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Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello Exame dos Olhos ANATOMIA E FISIOLOGIA O olho é um órgão de forma basicamente esférica, que mede, no seu diâmetro anteroposterior, aproximadamente 24 mm.. A parede do globo ocular é composta de três camadas: a mais externa é protetora e formada pela esclera e pela córnea; a média é altamente vascularizada e pigmentada, composta da coroide, do corpo ciliar e da íris; e a parte interna é a retina, uma camada receptora que contém as fibras formadoras do nervo óptico. Supercílios Dá-se este nome a duas eminências arqueadas e dispostas transversalmente, providas de pelos e situadas acima das pálpebras superiores. Na fisiologia dos supercílios, chama-se atenção para as funções dos músculos frontal, orbicular do olho e corrugador do supercílio. O músculo orbicular (inervado pelo facial) protege o olho da luz intensa e de lesões. O músculo corrugador do supercílio (inervado pelo facial) traciona o supercílio para baixo e medialmente, produzindo rugas verticais, além de proteger o olho do excesso de luz. Pálpebras As pálpebras são formadas por quatro camadas básicas: pele, músculo orbicular, tarso e conjuntiva. A pele da pálpebra, a mais fina do corpo, é recoberta por pelos. Dada a natureza areolar do tecido subcutâneo, uma grande quantidade de líquido pode acumular-se entre a pele e o músculo orbicular (edema palpebral). A camada muscular é formada pelo músculo orbicular, constituído de fibras estriadas, com um arranjo elíptico que lhe possibilita funcionar como um esfíncter. É inervada pelo nervo facial. Quando o músculo orbicular se contrai, a pálpebra se fecha. O tarso é um tecido fibroso, considerado o esqueleto da pálpebra. A placa tarsal contém as glândulas tarsais (meibomianas), que se abrem na margem palpebral, e secretam uma substância oleosa que participa da formação da lágrima. Conjutiva É uma fina membrana mucosa dividida em porção palpebral - que cobre a pálpebra - e porção bulbar - que cobre o globo ocular. Como toda membrana mucosa, é formada de epitélio escamoso estratificado não queratinizado por cima da própria lâmina (Figura 18.2). Cristalino e zônula. O cristalino do adulto mede cerca de 9 mm de diâmetro. Embora transparente, mostra, com frequência, uma cor amarelo-clara, escurecendo com a idade (Figura 18.1). O cristalino é completamente envolto por uma cápsula. Córnea A córnea é o mais importante meio refrativo do olho, caracterizando-se por seu alto grau de transparência. Tal transparência depende de vários fatores, incluindo a regularidade da superfície anterior epitelial, a organização regular das fibras Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello de colágeno do estroma e a sua natureza avascular. É nutrida pelo filme lacrimal, pelo humor aquoso e pelos vasos do limbo e da conjuntiva palpebral. O limbo é o ponto de transição entre a córnea e a esclera, no qual se encontram, na sua parte mais interna, as vias de escoamento do humor aquoso (seio venoso da esclera ou canal de Schlemm). Esdera. Os cinco sextos posteriores opacos da túnica extema formam a esclera (Figura 18.1), na qual se inserem os músculos extraoculares. Ela também serve como passagem para elementos vasculonervosos além de contribuir na formação do seio camerular; protege a coriorretina e o vítreo e mantém o tônus ocular. EXAME FÍSICO O exame do aparelho visual é feito pela inspeção e palpação. A ausculta só raramente tem utilidade. Globo ocular e cavidade orbitária Na inspeção do globo ocular, deve-se observar, em primeiro lugar, a separação entre as duas cavidades orbitárias. Um grande afastamento recebe o nome de hipertelorismo, que ocorre em diversas anomalias genéticas. Pode-se encontrar hipoplasia orbitária bilateral e simétrica, observada nas disostoses craniofaciais, como a enfermidade de Crouzon. Em relação ao tamanho do globo ocular, pode-se observar microftalmia, que aparece na síndrome da rubéola congênita. Na palpação da órbita, investiga-se principalmente o rebordo ósseo, procurando-se solução de continuidade, fraturas e espessamento. O espessamento é comum na periostite sifilítica. Crepitação indica passagem de ar de algum seio da face para o tecido subcutâneo. A