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Lei Penal ➔ Fonte formal imediata ➔ Cria infrações penal e comina as penas respectivas ➔ Descritiva, não proibitiva (proibição indireta) Estrutura: - preceito primário: conduta (matar alguém) - preceito secundário: pena (reclusão, de 6 a 20 anos) Classificação: 1. incriminadoras: criam crimes e cominam penas 2. não incriminadoras: - permissivas: excludentes de ilicitude (arts. 23, 128 e 142) - exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente/impunidade de crimes (doença mental, menoridade, prescrição, perdão judicial) - interpretativas: esclarecem o conteúdo de outras leis penais (art. 150, § 4º, conceito de domicílio) - de aplicação, finais ou complementares: delimitam o campo de validade das leis incriminadoras (art. 2º e 5º) - diretivas: são as que estabelecem os princípios de determinada matéria (reserva legal, art. 1º) - integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante do nexo causal nos crimes omissivos impróprios, tentativa e participação (arts. 13, § 2º, 14, II e 29, caput) 3. completas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa (art. 157, caput) 4. incompletas: complementação da conduta criminosa destinada à outra lei, ato de ADM pública ou ao julgador (leis penais em branco e tipos penais abertos) Características: a) Exclusividade: só lei pode criar delitos e penas (CF e CP) b) Imperatividade: o descumprimento acarreta imposição da pena ou medida de segurança (obrigatório o respeito) c) Generalidade: para todas as pessoas, inclusive aos inimputáveis, que vivem sob jurisdição do Brasil, estejam em território nacional ou no exterior. d) Impessoalidade: projeta seus efeitos a fatos futuros, para qualquer pessoa que venha a praticá-lo. Exceções - leis que preveem anistia e abolitio criminis, que alcançam fatos concretos. e) Anterioridade: apenas podem ser aplicadas se estavam em vigor quando o fato criminoso foi praticado, salvo em caso de retroatividade benéfica. Lei penal em branco Espécie de lei penal cuja a definição da conduta criminosa reclama complementação, seja por outra lei, seja por ato da ADM pública. O seu preceito secundário (pena) é completo. Divide-se em: a) Lei penal em banco homogênea: o complemento tem a mesma natureza jurídica e vem do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora. Exemplo: Art. 169, § único, I do CP, complementado pelo art. 1.264, do CC. Tanto a lei civil quanto a penal têm como fonte de produção o Poder Legislativo federal (CF, art. 22, I). a.1: homovitelina: a lei incriminadora e seu complemento encontram-se no mesmo diploma legal. a.2: heterovitelina: lei incriminadora e complemento estão alocadas em diplomas diversos. b) Lei penal em branco heterogênea: complemento tem natureza diversa e emana de órgão distinto. Exemplo: Crimes previstos na Lei de Drogas, editada pelo Poder Legislativo federal, e complementada por portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pertencente ao Poder Executivo c) Lei penal em branco inversa/ao avesso: o preceito primário é completo, secundário não. A complementação deve ser obrigatoriamente uma lei. Exemplo: Arts. 1º e 3º da Lei 2.889/56 d) Lei penal em branco de fundo constitucional: complemento do preceito primário é norma constitucional. Exemplo: Crime de abandono intelectual (CP, art. 246 e CF, art. 208, I) e) Lei penal em branco ao quadrado: a complementação depende de complementação. Interpretação da lei penal 1. Quanto ao sujeito: - autêntica: incumbe ao legislador quando edita a lei o propósito de esclarecer seu alcance. - judicial: membros do PJ na decisão dos litígios que lhe são submetidos. Sua reiteração constitui jurisprudência. - doutrinária: não tem força vinculante - doutrinas e estudos. 2. Quanto aos meios: - gramatical: acepção literal das palavras. - lógica: nesta técnica o intérprete irá estudar a norma através de raciocínios lógicos. Se desenvolve um raciocínio lógico, transcendendo a letra fria da lei, com o fito de fixar o alcance e extensão da lei a partir das motivações políticas, históricas e ideológicas. 3. Quanto ao resultado: - declaratória: resulta entre a sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. - - extensiva: destina-se a corrigir uma fórmula legal. A lei diz menos do que desejava. 4. Interpretação progressiva: emolda a Lei à realidade atual. 5. Interpretação analógica: fórmula casuística (mediante paga ou promessa) e forma genérica (outro motivo torpe). Analogia Espécies: a) In malam partem: aplica-se ao caso omissivo uma lei maléfica ao réu. Proibida no Direito Penal brasileiro. b) In bonam partem: lei favorável ao réu. Admitidas, com exceção às leis excepcionais. c) Legal: se aplica uma lei que trata de caso semelhante. d) Jurídica: aplica-se princípios gerais do direito. Lei penal no tempo Qual lei vai ser aplicada para determinada conduta criminosa, mesmo que haja nova lei. Primeiro deve saber quando considera que foi praticado o crime (CP, art. 4º - teoria da atividade) Princípios: a) Anterioridade/legalidade: não há crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. b) Irretroatividade/retroatividade da lei penal benéfica: ➔ Regra geral: uma lei somente é revogada por outra lei. ➔ Exceção: leis temporárias e excepcionais - auto revogáveis. A revogação pode ser absoluta (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Modo de revogação: a) Expressa: uma lei indica em seu corpo os dispositivos legais revogados. b) Tácita: lei nova se revela incompatível com a anterior. c) Global: lei regula inteiramente a matéria disciplinada na lei anterior. Direito Penal intertemporal e conflito de leis no tempo Regra geral: prevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato (tempus regit actum). Exceções: sucessão de leis penais que disciplinam a matéria. Cinco situações podem