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Aula_01-1

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AULA 01
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DISCIPLINA: POLÍTICAS DE SAÚDE
GESTÃO HOSPITALAR – BEATRIZ ACAMPORA 
Rio de Janeiro, 3 de Agosto de 2011
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COMPREENDENDO E PERCEBENDO AS POLÍTICAS PÚBLICAS
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*NESTA AULA, VOCÊ IRÁ:
Compreender os principais conceitos sobre políticas públicas no Brasil;
Identificar os primeiro, segundo e terceiro nós sobre o conceito de políticas públicas;
Reconhecer os problemas mais comuns nas instituições de saúde pública;
Experimentar alguns casos comuns, por meio do retrato de realidades na saúde.
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INTRODUÇÃO DA AULA
Na concepção de Bobbio (2002 apud Sechi, 2011, p.08) política de uma maneira geral “é a atividade humana ligada a obtenção e manutenção dos recursos necessários para o exercício do poder sobre o homem”. Portanto, ela é responsável por coordenar e gerir as decisões dos homens em relação às pessoas, serviços ou produtos. Fazem parte das normas internas de uma sociedade, que quando respeitadas se tornam como padrões da política social. 
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Quando nos referimos a política do tipo pública elaboramos uma relação direta as decisões tomadas ou propostas para enfrentamento dos problemas apenas de ordem pública. A presente maneira de separar as políticas das instituições públicas e das privadas cria diversos nós conceituais, pois procura-se conceituá-la para cada contexto que será aplicada, não conseguindo promover um conceito generalista a ambas instituições.
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O primeiro nó conceitual se refere a definição da política somente como pública quando está relacionada a um ator estatal, ou seja, quando existe retenção das ações por parte do governo. E por outro lado interpretá-la como uma abordagem multicêntrica, na qual as organizações privadas, não governamentais, organismos multilaterais, redes de políticas públicas, atores estatais e protagonistas nos estabelecimentos de políticas públicas são considerados participantes das políticas públicas, a partir do momento que tornam seus problemas de ordem “pública”, adotando este termo como adjetivo ao conceito de políticas. 
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O segundo nó conceitual refere-se a omissão ou negligência do governo em relação à um problema. Somente é considerada como política pública quando o governo dita normas prezando por resolver a situação, mesmo que a estratégia não venha a dar certo, mas não ditar regras para solução do problema e se colocar parado a espera do resultado, esta não é considerada uma medida de política pública. 
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Por fim, temos a dualidade das medidas micro e macropolíticas. Alguns consideram apenas o setor macro como merecedor de medidas, tais como: política nacional agrária política nacional educacional, política ambiental, entre outras. Mas tanto os níveis estruturantes, intermediários e operacionais requerem políticas públicas para decisões.
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Os problemas públicos surgem entre a situação atual utilizada e uma outra situação esperada como resultado. A inadequação na utilização dos serviços atuais vai ser qualificada quando um grande número de pessoas estiver insatisfeito com os serviços prestados. Ou seja, um problema individual, como não conseguir fazer um exame na instituição A, não é considerado um problema de ordem pública, se afetar apenas esta única pessoa. Os programas públicos, projetos, leis e campanhas são propostas para transformar uma orientação em ação. (Sechi, 2011).
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Conceito sobre políticas e políticas públicas
Conceituando Política:	
Para uma adequada compreensão do que significa políticas públicas, se faz necessário apreender o que o termo política representa. “Politics, na concepção de Bobbio (2002), é a atividade humana ligada a obtenção e manutenção dos recursos necessários para o exercício do poder sobre o homem” (in SECCHI, 2011). 
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Esse sentido de “política” talvez seja o mais corriqueiro no senso comum: o de atividade e competição políticas. Algumas frases que exemplificam o uso desse termo são: “minha mãe adora falar sobre política”, “a política é para quem tem estômago”, ou “a política está muito longe das necessidades da população”. 
O segundo sentido da palavra “política” é expresso pelo termo policy em inglês. Essa dimensão de “política” é a mais concreta. 
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Políticas são consideradas como relação com orientações para a decisão e ação. Em organizações públicas, privadas e do terceiro setor, o termo “política” está presente em frases do tipo “nossa política de compra é consultar ao menos três fornecedores”, “a política de empréstimos daquele banco é muito rigorosa”. (Sechi, 2011, p.01). O termo política pública (public policy) está vinculado a esse segundo sentido da palavra “política”. Políticas públicas tratam do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões políticas, e do processo de construção e atuação dessas decisões.
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“Exemplos do uso do termo “política” com esse sentido estão presentes nas frases “temos de rever a política de educação superior no Brasil”, “a política ambiental da Amazônia é influenciada por ONGs nacionais, grupos de interesse locais e a mídia internacional”, “percebe-se um recuo nas políticas sociais de países escandinavos nos últimos anos” (SECCHI, 2011, p. 1).
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Uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público. Uma política pública é uma orientação à atividade ou à passividade de alguém; uma política pública possui dois elementos fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público. Nesse sentido, a razão para o estabelecimento de uma política pública é o tratamento ou a resolução de um problema entendido como coletivamente relevante.