exoftalmia, ou seja, a protrusão do globo ocula, deve ser avaliada com o exoftalmômetro ou, na sua falta, com uma régua milimetrada, apoiando-se a parte inicial da régua no rebordo orbitário lateral, medindo-se até o ápice da córnea (em vista lateral). A distância normal entre o ápice da córnea e a margem orbitária lateral é, em geral, menor que 20 mm, sendo uma diferença de 2 mm entre os dois olhos considerada suspeita. Em pessoas normais, a pálpebra superior situa-se cerca de 2 mm abaixo do limbo superior, e a margem palpebral inferior repousa 1 mm acima do limbo inferior . Nessa afecção ocular, evidencia-se perda das relações normais entre o limbo e as pálpebras. De perfil, estas alterações costumam ser mais visíveis. Na exoftalmia acentuada aparece um crescente de esclerótica, visível em cima e embaixo, entre o limbo e as pálpebras. Uma avaliação exata da protrusão do globo só é possível por intermédio do exoftalmômetro de Hertel. Em condições normais, a saliência do globo ocular vai de 12 a 15 mm. Uma assimetria de mais de 2 mm entre os dois olhos sugere exoftalmia unilateral. Quando é grave, os valores podem ultrapassar 25mm. Aparelho Lacrimal A inspeção pode detectar aumento de volume da glândula lacrimal, que se situa na parte externa da pálpebra superior, cujas causas principais são as afecções inflamatórias (dacrioadenites) e as neoplasias. Para reconhecer pequenos aumentos de volume, é necessário levantar a pálpebra do paciente, com a solicitação de que ele olhe para baixo e para dentro. Pela palpação, avaliam-se a consistência, a profundidade e a sensibilidade das glândulas lacrimais. O lacrimejamento em excesso, denominado epífora, pode ser causado por excessiva formação de lágrimas ou por obstrução das vias de excreção. A inspeção permite observar tumefação e vermelhidão, alterações comuns na dacriocistite aguda. Na palpação do saco lacrimal, deve-se verificar se há refluxo de secreção mucopurulenta. Quando isso ocorre, significa que o conduto nasolacrimal está obstruído (Figura 19.2). A sondagem das vias lacrimais tem valor diagnóstico e terapêutico em recém-nascidos, mas deve ser feita sob anestesia geral e com material apropriado. A lavagem consiste em dilatar o ponto lacrimal com um dilatador apropriado. Uma pequena cânula acoplada a Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello uma seringa é introduzida no canalículo lacrimal, e, através da mesma, injeta-se soro fisiológico, observando-se se há refluxo e perguntando ao paciente se este percebeu o gosto de soro. Em crianças, deve-se observar se houve deglutição. No glaucoma congênito, um dos sinais é a epífora, que ocorre em consequência da superprodução de lágrimas por estimulação do nervo trigêmeo. Pálpebras As pálpebras são uma estrutura de proteção do globo ocular contra traumatismos e excesso de luz. Pela inspeção, investigam -se a cor, a textura, a posição e os movimentos das pálpebras, além de eventual edema. Na região periocular, procura-se observar se os cilios estão virados para dentro (triquíase), se houve queda (madarose) ou se tornaram-se brancos (poliose). No local de implantação dos cílios, deve-se investigar hiperemia, escamas e úlceras, alterações comuns nas blefarites. A posição das pálpebras altera o tamanho das fissuras palpebrais, as quais devem ser simétricas. A margem palpebral deve recobrir a córnea na parte superior e inferior, sem que haja nenhuma exposição da esclerótica. A borda da pálpebra deve estar em aposição ao globo, e não invertida (entrópio) ou e vertida (ectrópio). Conjuntiva e Esclera A conjuntiva é uma membrana mucosa, transparente e fina, que reveste a esclerótica até o limbo e a superfície posterior da pálpebra. Por debaixo da conjuntiva, é possível, às vezes, entrever alguns vasos tortuosos - os vasos episclerais. Excetuando-se estes vasos e eventuais depósitos de pigmentos, a esderótica normal tem cor branco-porcelana, que pode modificar-se por depósitos de pigmentos, como acontece na icterícia e na melanose ocular, nas quais ocorre depósito de bilirrubina e melanina, respectivamente (Figura 19.4). A conjuntiva pode ser sede de nevus pigmentado ou, mais raramente, de lesão maligna (melanoma). Edema da conjuntiva (quemose), enfisema com crepitação e hemorragia