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Habeas Corpus (XVI EXAME)

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OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
1 
HABEAS CORPUS 
 
1. CARACTERÍSTICAS 
 
O Habeas Corpus é um instituto processual que, assim como a revisão criminal, 
também tem a natureza jurídica de ação de impugnação, tendo em vista que não possui 
algumas características inerentes aos recursos: 
 
• É cabível o Habeas Corpus contra atos que não sejam emanados de juiz, como contra 
decisões de autoridade policial e até mesmo contra atos de particulares que venham a 
violar a liberdade de ir e vir. 
 
• O Habeas Corpus desencadeia o início de um novo processo, surgindo uma nova 
relação processual independente da existência de um processo prévio. 
 
• Outra característica marcante do Habeas Corpus é não possuir prazo para ser 
impetrado, sendo cabível toda vez em que alguém estiver ameaçado ou cerceado em 
sua liberdade ambulatorial, ou seja, em sua liberdade de ir, vir ou até mesmo 
permanecer, por ato ilegal ou abuso de poder. Assim, desde que presentes os seus 
requisitos, não há preclusão pela não utilização do Habeas Corpus em determinado 
momento procedimental. 
 
2. CONCEITO 
 
Desta forma, o Habeas Corpus pode ser conceituado como uma ação autônoma 
de impugnação que tem a finalidade de restabelecer a liberdade de ir e vir, sempre que 
alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua 
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar, nos termos do art. 647 do 
CPP. 
A doutrina reconhece, pacificamente, a existência de duas espécies de Habeas 
Corpus, quais sejam: 
• Liberatório – ocorre todas as vezes que o paciente estiver preso. 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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• Preventivo – ocorre todas as vezes que o paciente esteja prestes a ser preso, havendo a 
iminência da prisão. 
 
Há ainda quem defenda uma terceira modalidade: 
• Profilático – ocorre todas as vezes que existir uma possibilidade remota de aplicação 
de pena privativa de liberdade. 
 
3. SUJEITOS 
 
No tocante aos sujeitos do Habeas Corpus existem três sujeitos: 
 
► Paciente – é aquele que sofre a coação ilegal, ainda que esta coação esteja na 
iminência de ocorrer ou seja remotamente possível. Um detalhe muito importante é que 
apenas pessoas físicas podem ser pacientes do Habeas Corpus, já que a pessoa jurídica 
não pode sofrer restrição na liberdade de locomoção. 
Portanto, não se esqueça: pessoas jurídicas NÃO poderão figurar como paciente 
em um Habeas Corpus, pois a estas não podem ser aplicadas prisões ou ainda penas 
privativas de liberdade, somente sendo sujeitas a penas restritivas de direito. 
O Habeas Corpus é um remédio constitucional, daí a pessoal em favor de quem 
o mesmo é impetrado ser chamada de paciente. 
 
► Impetrante – é justamente a pessoa que promove, propõe, impetra o Habeas 
Corpus, ou seja, aquele que confecciona a peça processual e a ajuíza. Vale ressaltar que 
nada impede que o impetrante seja o próprio paciente, tendo em vista que o Habeas 
Corpus não é considerado uma peça privativa de advogado. O impetrante pode ser 
qualquer pessoa do povo (inclusive analfabetos e estrangeiros), pessoas jurídicas, o 
Ministério Público, o Defensor Público e o advogado do paciente, como uma 
decorrência da interpretação do art. 654, do CPP. 
 
Já os juízes e tribunais, enquanto órgãos jurisdicionais, possuem competência 
para expedir de ofício ordem de Habeas Corpus (art. 654, § 2º, do CPP), desde que 
estejam acima e na linha de reforma em relação à autoridade coatora, que é aquela 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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responsável pela coação ilegal. Desta forma, se um juízo ou tribunal, no exercício de 
sua função jurisdicional, tiver conhecimento de uma coação ilegal ocorrida em um 
processo que seja de sua competência, deverá o mesmo conceder a ordem ex officio, 
independentemente de provocação, não havendo necessidade, ou mesmo possibilidade, 
de um juiz ou tribunal impetrar um HC. 
Assim, não é possível que um juiz conceda ordem de Habeas Corpus de ofício 
se o mesmo estiver no mesmo grau ou instância daquele que proferiu a decisão a ser 
impugnada. 
 
