MILEK, C. M. - Conceitos Introdutórios ao Estudo de Hannah Arendt

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Conceitos introdutórios ao estudo de Hannah Arendt 
 
 
18 de agosto de 2015 
 
 
VÍDEO: Ilha das Flores 
 
 Na obra de Hannah Arendt existem três conceitos essenciais que precisam ser estudados, 
são eles: Trabalho, Obra e Ação. 
 
1. Trabalho é tudo aquilo que satisfaz as necessidades biológicas do ser. – Animal Laborans 
2. Obra é tudo o que facilita a vida humana, torna as coisas mais fáceis. – Homo Faber 
3. Ação é a condição humana plena, quando o homem se insere no mundo através das 
palavras. Tudo o que o homem faz e discute em grupo, política. – Zoon Politikon 
 
Aqui o homem é tido como animal. 
 
Arendt também conceitua espaço público e espaço privado. Para ela, na antiguidade essa 
distinção era muito clara, inclusive ela exemplifica muito bem definindo a Ágora grega como 
espaço público e o Pater Familiae como um exemplo romano de espaço privado. O problema que 
na verdade é visto por Arendt na nossa sociedade é que se deu um hibridismo dos dois tipos de 
espaço. Esse hibridismo entre o espaço público que é onde o homem pode discursar livre de 
suas necessidades biológicas e o espaço privado que é onde o homem necessita atender ao 
chamamento das suas necessidades é chamado por Arendt de social. 
Em Arendt a liberdade, o poder e o nascimento devem também ser considerados. Segundo o 
seu pensamento, a liberdade é agir entre seus pares, seus iguais9 e essa liberdade só se 
concretiza no espaço público. A questão levantada por Arendt é quanto a facticidade dessa 
liberdade, já que no mundo em que vivemos – que para Arendt é a vitória do Animal Laborans – 
tudo está diretamente relacionado as necessidades pessoais e biológicas. Já quanto ao poder, 
aqui ele visto como potência e só é legitimo quando usado, exercido sem violência. Logo, o 
monopólio do poder legitimado não significa, em Arendt, o monopólio da violência. 
 
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 Em sua obra, Arendt deixa claro que não acreditava em igualdade material, para ela a pluralidade deve ser respeitada, 
mas atualmente a sociedade caminha para a massificação, generalização de tudo. 
Hoje, vivemos em um mundo que é o troféu do Animal Laborans, dizemos que o Animal 
Laborans venceu sobre o Homo Faber e o Zoon Politikon porque hoje as pessoas vivem para 
trabalhar e ainda que o homem tenha um tempo livre ele o aproveita consumindo os bens 
duráveis como se de consumo fossem e satisfazendo as suas necessidades. Ou seja, no nosso 
mundo de hoje, o homem tem dado uma grande ênfase no seu lado animal e tem esquecido da 
sua condição humana por excelência, plena. Sabendo disso, como é possível mudar essa 
realidade? Nascendo de novo. Para Arendt existem dois nascimentos: o nascimento para a vida e 
o nascimento para a política. E é quando o homem nasce para política que ele muda essa 
realidade, Arendt define isso como milagre. No seu entendimento, esse romper com o automático 
e escolher pela ação mais improvável das possíveis – como no exemplo do perdão – é a 
caracterização, a realização desse milagre no mundo concreto.