subconjuntival devem ser pesquisados, podendo fazer parte de lesões perioculares (Figura 19.5). A conjuntiva palpebral, na sua parte anterior, está firmemente aderida ao tarso. Na parte posterior, apresenta grande quantidade de folículos (tecido linfoide). Para exame da conjuntiva palpebral superior, é necessário fazer sua eversão, a qual possibilita evidenciar reação inflamatória, corpo estranho ou turno ração. A pálpebra superior pode ser facilmente evertida, solicitando-se ao paciente que olhe para baixo enquanto o examinador segura seus cílios com uma das mãos, puxando para fora e para baixo ao mesmo tempo em que exerce pressão com um cotonete 1 em acima da borda palpebral. Isso equivale a fazer pressão acima da placa tarsal. Se houver dor, pode-se usar anestesia tópica. Para que a pálpebra volte à posição normal, basta que o paciente olhe para cima. A conjuntiva palpebral inferior é facilmente visualizada com uma simples tração para baixo da pálpebra inferior em cima do osso maxilar, pedindo-se ao paciente que olhe para cima (Figuras 19.6 e 19.7). O exame da conjuntiva palpebral inferior fornece valiosa informação nas anemias, nas quais a cor normal, rosa-vivo, transforma-se em rosa- pálido ou fica quase branca . Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello Córnea A superfície corneana normal é tão regular que forma excelente área de reflexão, de modo que pequenas alterações são facilmente observadas com uma boa iluminação. O examinador deve avaliar, em primeiro lugar, seu tamanho. O normal é 10,6 mm (parte vertical) por 11,7 mm (parte horizontal). Megalocómea sugere glaucoma congênito, já a microcórnea faz pensar em rubéola. Com boa iluminação e ajuda de uma lupa, pode-se constatar opacificação corneana (leucoma), irregularidades epiteliais provocadas por corpo estranho e neovascularização (pannus corneano). Esta última é muito comum no tracoma. Pingando-se um colírio de fluoresceína na córnea e utilizando-se a luz azul de cobalto, torna-se possível detectar pequenas alterações corneanas. Isto ocorre porque o corante deposita-se nos defeitos epiteliais. Às vezes, toma-se difícil examinar a córnea devido à fotofobia ou blefaroespasmo. Nessas condições, convém instilar duas gotas de colírio anestésico para obter a cooperação do paciente. Para o exame detalhado da córnea, da câmara anterior, da íris e do cristalino, necessita-se da lâmpada de fenda; é um exame da alçada do oftalmologista. Ao observar a câmara anterior, com uma boa iluminação, de preferência com a lâmpada citada, o examinador deve notar a profundidade, a turvação do humor aquoso (irite), o sangue (hifema) e o acúmulo de exsudato celular (hipópio). É importante determinar a sensibilidade comeana, o que é feito mantendo-se a pálpebra aberta e encostando a ponta de um algodão na parte apical da córnea, sempre comparativamente, tendo o cuidado de não tocar nos cílios. Lesões intracranianas que comprometem o nervo trigêmeo frequentemente diminuem a sensibilidade. Mecções da córnea, como queratite herpética, podem conduzir à perda de sensibilidade, havendo possibilidade de evoluir para uma úlcera comeana neuroparalítica . Pupila A cor, os desvios e os orifícios da íris e da pupila devem ser analisados conjuntamente, podendo ocorrer alterações congênitas, traumáticas ou cirúrgicas. A aderência da íris com o cristalino, habitualmente por processo inflamatório, caracteriza a sinéquia posterior, quando está entre a íris e a córnea, recebe o nome de sinéquia anterior. As pupilas normais são redondas, localizadas centralmente e, na maioria das pessoas, de igual tamanho. No entanto, pupilas de tamanhos diferentes (anisocoria) são observadas em cerca de 25% da população normal. O diâmetro da pupila normal varia de 3 a 5 mm em um ambiente iluminado. Quando está menor que 3 mm caracteriza miose, e quando é maior que 7 mm, está em midríase, a qual pode ocorrer em contusões oculares e em algumas doenças cerebrais. Se o paciente estiver usando certas substâncias, como a pilocarpina e a heroína, a pupila pode se apresentar miótica. Cristalino O cristalino é uma pequena lente transparente situada entre a íris, à frente, e o vítreo, atrás, presa ao corpo ciliar por um conjunto de fibrilas - a zônula. Com a pupila