Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA PROFESSORA: MARCIA IZABEL CIRNE FRANÇA DISCIPLINA: QUÍMICA ANALÍTICA JOSÉ ELIZANDRO BATISTA DE OLIVEIRA ERROS NAS ANÁLISES QUÍMICAS CAMPINA GRANDE 18/07/2022 INTRODUÇÃO Os erro cometidos em uma análise química, em grande maioria, não são drásticos, mas que podem ter graus de seriedade, já que essas análises são realizadas para avaliar diversos campos de conhecimento, como exames laboratoriais, avaliação de resíduos, poluentes, qualidade dos produtos e entre outros. Os métodos analíticos estão sujeitos a erros e incertezas, onde muitas vezes ocorrem por conta enganos cometidos pelo analista. Geralmente, para reduzir os efeitos indesejados padronizações, calibrações nos equipamentos podem ser feitas, diminuindo os problemas nos resultados, com exceção dos erros e incertezas aleatórios, desse modo pode-se concluir que é impossível realizar uma análise química totalmente correta e precisa PRECISÃO E EXATIDÃO DE UMA MEDIDA A precisão pode ser descrita como a capacidade de realizar a reprodutibilidade das medidas, ou seja, de obter-se resultados próximos uns dos outros a partir dos mesmos métodos. Para descrever esse a precisão de um conjunto de dados são utilizados três termos: desvio-padrão, variação e o coeficiente de variação. Como um exemplo de precisão pode- se citar: a situação onde pesa-se a massa de determinado composto, onde foram feitas três aferições que apresentaram os resultados de 100g, 102g e 99g, a proximidade dos valores indica que a balança está precisa. Exatidão é a proximidade da medida ou valor médio, em relação ao valor verdadeiro ou aceito, sendo determinados pelo erro. A exatidão mede a concordância entre o resultado obtido e o valor aceito, e por outro lado a precisão é a concordância entre os resultados obtidos do mesmo modo. Como um exemplo pode-se citar o descuido de derrubar resíduo sólido no prato da balança, o que resultaria em uma medição inexata pois os valores obtidos não seriam correspondentes ao valor real. Figura ilustrativa representando precisão e exatidão: MÉDIA, MEDIANA, DESVIO PADRÃO, VARIÂNCIA E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO A média, média aritmética é um fator muito usado como medida para valor central, ela se trata do valor médio obtido entre dois ou mais resultados. Seu cálculo é resultante da divisão pelo somas das réplicas medidas pelo número de medidas do conjunto, como exemplo pode-se citar: Média (x) = 19,4+19,5+ 19,6+ 19,8+ 20,1+ 20,3 6 = 19,78 Mediana é o valor central em um conjunto de dados organizados em sequência, seja em ordem crescente ou decrescente. Quando se trata de um conjunto de números ímpares, a mediana pode ser definida diretamente, já quando é um conjunto de números pares, faz-se a soma dos valores centrais e o resultado é dividido por dois, por exemplo: Mediana = 19,6+ 19,8 2 = 19,7 Outro termo estatístico comum na química analítica é o desvio padrão ou desvio médio quadrático é uma medida que expressa o grau de dispersão de um conjunto de dados, ele pode ser caracterizado por ser raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os valores das observações e a média aritmética destes valores: Desvio padrão (s) = A variância é uma medida de dispersão que mostra o quão distante cada valor do conjunto está do valor central, essa medida é o quadrado do desvio padrão. E o coeficiente de variação fornece a variação dos dados obtidos em relação à média, sua fórmula é representada por: Coeficiente de variação = ERRO ABSOLUTO E ERRO RELATIVO O erro absoluto de uma medida é justamente a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro, com isso é permitido se o erro foi para mais ou para menos, se for menor o sinal é negativo e se for maior o sinal é positivo. O erro absoluto é dado pela equação: Erro absoluto = xi-xv Onde xv é o valor verdadeiro, ou aceito da quantidade e xi o valor medido Já o erro relativo de uma medida é o erro absoluto dividido pelo valor verdadeiro, o resultado pode ser expresso em porcentuais, partes por mil ou partes por milhão, pois é o analista que irá determinar a forma expressada com base na magnitude do resultado. Como exemplo de erro relativo porcentual, segue a equação: Erro relativo porcentual = 𝑥𝑖−𝑥𝑣 𝑥𝑣 𝑥 100 % TIPOS DE ERROS ERROS SISTEMÁTICOS (DETERMINADOS) Os erros sistemáticos têm um valor definido e uma causa possível de identificar e são da mesma ordem de grandeza para réplicas de medidas realizadas de maneira semelhante. Eles são divididos em três tipos: erros instrumentais, erros de método e erros pessoais. Erros instrumentais: São causados pelo comportamento