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Políticas públicas podem ser interpretadas como “a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos” (Petres, 1986 apud Souza,2006, p.24). As políticas públicas, então, nascem de uma necessidade da coletividade, mas também influencia diretamente o indivíduo que se remete a ela.
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Considera-se como política pública qualquer medida que venha afetar uma grande quantidade de pessoas, diante de um problema de ordem social e não individual. Por exemplo, se você foi a um hospital para ser atendido na emergência e chegando lá, o hospital se deparou com um grande imprevisto de um acidente muito grande que veio a consumir todos os médicos da unidade e lhe foi solicitado para procurar outra instituição, devido à eventualidade.
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Esse é um problema apenas referente à sua pessoa e que será corrigido naturalmente, portanto, não requer uma medida pública.
Para chegar à conceituação sobre políticas públicas, alguns obstáculos foram e buscam ser vencidos na atualidade, devido as divergências dos pensamentos.
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Nós conceituais:
Primeiro Nó conceitual:
Alguns autores e pesquisadores de políticas públicas defendem a abordagem estatista, enquanto outros defendem abordagens multicêntricas no que se refere ao protagonismo no estabelecimento de políticas públicas.
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Estatais e Multicêntricas: 
Estatais: possuem retenções de ações por parte do governo, com atores estatais. Quanto a este nó Teixeira (2002, p.02) afirma que “nem sempre “políticas governamentais” são públicas, embora sejam estatais. Para serem “públicas”, é preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu processo de elaboração é submetido ao debate público”.
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Secchi (2011) ressalta que Segundo essa concepção, o que determina se uma política é ou não “pública” é a personalidade jurídica do ator protagonista.
Multicêntricas: incluem todo e qualquer tipo de instituição, sejam elas governamentais, não governamentais, estatais, privadas entre outras. O interesse é resolver o problema que se tornou público.
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A esse respeito, Secchi (2011) ressalta que a abordagem multicêntrica, considera organizações privadas, organizações não governamentais, organismos multilaterais, redes de políticas públicas (policy networks), juntamente com os atores estatais, protagonistas no estabelecimento das políticas públicas. Autores da abordagem multicêntrica atribuem o adjetivo “pública” a uma política, quando o problema que se tenta enfrentar é público.
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A respeito da diferenciação entre a abordagem estatista e multicêntrica: “Por exemplo, uma organização não governamental de proteção à natureza que lança a seguinte campanha: “plante uma árvore nativa”. Esta é uma orientação à ação, e tem o intuito de enfrentar um problema de relevância coletiva. No entanto, é uma orientação dada por um ator não estatal. Aqueles que se filiam à abordagem estatista não a consideram uma política pública, porque o ator protagonista não é estatal.
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Por outro lado, autores da abordagem multicêntrica a consideram política pública, pois o problema que se tem em mãos é público.” (SECCHI, 2011, p. 3)
A abordagem multicêntrica adota um enfoque mais interpretativo e, por consequência, menos positivista, do que seja uma política pública. A interpretação do que seja um problema público e do que seja a intenção de enfrentar um problema público aflora nos atores políticos envolvidos com o tema.
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Políticas governamentais aquelas políticas elaboradas e estabelecidas por atores governamentais. Dentre as políticas governamentais estão as emanadas pelos diversos órgãos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Nos dias atuais, as políticas governamentais são o subgrupo mais importante das políticas públicas, e são as que recebem maior atenção na literatura da área.
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A essência conceitual de políticas públicas é o problema público. Exatamente por isso, o que define se uma política é ou não pública é a sua intenção de responder a um problema público, e não se o tomador de decisão tem personalidade jurídica estatal ou não estatal. São os contornos da definição de um problema público que dão à política o adjetivo “pública” (SECCHI, 2011).
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Segundo Nó conceitual
O segundo nó conceitual diz respeito à omissão ou negligência em relação às políticas públicas. 
Omissão/Negligência: Uma política pública deve resultar em uma diretriz intencional, seja ela uma lei, uma nova rotina administrativa, uma decisão judicial etc. (Sechi, 2011, p. 04).
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Se algum ator de qualquer tipo de instituição opta por se manter passivo diante de uma situação problema, esta atitude não é considerada política, pois não visou resolver a situação, apenas se negar a participar do fato. A solução proposta não exige que dê certo, mas que tenha a intenção de minimizar os conflitos.
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“A decisão de não agir não pode ser confundida com a orientação dissuasiva. Políticas públicas são operacionalizadas com orientações persuasivas ou dissuasivas. Exemplos de orientações persuasivas são: plante uma árvore, vacine seu filho, aplique multa ao motorista embriagado. Exemplos de orientações dissuasivas são: não corte as árvores nativas, não sonegue impostos, não gaste mais do que arrecada.
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Em todos esses casos, temos uma tentativa de interferência do policymaker, ou seja, aquele que protagoniza o estabelecimento dessa diretriz, sobre o policytaker, ou seja, aquele que é destinatário da diretriz. Já no caso da omissão, o policymaker decide não interferir na realidade e, por isso, há um vazio de política pública” (SECCHI, 2011, p. 04).
 
