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Síntese Aula 02

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Tópicos Avançados em Contabilidade – Aula 02 – Apresentação das Demonstrações Contábeis conforme Pronunciamento 26, Revisão 1, do CPC.
 Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar as principais regras envolvidas com a apresentação das demonstrações contábeis;
2- Reconhecer a forma de apresentação apropriada e a conformidade com as práticas contábeis brasileiras;
3- Reconhecer os conceitos de competência e continuidade aplicáveis à preparação e à apresentação das demonstrações contábeis;
4- Reconhecer as regras de materialidade, agregação de saldo, compensação de valores e de apresentação de informação comparativa utilizadas na preparação e apresentação das demonstrações contábeis.
Demonstrações contábeis
A comparabilidade das demonstrações contábeis elaboradas pela própria entidade, em períodos anteriores, com as demonstrações contábeis atuais, ou com as demonstrações contábeis de outras entidades, só é possível por conta da existência de regras que proporcionam uma base de apresentação desses relatórios contábeis. Assim, no âmbito da Contabilidade no Brasil, a regra que fornece esta sustentação é o Pronunciamento 26 do CPC, em sua revisão de número 1, aprovado pela CVM através da Deliberação nº. 676/11 e pelo CFC que a tornou a NTC TG 26, conforme Resolução nº. 1.185/09 alterada pela 1.376/11.
ATENÇÃO
Todas as demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas no Brasil devem ser elaboradas e apresentadas com base nas regras que constam desse pronunciamento.
Finalidade das demonstrações contábeis
As demonstrações contábeis tem um objetivo:
- transmitir informação acerca da posição patrimonial e financeira das empresas, bem como do desempenho e dos fluxos de caixa da empresa que sejam úteis aos usuários no seu processo de tomada de decisões econômico-financeiras. Além disso, devem apresentar também os resultados da atuação da Administração. Assim, esses relatórios são uma representação estruturada da posição econômico-financeira e do desempenho da empresa.
ATENÇÃO
Esse conjunto de informações, aliado às divulgações que constam das notas explicativas e do relatório da administração, facilitam a previsão dos fluxos futuros de caixa, por parte dos usuários das demonstrações contábeis.
Conforme Pronunciamento 26, item 9, para atender a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte:
• ativos;
• passivos;
• patrimônio líquido; 
• receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas;
• alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; 
• e fluxos de caixa.
Esse conjunto de informações, aliado às divulgações que constam das notas explicativas e do relatório da administração, facilitam a previsão dos fluxos futuros de caixa, por parte dos usuários das demonstrações contábeis.
Conjunto completo de demonstrações contábeis
Conforme previsto no item 10, do pronunciamento 26, o conjunto completo de demonstrações contábeis é:
o balanço patrimonial ao final do período;
a demonstração do resultado do período;
a demonstração do resultado abrangente do período;
a demonstração das mutações do patrimônio líquido do período;
a demonstração dos fluxos de caixa do período;
as notas explicativas;
a demonstração do valor adicionado do período.
As empresas obrigadas à elaboração e apresentação dessas demonstrações devem fazê-lo sem que se privilegie, de destaque ou esconda qualquer das demonstrações previstas no item 10 do pronunciamento 26 do CPC e apresentadas acima, elas devem ganhar igual destaque.
Deve ser apresentado também, além do balanço patrimonial do fim do período, o balanço patrimonial do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou procede à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis (pronunciamento 26, item10).
As notas explicativas compreendem um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas.
A Demonstração do Valor Adicionado, prevista no Pronunciamento 09 do CPC, é exigida legalmente apenas das sociedades anônimas de capital aberto, as demais são dispensadas de sua elaboração.
ATENÇÃO
Relatórios, como o Balanço Social entre outros relatórios de caráter socioambiental, apesar de serem demandados pela sociedade, pelos funcionários, e muitas empresas os divulgarem, estão fora das demonstrações contábeis e do alcance dos pronunciamentos emitidos pelo CPC.
Apresentação apropriada e conformidade com as práticas contábeis brasileiras
Conforme item 15, do Pronunciamento 26, do CPC: 
As demonstrações contábeis devem representar apropriadamente a posição financeira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade. Para apresentação adequada, é necessária a representação fidedigna dos efeitos das transações, outros eventos e condições de acordo com as definições e os critérios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas como estabelecidos na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Presume-se que a aplicação dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC, com divulgação adicional quando necessária, resulta em demonstrações contábeis que se enquadram como representação apropriada.
As demonstrações que se enquadram como representação apropriada são, normalmente, aquelas elaboradas em conformidade com os Pronunciamentos,  Interpretações e Orientações do CPC aplicáveis e devem, conforme item 16 do pronunciamento 26, declarar de forma explícita e sem reservas essa conformidade nas notas explicativas. Além disso, não devem declarar que suas demonstrações contábeis estão de acordo com os Pronunciamentos, as Interpretações e as Orientações exceto quando cumprirem todos os requisitos.