não ideal de um instrumento, por calibrações ou pelo uso de condições não adequadas. Os dispositivos utilizados para fazer medidas possuem uma alta chance de provocar os erros instrumentais sistemáticos. Existem diversos exemplos que podem ser citados como: a dispensação de quantidades diferentes das desejadas em buretas, pipetas, frascos volumétricos; problemas nos recipientes como deformações, contaminantes na superfície interna, falta de calibração e entre outros. Além disso os erros também acontecem nos aparelhos eletrônicos, seja por queda na voltagem das baterias, má calibração, o analista utilizar o aparelho em condições não favoráveis, variação de temperatura e entre outros que alterem o real resultado da análise. Porém apesar de diversas possibilidades de erro, os erros sistemáticos são detectáveis e corrigíveis. Erros de método: Refere-se ao comportamento físico ou químico não esperado de reagente ou de reações que fazem parte da análise a ser feita. Nesta classificação é possível citar: quando uma reação apresenta lentidão, reações que não se completam, falta de instabilidade, falta de especificidade de reagentes, e reações não desejadas que prejudicam a reação principal. O excesso ou a falta de reagentes são fatores que interferem na exatidão do processo, ao utilizar muito reagente necessário para a mudança de cor do indicador em uma titulação pode alterar o ponto final da reação. Esses tipos de erros são difíceis de serem identificados, além de apresentarem um maior grau de seriedade. Erros pessoais: Essa classificação é referente ao julgamento pessoal do analista na identificação dos processos, como exemplo a estimativa da posição de um ponteiro entre duas divisões de uma escala, a mudança de cor no ponto final da titulação, aferição do menisco em uma bureta/pipeta. Esses erros são unidirecionais, já que variam de pessoa pra pessoa, onde um indivíduo pode ser mais lento que o outro para disparar um cronômetro, uma pessoa pode ser daltônica ou não conseguir perceber a mudança de cor em uma titulação, utilizando dessa forma um excesso de reagente e entre outros. O prejulgamento ou tendência representa uma fonte gigantesca de erros pessoais, onde o analista tende a estimar leituras de escalas baseando-se nos resultados obtidos em conjunto, mascarando o real resultado obtido de sua amostra. ERROS INDETERMINADOS Os erros indeterminados existem em todas as medidas e nunca podem ser totalmente eliminados sendo na maioria das vezes a maior fonte de incertezas em uma determinação. Os erros aleatórios são provocados por muitas variáveis que não são possíveis de controlar sendo a parte inevitável de toda análise. O grande número de fatores contribuintes do erro aleatório não podem ser identificados, pois mesmo que seja possível identificar as fontes de incertezas, geralmente é impossível medi-las, já que a maioria delas são tão minúsculas que não conseguem ser detectadas individualmente. O efeito cumulativo das incertezas individuais, promove com que as réplicas de medidas flutuem aleatoriamente em torno da média do conjuntode dados. Pode-se observar no gráfico tridimensional abaixo que mostra o erro absoluto para determinação de nitrogênio, que foi realizado por quatro analistas, o erro aleatório nos resultados dos analistas 2 e 4 é bem maior que os da demonstração dos resultados dos analistas 1 e 3. Os resultados do analista 3 indicam uma boa precisão, mas uma baixa exatidão, pois apresenta um erro absoluto grande. Os resultados do analista 1 apontam uma excelente precisão e uma boa exatidão. TRATAMENTO ESTATÍSTICOS DE ERROS INDETERMINADOS É possível utilizar métodos estatísticos para avaliar os erros indeterminados, onde a análise revela não revela nenhuma informação nova ou criada, mas permitem categorizar e caracterizar os dados de diferentes maneiras e tomar decisões inteligentes e objetivas sobre a qualidade e interpretação dos dados. Geralmente as análises são feitas seguindo uma distribuição gaussiana. A curva gaussiana é uma curva matemática teórica, baseada em dois parâmetros a média e o desvio-padrão que são os elementos que definem uma determinada população, em relação a uma característica qualquer, estudada e medida em integrantes dessa população. Exemplo de curva gaussiana: Estão representadas nas figuras acima, curvas normais de erro. O desvio padrão para a curva B é duas vezes o da curva A; (a) A abscissa é o desvio padrão em relação à média, em unidades de medida. (b) A abscissa é o desvio em relação à média em unidades de ∂. Assim, as duas curvas A e B são idênticas. VERIFICAÇÃO DA EXATIDÃO DE UM MÉTODO Algumas metodologias