► Coator ou autoridade coatora – é quem exerce a coação ilegal, nos termos do art. 
654, § 1º, “a”, do CPP, podendo ser autoridade ou particular. 
 
4. HIPÓTESES DE CABIMENTO 
 
As hipóteses de cabimento do Habeas Corpus estão previstas no art. 648 do CPP 
 
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: 
I – quando não houver justa causa; 
 
A falta de justa causa para se ingressar com o Habeas Corpus ocorrerá todas as 
vezes que o motivo da coação ilegal for ilegítimo, sendo mais ampla que a justa causa 
referente as causas de rejeição liminar da denúncia, prevista no art. 395, III, do CPP, 
tendo em vista que nesta última somente poderá ser alegada se ocorrer a falta de 
indícios suficientes de autoria e falta de prova da materialidade do fato. 
É lógico que na eventualidade de uma denúncia ser oferecida e recebida sem que 
estejam presentes a prova da materialidade da infração e os indícios suficientes de 
autoria, ou seja, sem o lastro probatório mínimo que caracteriza a justa causa para ação 
penal, será possível impetrar Habeas Corpus com a finalidade de buscar o 
“trancamento” da ação penal, isto é, a extinção do processo sem julgamento do mérito. 
 
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ocorrerá esta situação todas as vezes em que houver previsão por lei de um 
prazo específico para a duração de uma prisão e este prazo se esgotar sem ter o réu sido 
posto em liberdade. 
 
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; 
 
Nesta hipótese específica, a autoridade que ordenou a coação simplesmente não 
tem competência para determiná-la, ou seja, a princípio, caso o ato fosse realizado por 
autoridade competente não haveria coação, entretanto, como a autoridade é 
incompetente, há coação ilegal. 
 
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; 
 
Nesta situação, inicialmente não havia coação ilegal, entretanto, os motivos que 
autorizaram a coação não mais subsistem e o sujeito ainda permanece preso. 
 
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que 
a lei a autoriza; 
 
Esta hipótese de impetração de Habeas Corpus é bastante peculiar, tendo em 
vista que o objeto da coação ilegal é a falta de prestação de fiança mesmo existindo 
previsão expressa de seu arbitramento. Ou seja, a impetração com base neste 
fundamento é tão somente para que seja arbitrada fiança ao impetrante. O CPP, 
inclusive, traz previsão expressa neste sentido em seu Art. 660, § 3º 
 
VI – quando o processo for manifestamente nulo; 
 
Esta hipótese de impetração de Habeas Corpus também é bastante peculiar, pois 
possui a finalidade específica de anular o processo, seja de forma total ou parcial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quando a ordem de Habeas Corpus é concedida com base neste inciso, o 
processo será, em regra, devolvido ao momento do ato nulo, para que os atos sejam 
renovados, agora de forma válida. 
 
VII – quandoextinta a punibilidade. 
 
Esta hipótese de impetração do Habeas Corpus tem como fundamento a 
ocorrência de alguma hipótese de extinção de punibilidade prevista no art. 107 do 
Código Penal, que, por alguma razão, ainda não foi reconhecida em favor do paciente, 
ou ainda cujo reconhecimento foi negado. 
 
5. REQUISITOS DA INICIAL 
 
Os requisitos da petição inicial do Habeas Corpus estão previstos expressamente 
previstos no Art. 654, § 1º, do CPP da seguinte forma: 
 
Art. 654, § 1º – A petição de Habeas Corpus conterá: 
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer 
violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou 
ameaça; 
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de 
simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; 
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando 
não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas 
residências. 
 
 OBS. 1: Conforme a doutrina e jurisprudência majoritária os Tribunais costumam 
flexibilizar os requisitos da petição inicial do Habeas Corpus, uma vez que é possível a 
concessão de ofício do Habeas Corpus pelo órgão jurisdicional competente. 
 