Conforme o item 20, do Pronunciamento 26, do CPC: 
A empresa quando deixar de aplicar um requisito de um pronunciamento, Interpretação ou Orientação do CPC, deve divulgar:
que a Administração concluiu que as demonstrações contábeis apresentam de forma apropriada a posição financeira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade;
que aplicou os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e  Orientações do CPC aplicáveis, exceto pela não aplicação de um requisito específico com o propósito de obter representação apropriada;
o título do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC que a entidade não aplicou, a natureza dessa exceção, incluindo o tratamento que Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC exigiria, a razão pela qual esse tratamento seria tão enganoso e entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis, estabelecido na Estrutura Conceitual para  Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro e o tratamento efetivamente adotado;
para cada período apresentado, o impacto financeiro da não aplicação do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC vigente em cada item nas demonstrações contábeis que teria sido informado caso tivesse sido cumprido o requisito não aplicado.
Continuidade
O preceito da continuidade estabelece que as demonstrações são preparadas para uma entidade que se espera em evolução. As nossas regras contábeis, de emissão do Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução 750/93, alterada pela Resolução 1282/10, estabeleceu que continuidade “pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância” (Art. 5º da Res. 750/93).
Por outro lado, encontramos uma interpretação bem interessante e que apresentamos a seguir:
“O Postulado da Continuidade tem outro sentido mais profundo que é o de encarar a entidade como algo capaz de produzir riqueza e gerar valor continuadamente sem interrupções. Na verdade, o exercício financeiro anual ou semestral é uma ficção determinada pela necessidade de se tomar o pulso do empreendimentode tempos em tempos. Mas as operações produtivas da entidade têm uma continuidade fluidificante: do processo de financiamento ao de estocagem de fatores de produção, passando pelo uso desse no processo produtivo, até a venda que irá financiar novo ciclo e assim por diante.” (acesso em 01/3/2013, às 17h19).
Fonte: http://contabilidade.wikidot.com/4-2-o-postulado-da-continuidade-das-entidades
Assim, as demonstrações contábeis devem ser preparadas com base no pressuposto continuidade, exceto na situação em que seja esperada, ou exista a intenção, de liquidar a empresa ou encerrar seus negócios, a situação econômica seja tão adversa que não se vislumbre a possibilidade da empresa continuar funcionando. Por isso, a administração da empresa antes da preparação de suas demonstrações deve avaliar a capacidade da empresa manter-se em operação e existindo dúvidas relevantes relacionadas com eventos ou situações que possam gerar dúvidas significativas acerca da capacidade da empresa permanecer em operação, no futuro previsível, essas dúvidas devem ser apresentadas em notas explicativas.
 Além disso, a partir do momento em que as demonstrações contábeis não forem preparadas com base no “pressuposto da continuidade”, esse fato deve ser relatado em notas explicativas, juntamente com as bases sobre as quais as demonstrações contábeis foram elaboradas e a razão pela qual não se pressupõe a continuidade da entidade.
Regime de Competência
O regime de competência é uma das mais importantes regras contábeis, na versão anterior do Pronunciamento Conceitual Básico era entendido como um dos pressupostos básicos da Contabilidade e, ainda hoje, é um dos princípios contábeis elencados pelo Conselho Federal de Contabilidade em sua Resolução 750/93, que assim o enuncia: 
“O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento” (Art. 9º da Res. CFC 750/93).
As demonstrações contábeis devem ser elaboradas com a utilização do regime de competência, a exceção da demonstração dos fluxos de caixa.
A realização da receita, conforme exposto no site portal tributário ocorre:
a) nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados;
 b) quando do desaparecimento, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo;
 c) pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros.
Pode-se concluir, então, que “a simples emissão de pedido comercial não é considerada receita, pois a transação com o terceiro não foi completada, faltando para tanto a investidura na propriedade de bens. Somente quando houver a tradição (entrega) do bem solicitado, é que se registrará a receita respectiva”.
Fonte: http://www.portaltributario.com.br/guia/regime_competencia.html
Por fim, o regime de competência pressupõe a simultânea confrontação de receitas e de despesas correlatas, ou seja, ao reconhecermos uma receita, como por exemplo, aquela relativa à venda de um produto, devemos levar em conta as despesas necessárias à obtenção dessa receita, como o custo do produto vendido, as despesas com comercialização (comissões, entrega etc.), as despesas com garantia, mesmo que em base estimada.
Materialidade e agregação
Nas demonstrações contábeis devem ser apresentados de forma separada os elementos de natureza ou função distinta, exceto quando imateriais, situação na qual poderão vir agrupados dois ou mais elementos. Além disso, é necessário que seja apresentado separadamente dos demais elementos cada classe material de itens semelhantes. 
A Lei 6404/76, no § 2º, do artigo 176, permite que as contas semelhantes tenham o seu saldo agrupado quando apresentarem pequenos saldos e seja indicada a sua natureza e “não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes"”.
Semelhante postura podemos observar no item 30, do Pronunciamento Técnico 26, do CPC, apresentado a seguir:
As demonstrações contábeis resultam do processamento de grande número de transações ou outros eventos que são agregados em classes de acordo com a sua natureza ou função. A fase final do processo de agregação e classificação é a apresentação de dados condensados e classificados que formam itens das demonstrações contábeis.