ocorrer: - a lei cria uma nova figura penal: novatio legis incriminadora - a lei posterior mais rígida: lex gravior - a lei posterior extingue o crime: abolitio criminis (CP, art. 2º, caput) - a lei posterior é benigna: lex mitior - a lei posterior contém preceitos mais rígidos e outros mais brandos Retroatividade: lei posterior mais benéfica. Ultratividade: lei anterior mais benéfica. Durante o período da vacatio legis, a lei não pode ser aplicada, mesmo que favorável ao réu. Lei penal temporária e excepcional Temporária: Tem vigência predeterminada no tempo. Seu término é explicitamente previsto em data certa do calendário. Excepcional: duração relacionada à situações de anormalidade. Possuem ultratividade (aplicadas aos casos que ocorreram ao seu tempo) Tempo do crime Teoria da atividade: crime é praticado no momento da conduta. Adotada pelo Código Penal, art. 4º. Teoria do resultado: crime é praticado no momento do resultado. Teoria mista: concilia as duas. Exemplo: A, 17 anos, 11 meses e 20 dias, efetuou disparos contra B, provocando diversos ferimentos. A vítima vem a falecer em 15 dias. Não se aplicará o Código Penal, pois é inimputável. No crime permanente em que a conduta tenha se iniciado durante a vigência de uma lei, e prossiga durante o império de outra, aplica-se a nova lei, ainda que mais severa. No crime continuado em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei, operando-se o aumento de pena por lei mais nova, aplica-se esta última a toda a unidade delitiva, desde que, em sua vigência, continue sendo praticada. No crime habitual, em que haja sucessão de leis, deve ser aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa. Conflito aparente de leis penais Dois ou mais tipos legais podem ser aplicados a um caso. É aparente pois desaparece com a correta interpretação da lei. Requisitos: 1. unidade de fato; 2. pluralidade de leis penais; e 3. vigência simultânea de todas elas. Princípios para solução do conflito: 1. especialidade 2. subsidiariedade 3. consunção 4. alternatividade Lei penal no espaço Teorias: a) Atividade: considera o lugar do crime como sendo o espaço geográfico em que a conduta criminosaocorreu. b) Resultado: local onde o resultado é provocado. c) Ubiquidade: tanto o local que ocorreu, quanto o resultado. Princípios: 1. Territorialidade: regra. Crime praticado em território brasileiro, aplica-se a lei brasileira. 2. Intraterritorialidade: exceção 1. o Estado, mesmo soberano, em determinadas situações, abre mão de aplicar sua legislação em virtude de convenções, tratados e regras. 3. Extraterritorialidade: exceção 2 Possibilidades: ➔ Incondicionada: Aplicadas em razão do princípio da proteção ou defesa com base na nacionalidade do bem jurídico: alíneas a, b e c. Aplicadas em razão do princípio da justiça universal, característico da cooperação penal internacional, pois permite a punição, por todos os Estados, de todos os crimes que forem objeto de tratado e convenções internacionais: alínea d. Nos casos desse inciso, o agente é punido segundo a Lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. ➔ Condicionada: Aplicada em razão da justiça universal: alínea a. Aplicada em razão do princípio da nacionalidade ou personalidade aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente: alínea b. Aplicada em razão do princípio da bandeira quando houver desinteresse de quem deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou aeronave cuja bandeira ostenta, aos delitos praticados em seu interior. No caso desse inciso, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: • alínea a: entrar o agente em território nacional; • alínea b: ser o fato punível também no país em que foi praticado; • alínea c: estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza extradição - ato de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, investigada, processada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. • alínea d: não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter cumprido a pena. • alínea e: não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. ➔ Hiper-condicionada: A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas anteriormente, somadas com: • não foi pedida ou negada a extradição. • houve requisição do Ministro da Justiça. Extensão do território nacional para efeitos penais: Art. 5º, § 1º: ➔ Brasileiras: Embarcações ⟶ natureza pública ou a serviço do governo ⟶ qualquer lugar Aeronaves ⟶ mercantes ou de propriedade privada ⟶ alto mar e espaço aéreo correspondente Art. 5º, § 2º: ➔ Estrangeiras: Embarcações ⟶ natureza pública ou privada ⟶ qualquer lugar Aeronaves ⟶ propriedade privada ⟶ a bordo, em pouco ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e porto ou mais territorial brasileiro Eficácia da sentença estrangeira Quando a sentença proferida sobre determinado agente, no estrangeiro produzir as mesmas consequências no Brasil, poderá ser homologada neste, para obrigar o condenado à reparação do dano, à restituição e outros efeitos civis, bem como sujeitá-lo à medida de segurança. Essa homologação depende de pedido da parte interessada e da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença; na falta de tratado, dependerá de requisição do Ministério da Justiça. A competência para tal homologação é do STJ, conforme preceitua o Art. 105o, I, alínea i da CF/88. Lugar do crime A aplicação do princípio da territorialidade da lei penal no espaço depende da identificação do lugar do crime. Teorias: 1) Atividade: onde foi praticado a conduta. 2) Resultado: onde se deu o resultado. 3) Ubiquidade: tanto onde foi praticado, quanto o resultado. Adotada pelo CP, art. 6º. Tem relevância no que se refere aos crimes a distância (praticados em um país e o resultado vem a ser produzido em outro).
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