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FILOSOFIA AULA 2 OBJETIVOS: O aluno deverá ser capaz de: . Compreender o significado do termo “mito” a partir da mitologia grega. . Reconhecer as principais funções do mitos. . Entender a diferença entre mito e razão. INTRODUÇÃO: Quando falamos de mito, temos a ideia de alguma coisa fantástica, primitiva, ilusória. Na verdade o mito foi uma forma que o homem primitivo encontrou para lidar com a angústia do desconhecido e, de alguma maneira, tentar controlá-lo. O mito tem como característica se apresentar como história, narrativa, fala. É contado e passa a ser considerado verdadeiro quando recebe a adesão daqueles que o ouvem. O mito distingue-se da lenda. Esta última é considerada uma narrativa não verídica, ao passo que o primeiro é considerado verídico. Os mitos são muito ricos e tratam, por exemplo, de temas relacionados à origem do mundo e do ser humano. O mito busca fornecer uma explicação para a realidade. A credibilidade do mito estava ligada à creibilidade de quem o contava. Quando se trata de FILOSOFIA, a credibilidade do que se coloca, não esta ligada à pessoa do filósofo e sim à coerência de suas ideias. A FILOSOFIA prima pela razão, pela lógica interna de suas assertivas. MATERIAL DIDÁTICO: CHAUÍ, MARILENA. Convite à Filosofia. Unidade 1. Capítulo 2 (págs. 30 à 38) APRENDA MAIS: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2009000100007 “Aísthêses e nôésis: de como a filosofia grega rompeu com as aparências” SÍNTESE DA AULA: Nesta aula você: Compreendeu o significado do termo “mito” a partir da mitologia grega. Reconheceu as principais funções dos mitos. Entendeu a diferença entre mito e razão. .CONTEÚDO DA AULA 2: A mente humana, por ser racional, é , naturalmente inquiridora. O ser humano quer conhecer, entender as razões das coisas. E nesta busca pelo conhecimento e compreensão das coisas da vida, tenta, inicialmente, encontrar as respostas da forma que pode. Segundo Chauí, em seu livro “Convite à filosofia”: “ A palavra MITO vem do grego, MYTHOS, e deriva de dois verbos: do verbo MYTHEYO ( contar, narrar, falar alguma coisa para os outros) e do verbo MYTHEO ( conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem a narrativa como verdadeira porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade do narrador. E essa autoridade vem do fato de que o narrador ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.” (pág. 35) A humanidade primitiva contentava-se com explicações míticas para qualquer problema. Para nós, na atualidade, estas respostas soam simplistas e equivocadas. Mesmo fabulosas, não podemos deixar de admitir que há nesta busca por respostas uma legítima procura das “causas primeiras do mundo”. Mondim, em seu livro “Curso de Filosofia”, vol.1, citando Turchi, um grande estudioso das religiões, escreve sobre a definição deste último no que se refere ao mito: “Em sua acpção geral e em sua fonte psicológica, o mito é a animação dos fenômenos da natureza da e da vida, animação devida a alguma forma primordial e intuitiva do conhecimento humano, em virtude da qual o homem projeta a si mesmo nas coisas, isto é, anima-as e personifica-as, dando-lhes figuras e comportamentos sugeridos pela sua imaginação; o mito é, em suma, uma representação fantástica da realidade, delineada espontaneamente pelo mecanismo mental.”( págs. 9/10) O mito é uma tentativa do ser humano primitivo de encontrar uma interpreação para os fenômenos da vida e da natureza. As crenças que os mitos trazem, ajudam-no a amenizar as incertezas e a apaziguar as aflições e inseguranças diante das perguntas sobre a origem e o sentido do mundo e da existência humana. Aranha e Martins, em seu livro “Filosofando”, sobre a relação do homem primitivo e a consciência de si, escrevem: “Como todo real é interpretado por meio do mito, e sendo a consciência mítica uma consciência comunitária, o homem primitivo desempenha papéis que o distanciam da percepção de si como sujeito propriamente dito. Não é ele que comanda a ação, já que sua experiência não se separa da experiência da comunidade, mas se faz por meio dela. … A decorrência do coletivismo é o dogmatismo: a conciência mítica é ingênua ( no sentido de não crítica), desprovida de problematização e supõem a aceitação tácita dos mitos e das prescrições dos rituais. A adesão ao mito é feita pela fé, pela crença.” (pág.57) O ser humano tena entender o sentido da sua existência a partir das explicações míticas. A percepção de quem é estáimersa, presa à ideia coletiva, mítica, do que vem a ser o humano. Esta visão de mundo é dogmática, uma vez que advinda da crença. Relacionando este processo de crenças e dogmas ao sobrenatural, Aranha e Martins ainda em seu livro “Filosofando” escrevem: “Da visão dogmática decorre a moral dogmatizante, pois, na comunidade que vive sob a preponderância do mito, vimos que a dimensão pessoal se acha submetida ao coletivo, determinando a adaptação sem crítica do indivíduo às normas da tradição. No universo cuja consciência é coletiva, a transgressão da norma