podem ser aplicadas para determinar a exatidão de um método, por exemplo a utilização de métodos comparativos, de adição de padrão, usar certos padrões de referência e entre outros. A exatidão é calculada na forma de porcentagem, a porcentagem de recuperação do objeto de estudo analisado (analito) sendo adicionado a amostra ou ainda sim, como a diferença porcentual entre as médias e o valor verdadeiro aceito. A exatidão do método deve determinada após o estabelecimento da linearidade, do intervalo linear e da especificidade do mesmo, sendo verificada a partir de no mínimo 9 determinações que contempla o intervalo linear do procedimento, com uma concentração baixa, uma média e uma alta. MANEIRAS DE REDUÇÃO DE ERROS Calibração de instrumentos e sua correção: Calibrar todos os instrumentos como pesos, balões, buretas, pipetas e entre outros além de fazer possíveis as correções. Mesmo quando os erros não podem ser eliminados é possível corrigir seu efeito, por exemplo, é possível determinar a quantidade de uma certa impureza presente em um precipitado e subtraí-la do peso do precipitado. Determinação do branco de uma amostra: Consiste em realizar uma análise nas mesmas condições experimentais usadas na análise da amostra, porém na ausência do constituinte de interesse, afim de verificar de o efeito de possíveis impurezas presentes nos reagentes e aparelhos de laboratório ou determinar o excesso de solução padrão necessário para alcançar, o ponto final da titulação de uma amostra desconhecida. Análise de controle: É a análise de uma substância padrão nas mesmas condições experimentais usadas na análise da amostra, onde a quantidade da substância padrão usada deve conter um peso do analito igual ao da amostra. O peso exato do analito na amostra pode ser determinado a partir da relação abaixo, onde x é o peso do analito na amostra desconhecida. Uso de métodos de análise independentes: a acurácia de um resultado, em alguns casos, pode ser estabelecida pela análise das amostras através de um outro método totalmente diferente do método utilizado anteriormente, onde se os resultados obtidos por dois métodos diferentes tiverem nexo, é muito provável que os valores estejam corretos dentro da margem de erro. Determinações paralelas: São utilizadas como controle do resultado obtido em uma única determinação e indicam somente a precisão da análise feita. Análises em duplicata ou, no máximo, em triplicata, são, em geral, suficientes, porém a concordância entre resultados obtidos com duplicatas ou triplicatas não garante que o resultado está correto, pois pode ter acontecido um erro constante. Adição padrão: Na amostra é adicionado uma quantidade conhecida do constituinte a ser determinado, logo após, analisa-se a amostra para determinar a quantidade total do constituinte. A diferença entre os resultados obtidos para as amostras, com e sem o constituinte adicionado, deve ser igual à quantidade do constituinte adicionada. Padrões internos: É a adição de uma quantidade fixa de um material de referência, conhecida como padrão interno, a uma série de amostras de concentrações conhecidas da substância a ser determinada. A razão entre o tamanho do pico observado do padrão interno e os da série de amostras de concentrações conhecidas são postos em um gráfico contra os valores de concentração, gerando assim uma reta. Desse modo, qualquer quantidade desconhecida pode ser determinada por adição à amostra da mesma quantidade do padrão interno e localização da posição da razão dos observáveis assim obtida sobre a reta. Métodos de amplificação: Quando se deseja medir quantidades muito pequenas de material, muitos métodos não podem ser utilizados, portanto é necessário fazer uma amplificação, onde faz-se reagir a substância de interesse com um reagente adequado de tal modo que cada molécula produza duas ou mais moléculas de algum produto mensurável. A amplificação faz com que a determinação desejada chegue aos limites de outros métodos e do equipamentos. Diluição isotópica: A amostra é misturada a uma quantidade conhecida do elemento a ser determinado contendo um isótopo radioativo do elemento, feito isso, isola-se o elemento na forma pura e pesa-se ou determina-se de outra forma. Assim é feita a medição onde a radioatividade do material isolado é comparada com a do elemento adicionado, permitindo o cálculo do peso do elemento na amostra. REFERÊNCIAS VOGEL, A. I. Analise química quantitativa. 6, ed. Londres; LTC, 2002. SKOOG, EST, HOLLER, CROUCH. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8° Edição norte-americana. Editora Thomson, São Paulo – SP,2006.
Compartilhar