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SINDROME PÓS COVID-19 Pré-escolar, 04 anos, masculino, refere febre há 12 horas sem outros sintomas. De antecedentes relevantes, apresentava sorologia IgM e IgG positivas para Sars-CoV-2, com duas amostras IgM em queda. Ao exame físico, encontrava-se febril 38,3ºC, ativo, eupneico (respiração normal),com discreta hiperemia (aumento da quantidade de sangue, circulando no órgão) de orofaringe. Demais órgãos e sistemas sem alterações. Prescrito ambulatorialmente antitérmicos, aumento na oferta hídrica e retorno para reavaliação. Nas 24 horas subsequentes, houve persistência da febre e iniciado queixa de dor abdominal. Exame físico não demonstrou modificações do quadro inicial, sendo solicitado hemograma e PCR, e teste rápido para dengue (negativo). Porém, como evoluiu com piora da dor abdominal, foi acrescentado rotina de abdômen agudo (radiografia de tórax/abdômen dentro dos padrões da normalidade), além de USG de abdômen total, que identificou adenite mesentérica (alterações de gânglios linfáticos abdominais). Após analgesia endovenosa(ex. morfina), paciente foi conduzido ao domicílio. Passadas 24 horas desse atendimento, houve agravamento da queixa álgica, prostração, diminuição do apetite e da diurese. Paciente é conduzido à internação, sendo prescrito hidratação venosa, analgesia e monitorização clínica. Após 4 horas da admissão, evolui com sinais de descompensação cardíaca (choque) – edema de face, extremidades e parede abdominal e taquicardia. Sendo conduzido à UTI pediátrica, onde iniciou dobutamina(insuficiência cardíaca); furosemida (diurético); Captopril (pressão e coração), e iniciado investigação laboratorial para SIMP pós-COVID19. Instituído tratamento com imunoglobulina endovenosa (2,0 g/kg) e terapia anticoagulante com enoxaparina (isquemia e infarto do miocárdio- trombose?) A resposta clínica foi dramática, com desaparecimento da febre, melhora na performance cardíaca. 1) Analisar criticamente o caso Existem cinco classes diferentes de imunoglobulinas (IgM, IgG, IgE, IgA e IgD). As três imunoglobulinas investigadas com maior frequência em exames são IgM, IgG e IgE. Os anticorpos IgM e IgG têm ação conjunta na proteção imediata e a longo prazo contra infecções. Os anticorpos IgE estão associados a alergias. Sorologia é o termo usado para definir os exames que identificam a presença de determinados anticorpos no nosso sangue. Os mais comuns são os exames sorológicos denominados IgG (imunoglobulina G) e IgM (imunoglobulina M). Ou seja, IgM positivo significa que a pessoa possui anticorpos do tipo imunoglobulina M, e daí se deduz que ela já foi exposta e está na fase ativa da doença havendo a possibilidade do microrganismo estar circulando no paciente naquele momento. Um resultado positivo para IgG pode indicar que a pessoa está na fase crônica e/ou convalescente ou já teve contato com a doença em algum momento da vida e, portanto, para algumas doenças, esses anticorpos funcionam como uma proteção em caso de novo contato com o microrganismo. Abdome agudo é uma síndrome clínica caracterizada por dor na região abdominal, não traumática, súbita e de intensidade variável associada ou não a outros sintomas e que necessita de diagnóstico e conduta terapêutica imediata, cirúrgica ou não. O diagnóstico varia conforme sexo e idade. A apendicite é mais comum em jovens, enquanto a doença biliar, obstrução intestinal, isquemia e diverticulite são mais comuns em idosos. No abdome nós temos alguns gânglios linfáticos e em situações de infecções (vírus, bactérias, parasitas) principalmente intestinais, esses gânglios irão aumentar causando a adenite mesentérica. ⠀ Os sintomas são náuseas, diarreia e dor abdominal podendo ter duração de dias até semanas. Essa