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Relação entre Espaços Interior e Exterior na Arquitetura Paisagística

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012  164
A RELAÇÃO DOS ESPAÇOS INTERIORES E EXTERIORES NA ARQUITETURA PAISAGÍSTICA 
 
Fabricia Dias. da Cunha de Moraes Fernandes‐ Arquiteta, Urbanista e Paisagista; Graduada pelo 
curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista ‐ UNOESTE 
 
 
RESUMO 
A profissão de arquiteto paisagista no Brasil  foi reconhecia  logo após  fundação da Faculdade de 
Arquitetura  e Urbanismo  da Universidade  de  São  Paulo  (FAU‐USP),  em  1947,  quando  houve  a 
criação da disciplina de paisagismo suprindo as exigências sobre noções de arquitetura paisagística 
na  grade  curricular.  Assim  ocorreu  o  estimulo  da  academia  para  englobar  o  espaço  exterior  e 
agrega‐lo ao espaço  interior,  fazendo  frente à  totalidade e unicidade espacial, porém no campo 
pragmático  ainda  existe  conflitos  e  divergências  em  relação  à  dialética  do  espaço  interior  e 
exterior. Portanto, o presente artigo pretende investigar o olhar do profissional sobre os espaços 
interior e exterior. 
Palavras‐chave: Arquitetura, Paisagismo, Espaço Interior, Espaço Exterior, Paisagem. 
 
 
INTRODUÇÃO 
A expressão oficial arquiteto paisagista surgiu em 1858, aplicada pelo arquiteto paisagista 
norte‐americano  Frederick  Law Olmsted e o  arquiteto Calvert Vaux  logo  após  serem declarado 
vencedores do concurso para projeto do Central Park, na cidade de Nova York. A intenção deles foi 
fomentar e consolidar a profissão, visto que, ao longo dos séculos era utilizado o termo jardineiro 
paisagista. Tal nomenclatura conotava certo desprezo, não sendo compatível com a complexidade 
da profissão (BARRA, 2006). 
No Brasil, até o final da década de1940, havia a graduação de engenheiros arquitetos pela 
Escola Politécnica,  somente em 1947, principalmente pelos esforços do professor Luís  Inácio de 
Anhaia  Melo,  houve  a  criação  Faculdade  de  Arquitetura  e  Urbanismo  da  Universidade  de  São 
Paulo (FAU‐USP), onde surgiram os primeiros arquitetos urbanistas. 
O  professor  Anhaia Melo,  tendo  conhecimento  da  relevância  do  paisagismo  no  quadro 
internacional da época,  logo  inseriu na grade curricular da  faculdade a disciplina de paisagismo, 
visto a consideração que para a formação de arquiteto urbanista não poderia existir abstenção de 
noções sobre a arquitetura paisagística. 
Dessa  forma,  foi  indicado  pelo  paisagista  norte‐americano  Garret  Eckebo,  através  de 
Vilanova  Artigas,  que  então  era  assistente  de  Anhaia  Melo,  um  arquiteto  paisagista  norte‐
americano de origem portuguesa, Roberto Coelho Cardozo. Anhaia Melo conheceu Cardozo por 
meio  de  Burle Marx,  que  na  época  trabalhava  com  ele.  E,  por meio  desses  contatos,  Cardozo 
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passou  a  lecionar  a  disciplina  de  paisagismo  na  FAU‐USP,  o  que  contribuiu  para  estimular  a 
carreira de paisagista no Brasil (KLIASS, 2006). 
Dessa forma, este artigo pretende investigar as diferentes percepções do olhar do homem 
sobre o espaço exterior e seus desdobramentos na atividade do arquiteto urbanista. Para  tanto 
percorre desenvolvimento que  relaciona a dialética entre as  concepções do espaço  interior e o 
espaço  exterior  na  arquitetura  paisagística,  procurando  salientar  a  premissa  fundamental:  a 
unidade e coesão entre arquitetura e o paisagismo, buscando uma relação e  integração entre o 
exterior e o interior. 