em midríase, o exame é realizado com lâmpada de fenda. Porém, na falta desta, uma boa iluminação permite perceber as alterações mais grosseiras. Em relação à posição do cristalino, pode-se encontrá-lo deslocado (luxado), o que ocorre, às vezes, na síndrome de Marfan e nos traumatismos oculares (Figura 19.8). Com o oftalmoscópio, pode- se caracterizar a perda de transparência do cristalino (catarata) pelo desaparecimento do clarão pupilar. ACUIDADE VISUAL A acuidade visual (AV) é o grau de aptidão do olho para identificar detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos. A avaliação da acuidade visual é de grande importância, pois permite esclarecer se a queixa de perda ou diminuição da visão procede ou não. A acuidade visual é testada em cada um dos olhos separadamente. Ao se ocluir o olho que não está sendo examinado, deve-se evitar pressioná-lo, pois isto pode provocar distorção na imagem com diminuição da acuidade visual. Se o paciente usar óculos, esta acuidade deve ser avaliada com a correção óptica. O método mais usado é o da carta ou quadro de Snellen, no qual o paciente fica sentado a aproximadamente 6 m (20 pés) de distância dele. Na carta de Snellen há letras de diferentes tamanhos, equidistantes 5 em. Quanto mais afastado estiver o quadro, menor é a imagem na retina. Combinando estes dois fatores, tamanho das letras e distância entre o paciente e o quadro, é possível determinar o ângulo visual mínimo que corresponde à melhor acuidade visual. . A acuidade visual normal por convenção é 20/20. Se o paciente é capaz de ler somente a linha 20/30, isso deve ser registrado. Se o paciente não consegue ler linha nenhuma, deve-se caminhar na sua direção até o ponto em que este consiga identificar quantos dedos Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello o examinador está mostrando (acuidade visual- dedos a 3 m). O registro da visão de perto mais usado é a tabela de Jaegger com graduações de Jl, J2, J6. A distância ideal para leitura de perto é de 33 em. Quando o paciente afasta a leitura, deve-se suspeitar de presbiopia. Se aproxima muito, é provável que seja míope. Se o paciente for analfabeto, o quadro deve ser construído com objetos ou animais facilmente identificáveis. O exame da acuidade visual avalia o funcionamento da fóvea, área da retina responsável pela melhor acuidade visual. Ao encontrar distúrbios na acuidade, deve ser feita uma investigação oftalmológica completa. Procedimentos para a realização da técnica Preparo do local: deve ser calmo, bem iluminado e sem ofuscamento. A luz deve vir por trás ou dos lados da pessoa que vai ser submetida ao teste. Deve-se evitar que a luz incida diretamente sobre a Escala de Sinais de Snellen; A Escala de Sinais de Snellen deve ser colocada numa parede a uma distância de cinco metros da pessoa a ser examinada; O profissional responsável pela triagem deve fazer uma marca no piso com giz ou fita adesiva, colocando a cadeira de exame de forma que as pernas traseiras desta coincidam com a linha demarcada; Deve-se verificar, ainda, se as linhas de optotipos correspondentes 0,8 a 1,0 estão situadas ao nível dos olhos do examinado; Material a ser utilizado para realizar a técnica Escala de Sinais de Snellen; Objeto para apontar os optotipos (lápis preto); Giz; Cartão oclusor; Cadeira (opcional); Metro ou fita métrica; Fita adesiva; Impresso para anotação dos resultados. Preparo para a aplicação do teste A prontidão da resposta ao teste, por parte do examinado, depende da sua compreensão em relação às instruções recebidas. Por essa razão é conveniente que haja um adequado preparo coletivo ou individual, como: O profissional deve explicar e demonstrar o que vai fazer; Deve-se colocar a pessoa próxima à Escala de Sinais de Snellen e pedir-lhe que indique a direção para onde está voltado cada optotipo; O profissional deve ensinar o examinado a cobrir o olho sem comprimi-lo e lembrá-lo que, mesmo sob o oclusor, os dois olhos devem ficar abertos. Aplicação da técnica A pessoa que usar óculos para longe deve mantê-los durante o teste. Os optotipos podem ser mostrados com um objeto que aponte. Para apontar o optotipo a ser visto, o profissional deve colocar o objeto em posição vertical passando-o em cima e repousando abaixo