Buscar

9 AULA

Prévia do material em texto

FILOLOSOFIA AULA 9
 
OBJETIVOS:
O aluno deverá ser capaz de:
 . Conceituar empirismo
 . Identificar as críticas de Locke à tese do inatismo de Descartes
 . Compreender o conceito de Tábula rasa
 . Identificar os conceitos de ideia simples e ideia complexa
 . Identificar as fases do processo cognitivo: intuição, síntese, análise e comparação
 
INTRODUÇÃO:
 
 John Locke, no que se refere à teoria do conhecimento humano, preocupa-se em investigar a origem, a essência e o alcance deste .
 O filósofo defende a ideia de que o conhecimento humano começa com a experiência sensível, contrariando a tese de Descartes das ideias inatas. Para Locke, no momento do nascimento a alma é tábula rasa: não trás consigo nenhuma ideia. Tudo o que há na mente tem sua origem nos sentidos. Todas as nossas ideias, todo o conteúdo de nosso conhecimento, foi adquirido ao longo de nossas experiências sensoriais de vida e de nossas reflexões sobre estas mesmas experiências.
 Locke afirma que o conhecimento se realiza gradativamente, partindo das sensações até chegar às ideias. Esta perspectiva caracteriza a teoria do conhecimento nomeada empirismo, segundo a qual a fonte de todo conhecimento é a experiência sensível.
 Em seu percurso, na investigação do conhecimento humano, escolhe trilhar um caminho psicológico, distinguindo duas fontes possíveis para a concepção de nossas ideias: a sensação e a reflexão.
 
MATERIAL DIDÁTICO:
MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia.
Parte III. Cap. 3: A tradição empirista: a experiência como guia
APRENDA MAIS:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98931987000200003&script=sci_arttext
 “Contribuição a uma análise da psicologia”
SÍNTESE DA AULA:
Nesta aula você:
 . Conceituou empirismo
 . Identificou as críticas de Locke à tese do inatismo de Descartes
 . Compreendeu o conceito de Tábula rasa
 . Identificou os conceitos de ideia simples e ideia complexa
 . Identificou as fases do processo cognitivo: intuição, síntese, análise e comparação
 
CONTEÚDO DA AULA 9:
 
 John Locke nasceu na Inglaterra ( 1632 / 1704 ). Formou-se em medicina. Estudou química, teologia e filosofia.
 No que se refere à teoria do conhecimento, criticou o racionalismo de Descartes que afirmava e enfatizava a existência de ideias fundadoras do conhecimento, ideias inatas oferecidas pela razão.
 Locke defendeu que ao nascer a alma era como uma tábula rasa: não tinha nenhuma ideia. Para ele a experiência sensível, além de ser a fonte de todo e qualquer conhecimento, é, também, responsável pelas ideias da razão e pelo controle da própria razão.
 Gilberto Cotrim, em seu livro “Fundamentos da filosofia”, nos diz que, para Locke, o conhecimento é fruto da experiência sensorial e da reflexão, definindo estes conceitos da seguinte maneira:
 “experiência sensorial – Nossas primeiras ideias, as
 sensações, nos vem à mente através dos sentidos, isto
 é, quando temos uma experiência sensorial. Essas
 ideias seriam moldadas pelas qualidades próprias dos
 objetos externos. Por sensações Locke entende, por
 exemplo, as ideias de amarelo, branco, quente, frio,
 mole, duro, amargo, doce etc.
 reflexão – depois, combinando e associando as
 sensações por um processo de reflexão, a mente
 desenvolve outra série de ideias que, segundo
 Locke, não poderiam ser obtidas das coisas externas.
 Seriam ideias como a percepcão, o pensamento, o
 duvidar, o crer, o raciocinar.
 Assim, a reflexão seria nosso “sentido interno”,
 que se desenvolve quando a mente se debruça sobre
 si mesma, analisando suas próprias operações. Das
 ideias simples, a mente avança em direção às ideias
 mais complexas. Porém, para Locke, de qualquer
 maneira a mente sempre tem as coisas materiais
 externas, como objeto de sensação, e as operações de
 nossas próprias mentes, como objeto de reflexão.”
 (pág.151 – grifo meu)
 Locke preocupou-se em investigar a natureza, a origem das ideias para, em seguida, analisar sua validade.
 Todo conhecimento é constituído por ideias. Mas, o que é uma ideia? Para o filósofo, qualquer tipo de vivência psíquica é uma ideia. Por exemplo: uma sensação, uma afirmação ou negação da vontade.
 Ainda falando das fontes das ideias, Aranha e Martins, em seu livro “Filosofando”, escrevem:
 