 
METODOLOGIA 
A  metodologia  utilizada  está  baseada  em  levantamento  bibliográfico  sobre  conceito  de 
paisagismo,  sobre  teorias  de  percepção  da  forma  e  do  espaço,  e  leitura  critica  autores  que 
exploram a arquitetura paisagística em suas potencialidades. 
 
O PAPEL PAISAGISMO NA CONSTRUÇÃO ESPACIAL 
No quadro paisagístico brasileiro, a atenção sempre foi focalizada na figura de Burle Marx, 
entretanto,  houve  na  verdade,  dois  esteios  para  o  desenvolvimento  e  reconhecimento  da 
atividade paisagística brasileira, o Roberto Burle Marx, no Rio de Janeiro, lidando com a práxis e o 
Roberto Coelho Cardozo, ligado ao ensino, em São Paulo. 
Para  o  paisagista  norte‐americano  Garret  Eckbo  a  arquitetura  da  paisagem  é  uma 
ampliação da arquitetura por outros meios, definindo que ambas constituem um mesmo trabalho. 
O  paisagismo,  assim  como  a  arquitetura,  utiliza‐se  materiais  e  elementos  artificiais  para  a 
construção do espaço, porém, a ampliação  relatada por Eckbo,  caracteriza‐se pela dilatação do 
espaço  interior para espaço exterior, acrescentando a  inserção dos elementos vegetais. As duas 
constituem  um  mesmo  exercício  pelo  fato  de  que  os  princípios  básicos  de  projetos,  suas 
implicações e proposições são exatamente análogos. No projeto paisagístico, semelhantemente os 
projetos  de  arquitetura  e  urbanismo,  os  componentes  vegetais  podem  ser  considerados  como 
materiais construtivos, definindo formas, composições e espaços (NOGUEIRA e RIGHI, 2003). 
O paisagismo  integra‐se  a  arquitetura  e  ao urbanismo por  causa do  seu  trato  com o  as 
premissas  fundamentais  presentes  nestas  áreas  de  conhecimento:  o  espaço  físico  e, 
especialmente, o compromisso com o projeto. A este compromisso técnico agregam‐se valores de 
cunho artístico, físico, social e botânico, preconizando o cuidado com a natureza, com o usuário e 
com a sociedade. Para Eckbo, o campo da arquitetura paisagística engloba arquitetura, natureza, 
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história e a sociedade, devendo cada qual ser compreendida numa esfera global, integradamente 
e equilibradamente (KAHTOUNI, 2007). 
Há uma tendência equivocada por parte dos arquitetos urbanistas em tratar o espaço não‐
construído  como  resíduo,  não  recebendo  o  devido  cuidado.  Este  não  é  percebido  como  lugar, 
onde  acontece  a  interação  social,  o  exercício,  da  troca  de  diferenças  e  opiniões,  do  descanso, 
contemplação e do lazer. Os arquitetos urbanistas precisam lidar com espaço exterior como local 
onde a vida acontece, onde o paisagismo participa e é integrante do processo arquitetônico desde 
a  sua  concepção  até  seu  uso  final,  buscando  vigorosamente  uma  relação  e  integração  entre  o 
exterior e o interior. 
Há  um  pendor  por  parte  dos  arquitetos  em  tratar  o  espaço  interior  como  sua  única 
possessão e o espaço exterior passa a ser negligenciado. 
 
O OLHAR DO ARQUITETO PAISAGISTA SOBRE ESPAÇO EXTERIO E INTERIOR 
Coelho  Netto  (1999)  demonstra  que  a  dialética  existente  entre  a  passagem  do  espaço 
interior  para  espaço  exterior  e  o  confronto  entre  ambos,  pressupõe  os  tempos  pré‐históricos 
desde  momentos  anteriores  a  formação  de  uma  sociedade  e  que  acontecia  tanto  no  plano 
material, como no psicológico e social. E hoje em dia pode se elencar vestígios da oposição Interior 
e Exterior que sustentam tal discurso como no caso a religião, a burocracia, a divisão de classes 
sociais e mais precisamente a arquitetura.  