 OBS. 2: É perfeitamente possível o pedido de liminar na petição inicial do Habeas 
Corpus com a finalidade de suspender o processo, concessão liminar da ordem com a 
 
 
 
 
 
 
 
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consequente expedição do alvará de soltura, por uma interpretação do art. 660, § 2º, do 
CPP, ao prever que o juiz ou o tribunal poderá ordenar que cesse imediatamente o 
constrangimento. Entretanto vale lembrar que uma vez indeferida a liminar NÃO cabe, 
via de regra, impetração de novo Habeas Corpus para atacar a decisão que julgou a 
liminar, neste sentido é o teor da Súmula nº 691 do STF. 
 
“Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de Habeas 
Corpus impetrado contra decisão do Relator que, em Habeas Corpus 
requerido a tribunal superior, indefere a liminar.” 
 
 Negada a liminar, o recurso cabível seria o agravo regimental, previsto no 
Regimento Interno dos tribunais. 
 Apesar da aplicabilidade da Súmula 691 do STF, a jurisprudência do próprio 
STF vem relativizando o teor da mesma em situações excepcionais, como nos casos de 
flagrante ilegalidade ou abuso de poder ou em contrariedade a princípios constitucionais 
ou legais na decisão questionada, nestes casos específicos o STF vem admitindo a 
impetração de novo Habeas Corpus contra decisão liminar que tinha indeferido Habeas 
Corpus anterior, neste sentido os seguintes julgados da 1ª e 2ª Turma do STF: 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. 
WRIT IMPETRADO CONTRA DECISÃO QUE INDEFERIU MEDIDA 
LIMINAR NO STJ. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 691 DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL. VERBETE QUE SÓ PODE SER 
FLEXIBILIZADO EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. INDEVIDA 
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA. 
I – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de writ 
impetrado contra decisão que, em Habeas Corpus requerido a Tribunal 
Superior, indefere a liminar. Incidência da Súmula 691 do STF. 
II – A relativização do entendimento sumulado só é admitida por 
este Tribunal em casos de flagrante ilegalidade ou abuso de poder, o 
que não se verifica nos autos. Precedentes. 
 
 
 
 
 
 
 
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III – O pleito não pode ser conhecido, sob pena de indevida 
supressão de instância e de extravasamento dos limites de competência 
do STF descritos no art. 102 da Constituição Federal. 
IV – Habeas Corpus não conhecido. 
(STF – HC 98687 / SP – SÃO PAULO. Primeira Turma. Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski. J. 03/08/2010. DJe-159 PUBLIC. 27-08-2010, 
EMENT VOL-02412-02, PP-00242) 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. SÚMULA 691/STF. CRIMES DE 
ROUBO MAJORADO E RECEPTAÇÃO. PRISÃO EM FLAGRANTE. 
PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO. 
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE DA 
CUSTÓDIA CAUTELAR, NOS TERMOS DO ART. 312 DO CPP. 
AÇÃO CONSTITUCIONAL NÃO CONHECIDA. ORDEM 
CONCEDIDA DE OFÍCIO. 
1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido da 
inadmissibilidade de impetração sucessiva de Habeas Corpus, sem o 
julgamento de mérito da ação constitucional anteriormente ajuizada 
(cf. HCs 79.776, da relatoria do ministro Moreira Alves; 76.347-QO, 
da relatoria do ministro Moreira Alves; 79.238, da relatoria do 
ministro Moreira Alves; 79.748, da relatoria do ministro Celso de 
Mello; e 79.775, da relatoria do ministro Maurício Corrêa). 
Jurisprudência, essa, que deu origem à Súmula 691, segundo a qual 
“não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de Habeas 
Corpus impetrado contra decisão do Relator que, em Habeas Corpus 
requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. 
2. Tal entendimento jurisprudencial sumular comporta 
relativização, quando de logo avulta que o cerceio à liberdade de 
locomoção do paciente decorre de ilegalidade ou de abuso de poder 
(inciso LXVIII do art. 5º da CF/88). 
3. A garantia da fundamentação importa o dever judicante da 
real ou efetiva demonstração de que a segregação atende a pelo menos 
 
 
 
 
 
 
 
