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CASO RUBEOLA

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CASO RUBEOLA 
P. T. A., sexo feminino, 5 anos, parda, natural e procedente de Vitória da Conquista, 
católica. Paciente procurou a UPA, trazida pela genitora, a qual referiu que a mesma há 
dois dias começou a apresentar febre não aferida, associada a exantemas que 
iniciaram na cabeça e que se disseminaram rapidamente pelos braços, pernas e 
tronco; dor de garganta e dor de cabeça. Nascida de parto natural, refere ter tido 
catapora no ano anterior. Não sabe informar sobre o calendário vacinal. Compõe uma 
família de classe média com casa própria, água encanada, saneamento básico. Não 
possui animais de estimação. Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade. 
Ao exame físico encontra-se em estado geral regular, lúcida, orientada, hidratada, 
mucosas coradas e febril 38.2 °C, temperatura axilar. Apresenta exantema máculo 
papular e puntiforme, difusamente pela face e corpo, e linfonodos retro 
auriculares, occipital e cervical presentes. Orofaringe levemente eritematosa. Foi 
orientada a necessidade de isolamento social em domicilio, e prescrita medicação para 
dor e febre. Sugerido realização de exames laboratoriais para confirmação de hipótese 
diagnóstica. Os exames solicitados foram: sorologia para algumas doenças 
exantemáticas, entre elas Rubéola, Sarampo e Dengue. Retornou ao ambulatório 
com os resultados dos exames negativos para sorologia dessas doenças, exceto o de 
Rubéola que se apresentou positivo. O tratamento recomendado foi um tratamento 
sintomático, para alívio das manifestações apresentadas pelo paciente. 
 1) Analisar criticamente o caso 
 2) Analisar a conduta médica, os resultados dos exames complementares. 
Conduta médica adequada. 
3) Responder aos seguintes questionamentos: 
 a) Qual o agente etiológico da rubéola?Quais suas características morfológicas? Qual o 
ciclo biológico? 
Classificado como togavírus, o vírus da rubéola pertence ao gênero Rubivírus e 
família Togaviridae. Possui um invólucro constituído de glicoproteínas, um envelope 
lipoproteico composto por material genético do tipo RNA simples fita senso positivo e 
apresenta um único tipo antigênico. É facilmente inativado por agentes químicos como 
calor, baixo pH e luz ultravioleta. O vírus afeta apenas seres humanos, sendo 
transmitido quando indivíduos sadios entram em contato direto com secreções 
respiratórias de pessoas infectadas, e esse contágio pode ocorrer mesmo em estágio 
subclínico da doença. É importante ressaltar que o período de incubação do vírus 
pode variar entre 14 a 21 dias, sendo observado como momento de maior 
transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o surgimento do exantema 
característico da doença. 
O vírus da rubéola, por meio das glicoproteínas presentes no seu envelope, consegue se 
ligar às células do epitélio respiratório do hospedeiro, liberando em pouco tempo seu 
capsídeo no citoplasma para o início da tradução do seu material genético, replicação 
viral e posterior viremia, momento no qual pode ocorrer, a depender da idade gesta-
cional, a transmissão do vírus para o feto. Quanto à taxa de transmissão vertical, 
estima-se que possa chegar a 90% nas 12 primeiras semanas de gestação, havendo um 
declínio entre a décima segunda e a vigésima oitava semana, aumentando novamente no 
final da gestação com 100% de chances de contaminação materno-fetal. Após o 
nascimento, o vírus da rubéola pode ser encontrado em 80% das crianças no primeiro 
mês, 62% até os quatro meses, 33% do quinto ao oitavo mês, 11% entre nove e doze 
meses e apenas 3% no segundo ano de vida. 
É causada por um vírus do gênero Rubivirus, o Rubella vírus. A rubéola é uma 
doença infecto-contagiosa que acomete principalmente crianças entre cinco e nove anos. 