Existe  clara  tendência  no  sentido  de  atribuir  à  arquitetura  a  preocupação  primeira  e 
fundamental de lidar com o interior, em considerar que o interior apresenta a real substância de 
algo, de  tal modo que quando  se pensa em qualificar a arquitetura  só  se poderia  focar para o 
interior (COELHO NETTO, 1999) 
Citando o  filósofo Bachelard o autor diz que essa valorização não é restrita ao campo da 
arquitetura,  pois  está  por  toda  parte.  Tal  inclinação  tem  sua  gênese  do  espírito  pré‐científico, 
caracterizando o  interior  como essência das  coisas, a  realidade,seu  cerne. Porém, para Coelho 
Netto,  a  linha  “interiorista”  apresenta‐se  como  um  cunho  místico,  misterioso  e  mágico,  que 
continua a persistir e manifestar no pensamento do homem contemporâneo, em uma perspectiva 
psicológica  evocando  o  Interior  como  algo  tranquilo,  refúgio,  imobilidade,  numa  repetição  ao 
primeiro abrigo humano, o útero materno. 
Assim,  desde  sua  gênese,  a  arquitetura  encontrou  um  discurso  e  decidiu  se  expressar 
através de um eixo da polaridade, o interior, reproduzindo o enfoque de manipular por excelência 
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o Espaço Interior gerando a partir deste ponto um confronto ao Exterior, com o qual buscava uma 
proteção essencial, e sendo inexistente a identificação Exterior‐Interior. 
O  âmago dessa oposição está embasado por motivações psicológicas,  capaz de  afetar o 
comportamento  do  individuo.  A  mente  humana  é  capaz  de  edificar  murada,  protegendo  o 
indivíduo,  porém  nenhum  muro  real  bloqueia  a  imaginação  se  sentir  inseguro  e  exposto.  A 
mitologia do  fechado e do  introspectivo sobrepõe a uma mitologia do amplo e do extrovertido, 
pois esta está  ligada ao mundo onírico, “sonha‐se com a  imensidão, mas pratica‐se o restrito”. O 
homem, especialmente o ocidental, tem  incertezas com o exterior e se abriga no restrito, pois o 
mundo exterior é digno de ser contemplado e não vivenciado. 
O  homem  ocidental  reflete  esta  noção  do  espaço  fechado  como  espaço  íntimo  e  de 
mistério em seu modo de viver, apoderando espaços internos pela acumulação de objetos, pois o 
indivíduo  apresenta‐se  apreensivo  em  locais  vazios.  Então,  para  isso  é  necessário  preencher  e 
acumular  elementos  escondendo  o  que  está  vago.  Essa  realidade  é  uma  reprodução  do  “vazio 
maior e universal”, superando as questões de cunho econômico e material. 
O  espaço  não‐construído,  aberto  acaba  sendo  percebido  como  um  mundo  exterior, 
indiferente ao sujeito, hostil, incerto, definitivo e nada apreensível, enquanto o espaço construído 
é tangível, emana ser o local de intimidade, bem‐estar e proteção. Existe uma fobia do vazio, que 
excede aspectos de ordem  social e econômica, o Exterior, o Vazio atemoriza e aterroriza o  ser 
humano,  como  se  estes  valores  escapasse  do  seu  domínio,  pois  não  possui  alcance  e  nem 
consegue preencher ou então, o ser humano considera como algo preenchido por um assunto que 
não compreende, reconhece e nem pode lidar, consequentemente, ele receia, por isso, trata‐se de 
um espaço de exclusão, onde o sujeito, em vários sentidos, está por fora. 
