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A CIRCULARIDADE DA INFORMAÇÃO O que quer dizer “informar”? Quem informa quem? Informar para quê? Informar sobre o quê? Dupla lógica de funcionamento das mídias: Lógica econômica: faz com que todo organismo de informação aja como uma empresa que tem por finalidade fabricar um produto. Lógica simbólica: faz com que todo organismo de informação tenha por vocação participar da construção da opinião pública. Os acontecimentos podem ser: Relatados: Relatar o acontecimento tem como conseqüência construí-lo midiaticamente. Comentados: Comentar os acontecimentos constitui uma atividade discursiva complementar ao relato, analisa o porquê dos fatos. Provocados: As mídias não se contentam em relatar falas que circulam no espaço público, elas também lançam mão de dispositivos que proporcionam o surgimento e o confronto de falas. Rodrigues (2002), ao falar sobre a natureza do discurso midiático, afirma que este exerce uma função mediadora. Essa função é gerada pelo fato deste discurso assimilar parte da dimensão discursiva das outras instituições. A apropriação, realizada pelo discurso midiático, de informações disponibilizadas na esfera pública pelas demais instituições traz como conseqüência uma reelaboração do discurso dessas instituições a fim de que possam se adequar às exigências do discurso midiático. A relativa subordinação dos demais campos ao campo midiático, na medida em que constrói a realidade a ser socialmente ofertada, demonstra que o campo dos medias tem um papel importante no reforço da legitimidade das demais instituições e na visibilidade pública dos diferentes campos sociais. O discurso midiático dá visibilidade ao discurso de outros campos ou instituições. No entanto, é o discurso midiático que se destaca e não o discurso do campo de origem, pois é ele que se torna socialmente visível. Manifesta-se, assim, o caráter ambíguo da comunicação mediatizada, pois, se por um lado, possui um discurso múltiplo à medida que abarca e media todos os campos sociais, por outro, representa um poder hegemônico, à medida que se converteu no campo, socialmente legitimado, para anunciar o discurso da atualidade. Para compreendermos melhor essa questão, vamos analisar a teorização trabalhada por Rodrigues (1999) no que tange à legitimação dos campos sociais. O autor distingue duas modalidades de legitimidade de um campo social: a própria e a vicária. Própria: seria a legitimidade que um campo possui dentro de seu domínio da experiência. Vicária: corresponde à legitimidade que um campo social possui num domínio da experiência que não lhe é próprio, é delegado por um outro campo social. Trazendo essa conceituação para uma perspectiva comunicacional podemos, então, dizer que uma das características do campo midiático é o fato de ter, por delegação dos outros campos, legitimidade para intervir nos diferentes domínios da experiência. Podemos dizer que o discurso midiático produz e veicula uma compreensão da realidade, faz um recorte e redesenha o mundo social, a partir de um ponto de vista específico. Na prática isso se dá por meio da seleção de textos, imagens, fontes e outros procedimentos do processo produtivo, onde ao mesmo tempo em que se conectam uma multiplicidade de vozes, estruturas e configurações são sugeridas. Segundo Mouillaud (2002, p.29) “o jornal diário tornou-se, na realidade, um substitutivo do espaço público, um fórum onde se escuta todas as vozes públicas, ao mesmo tempo em que tem sua própria voz”. Mas, se o campo das mídias tem o poder de outorgar visibilidade a outros campos sociais ou negar essa visibilidade caso esses campos não estejam dispostos a obedecer os procedimentos definidos pelas políticas editoriais, pelas lógicas do processo produtivo e seus conseqüentes enquadramentos midiáticos, o contrário também pode ocorrer. Como nos lembra Rodrigues (2000), os campos sociais também podem negar acesso às suas agendas, omitindo informações ou desenvolvendo outros mecanismos de visibilidade que não passam, necessariamente, pelo campo midiático. CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São paulo: Contexto, 2007. RODRIGUES, Adriano Duarte. Experiência, modernidade e campo dos media. Disponível em: http://ubista.ubi.pt/~comum/rodrigues-adriano- expcampmedia.html. 1999. _______________________. A emergência dos campos sociais. In: Reflexões sobre o mundo contemporâneo. RJ: revan, 2000. _______________________. Delimitação, natureza e funções do discurso midiático. In: MOUILLAND, M; PORTO, S.D. (org). O Jornal: da forma ao sentido. 2ed. Brasília: Editora da UNB, 2002. MOUILLAND, Maurice; PORTO, Sérgio.Dayrell. (org). O Jornal: da forma ao sentido. 2ed. Brasília: Editora da UNB, 2002.
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