do optotipo. Mover com segurança e ritmicamente o objeto de um optotipo para outro. A medida da acuidade visual sempre deve ser realizada primeiramente no olho direito, com o esquerdo devidamente coberto com o oclusor; o exame deve ser iniciado com os optotipos maiores, continuando a seqüência de leitura até onde a pessoa consiga enxergar sem Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello dificuldade. Utilizar a mesma conduta para medir a acuidade visual do olho esquerdo. Atenção especial deve ser dada à anotação dos dados. É muito comum a troca da anotação dos dados do olho direito com o olho esquerdo. Por isso, anotar sempre os resultados do olho direito, antes de iniciar o teste no olho esquerdo. O profissional deve mostrar pelo menos dois optotipos de cada linha. Se o examinado tiver alguma dificuldade numa determinada linha, mostrar um número maior de sinais da mesma linha. Caso a dificuldade continue, voltar à linha anterior. A acuidade visual registrada será o número decimal ao lado esquerdo da última linha em que a pessoa consiga enxergar mais da metade dos optotipos. Exemplo: numa linha com 6 optotipos, o examinado deverá enxergar no mínimo 4. Todos os alunos que não atingirem 0,7 devem ser retestados. Valerá o resultado em que a medida da acuidade visual foi maior. É comum ocorrer erros na primeira medida. Se a pessoa que estiver sendo examinada não conseguir identificar corretamente o optotipo maior, deverá ser anotado Acuidade Visual (AV) como menor que 0,1 (<0,1). Sinais e sintomas a serem observados durante a avaliação da acuidade visual. É importante observar e registrar se durante a medida da acuidade visual o examinado apresenta algum sinal ou sintoma ocular, tais como: Lacrimejamento; Inclinação persistente de cabeça; Piscar contínuo dos olhos; Estrabismo (olho vesgo); Cefaléia (dor de cabeça); Testa franzida ou olhos semi-cerrados, entre outros. Este sinal ou sintoma deverá ser anotado como observação na ficha de resultado da triagem que estará anexado como sugestão aos gestores. REFLEXO PUPILAR FOTOMOTOR E DE ACOMODAÇÃO CONVERGÊNCIA O teste do reflexo pupilar à luz é feito da seguinte maneira: deve-se iluminar uniformemente a face do paciente, fazendo incidir um feixe luminoso sobre um dos olhos. A pupila normal contrai-se vigorosa e rapidamente, mantendo-se nesse estado, caracterizando o reflexo fotomotor direto. A pupila do outro olho deve contrair-se simultaneamente e com a mesma intensidade, ou seja, por meio do reflexo fotomotor indireto ou consensual. O outro reflexo a ser investigado é o reflexo para perto. Para isso, um objeto deve ser aproximado do olho até ficar a uma distância de aproximadamente 10 em. Nesse momento, ocorre então a miose bilateral, bem como a convergência dos olhos e a acomodação. CONJUNTIVITE É a inflamação da conjuntiva, caracterizando-se por dilatação vascular, infiltração celular e exsudação. Sua causa pode ser bacteriana, viral ou alérgica. A conjuntivite bacteriana pode ser aguda ou crônica. A fase aguda é reconhecida pelo ingurgitamento vascular e pela secreção mucopurulenta, associados a sintomas de irritação, sensação de corpo estranho e pálpebras aderidas. Pode comprometer o sistema lacrimal. Uma grande variedade de bactérias pode infectar a conjuntiva, e a identificação do tipo de bactéria nem sempre é fácil de ser feita. A forma aguda tem como etiologia o Staphylococcus epidermidis, o Staphylococcus Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello aureus, o Haemophilus e o Streptococcus sp. A conjuntivite crônica tem como etiologia germes resistentes aos antibióticos de uso mais frequente, devendo-se pensar sempre em infecção por clamídia. A conjuntivite viral apresenta, em geral, uma reação folicular na conjuntiva. Sua duração é de 10 dias a 3 semanas e melhora espontaneamente. O agente mais comum é um adenovírus, o qual, além da conjuntivite, causa queratite superficial e pode evoluir com pseudomembrana. O herpes simples ocular tem caráter de infecção recorrente e crônica e caracteriza-se por lesões de aspecto dendrítico na córnea. A conjuntivite alérgica ocorre geralmente em pacientes com história familiar de alergia. Após alguns minutos em contato com o antígeno, pode haver reação sistêmica junto