patologia é autolimitada e benigna. ⠀ IMUNOGLOBULIN® é utilizado para promover a imunização passiva em pacientes com agamaglobulinemia congênita, hipogamaglobulinemia e imunodeficiência combinada. Também pode provocar efeitos benéficos em pacientes sintomáticos e assintomáticos infectados por HIV, após transplante de medula óssea e com leucemia linfocítica crônica. Desordens imunológicas e inflamatórias; 2) Analisar a conduta médica, os resultados dos exames complementares. Hipotetizar sobre resultados dos exames não disponíveis no caso. No segundo quadro, com o paciente evoluindo para febre e dor abdominal, com adenite mesentérica, confirmada, a conduta médica deveria ser internamento para maiores investigações, uma vez que havia sido confirmado a infecção por Sars-cov 2, e por se tratar de uma criança. No terceiro quadro, a conduta foi adequada. Exames complementares realizados: PRIMEIRO MOMENTO: IgM e IgG positivas para Sars-CoV-2; SEGUNDO MOMENTO: hemograma e PCR, e teste rápido para dengue (negativo); rotina de abdome agudo: radiografia de tórax/abdômen além de USG de abdômen; Interpretando: PCR Portanto, trata-se de proteína reativa de fase aguda, tendo como indutor principal a interleucina-6 (IL-6), que influencia o processo de transcrição da proteína durante a fase aguda de um processo inflamatório ou infeccioso....; Hemograma: 3) Responder aos seguintes questionamentos: a) Qual o agente etiológico da SIMP pós covid? Os dados de 953 pacientes com SIMS (por critérios da OMS) foram recentemente reportados por Hoste e colaboradores. A média de idade foi de oito anos, com predomínio na população negra. Febre (99,4%), manifestações cardiovasculares (79,3%), choque (56,3%) e aumento de marcadores inflamatórios foram marcantes. A mortalidade foi baixa (1,9%), embora 73% dos pacientes têm necessário cuidados de terapia intensiva (1 b) Qual quadro clínico? Febre persistente ; Resposta imunológica tardia .. Na maioria dos pacientes com Covid-19, ocorrem uma boa evolução clínica. No entanto, em alguns indivíduos, o vírus induz uma hiperresponsividade imune na fase aguda: fenômeno mediado por ativação macrofágica e linfocitária, tempestade citocinica, tendo prognósticos desfavoráveis.. alguns indivíduos geneticamente propensos, podem evoluir com afecções autoimunes, trombóticas ou inflamatórias(S. Guillain-Barré, citopenias autoimunes..DK (doença de Kawasaki); e a SIMS.. essas duas ultimas por envolverem predominanteme imunidade inata, são hiperinflamatórias. A SIMS, é uma doença pediátrica reativa, hiperimune, que se segue a exposição a um agente viral de expressão clinica recente. Ocorre entre 4 a 6 semanas após o quadro clínico da COVID-19.. O quadro é considerado pós infeccioso, e no momento do diagnóstico nem todos os pacientes apresentam evidência laboratorial de Covid-19; Pode se definila como uma síndrome de inflamação multiorgânica decorrente de respostas imunes (principalmente inatas) exageradas ao SARS-Cov-2. Choque vasoplégico, intubadas para estabilização cardiovascular. As manifestações clínicas são abrangentes e heterogêneas – sobrepondo-se ; Os autores descreveram três tipos de apresentação de SIMS: febre persistente com alterações gastrointestinais, disfunção cardíaca/choque e quadro DK-símile; manifestações neurológicas do SIMS perfazem, também, assunto de interesse.; metanaálise que incluiu 15 estudos e 785 pacientes, alterações neurológicas foram descritas em 27,1% dos casos. Cefaleia, meningismo, encefalopatia e, mais raramente, anosmia, convulsões, síndrome cerebelar e miopatia foram reportados interferon, o que resulta em grande produção de beta-interferon e citocinas inflamatórias por células dendríticas. Assim, um SIMS poderia apresentar similaridades com a síndrome da vasculopatia