Coelho Netto (1999) destaca que neste ponto ele discorda de Bachelard, veiculando que, o 
exterior semelhantemente o interior, é preconizado por “valores do onirismo”, e o sentimento de 
temor e/ou fascínio é válida em ambos os casos. 
A noção básica de para entendimento do espaço interior e exterior está ligada ao uso que 
se faz de determinado espaço, e o sentido que lhe conferem conforme a cultura, grupo social e a 
época. Indivíduos de culturas diferentes utilizam o espaço de modos semelhantemente distintos, 
sendo o papel do planejador o estudo e conhecimento para  fazer propostas que  façam  frente à 
necessidade do individuo ou do grupo, sendo sensível aos limites do interior e exterior, analisando 
até que ponto eles podem aceitar, permitir a integração sem prejudicar um nem e outro. 
A  maneira  de  ordenação  e  de  atribuição  de  sentido  ao  espaço  é  produto  do 
comportamento  humano,  consequentemente,  é  componente  da  infraestrutura  e  não  existem 
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alterações  que  possam  ocorrer  na  superestrutura,  como  ideologias  e  leis,  se  não  modificar 
primeiramente a  infraestrutura. Modificações nunca poderão ser colocadas em prática por meio 
de  “concepções  abstratas”  (exemplo:  leis),  ou  jamais  serão  cabalmente  efetuadas  se  não  for 
acompanhada por transformação semelhante no modo de relacionamento dos homens entre si e 
destes como o espaço.  
Uma consideração  importante é sobre a cultura ocidental e a valorização de  lugares que 
possibilitem  o  recolhimento  individual  de  afastamento,  periódico  e  delimitado,  atentando  para 
evitar desequilíbrios psíquicos originados pela falta de espaços íntimos. 
A  partir  desses  dados,  o  arquiteto  paisagista  deve  propor  organizações  espaciais  que 
constituam  como  “informadoras  e  formadoras  (educadoras)”  aos  usuários  no  sentido  de  uma 
alteração de comportamento, aperfeiçoando as  ligações  inter‐humanas e motivando o progresso 
individual.  
A  dialética  entre  ambos  os  espaços  precisa  ser  avaliada  pela  noção  de  relação,  ora  um 
relativo ao outro, pois não  tem como existir  interior sem exterior, e ora segundo o observador, 
pois  depende  do  ponto  de  vista,  local  em  que  este  se  situa.  Entretanto,  uma  colocação  é 
indiscutível, não há exterior sem interior e a recíproca é verdadeira, e então seria melhor tratar da 
noção de  complementação em vez de  comparação, em um  jogo dialético e  combinatório entre 
estes aspectos. 
A  resolução  dessa  questão  deve  implicar  em  não mais  conceber  o  Interior  e  o  Exterior 
como  limites,  barreiras  decisivas,  inclusive  concernentes  aos  limítrofes  de  recinto  privado  e 
público, eliminando dessa  forma  a  relatividade do ponto de  vista do  sujeito.  “Abolir” enclaves, 
porém não todos, verificando‐se o discernimento por parte do arquiteto em perceber que o ser 
humano  necessita  usufruir  de  intimidade,  isolamento  em  determinados  períodos,  respeitando 
fatores de ordem psicológicas e biológicas, e também não perder de vista a necessidade do lugar‐
abrigo. A reflexão deve ser relevante em anular o “caráter discricionário” com que se envolve o 
uso  dos  Espaços  Interiores  e  Exteriores,  que  ainda  existe  na  prática,  semelhantemente  as 
sociedades dos tempos rudimentares (COELLHO NETTO, 1999). 
Este autor  corrobora que  se pode  superar a polaridade através do  jogo  constante entre 
espaço  construído  e  espaço  não  construído.  A  premissa  fundamental  seria  espaço  construído 
envolvendo um espaço não construído que por sua vez penetra no espaço construído, no qual não 
isola,  é  antes  uma  continuação.  Nesta  situação  não  há  sentimento  de  aprisionamento,  pois  o 
corpo e a imaginação do usuário se expandem elasticamente. 