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Terceiro Nó conceitual
Existem posicionamentos teóricos que interpretam as políticas públicas como somente macrodiretrizes estratégicas, como por exemplo: a política educacional e a política nacional agrária.
Micro e Macrodiretrizes: as políticas públicas não estão voltadas apenas para as grandes instituições ou aos grandes problemas. Ela é criada por meio de situações que venham a afetar o bem estar da sociedade de uma maneira geral.
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Para tanto, contempla os níveis estruturantes, intermediários e operacionais. Por exemplo: Criar uma lei que ampara os mineradores quanto aos acidentes frente ao trabalho. É um problema direcionado a um grupo de operários, mas que afeta grande classe de trabalhadores, portanto é de ordem pública.
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Problemas de ordem pública:
 
Um estudo de políticas públicas não prescinde do estudo de um problema que seja entendido como coletivamente relevante. Uma definição prática para “problema”: a diferença entre a situação atual e uma situação ideal possível. Um problema existe quando o status quo é considerado inadequado e quando existe a expectativa do alcance de uma situação melhor (SECCHI, 2011).
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Naturalmente, a definição do que seja um “problema público” depende da interpretação normativa de base. Para um problema ser considerado “público”, este deve ter implicações para uma quantidade ou qualidade notável de pessoas. Em síntese, um problema só se torna público quando os atores políticos intersubjetivamente o consideram problema (situação inadequada) e público (relevante para a coletividade).
 
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Por exemplo, dificilmente a falta de oportunidade de emprego para uma única pessoa é considerada um problema público. Já o desemprego de uma categoria profissional inteira pode ser considerado um problema público.
Secchi (2011) oferece alguns exemplos de instrumentos de políticas públicas:
*Uma lei que obrigue os motociclistas a usar capacetes e roupa adequada. Tipo: política regulatória. Problema: altos níveis de acidentes com motociclistas em centros urbanos e a gravidade desses acidentes.
 
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Um programa público de crédito a baixo custo oferecido a pequenos empreendedores que queiram montar seu negócio. Tipo: política distributiva. Problema: necessidade de geração de emprego e renda.
A decisão de um juiz de impedir que bares e restaurantes operem entre meia-noite e seis horas da manhã em determinado bairro de uma cidade. Tipo: política regulatória. Problema: distúrbios à ordem pública e à qualidade de vida dos moradores do bairro.
 
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Uma lei que obrigue partidos políticos a escolher seus candidatos em processos internos de seleção e posteriormente apresentar listas fechadas aos eleitores. Tipo: política constitutiva. Problema: debilidade dos partidos políticos brasileiros, infidelidade partidária por parte dos políticos.
A instituição de um novo imposto sobre grandes fortunas, que transfira renda de classes abastadas para um programa de distribuição de renda para famílias carentes. Tipo: política redistributiva. Problema: concentração de renda.
 
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Percebe-se, portanto, que as políticas publicas visam equilibrar a sociedade, por meio de padrões de condutas que são mutáveis, conforme novos problemas vão surgindo e de acordo com as novas exigências sociais.
 
 
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