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um dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal. Sem o que 
se dá a inversão da lógica elementar da Constituição, segundo a qual a 
presunção de não-culpabilidade é de prevalecer até o momento do 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Por isso mesmo 
foi que este Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 84.078, 
por maioria, entendeu inconstitucional a execução provisória da pena. 
Na oportunidade, assentou-se que o cumprimento antecipado da 
sanção penal ofende o direito constitucional à presunção de não-
culpabilidade. Direito subjetivo do indivíduo, que tem a sua força 
quebrantada numa única passagem da Constituição Federal. Leia-se: 
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei” 
(inciso LXI do art. 5º). 
4. No caso, a decisão que indeferiu o pedido de liberdade 
provisória do acusado – que não foi preso em flagrante por crime 
hediondo – não demonstrou, minimamente que fosse, o vínculo 
operacional entre a necessidade da segregação cautelar e os 
pressupostos do art. 312 do Código de Processo Penal, tal como 
estabelece o parágrafo único do art. 310 do mesmo diploma 
processual. 
5. Habeas Corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, 
nos termos do voto do relator. 
(STF. HC 103673 / SP – SÃO PAULO. Segunda Turma. Rel. Min. 
Ayres Britto. J. 14/09/2010. DJe-200, Publ. 22-10-2010, Ement. vol- 
02420-03, PP-00602) 
 
6. COMPETÊNCIA 
 
 Em relação à competência para julgamento do Habeas Corpus, a regra é a de 
que ele seja julgado pela autoridade imediatamente superior à autoridade coatora, desta 
forma, pode-se fazer o seguinte esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
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7. PROCEDIMENTO 
 
 Quanto ao procedimento do Habeas Corpus deverá ser observada a seguinte ordem: 
 
 Recebida a petição de Habeas Corpus, o juiz, se julgar necessário,e estiver preso o 
paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que 
designar. (art. 656. CPP) 
 Haverá a requisição de informações a autoridade coatora, determinando prazo para 
sua apresentação. 
 Poderá o juiz requerer diligências e interrogar o paciente; 
 Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, 
fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, nos termos do art. 660, CPP. 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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 Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por 
outro motivo dever ser mantido na prisão conforme art. 660, § 1º, CPP. 
 Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão 
ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo. (art. 660,§ 
5º, CPP). 
 No caso de julgamento de Habeas Corpus por Tribunal deverá ser observado o 
seguinte procedimento: 
 A petição de Habeas Corpus será apresentada ao secretário, que a enviará 
imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que 
estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. (art. 661, CPP) 
 Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o presidente, se necessário, 
requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, 
porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for 
apresentada a petição. (art. 662, CPP). 
 As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que 
o Habeas Corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, 
câmara ou turma, para que delibere a respeito. (art. 663, CPP) 
 Recebidas as informações, ou dispensadas, o Habeas Corpus será julgado na 
primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte. (art. 
664, CPP). 
 A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não 
tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, 
prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. (art. 664, parágrafo único, CPP). 
 
 DICA: 
 
NÃO CABERÁ HABEAS CORPUS: 
1) Das punições disciplinares militares no que diz respeito ao mérito da decisão, com 
fundamento no art. 142, § 2º da Constituição e art. 647 do Código de Processo 
Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
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2) Durante o Estado de Sítio, vedação indireta dada pela Constituição Federal nos arts. 
138, caput e 139, I e II, salvo se a prisão for determinada por quem não seja 
competente ou em desacordo com as formalidades legais. 
3) Contra imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de 
função pública, nos moldes da Súmula 694 do STF. 
4) Quando já extinta a pena privativa de liberdade, com fundamento na Súmula 695 do 
STF. 
5) Se o intuito for resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a 
liberdade de locomoção, nos termos da Súmula 395 do STF. 
6) Da decisão condenatória a pena de multa ou relativo a processo em curso por 
infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada, nos termos da 
Súmula 693 do STF. 
7) Contra omissão do relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro 
cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito, a teor da 
Súmula 692 do STF. 
 