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Ele ainda expõe que o termo “ocupação” do espaço não deve ser empregado pelo fato se 
fazer  referência  ao  juízo  posse  de  exclusão,  de  propriedade  particular,  espaço  privado.  A 
arquitetura  deve  ter  a  primazia  em  construir  espaços,  é  a  ordenação,  disposição  do  espaço, 
podendo ou não pressupor uma ocupação. Esse espaço é  feito pelo homem, através da matéria 
fornecida pela natureza, sendo a mesma um dado inicial e já pronto. E a expressão “espaço livre” 
preconiza aspecto negativo, pois o evoca para o sujeito sentimento de estar exposto a algo. 
Coelho Netto (1999) considera que na cultura ocidental há um conceito errôneo que, só é 
verdadeiramente  natural  aquilo  que  permanece  intocável  pela  mão  humana.  Isso  é  uma 
idealização,  no  qual  a  ideia  é  de  que  pode  ser  até  que  se  contemple,  mas  não  se  vivencia  o 
ambiente  natural.  A  inoperabilidade  do  meio  natural  faz  com  que  ela  seja  inútil  para  o  ser 
humano,  e  nesse  caso  ou  se  renuncia  ou  tenta  submetê‐lade  forma  a  “desnaturalizar 
inteiramente (que se pense nos jardins franceses)”, e o resultado em ambos são semelhante: não 
preocupação de inserção do espaço natural para o homem. 
O engano do ocidental é tratar determinada quantidade, na maioria das vezes,  ínfima de 
vegetação meramente como “amostra” da natureza e não como uma parte da própria natureza, 
capaz de  transmitir  todas as sensações de que o homem precisa em  relação ao espaço natural. 
Para este, o elemento natural remete ao “simples signo de uma coisa” e não como o próprio. 
A  partir  daí,  para  o  autor,  surgem  várias  problemáticas  como  uso  de  imitações  de 
componentes  vegetais em material plástico,  jardins  á  francesa, e  culminando  em  incômodo de 
ordem psíquica, por ser uma barreira à estabilidade psicológica do sujeito e que fazem as pessoas 
a terem fobia do que é natural. O plástico demonstra o lado racional do homem, do racionalismo 
determinado o meio natural e o jardim a francesa também expressa a razão de forma exagerada. 
Assim, Coelho Netto (1999) apresenta que no contexto arquitetônico é preciso difundir o 
pensamento de que ao meio natural permite a  intervenção humana, sem alterar sua essência. O 
espaço arquitetônico natural pode ser concebido tanto como a “natureza livre” como também por 
componentes naturais planejados pela ação do arquiteto, e é claro, sem exagerar. A convivência 
com a natureza é imprescindível, entretanto o pensamento que esta é confusa e problemática, e 
por  isso, precisa se comportar de uma  forma  imposta e rigorosa pelo homem, como no caso os 
jardim  franceses,  aparados  geometricamente,  em  disposição  a  causar  repetição  e  monotonia, 
mostra  uma  dialética  inexistente  entre  artificial  e  natural,  pois  tudo  está  ali  de  forma 
extremamente artificial. 
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Para Cullen (2008) o espaço, sendo ocupável, induz a colonização. O exterior é um recinto 
apto  para  ser  “colonizável”,  e  os  agentes  tendem  a  humanizar  da  melhor  maneira  possível  à 
paisagem, semelhantemente que ocorre nos espaços interiores.  
Portanto, a divergência entre “dentro” e “fora” é mínima e o meio exterior tem que ser um 
local  destinado  ao  homem  na  sua  totalidade,  que  pode  reclamar  para  si,  apropriando‐se 
estaticamente ou através do movimento.  