infantil associado à proteína estimuladora do gene fazer interferon (SAVI) (39). Todo este cenário (36 - 39) sugerir um SIMS como entidade patogenicamente ligado a efeitos de interferons. É plausível, também, que o dano cardíaco visto na SIMS e DK-símiledecorra de dano endotelial por imunocomplexos contendo anticorpos e proteínas virais. Os complexos contendo IgG ocupariam receptores Fc do macrófago e reativariam a rede macrofágica (40). De fato, a ausência da autoanticorpos marcadores de SIMS e DK direciona a patogênese destas afecções para um perfil ma Linfopenia, também conhecida como linfocitopenia refere-se a uma condição onde há um baixo nível de linfócitos no sangue, correspondendo aos valores inferiores a 1500 células por microlitro em jovens, 1.000 em adultos e 800 em adultos maiores; A neutrofilia corresponde ao aumento do número de neutrófilos no sangue, o que pode ser indicativo de infecções e doenças inflamatórias ou ser apenas uma resposta do organismo ao estresse ou à prática de atividade física, por exemplo; Os neutrófilos são células sanguíneas leucocitárias que fazem parte essencial do sistema imune inato https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/sindromepos-covid-19 c) Qual diagnóstico diferencial? Doença de Kawasaki é uma vasculite febril aguda da infância, que afeta principalmente as artérias de médio calibre, com predileção pelas coronarianas. Ainda com etiologia desconhecida, mas fortemente sugerida uma origem infecciosa. Fisiopatologia: Há um intenso infiltrado inflamatório da parede vascular. doenças inflamatórias sistêmicas, principalmente a DK, como formas sistêmicas da artrite reumatoide e a síndrome de ativação macrofágica (esta última caracterizada por febre, pancitopenia, hepatoesplenogemalia, adenopatia e hiperferritina). Causas infecciosas também compõem o diagnóstico diferencial do SIMS, incluindo-se aqui principalmente a sepse bacteriana, a síndrome do choque tóxico por estafilococo ou estreptococo e a miocardite por enterovírus; https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/sindromepos-covid-19 Presença de comorbidades? Trombose? doença de Kawasaki Os critérios do Colégio Real de Pediatria e Saúde da Criança para SIMS perfazem outra opção utilizável na prática clínica, e de certa forma se sobrepõem aos critérios da WHOR . Consistem de febre, neutrofilia, linfopenia, aumento de proteína C-reativa, disfunção multiorgânica, choque, envolvimento cardíaco, respiratório, renal, gastrointestinal ou neurológico), alterações eletro e ecocardiográficas, aumento de ferritina, diminuição de albumina, e aumento de dímeros, fibrinogênio e troponina. Uma testagem para SARS-CoV-2 pode ser positivo ou não; causas microbianas devem ser excluídas Anomalias coronárias (dilatação, aneurismas), embora clássicos da doença e presentes em até 20% dos casos, não constam nos critérios da AHA para diagnóstico de DK. Por sua vez, os critérios da Liga Europeia de Reumatologia e Pediatria concebem o diagnóstico de DK na presença de apenas três dos critérios tradicionalis, desde que haja comprovação de coronariopatia por ecocardiograma ou angiografia (24). Diarreia, dor abdominal, miocardita, poliartrite, meningite asséptica, uretro-prostatite e necrose de extremidades são manifestações menos frequências (porém bem descritas) da DK ; ocorrência de gastroenterite, hipotensão, choque e coagulolopatia permitiu uma diferenciação clínica com a DK. Leucolinfopenia e trombocitopenia caracterizaram um SIMS, enquanto trombocitose foi vista mais freqída na DK É bem possível que o SARS-CoV-2 causa endotelite por efeito direto, uma vez que é capaz de infectar células endoteliais através do receptor da enzima conversora da angiotensina . Na COVID-19, uma carga viral elevada é capaz de