ultrapassa quem a violou. Por isso o tabu, proibição sempre envolta em clima de temor e sobrenaturalidade, ao ser transgredido, estigmatiza a família, os amigos e, as vezes, toda tribo. Daí os “ritos de purificação” e os rituais do “bode expiatório”, nos quais o pecado é transferido para um animal. É bom lembrar que, segundo o relato da tragédia, o crime de Édipo trz toda a sorte de pragas para Tebas, e o sábio Tirésias vaticina que a cidade só se livraria quando fosse encontrado oassassino de Laio.” ( pág. 57) A explicação mítica funciona como um primeiro degrau no processo de compreensão dos sentimentos religiosos mais profundos do ser humano; podemos dizer que é o protótipo da TEOLOGIA. O mito permanece aquém do logos, da razão, ou seja, permanece aquém da explicação racional. A FILOSOFIA caracteriza-se por buscar a racionalidade, a coerência interna das ideias e a lógica do discurso. A FILOSOFIA, assim como a ciência, prima pelo uso da razão. Cotrim, em seu livro “Fundamento da Filosofia” nos diz que: “O conhecimento racional é comum a ciência e a filosofia. Esses dois campos do saber racional se mativeram ligados por muitos séculos, mas, principalmente, a partir da revolução cientifica, no século XVII, foram separados e hoje guardam características próprias. … A Filosofia se distingue da ciência por ser mais teorica e não condicionar o objeto de sua análise a um laboratório de experimentaçãoes. A filosofia tambem não pretende um saber expecialisado e sim um conhecimento que resgate a visão de conjunto. Por isso, o dialogo entre filosofia e ciência e f undamental, pois um lado complementa o outro.” (pag. 45) A filosofia busca uma rigorosa definição dos conceitos, além da coerência interna do pensamento. Rejeita o sobrenatural e as possíveis intervenções divinas na explicação dos fenômenos da vida, como era colocado na visão mítica. A filosofia representa uma ruptura com a postura de não questionamento que observamos na explicações míticas. A filosofia apresentou conotações relativas ao seu conteúdo, ao seu método e ao seu objetivo. Segundo Reale e Antiseri, no livro “História da Filosofia”, Volume 1: “No que se refere ao seu CONTEÚDO, a filosofia pretende explicar a totalidade das coisas, ou seja, toda a realidade,sem exclusão de partes ou momentos dela. … No que se refere ao MÉTODO, a filosofia visa ser explicação puramente racional daquela totalidade que tem por objeto. O que vale em filosofia é o argumento da razão, a motivação lógica, o logus. Não basta à filosofia constatar, determinar dados de fato ou reunir esperiências: ela deve ir além do fato e além das experiências para encontrar a causa ou as causas através da razão. … Por último , o objetivo ou fim da filosofia está no puro desejo de conhecer e contemplar a verdade. … com efeito, a filosofia só nasceu depois que os homens resolveram os problemas fundamentais da subsistencia, libertando-se das mais urgêntes necessidades materias.” (págs. 21/22) A filosofia juntamente com as ciências humanas e sociais constuma chamar o conjunto das coisas que o homem realisa de cultura. Por Cultura entendemos o conjunto de todas as coisas que os seres humanos fazem de seu mundo e de si mesmos, como por exemplo, a arte, o trabalho, a linguagem, a moral, suas ferramentas etc. Só o ser humano é capaz de produzir cultura, uma vez que, sendo dotado de razão e subjetividade desenvolveu inteligência abstrata e consciência intencional. Os animais são movidos por instinto, ou seja, comportamento biologicamente programado. O ser humano, no entanto é capaz de criar e recriar seus comportamentos. Segundo Cotrim, em seu livro “Fundamentos da Filosofia”: “... o modo como os homems constroem sua vida material dá origem à elaboração da vida espiritual e das relações sociais formando um conjunto que constitui a cultura. Isso quer dizer tambem que não podemos falar de cultura no singular, mas sim de culturas, pois elas são multiplas e variáveis de acordo com a diversidade dos modos de ser e viver das coletividades humanas.” (pág. 17) A relação da filosofia com a psicologia passa pelo conceito de subjetividade. Este último caracteriza o objeto de estudo da psicologia. Segundo Bock, Furtado e Teixeira, no livro “Psicologia”: “A subjetividade é a sintese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é um sintese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta sintese – a subjetividade – é o mundo de ídeias significados e emoções construído internmente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e sua constituição biológica; é, tambem, fonte de suas manifestções afetivas e comportamentais. O mundo social e cultural conforme vai sendo experienciado por nos, possibilita-nos a construção de um mundo interior. São diversos fatores que se conbinam e nos levam a uma vivencia muito particular. Nós atribuimos sentidos a essas experiências e vamos nos constituindo a cada dia.” (pág. 23) Filosofia e Psicologia caminham juntas quando se trata de refletir sobre a subjetividade humana.
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