Cullen (2008) acredita que, quando se faz uma construção delimita‐se espaços, divisões no 
seu  interior,  cuja  justificativa  está  no  ato  atender  um  requisito  funcional  de  construção  e  de 
abrigo, podendo  ser até obvio a  imagem deste objeto, entretanto,  seu exterior não é  tão  claro 
assim, não é visível a  justificativa para o espaço não‐construído. Sabe‐se que a vida social de um 
grupo  não  está  encerrada  ao  interior  de  uma  construção,  qualquer  local  é  um  território  em 
potencial para acontecer um encontro, reunião entre indivíduos, de ocorrer uma expressão social, 
que passam a se estabelecer naquele local. 
Sendo assim, o exterior é articulado em sucessivos ambientes, assim como o interior, mas 
por  motivos  próprios  e  singulares,  onde  os  sujeitos  envolvidos  aplicam  na  prática  um  lugar 
articulado,  preconizando  fluxos  de  atividades  e  lazer.  Onde  se  cria  um  Aqui,  necessariamente 
admite‐se  um  Além  e  é  através  do  tratamento  e  da  dialética  das  duas  concepções  espaciais 
origina‐se grande parte da expressividade da arquitetura e do urbanismo. 
Espaço  exterior  torna‐se  o  meio  mais  eficiente  e  instantâneo  de  provocar  no  homem 
sentimento de posição ou de  identificação com o que está a sua volta. O confronto do “aqui “e 
“além”  faz  com  que  um  seja  afrontada  pelo  outro,  de  forma  a  gerar  um  impacto  de  ordem 
emocional para observador. 
Os  elementos  vegetais  formam  verdadeiras  estruturas  assim  como  os  edifícios  e  são 
planejados segundo padrões arquitetônicos e considerando sua disposição e sua  interpenetração 
com os elementos construídos. E atualmente se aceita tal elemento por si mesmo, pois se trata de 
um ser vivo habitando entre nós, e também o seu significado pressupõe o “fora”, se o sujeito está 
“dento” a qualquer momento ele pode se desvencilhar do  interior e  ir de encontro a um espaço 
extrovertido. 
Entre  o  elemento  vegetal  e  o  edifício  existe  uma  relação  particular,  pois  formam 
convencionalmente duas maneiras de pontuar uma paisagem. O ser orgânico mantem‐se sempre 
o mesmo, a parte mudanças efêmeras dos modismos, porém o edifício altera se constantemente 
devido funções, formas e tecnologia vigente do período. 
 
Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012 
Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 
Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O  espaço  construído  não  é  uma  obra  de  arte  auto‐suficiente,  o  olhar  contemporâneo 
passou da unidade e abraçou o todo, a paisagem exterior tornou‐se importante para o arquiteto, 
que precisa atentar pra abranger sua atuação e seu repertório, já que a paisagem transformou‐se 
em um pedaço da arquitetura. 
Atualmente a arte de dispor edifício e vegetação fundamenta‐se em uma ligação em que a 
elemento  vegetal  transfere  sua  qualidade  ao  edifício,  e  em  que  este  faz  destacar  suas 
propriedades arquitetônicas do componente vegetal, de forma a serem um conjunto. 
A  forma  arquitetônica  pode  combinar  ou  contrapor  com  a  geometria  da  biologia, 
exprimindo  a  medida  de  uma  grandeza,  formando  uma  unidade,  ou  seja,  a  arquitetura 
paisagística. Os espaços interiores se agregam a uma nova perspectiva, os espaços exteriores. 
 
REFERÊNCIAS 
BARRA, E. Paisagens Úteis: escritos sobre paisagismo. São Paulo: Senac, 2006. 
COELHO NETTO, J.T. A construção do sentido na arquitetura. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. 
CULLEN, G. Paisagem urbana. Portugal: Edições 70, 2008. 
KAHTOUNI, S. Muito além do jardim, a paisagem desconstruída. n. 49, abr./mar./jun. 2007 
KLIASS, R.G.; ZEIN, R.V. Rosa Kliass: desenhando paisagens, moldando uma profissão. São Paulo: 
Senac, 2006

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