A transmissão ocorre no indivíduo não imunizado, por meio da inalação de aerossóis 
contendo partículas virais emitidos pelo paciente com rubéola. O período de incubação 
varia de12 a 23 dias e, ao final deste período, surge o exantema máculo-papular em 
sentido crânio-caudal e, posteriormente, a linfadenopatia retroauricular e occipital, 
podendo ocorrer mal estar geral, febre moderada e a disseminação do exantema pelo 
corpo, regredindo em torno de três dias 
A transmissão acontece de uma pessoa a outra, geralmente pela emissão de gotículas 
das secreções respiratórias dos doentes. É pouco freqüente a transmissão através do 
contato com objetos recém-contaminados por secreções de nariz, boca e garganta 
ou por sangue, urina ou fezes dos doentes. A rubéola congênita acontece quando a 
mulher grávida adquire rubéola e infecta o feto porque o vírus atravessa a placenta. 
 b) Qual quadro clínico? 
Após um período de incubação, que varia de duas a três semanas, a doença mostra seus 
primeiros sinais característicos: febre baixa, surgimento de gânglios linfáticos e de 
manchas rosadas, que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do 
corpo. A rubéola é comumente confundida com outras doenças, pois sintomas como 
dores de garganta e de cabeça são comuns a outras infecções, dificultando seu 
diagnóstico. Apesar de não ser grave, a rubéola é particularmente perigosa na forma 
congênita. Neste caso, pode deixar seqüelas irreversíveis no feto como: glaucoma, 
catarata, malformação cardíaca, retardo no crescimento, surdez e outras. 
A rubéola é uma doença viral moderadamente contagiosa, que se caracteriza pela 
erupção na pele, inflamação das glândulas e, especialmente nos adultos, dores nas 
articulações. Em geral, a erupção na pele dura cerca de três dias e pode vir 
acompanhada de ligeira febre . Outros sintomas como dores de cabeça e/ou garganta 
podem vir associados, e 20% a 50% das infecções de rubéola são assintomáticas 
O contágio a outras pessoas se produz um ou dois dias antes da erupção da pele até uma 
semana depois 8 . 
c) Quais complicações do rubéola? 
Devido à teratogenicidade do vírus, a doença é um grave problema de saúde pública 
quando a gestante não imunizada é infectada pelo vírus no primeiro trimestre. O 
feto acometido pelo vírus tem 81% de chances de desenvolver a síndrome da 
rubéola congênita (SRC) caracterizada por malformações, prematuridade e 
abortamento nos casos mais graves
.
 
No Brasil, atualmente, a rubéola ainda é uma doença que acomete gestantes podendo 
gerar variadas lesões no concepto, e entre elas encontram-se uma grande incidência de 
deficiência auditiva adquirida no período gestacional 1-3. A rubéola é a mais importante 
causa pré-natal da deficiência auditiva severa infantil, sendo responsável por 74,0% 
das etiologias congênitas. No Brasil, a incidência da surdez adquirida no período 
gestacional tem aumentado devido à piora das condições de saúde e falta de 
prevenção das principais doenças infecto-contagiosas 
A rubéola materna pode cursar como uma infecção isolada, sem comprometimento 
fetal. Por outro lado, pode ser causadora de anomalias congênitas, reabsorção do 
embrião, aborto espontâneo e parto de natimorto. O vírus da rubéola infecta a 
placenta e é transmitida para o feto, disseminando-se para múltiplos órgãos e tecidos. O 
efeito do vírus depende do momento de sua infecção, quanto mais próximo da 
concepção maior é o dano produzido . Estimase que o risco fetal é cerca de 80 a 90% 
quando a infecção ocorre no primeiro mês de gestação, provocando alterações graves ou 
aborto espontâneo. Durante o segundo e terceiro mês esta incidência decresce para 40 a 
60% e 30 a 35% respectivamente. No quarto mês de gestação, os riscos não ultrapassam 
a 10% 
O vírus da rubéola tem um efeito denominado como citolítico, com habilidade de inibir 
o crescimento e maturação da célula. O primeiro efeito no desenvolvimento do feto 
consiste na redução da taxa de desenvolvimento e divisão celular. Esta inibição 
altera o crescimento e desenvolvimento de todos os sistemas do organismo. O efeito 
citolítico do vírus da rubéola tem sido observado no miocárdio, cóclea e olhos 
O período críticode aquisição da rubéola é da 4ª a 8ª semana de gestação, época da 
organogênese e desenvolvimento do sistema auditivo 10-12. Na 20ª semana de gestação 
a cóclea já se apresenta semelhante a de um adulto, e entre a 20ª e a 30ª semanas ocorre 
o desenvolvimento funcional, ou seja, o feto inicia a aquisição das habilidades auditivas 
e passa a armazenar sons que podem ser reconhecidos após o nascimento (como a voz 
da mãe). Durante este período, o sistema auditivo fica mais sensível a infecções, 
podendo sofrer alterações indesejadas; 
d) Qual diagnóstico diferencial? 