8. ESTRUTURA DO HABEAS CORPUS 
 
 
Endereçamento: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Coator = delegado de 
polícia estadual) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA 
CRIMINAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ______________________ 
(Coator = delegado de polícia federal) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO 
ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE ______________ (Coator = delegado de 
polícia estadual nos crimes de menor potencial ofensivo) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO 
ESPECIAL CRIMINAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _________ 
(Coator = delegado de polícia federal nos crimes de menor potencial ofensivo) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________ (Coator = Delegado nos 
 
 
 
 
 
 
 
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crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________ (Coator = 
Delegado nos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados da Competência 
da Justiça Federal) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ________________ (Coator = Juiz de 
Primeiro Grau Estadual ou Ministério Público Estadual) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ___ REGIÃO (Coator = Juiz de Primeiro 
Grau Federal ou Ministério Público) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO COLÉGIO 
RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE 
____________ (Coator = Juizado Especial Criminal Estadual) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO COLÉGIO 
RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA 
COMARCA DE __________ (Coator = Juizado Especial Criminal Federal) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Coator = Tribunal Inferior ou pessoa com 
prerrogativa de foro no STJ) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Coator = Tribunal Superior ou pessoa com 
prerrogativa de foro no STF ou Tribunais Superiores) 
 
Identificação 
(NOME DO IMPETRANTE), nacionalidade, identidade, CPF, profissão, residente e 
domiciliado no _______, (por seu advogado formalmente constituído que esta 
subscreve, procuração em anexo) (se for o caso), vem respeitosamente à presença de 
Vossa Excelência, Com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e no 
art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar 
HABEAS CORPUS 
em favor de (nome do paciente), nacionalidade, estado civil, profissão, portador da 
Cédula de Identidade número _________, expedida pela __________ inscrito no 
Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o número ___________, 
residência e domicílio, que se encontra atualmente custodiado na 
___________________ (indicar o local em que se encontra preso o paciente, se for o 
caso), em razão de decisão manifestamente ilegal proferida pelo __________, ora 
identificado como autoridade coatora, pelas razões de fato e direito a seguir expostas: 
1. Dos Fatos 
Falar os pontos principais dos fatos que ensejam a impetração do Habeas Corpus, 
ou seja, indicar que foi, por exemplo, decretada uma prisão pelo Juízo ___, 
 
 
 
 
 
 
 
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autoridade coatora, e que tal prisão é manifestamente ilegal, indicando os 
motivos pelos quais a prisão é ilegal, ou qual(is) a(s) ilegalidade(s) existente(s) 
que caracteriza(m) ameaça ou cerceamento ao direito de liberdade, ensejando o 
Habeas Corpus. 
2. Do Direito 
Ressaltar onde está a ilegalidade na prisão ou na ameaça ao direito de liberdade 
do paciente.3. Do pedido liminar 
Indicar encontrarem-se presentes o fumus boni iuris, caracterizado pela 
violação/cerceamento/ameaça ao direito de liberdade do paciente, e também o 
periculum in mora, que reside no fato de já estar o paciente submetido à uma 
prisão flagrantemente ilegal, que não pode prosperar. 
4. Do Pedido 
Indicar ainda a necessidade de concessão da ordem liminarmente, bem como seja 
oficiada a autoridade coatora para que preste informações, e intimação do 
Ministério Público. 
AO FINAL, deve-se fazer o pedido pleiteando a consequente concessão da 
ordem de Habeas Corpus para…, com a consequente expedição do alvará de 
soltura. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
 
9. CASOS PRÁTICOS 
 
CASO PRÁTICO RESOLVIDO 
 
 Robson, famoso empresário do ramo hoteleiro da cidade H foi denunciado 
pela prática do crime de omitir informação às autoridades fazendárias, com a 
finalidade de suprimir tributo estadual devido (art. 1º, inciso I, da Lei nº 
8.137/1990). Robson impugnou administrativamente o lançamento do tributo, 
tendo em vista que, no seu entender, este não ocorreu. O juiz criminal da 5ª Vara 
Criminal da Comarca X recebeu a denúncia e citou o réu para apresentar defesa, 
alegando a independência da via judicial frente à administrativa. 
 Em face da situação hipotética, na qualidade de advogado contratado por 
Robson, apresente a medida processual mais rápida para impugnar a decisão do 
magistrado. 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE _______________ 
 
