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serviço público - roteiro 2015

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DIREITO ADMINISTRATIVO I
SERVIÇO PÚBLICO
ROTEIRO DE ESTUDO
	Antes de conceituar a locução “serviço público” faz-se necessário inserir o termo dentro da disciplina Direito Administrativo. O Direito Administrativo disciplina e regulamenta as atividades do poder público destinadas a realizar os fins visados pelo Estado, qual seja mediatamente sempre o interesse da sociedade, ou seja, da coletividade tutelada pelo governo correspondente. O serviço público é uma das atividades desempenhadas pelo Estado objetivando o interesse público.
	A locução serviço público pode ser observada em distintas acepções na Constituição Federal de 1988: No artigo 175 da Constituição observamos o sentido estrito da locução que diz respeito a atividade de natureza prestacional voltada a positivação de direitos fundamentais em função da oferta de serviços, que podem estar associadas a fruição de bens materiais.
	No artigo 40, §1º, inciso III a expressão tempo de “serviço público” quer dizer tempo de serviço prestado pelo servido em qualquer instituição pública seja lá qual for a sua função pública, por isso serviço público nessa acepção não equivale a uma função administrativa específica, que se diferencia das atividades de poder de polícia e intervenção do Estado na economia. Nesse caso serviço público quer dizer serviço realizado pelo Estado, ou seja, função pública em sentido lato.
	Como função administrativa específica, serviço público é atividade eminentemente social, mesmo quando o serviço público é classificado como serviço econômico ou voltado a apoiar a atividades econômicas. “A Administração cuida de assuntos de interesse coletivo, visando ao bem-estar e ao progresso social, mediante o fornecimento de serviços aos particulares”, como ressalva a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
 Celso Antônio Bandeira de Mello aborda o tema elucidando os elementos essenciais que caracterizam a atividade administrativa: “serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, sob regime de direito público”.
	Observado os critérios para a construção do conceito de serviço público com a adaptação dos requisitos definidos pela escola de Bordeaux, vejamos os elementos suscitados pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. A autora considera três critérios para exaurir os elementos que definem o serviço público:
O subjetivo, que considera a pessoa jurídica prestadora da atividade: o serviço público seria aquele prestado pelo Estado ou por particular, pessoa física ou jurídica, através de delegação, cumprindo as normas que a Administração lhes impuser.
O material, que considera a atividade exercida: o serviço público seria a atividade que tem por objeto a satisfação material de necessidades coletivas.
O formal, que considera o regime jurídico: o serviço público seria aquele exercido sob regime de direito público derrogatório e exorbitante de direito comum. 
É a partir da junção desses três elementos que se origina o conceito da professora: “Serviço Público é toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas sob regime jurídico total ou parcialmente público”
Não se pode dizer, dentre os conceitos mais amplos e os mais restritos, que um seja mais concreto do que o outro; pode-se graduar, de forma crescente, os vários conceitos: os que incluem todas as atividades do Estado (legislação, jurisdição e execução); os que só consideram as atividades administrativas, excluindo legislação e jurisdição, sem distinguir o serviço público do poder de polícia, fomento e intervenção; os que preferem restringir mais para distinguir o serviço público das outras três atividades da Administração Pública. (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 2015).
Conclusões importantes a respeito do assunto
A noção de serviço público não permaneceu estática no tempo. Não há registro histórico que comprove exatamente quando foi prestado o primeiro serviço público, entretanto, sabe-se que a noção atual de serviço público surgiu da expressão “serviço do rei” numa época em que a pessoa do monarca se confundia com o próprio conceito de Estado, concentrando todo poder e dirigindo todo tipo de atividade desenvolvida dentro de um dado organismo político. Daí concluísse que as transformações estruturais do Estado, o fenômeno da descentralização de poder e a evolução dos fins visados pelo Estado desencadeou um a série de modificações no conceito de serviço público.
O conceito de serviço público também não é uniforme no espaço, pois é a lei, considerando as necessidades de determinada sociedade, a Lei definirá quais as atividades consideradas serviço público. No Brasil, serviço público é toda atividade considerada pela Constituição como tal, disposta nos arts. 21, incisos X, XI, XII, XV, XXIII e 25 § 2º. É importante registrar que a fruição do particular é a priori facultativa, mas o Estado tem obrigação de garantir o provisionamento.
Os Serviços Públicos são instituídos pela Constituição da República e, segundo a respectiva competência, distribuídos à cura da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no que respeita a regulamentação, execução e controle. Dentro dessas competências a entidade responsável pelo serviço público, por lei, deve proceder à sua regulamentação, estabelecendo se a sua fruição pelos administrados é facultativa ou compulsória. Deve, ainda, fixar a forma de sua prestação, as obrigações e os direitos, umas e outros a cargo do usuário, a modalidade de financiamento, além de aspectos relacionados a diferenciação de tratamento de pessoas consideradas hipossuficientes.
 