com manifestação ocular, caracterizada por edema e hipertrofia papilar difusa da conjuntiva. Os principais sintomas são prurido, irritação e secreção aquosa. No esfregaço conjuntiva! encontram-se eosinófilos. CATARATA Catarata é uma opacificação do cristalino. As cataratas apresentam grande variação no grau de densidade e podem ser devidas a diversas causas, mas usualmente, estão associadas à idade. Uma certa formação de catarata pode ser esperada em pessoas com mais de 70 anos de idade. As cataratas normalmente são progressivas, porém alguns casos são estacionários (normalmente as congênitas). A progressão da maioria das cataratas se faz em estágios evolutivos, por etapas: - catarata incipiente, quando o cristalino começa a enturvar; - catarata em formação, quando o cristalino adquire opacificação difusa; - catarata madura, quando o cristalino atinge a opacificação completa. Etiologia 1- Relacionada a idade: catarata senil 2- Pré Senil: diabetes, dermatite atópica 3- Trauma: penetrante, choque elétrico 4- Tóxica: esteroides, mioticos, antipscicóticos 5- Secundária: Uveíte anterior, radiação, tumor, glaucoma ângulo fechado, 6- Endócrina/Metabólica: diabetes, síndrome de down Classificação 1- De acordo com a Idade A – Congênita B – Infantil C – Juvenil D – Adulta E – Relacionada a Idade (Senil) 2 - De acordo com a localização da Opacidade na Lente: A – Nuclear B – Cortical C – Subcapsular Posterior 3 – De acordo com o grau de opacidade presente: A – Imatura: fibras cristalianas transparentes presentes B – Intumescente: inchaço do cristalino com fendas d’agua C – Matura: opacificação de todas as fibras cristalianas D – Hipermadura: liquefação de fibras da lente opaca (Morganiana) E – Pós-Facectomia: opacificação da capsula posterior ou persistência de fibras da lente após facectomia. 4 – De acordo com a taxa de desenvolvimento: A – Estável: permanece na mesma classificação por anos. B – Progressiva: acometimento rápido das camadas do cristalino. Habilidades Clínicas – P2- UC4 Allycia Jamylle N. de Mello Tratamento Apesar do prognóstico de cirurgia para a extração da catarata, existem condutas terapêuticas que visam aguardar o momento oportuno de cirurgia, em que os oftalmologistas prescrevem medicamentos como: hormônios, calcioterapia e vitaminas C e B, na expectativa de um possível retardo evolutivo. Cirurgia da catarata Nos últimos tempos a evolução das técnicas cirúrgicas melhoraram muito a vida dos afácicos, principalmente como resultado da introdução do uso do microscópio, instrumentação melhor, material de sutura aperfeiçoado, e aperfeiçoamento das lentes intra-oculares. O cristalino pode ser removido por procedimentos cirúrgicos intracapsular ou extracapsular. Após a cirurgia espera-se que a visão seja recuperada. PTOSE PALPEBRAL Blefaroptose ou ptose palpebral é a condição em que a margem palpebral, em posição primária do olhar, cobre mais que 2,0 mm do limbo superior. É uma afecção palpebral bastante frequente, podendo gerar problema estético e também funcional, à medida que produz restrição do campo visual superior ou oclusão do eixo visual, levando a posição viciosa de cabeça e pescoço(1,2). A ptose palpebral pode ser classificada de acordo com a época do aparecimento, em congênita ou adquirida. Em geral, a ptose congênita decorrente de distrofia do músculo levantador da pálpebra superior (MLPS). No caso da ptose adquirida, a etiologia involucional aponeurótica é a causa mais frequente. As ptoses também podem ser classificadas de acordo com a sua intensidade, quando se tem a ptose leve, moderada ou grave(3-8). A abertura palpebral se dá principalmente pela ação do MLPS e do músculo de Muller. Quando a ptose está presente e dependendo de sua intensidade, outras forças atuarão no sentido de manter a abertura palpebral, como a contração do músculo frontal. Todo este mecanismo atua em conjunto, sendo necessário reconhecê-lo na propedêutica, para a escolha do melhor tratamento. Neste sentido, avaliações da posição palpebral e do supercílio merecem destaque. O objetivo deste estudo é avaliar medidas da posição palpebral e do supercílio de portadores de ptose, procurando identificar as diferenças entre os tipos de ptose.
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