Se um item não for individualmente material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações contábeis, seja nas notas explicativas. Um item pode não ser suficientemente material para justificar a sua apresentação individualizada nas demonstrações contábeis, mas pode ser suficientemente material para ser apresentado de forma individualizada nas notas explicativas. [grifo nosso]
SAIBA MAIS
Iudícibus et al. (2010, p. 9) consideram o agrupamento de contas de pequeno valor necessário, afirmando que na “apresentação das demonstrações contábeis e notas explicativas, as contas de valor insignificante não devem aparecer separadamente, mas agrupadas com outras do mesmo grupo, que sejam semelhantes”.
Frequência de apresentação das demonstrações contábeis
A Lei 6404/76 determina, em seu artigo 176, que as demonstrações apresentadas abaixo serão elaboradas e publicadas em cada exercício social:
 I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
Por outro lado, o pronunciamento 26 determina a apresentação do conjunto completo de demonstrações, no mínimo, a cada ano, inclusive as informações comparativas.
Informação comparativa
O Pronunciamento 26 do CPC, em seu item 38, estabelece a obrigatoriedade de divulgar informações comparativas com o período anterior, quando da publicação das demonstrações contábeis. 
“A menos que um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC permita ou exija de outra forma, a entidade deve divulgar informação comparativa com respeito ao período anterior para todos os montantes apresentados nas demonstrações contábeis do período corrente. Também deve ser apresentada de forma comparativa a informação narrativa e descritiva que vier a ser apresentada quando for relevante para a compreensão do conjunto das demonstrações do período corrente.”
Esclarece ainda o referido Pronunciamento, em seu item 39, que a “entidade deve, ao divulgar informação comparativa, apresentar no mínimo dois balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais demonstrações contábeis, bem como as respectivas notas explicativas”. O mesmo está estabelecido no § 1º, do artigo 176, da Lei 6404/76, “as demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior”.
A modificação efetuada, em qualquer dos itens das demonstrações, tanto no que diz respeito à apresentação ou à classificação, os valores apresentados com a finalidade de comparação devem ser reclassificados, exceto quando esta reclassificação seja impraticável.
Além disso, no caso de os valores apresentados com a finalidade de comparação serem reclassificados, a entidade, nos termos do item 41, do Pronunciamento 26 do CPC deverá divulgar:
(a) natureza da reclassificação;
(b) o montante de cada item ou classe de itens que foi reclassificado; e
(c) a razão para a reclassificação.
ATENÇÃO
Na impossibilidade de reclassificação dos valores apresentados com a finalidade de comparação, o item 42, do Pronunciamento 26 prevê a divulgação de:
 • a razão para não reclassificar os montantes; e
• a natureza dos ajustes que teriam sido feitos se os montantes tivessem sido reclassificados.
Nesta aula, você:
As principais regras envolvidas com a apresentação das demonstrações contábeis.
Os critérios que regem a apresentação apropriadae a conformidade com as práticas contábeis brasileiras.
Os conceitos de competência e continuidade aplicáveis à preparação e à apresentação das demonstrações contábeis.
As regras de materialidade, agregação de saldo, compensação de valores e de apresentação de informação comparativa utilizadas na preparação e apresentação das demonstrações contábeis.
1.Em relação ao conceito de continuidade, assinale a opção INCORRETA.
Parte superior do formulário
1) O conceito de continuidade pode ser interpretado como a entidade não encerrará de forma alguma as suas operações.
2) As demonstrações contábeis devem ser elaboradas no pressuposto da continuidade, a menos que a administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus negócios.
3) Quando a administração tiver ciência, ao fazer a sua avaliação, de incertezas relevantes relacionadas com eventos ou condições que possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da entidade continuar em operação no futuro previsível, essas incertezas devem ser divulgadas.
4) Quando as demonstrações contábeis não forem elaboradas no pressuposto da continuidade, esse fato deve ser divulgado, juntamente com as bases sobre as quais as demonstrações contábeis foram elaboradas e a razão pela qual não se pressupõe a continuidade da entidade.
Parte inferior do formulário
2.NÃO representa regra importante na divulgação das demonstrações contábeis de caráter geral:
Parte superior do formulário
1) Conservadorismo
2) Continuidade
3) Agregação de saldos e compensação de valores
4) Informação comparativa
Parte inferior do formulário
3.Assinale a alternativa correta:
Parte superior do formulário
1) A entidade deve divulgar informação comparativa com respeito ao período anterior para todos os montantes apresentados nas demonstrações contábeis do período corrente.
2) O conjunto completo das demonstrações contábeis deve ser apresentado pelo menos semestralmente (inclusive informação comparativa).
3) A entidade pode compensar ativos e passivos ou receitas e despesas. 
4) A entidade pode agrupar itens de natureza ou função distinta, mesmo que sejam materiais.
Parte inferior do formulário

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