	À União a Constituição da República reservou, entre outros, os serviços arrolados no art.21, a exemplo do serviço postal (inc. X) e o do transporte interestadual e internacional de passageiros (inc. XII, e).
	Aos Municípios reservou todos os serviços públicos que digam respeito ao interesse local, conforme estatui o inc. V do art. 30.
	Aos Estados-Membros a Constituição da República assegurou os serviços remanescentes (art. 25, § 1º). Assim, o serviço que não for da União, nem do Município, é do Estado Federal. (Diogenes Gasparini, 2013).
	Os serviços públicos não são prestados aleatoriamente, pois existem princípios específicos que orientam a prestação dos serviços públicos, determinando a sua permanência, generalidade, eficiência, modicidade e cortesia.
	O princípio da permanência impõe a continuidade do serviço que, uma vez instituído como público, não poderá ter a sua prestação interrompida, pois na medida que um determinado serviço é elevado à categoria de público gera consequentemente o direito do usuário de exigi-lo. 
	O princípio da generalidade decorre do princípio da igualdade instituído no art. 5º da Constituição federal, que implica que seja o serviço público oferecido segundo critérios de igualdade para todos os interessados, o que significa que tais serviços devem ser prestados sem qualquer discriminação a quem os solicita, ressalvadas as hipóteses em que a diferença é voltada para garantia de acesso de pessoas que condições mais vulneráveis, como produtores rurais, população de baixa renda, idosos, crianças, etc.
	O princípio da eficiência obriga uma constante atualização tecnológica dos serviços públicos e a busca da maximização de resultados. A Administração por esse princípio vê-se obrigada a oferecer à coletividade o que há de melhor, dentro de um planejamento adequado a realidade e às possibilidades orçamentárias da localidade.
O princípio da modicidade impõe que sejam os serviços prestados mediante tarifas justas, pagas pelo usuário para remunerar os benefícios recebidos e permitir o seu melhoramento e expansão. Isso significa que a instituição do valor da remuneração do serviço deverá se mostrar acessível a todos, pois a finalidade do serviço públicoé atender uma necessidade da sociedade e não gerar lucros exorbitantes as prestadoras, sobretudo, no setor privado. Vale ressaltar que a tarifa é preço público cobrado pela execução mediata ou imediata do serviço por quando não fruição, a eventual cobrança de tarifa é indevida.
	Pelo princípio da cortesia, obriga-se a Administração Pública a oferecer aos usuários de seus serviços um bom tratamento. Trata-se nada mais nada menos de uma regra de conduta social aplicada ao serviço público que estabelece a urbanidade para aqueles que prestam o serviço, visto que o seu oferecimento é um dever do prestador e um direito do usuário. A urbanidade também é um dever das delegatárias. 
	
A Constituição Federal, ao assegurar o direito de greve, estabeleceu que a lei definirá os serviços essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis a comunidade no artigo 9º, restringindo o exercício do direito de greve para que os serviços imprescindíveis à coletividade não fiquem paralisados prejudicando os interesses de uma maioria em detrimento de uma minoria. A Lei 7.783/89 define como serviços essenciais: o de água, de energia elétrica, gás e combustível; o de saúde; o de distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; o funerário; o de transporte coletivo; o de capitação e tratamento de esgoto e lixo; o de telecomunicações; o relacionado com substâncias radioativas; o de tráfego aéreo; o de compensação bancária; o de processamento de dados ligados a esses serviços. Os sindicatos, empregados e trabalhadores envolvidos com esse tipo de atividade ficam obrigados de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação desses serviços, de forma que a greve não coloque em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. A satisfação das necessidades da população e manutenção dos serviços públicos essenciais é de tal importância que, caso a greve seja declarada ilegal, o sindicato poderá ser condenado a indenizar os prejuízos causados à população.
	
 
Classificação
Quanto à entidade a quem foram atribuídos, são: federais, estaduais, distritais e municipais. São os regulados e controlados pela União, pelos Estados-membros, pelo Distrito Federal e pelos municípios, respectivamente, e executados por essas entidades ou por quem lhe faça as vezes (concessionários e permissionários).
Quanto à essencialidade, podem ser: essenciais e não essenciais. São essenciais os assim considerados por lei ou os que pela própria natureza são tidos como de necessidade pública e, em princípio, de execução privativa da Administração Pública. São exemplos os serviços de segurança nacional, de segurança pública e os jurídicos. São não essenciais os assim considerados por lei ou os que pela própria natureza, são havidos de utilidade pública, cuja execução é facultada aos particulares (...) são os que não são de execução privativa da Administração Pública; por exemplo, os serviços funerários. Ver Lei 7.783/1989.
Quanto aos usuários, são gerais e específicos. São gerais os que atendem a toda população administrada, sem objetivar utentes determinados (...), são dessa natureza os serviços de segurança pública e os de segurança nacional. Específicos são os que satisfazem os usuários certos, que os fruem individualmente..., como exemplos temos os serviços de telefonia, postal e de distribuição domiciliar de água. Os serviços gerais são também chamados de uti universi, enquanto os específicos são também designados como uti singuli.
Em razão da obrigatoriedade da utilização, são compulsórios e facultativos. Compulsórios são os impingidos aos administrados, nas condições estabelecidas em lei, a exemplo dos serviços de coleta de lixo, de esgoto, vacinação obrigatória, de internação de doentes portadores de doenças de caráter infectocontagioso. Facultativos são os colocados à disposição dos usuários sem que lhes seja imposta a fruição, a exemplo do serviço de transporte coletivo, telefonia, água encanada.
Tomando-se por base a forma de execução, os serviços são de execução direta e de execução indireta. São de execução direta os oferecidos pela Administração Pública, por seus órgãos e entidades na Administração Direta e Indireta; são de execução indireta os prestados por terceiros delegados.

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