 
Nome do impetrante, advogado, conforme procuração anexa a este instrumento, 
vem, com fundamento no art. 5º, LXVIII da Constituição Federal e artigo art. 647 e 
648, I, do Código de Processo Penal impetrar a presente ordem de 
HABEAS CORPUS 
em favor de Robson, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de 
Identidade número _________, expedida pela ___________ inscrito no Cadastro de 
Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o número __________, residência e 
domicílio, ora paciente, que encontra-se ameaçado em sua liberdade de locomoção em 
face da decisão proferida pelo Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 5ª Vara 
Criminal da Comarca X, ora apontado como autoridade coatora, pelas razões de fato e 
direito a seguir expostas: 
1. Dos Fatos 
O paciente é um famoso empresário do ramo hoteleiro da cidade H e foi 
denunciado pela suposta prática do crime contra a Ordem Tributária de omitir 
informação às autoridades fazendárias para suprimir tributo estadual devido art. 1º, 
inciso I, da Lei nº 8.137/1990). 
O paciente impugnou administrativamente o lançamento do tributo, tendo em 
vista que no seu entender este não ocorreu. O juiz criminal da 5ª Vara Criminal da 
Comarca X, autoridade coatora, de forma equivocada, recebeu a denúncia e citou o réu 
para apresentar defesa, alegando a independência da via judicial frente a 
administrativa. 
2. Do Direito 
Conforme se depreende da narração dos fatos agiu de forma equivocada a 
autoridade coatora ao ter recebido a denúncia. Como é sabido, via de regra existe a 
independência da esfera judicial e da esfera administrativa, entretanto, existem 
ressalvas que ora são trazidas pela própria lei e ora pela jurisprudência pátria. 
No caso em concreto existe uma visível coação ilegal contra o paciente uma vez 
que não se tipifica crime material contra a ordem tributária de omitir informação a 
autoridade fazendária estadual para suprimir tributo devido, previsto no art. 1º, inciso I, 
da Lei nº 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo, nos temor da Súmula 
Vinculante 24 do STF. 
Ora como ainda não houve, no presente caso, o lançamento definitivo do tributo, 
tendo em vista que ainda existe um processo administrativo pendente, não há como se 
tipificar o crime acima referido, havendo uma coação ilegal por falta de justa causa, 
pois o motivo que ensejou o recebimento da denúncia é ilegítimo, nos termos do art. 
647 e 648, I, do Código de Processo Penal. 
3. Do Pedido 
Desta forma, requer-se a concessão da presente ordem de Habeas Corpus para 
que seja anulado o recebimento da denúncia e decretar a extinção do processo em face 
da visível coação ilegal sofrida pelo paciente. 
 
Termos em que, 
 
 
 
 
 
 
 
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Pede deferimento. 
 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
 
CASO PRÁTICO PROPOSTO 
 
 Juliano cometeu o crime de roubo na cidade Sossego, uma pacata cidade no 
interior da Paraíba que nunca tinha tido nenhuma ocorrência de um crime desta 
gravidade. Como o crime teve uma grande repercussão social, apesar de ter havido 
uma condenação com pena mínima de 3 anos de reclusão e multa, o juiz 
estabeleceu o regime prisional mais gravoso para o réu, o regime fechado, 
alegando a gravidade em abstrato do delito. Ocorre que a decisão transitou em 
julgado. 
 Em face da situação hipotética, na qualidade de advogado contratado por 
Juliano, apresente a medida processual mais rápida para impugnar a decisão do 
magistrado. 
 
RESPOSTA: 
 
• Peça: HABEAS CORPUS. 
 
• Endereçamento: Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba 
 
• Tese: Alegar que o juiz não agiu corretamente tendo em vista que a gravidade em 
abstrato do crime, por si só, não é fundamento suficiente para o estabelecimento de 
regime prisional mais severo do que o que o réu teria direito, conforme consolidado 
entendimento do STJ na Súmula 440, bem como afronta o art. 33, § 2º, “c” do CP, tendo 
em vista que o condenado a pena igual ou inferior a 4 anos e não reincidente, como no 
caso em análise, pode cumprir a pena, desde o início, no regime aberto, existindo não 
existindo justa causa para a coação ilegal sofrida pelo paciente, conforme art. 648, I, do 
Código de Processo Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
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• Pedido: Concessão da ordem para que se estabeleça, na sentença condenatória, o 
regime prisional aberto para o paciente.

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