O diagnóstico laboratorial pode ser feito por testes sorológicos ou isolamento do vírus, 
sendo a primeira técnica mais viável e utilizada. Os testes sorológicos se baseiam na 
identificação de imunoglobulinas do tipo G e M, que podem ser dosadas na gestante ou 
no feto, porém a IgG é ineficiente no diagnóstico da SRC no recém-nascido, uma vez 
que este anticorpo é passado da mãe para a criança, tornando-se impossível no momento 
do nascimento diferenciar os anticorpos da criança dos anticorpos maternos transferidos 
durante a fase intrauterina. Por outro lado, os anticorpos IgM não atravessam a 
membrana placentária, exercendo função importante no diagnóstico de síndrome da 
rubéola congênita.
(1 
O diagnóstico diferencial deve ser feito com sarampo, escarlatina, dengue, 
exantema súbito (crianças até 2 anos), eritema infeccioso, enteroviroses (coxsackie 
e echo) e, também, com outras doenças que podem causar síndromes congênitas, 
como mononucleose infecciosa, toxoplasmose e infecção por citomegalovírus. 
e) Qual tratamento? 
Não existe tratamento específico para interromper a infecção por Rubéola. Logo, para 
estes casos, o tratamento é sintomático e realizado com o uso de antitérmicos e 
analgésicos para ajudar a reduzir o desconforto, aliviar as dores e baixar a febre. 
 f) Profilaxia 
A imunidade é adquirida pela infecção natural ou por vacinação, sendo duradoura após 
infecção natural e permanecendo por quase toda a vida após a vacinação. Filhos de 
mães imunes geralmente permanecem protegidos por anticorpos maternos em torno de 
seis a nove meses após o nascimento. Para diminuir a circulação do vírus da Rubéola, a 
vacinação é essencial. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada 
contra rubéola, sarampo e caxumba (tríplice viral): a primeira, com um ano de idade; 
a segunda dose, entre quatro e seis anos. Todos os adolescentes e adultos (homens e 
mulheres) também precisam tomar a vacina tríplice viral ou a vacina dupla viral 
(contra sarampo e rubéola), especialmente mulheres que não tiveram contato com a 
doença. Gestantes não podem ser vacinadas. As mulheres em idade fértil devem evitar a 
gestação por 30 dias após a vacinação. No caso de infecção, recomenda-se que a pessoa 
com rubéola (criança ou adulto) fique afastada de quem não contraiu a doença., 
*quando casos suspeitos de sarampo foram diagnosticados como rubéola, que passou a 
ser doença de notificação compulsória em 1996*
. 
A rubéola congênita foi identificada 
em 1815 e caracterizada como uma doença benigna em 1866, porém só foi descrita em 
1887. Inicialmente a rubéola era considerada variante de sarampo ou escarlatina sendo 
conhecida como uma terceira doença 1 .Diante desta epidemia, ficou marcado o início 
de preocupação com a rubéola por parte das comunidades médicas, após estudos de 
alterações teratogênicas realizados pelo cirurgião oftalmologista sênior do Royal 
Alexandra Hospital for Children, Dr. Norman MacAllister Gregg. Este registrou em 
1941 a ocorrência de cataratas congênitas em 68 crianças nascidas de mães que 
adquiriram rubéola no início da gravidez. Este foi o primeiro caso conhecido de SRC 6 
Atualmente a vacina mais utilizada é a tríplice viral MMR 
(Measles/Mumps/Rubeola) contendo uma combinação de vírus de sarampo, 
caxumba e rubéola 2 É importante salientar que a disponibilidade de poucas doses da 
vacina também pode favorecer o risco de contaminação e disseminação viral e, portanto, 
fazer com que uma doença infantil passe a acometer adultos jovens, ocasionando um 
possível aumento na incidência da síndrome da rubéola congênita. Por esta razão, é 
imprescindível que a vacinação seja acessível e imunize toda a população.
(10)
 
http://bio.fiocruz.br/index.php/produtos/vacinas/virais/triplice-viral
http://bio.fiocruz.br/index.php/produtos/vacinas/virais/triplice-viral

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