transformando situações desfavoráveis em resultados extraordinários. 6. FAIXA PRETA NA VIDA Em um combate nem sempre é possível se conhecer o adversário previamente. E mesmo que isso aconteça, devido a um confronto anterior, sempre será uma incógnita o quanto ele evoluiu desde o último encontro e qual estratégia será adotada para o momento. Portanto, para conhecer verdadeiramente seu adversário, os primeiros instantes de um combate são extremamente importantes, onde podemos sentir suas emoções, perceber suas intenções e observar seus movimentos. Tudo deve ser minuciosamente mapeado, desde a linguagem não verbal, que se revela através de movimentos corporais, posicionamentos posturais, até as mais discretas expressões faciais, e a mais sutil variação na “energia” de nosso adversário. A capacidade de empregar essa “leitura dinâmica” sobre seus “adversários”, (ou não), aumenta exponencialmente a qualidade de seus resultados, colocando você sempre um passo avante na tomada de decisões e na de�nição de qual estratégia será posta em prática na busca do seu objetivo. Seja ele marcial, pro�ssional, social ou afetivo. No desígnio de mapearmos o comportamento, as intenções e até mesmo o caráter de nossos adversários, que muitas vezes estão sob o disfarce de colegas de trabalho e até mesmo de amigos, uma importante ferramenta é o trabalho de leitura corporal. A prática das artes marciais é extremamente reveladora, a olhos treinados, em relação a com que tipo de pessoa estamos lidando. Movimentos contidos e de pequena amplitude sempre revelarão pessoas inseguras e receosas, que poderão ter problemas na entrega de resultados e na capacidade de comprometimento. Pessoas demasiadamente agressivas podem no fundo estar externando o medo de con�ito, tentando evitá-lo através da “máscara” da valentia e da truculência. Uma pessoa que ataque um adversário, ou colega de treino quando eles se encontram em momentos de clara desvantagem física ou posicional, levando assim demasiado risco a sua integridade, invariavelmente é de pouco ou nenhum controle emocional, ou são pessoas pouco con�áveis e que não medem consequências para atingir seus intentos. Mas e quando não dispomos do mecanismo da luta propriamente dita, o que podemos efetivamente fazer para entender aqueles que nos cercam? UMA IMAGEM VALE MAIS DO QUE MIL PALAVRAS… Um �uxo constante de troca de informações, não verbais, acontece o tempo todo em relação a todos aqueles com quem interagimos, tão forte e expressivo como qualquer coisa que possa ser dita. Seja em um combate pela vida, um bate papo amistoso, ou em uma negociação tensa, nossos gestos, expressões e entonações tem muito a dizer, para quem é capaz de “ouvir”. Os gestos corporais, as expressões faciais e entonações vocais são extremamente reveladores, em todos os tipos de situações do dia a dia. Aprender a interpretá-los corretamente constitui-se em uma potencial vantagem, que pode signi�car a diferença entre a “vitória e o fracasso.” Quando somos capazes de uma correta “leitura”, das mensagens que nos são constantemente enviadas através das expressões e gestos, ganhamos a possibilidade de escolhermos as nossas reações. Em posse dessa habilidade é como se recebêssemos “informações privilegiadas”, que nos chegam antes das palavras e, invariavelmente, com uma acuidade muito maior. Nosso inconsciente se expressa involuntariamente através de nossas reações corporais e faciais todo o tempo. É extremamente difícil conter essas reações, já que elas se manifestam espontaneamente frente a nossos sentimentos. Para ser capaz de contê-las, ou dissimula-las, é necessário anos de treinamento. Os mesmos que são também necessários para se tornar um faixa preta. Ao passo que evoluímos como espécie, nossa sobrevivência sempre dependeu de nossa capacidade de interpretação dos “sinais corporais”. No entanto, desde que entendemos a funcionalidade desses gestos também desenvolvemos maneiras de “falsi�cá-los”. Nossa “amídala cortical”, que é uma espécie de detector, ultrassensível, para reações corporais e faciais, pode ser enganada caso não conheçamos os detalhes, e os corretos signi�cados de cada expressão, ou mesmo caso não tenhamos desenvolvido nossas habilidades sociais, o que acaba por tornar- se uma tendência cada vez maior em uma era onde passamos muito mais horas de frente a computadores e aparelhos celulares do que estabelecendo interações pessoais, e conexões sensoriais com outros seres humanos. O sorriso verdadeiro, por exemplo, que demonstra, espontaneamente, o prazer, carinho e con�ança que alguém sinta com a sua aparição ou presença, é algo involuntário e que leva aproximadamente dez segundos para acontecer, desde a contração do músculo zigomático, responsável pela elevação dos lábios e da aparição da nossa arcada dentária superior, e depois desfazer-se lentamente até que o rosto volte a uma posição neutra. Já um sorriso falso pode irromper, assim como desaparecer, instantaneamente. Sorrisos falsos ou convenientes são utilizados todo o tempo no objetivo de causar empatia e condescendência, já que nossa amídala entende o ato de sorrir como um gesto de paz amistosa. Sob esse disfarce pode esconder-se alguém que simplesmente precise de você por conveniência, ou alguém que esteja somente esperando o momento adequado para mostrar suas reais intenções, e se você não souber a diferença, torna-se uma presa fácil pra esse tipo de cilada. Nessa forma de sorriso, por não ser ele algo espontâneo, não existe a ação do músculo zigomático que é, via de regra, uma ação involuntária ou então, para que aconteça, deve estar muito bem ensaiada. Sem a ação desse especí�co músculo, temos um sorriso, praticamente “�at”, crescendo muito mais para as laterais do que para cima e mostrando, quando o fazem, muito pouco dos dentes. A maior di�culdade em se imitar um sorriso verdadeiro é no tocante ao tempo de duração. Sabemos como imitar um sorriso verdadeiro, só não sabemos como fazê-lo durar o tempo certo. DESGUARNECER, UM GESTO DE CONFIANÇA Em geral as ações que vencem a gravidade são gestos espontâneos e que denotam alegria e con�ança sinceras. O erguer dos braços, do queixo e dos lábios indicam um sentimento espontâneo e sincero, ao involuntariamente “desguarnecermos” nossos órgãos vitais, genitais, jugulares e carótidas, numa demonstração explícita, e inconsciente, de con�ança. Em contrapartida, pessoas que se posicionem lateralmente a você, com os braços todo o tempo à frente do corpo, cruzados ou não, com o queixo apontado ligeiramente para baixo e ombros encurvados, possivelmente são pessoas que se sintam ameaçadas, que não con�am em você, ou que não se sintam confortáveis na sua presença por inúmeros motivos. A leitura corporal é uma linguagem extremamente poderosa para a mente faixa preta. Através dela pode surgir a correta estratégia a ser utilizada em diversas situações desde conquistar a con�ança ou a simpatia de alguém ou vencer uma concorrência nos negócios. No entanto, em tratando-se de linguagem corporal, nem tudo é “preto no branco”. Para uma maior acuidade e precisão nas interpretações é imprescindível observarmos as pessoas em situações de conforto e situações de estresse. E através da observação dos diferentes padrões exibidos em ambas as situações podemos identi�car as reações corporais de maneira mais precisa. Pequenos gestos como o coçar do nariz ou da cabeça, tapar os lábios com os dedos, ou tocar excessivamente o próprio corpo podem revelar um “ato re�exo”, executado no momento de uma mentira, como também simplesmente um tique nervoso que é repetido em diversas situações. Portanto, a assertividade depende do estabelecimento do padrão. ASSUMINDO O CONTROLE Durante um combate para assumir o controle existe uma sequência de gestos e expressões, as quais chamo de “posições de controle” que, quando bem aplicadas, invariavelmente induzem o adversário a uma situação de instabilidade