gerar intensa ativação macrofágica. O fato pode se dever às várias formas de internalização do SARS- CoV-2 pelo macrófago: via enzima conversora da angiotensina, via anticorpos ou via receptores pedágio-like . À ativação macrofágica, siga-se a ampliação da rede de citocinas proinflamatórias e ativação de células T (35). No SIMS, os resultados da hiperativação macrofágica incluem hematofagocitose e a liberação de fator tecidual.com tendência trombofílica. Por sua vez, neutrófilos estimulados por citocinas inflamatórias são responsáveis por grandes produções de ferritina (36). Postula-se que um perfil distinto de citocinas na SIMS e no DK poderia explicar eventuais particularidades clínicas. O comportamento biológico de 37 citocinas em foi avaliado em 74 crianças e 37 controles. O grupo com SIMS, diferentemente de pacientes com DK pré-pandemia, apresentou respostas muito exacerbadas de gama-interferon (37). Um hiperexpressão de gama-interferon no SIMS é responsável por alterações laboratoriais bem definidas, como leucocitose, neutrofilia, linfopenia e hiperferritina (38). Mais recentemente, comprovou-se que o SARS- CoV-2 ativa a proteína estimuladora do gene do d) Qual tratamento? tratados com corticoides, IGIV e eventualmente biológicos, nenhum necessitou suporte circulatório mecânic Em estudo espanhol de 61 crianças com SIMS, houve maior necessidade de drogas vasoativas, corticoterapia e infusão de IGIV em relação às crianças com pneumonia por COVID-19 (50 Postula-se que pacientes com DK ou SIMS de fenótipo predominantemente Th17 sejam mais refratários ao IGIV, requerendo estratégias imunomoduladoras diferenciadas (43). Uma utilização de células-tronco mesenquimais no tratamento da SIMS foi recentemente aventada.com dados ainda muito iniciais (54) om SIMS e trombose deve permanecer anticoagulados por pelo menos três meses, enquanto aqueles com síndrome antifosfolípide requerem anticoagulação contínua ( https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/scientiamedica/article/view/42436/ 27369 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-35195218 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?output=site&lang=pt&from=1&sort=RELEV ANCE&format=summary&count=20&fb=&page=1&filter%5Bfulltext%5D%5B%5 D=1&filter%5Bfulltext%5D%5B%5D=1&filter%5Bfulltext%5D%5B%5D=1&filter %5Bdb%5D%5B%5D=MEDLINE&filter%5Bdb%5D%5B%5D=LILACS&filter%5 Bdb%5D%5B%5D=colecionaSUS&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=COVID- 19&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=Infec%C3%A7%C3%B5es+por+Corona virus&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=SARS-CoV- 2&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=Antivirais&filter%5Bla%5D%5B%5D=pt&r ange_year_start=2017&range_year_end=2022&skfp=&index=&q=+p%C3%B3s +covid https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/scientiamedica/article/view/42436/27369 https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/scientiamedica/article/view/42436/27369 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-35195218 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?output=site&lang=pt&from=1&sort=RELEVANCE&format=summary&count=20&fb=&page=1&filter%5Bfulltext%5D%5B%5D=1&filter%5Bfulltext%5D%5B%5D=1&filter%5Bfulltext%5D%5B%5D=1&filter%5Bdb%5D%5B%5D=MEDLINE&filter%5Bdb%5D%5B%5D=LILACS&filter%5Bdb%5D%5B%5D=colecionaSUS&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=COVID-19&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=Infec%C3%A7%C3%B5es+por+Coronavirus&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=SARS-CoV-2&filter%5Bmj_cluster%5D%5B%5D=Antivirais&filter%5Bla%5D%5B%5D=pt&range_year_start=2017&range_year_end=2022&skfp=&index=&q=+p%C3%B3s+covid 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