, que tinham uma 
crença platônica no aperfeiçoamento da forma e foram importantes no 
desenvolvimento de outras possibilidades de arte nas diversas formas de 
construtivismo. Também foi quem explicou o Cubismo às figuras menores do 
movimento como Metzinger, Gleizes e Herbin. 
 
Os procedimentos composicionais do Cubismo Analítico, quando ele ‘explodiu’ no 
Salão dos Independentes de 1911, (nem Braque, Picasso ou Gris participaram), 
sugeriram um novo modo de organizar ou decompor a superfície do quadro. Isso 
influenciou direta ou indiretamente quase todos os jovens artistas significativos 
que trabalhavam na Europa incluindo construtivistas, futuristas e figuras do 
Expressionismo do Blaue Reiter. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Além desses, destacaram-se Robert Delaunay, que iria desenvolver sua arte para 
uma outra forma de abordagem do quadro, chamado Orfismo (ou cubismo 
órfico) e Fernand Léger, o mestre de Tarsila do Amaral, influenciando também o 
desenvolvimento do Modernismo no Brasil. 
 
Em 1925 terminou o período do desenvolvimento cubista. Picasso aproximou-se 
do Surrealismo, Gris ficou doente e morreu em 1927, e o trabalho de Braque 
(que serviu na frente de batalha e foi ferido) passou a ter um desenvolvimento 
muito pessoal para ser colocado (classificado) em qualquer categoria rígida. 
 
O Cubismo foi uma arte de experimentação que se defrontou com a realidade e 
desenvolveu uma nova espécie de real. Desenvolveu um gênero completamente 
original e antinaturalista de figuração que desvendava os mecanismos de criação 
pictórica e, no decorrer desse seu processo, contribuiu para destruir barreiras 
artificiais entre abstração e representação. Foi o movimento central em torno do 
qual gravitou a arte na primeira metade do século XX.

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