de apresentar uma justificativa mais detalhada para a resposta a uma questão – destacando uma página do livro da disciplina, por exemplo – responde a uma dupla necessidade. Inicialmente, a de auxiliar o aluno a compreender a origem daquela resposta. Mas, também, é importante para instrumentalizar os professores que serão responsáveis pelo auxílio aos alunos de EaD. É que, no cotidiano das instituições de ensino à distância, muitas vezes os professores que atendem aos alunos não foram os mesmos que elaboraram as questões; e, também algo bastante comum, ainda que conheçam o tema, podem não ser especialistas no assunto. Isso significa que, fornecendo uma base para a resposta, pode-se ter maior homogeneidade no atendimento ao aluno de EaD, diante da diversidade de professores. Algo ainda mais fundamental na correção de questões discursivas, em que tais justificativas devem ser ainda mais detalhadas. Em síntese: a forma como questões objetivas e discursivas deve ser produzida em muitos cursos de história EaD atende às características específicas desse modelo de ensino, e tais questões devem ser vistas não como meros “exercícios” (o que seria retornarmos aos abomináveis questionários de outros tempos), mas como momentos privilegiados de ensino. TEMA 5 – LIVROS DIDÁTICOS PARA O ENSINO SUPERIOR DE HISTÓRIA Usualmente, alunos de cursos presenciais de história, no Brasil, não dispõem de livros didáticos para as diversas disciplinas. Trata-se de materiais 14 que, embora comuns em outros países12, foram desconsiderados durante muitos anos para o ensino superior pelos mesmos preconceitos, já discutidos, da grande maioria dos cursos universitários em história em relação aos materiais didáticos em geral. Os livros didáticos surgiram nos cursos superiores de história pelo modelo EaD enquanto uma necessidade. A heterogeneidade dos estudantes e de suas condições de estudo – local, horários, acesso a bibliotecas etc. – impossibilita que o mesmo modelo de ensino adotado nos cursos presenciais, fundado na leitura de capítulos de livros diversos (muito comumente fotocopiados), fosse utilizado também nos cursos à distância. Diante da necessidade de um mesmo material que estivesse à disposição de todos os alunos, muitas instituições de ensino superior de história no modelo EaD passaram a oferecer a seus alunos livros didáticos associados às diversas disciplinas. Determinados elementos da produção de livros didáticos para cursos superiores em história são semelhantes àqueles já discutidos em relação à produção desses recursos didáticos para o Ensino Fundamental ou Médio: a apresentação didática de conceitos, eventos e processos; a construção gradual do conteúdo em direção a uma maior abstração; o estabelecimento de relações entre o estudo do passado e o presente. Há, porém, diferenças que se relacionam à profundidade do conteúdo, bem como à necessidade da apresentação de diferentes perspectivas. Afinal, trata-se de materiais que não apenas buscam ensinar história e seus conceitos, mas também formar historiadoras e historiadores. Nesse sentido, é fato que os livros devem apresentar conhecimentos sobre o passado, bem como o domínio de diversos conceitos importantes aos estudos históricos. No entanto, além disso, os livros devem deixar claro a leitores/alunos que não está sendo apresentada a verdade histórica, mas ideias que naquele momento são centrais ao mundo acadêmico. Ideias que podem ser confirmadas, ampliadas, ou mesmo contestadas. Produzir livros didáticos para o ensino superior tem também como objetivo a produção de um conjunto de ferramentas intelectuais para os alunos, instrumentalizando-os para a participação de discussões, qualificando-os para 12 Algumas historiadoras e alguns historiadores que foram listados, em texto anterior, como autores de livros didáticos, produziram também livros didáticos para o ensino superior, como são os casos de Lynn Hunt ou Bonnie Smith, por exemplo. 15 que se aprofundem nas questões que mais lhes interessem e, mesmo, que possam questionar conhecimentos e teorias estabelecidos. Os livros didáticos para o ensino superior, assim, devem ser considerados portas de entrada ao conhecimento disponível dos estudos acadêmicos em história: devem incentivar novas leituras, a participação em debates, o confronto de ideias. Assim como ocorre com livros didáticos para os ensinos Fundamental e Médio, também a autora ou autor de materiais para o ensino superior não se deve furtar a ensinar. Isso significa que deve fazer escolhas de temas, de fundamentos teóricos, de abordagens, segundo determinados critérios que julgar adequados, e em consonância com os pressupostos do conhecimento histórico. Porém, e ao mesmo tempo, os livros devem apresentar a possibilidade das diferentes perspectivas, considerando a multiplicidade de linhas teóricas que são característica das Ciências Humanas em geral, e da história, particularmente. De uma maneira didática e, ainda assim, abrangente e profunda, os livros didáticos para o ensino superior de história não visam defender uma tese ou apresentar hipóteses, mas permitir que alunos compreendam a pluralidade de visões, interpretações e conhecimentos próprios aos estudos históricos. NA PRÁTICA Como já comentado outras vezes, esta aula é um recurso didático; especificamente, um material didático para o Ensino à Distância em um curso superior de história. Como tal, surgiu de um diálogo entre nossa experiência em relação à produção de materiais didáticos, por um lado, e as necessidades da instituição de ensino superior, por outro. A seguir, você encontra, precisamente, um dos primeiros e-mails enviados pela instituição enquanto eram discutidas as condições para a produção desse material. 16 Figura 5 – Convite para produção de recurso didático em história Fonte: O autor. Compreender as condições práticas de produção de recursos didáticos não é mera empiria. Tentar dissociar a forma do conteúdo é ignorar que características técnicas como tamanho e tipo de fontes, quantidade de páginas, extensão de materiais complementares, tipos de arquivos, influenciam diretamente o conteúdo e dele não podem ser separados. Se o processo de avaliação é fundamental na construção do conhecimento em EaD, colocamos esse mesmo material à disposição de sua avaliação. Analise o trecho da mensagem reproduzido anteriormente, atentando para os objetivos a serem atingidos, bem como as regras a serem respeitadas. Compare o que foi pedido com todo o material que foi colocado à sua disposição. Considerando o material em sua totalidade, você acredita que esse recurso didático atende aos objetivos pretendidos pela instituição? Está adequado à formação de historiadoras e historiadores? Ou, dizendo de outra forma: caso você fosse responsável pela produção do material “Recursos didáticos em história”, o que faria diferente? Comparando com o que foi disponibilizado a você, que tópicos manteria, modificaria ou incluiria em seu material? Que elementos que você acredita que, sendo indispensáveis, não foram trabalhados? Você trabalharia os conteúdos de forma diferente? FINALIZANDO Enquanto aluna ou aluno de um curso de história na modalidade EaD, temos uma vantagem importante: conhecer profundamente esse modelo de 17 ensino e, assim, tendo melhor capacitação para construir – e, talvez, aprimorar – a produção de recursos didáticos específicos ao EaD. Experiências passadas demonstraram que os melhores recursos didáticos são aqueles que se alinham à plataforma em que são produzidos e divulgados. Assim, tendo toda uma formação em EaD, é muito possível fazer parte de todo um processo de aprimoramento do ensino à distância de história. Nós, como historiadoras e historiadores, somente temos a