 “Locke, escolhendo o caminho da psicologia, distingue
 duas fontes possíveis para nossas ideias: a sensação e a
 reflexão. A sensação é o resultado da modificação feita
 na mente atravás dos sentidos. A reflexão é a
 percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre.
 Portanto, a reflexão se reduz apenas à experiência
 interna do resultado da experiência externa produzida
 pela sensação.” (pág. 107)
 Locke afirma que o conhecimento se realiza gradativamente, partindo das sensações até chegar às ideias. Esta perspectiva caracteriza a teoria do conhecimento nomeada empirismo, segundo a qual a fonte de todo conhecimento é a experiência sensível. O trabalho da razão estaria subordinado à experiência sensível.
 A palavra empirismo vem do grego empeiria, que significa experiência.
 Para o filósofoo conhecimento começa com a experiência sensível e é direcionado por ela.
 Segundo Locke, o processo cognitivo tem quatro fases. No que se refere a elas, Mondin, em seu livro “Curso de Filosofia”, vol. 2, escreve:
 “.Intuição: nesta fase as ideias simples são recebidas da
 experiência imediata por intuição. As ideias simples são
 de duas espécies: umas se referem aos corpos externos
 (são fruto da experiência externa) e reproduzem as suas
 qualidades primárias e secundárias; outras se referm ao
 nosso ser, como as ideias de pensar, querer, sofrer, ver,
 etc. (e são fruto da experiência interna). As primeiras
 chamam-se ideias de percepção, as segundas, ideias de
 reflexão.
 . Síntese: das ideias simples formam-se, por síntese, isto
 é, por combinação, as ideias complexas. Assim obtêm-se 
 as ideias das coisas particulares colocando-se junto as
 ideias simples que se referem a uma mesma coisa: a sua
 cor, o seu odor, a sua figura, as suas dimensões etc.
 . Análise: de várias ideias complexas formam-se, por análise,
 as ideias abstratas. Isso se dá do modo seguinte: analisando-
 se várias ideias complexas (isto é, ideia de coisas
 particulares), semelhantes entre si, e retendo-se os elementos
 comuns, forma-se uma nova ideia muito mais esquemática
 do que as ideias complexas; a nenhuma delas corresponde
 plenamente, mas está em condições de representar todas
 elas. Desse modo, das ideias complexas de Pedro, Paulo,
 João... forma-se a ideia abstrata de homem.
 … .Comparação: pondo-se uma ideia ao lado da outra (sem
 associá-las, sem fazer uma síntese) e comparando-se uma
 com a outra, formam-se as relações, as ideias que exprimem
 relações. Assim, comparando-se a ideia de causa com a de
 efeito, forma-se a ideia da causalidade, ideia que exprime 
 a relação de causa e efeito. Como se vê, para Locke, as
 relações não são propriedade das coisas, mas simples
 seres de razão.” (págs.103 / 104 - grifo meu)
 Ideias simples são aquelas que não admitem divisão. São frutos da experiência imediata e caracterizam a percepção. Exemplo: cor,odor, volume, forma etc. Das ideias simples, por combinação, formam-se as ideias complexas. As ideias complexas são ideias de coisas particulares. Obtem-se a ideia das coisas particulares colocando-se junto as ideias simples que referem-se à mesma coisa. Exemplo: maçã. Tem cor, odor, volume, forma, sabor etc. Logo, a ideia de maçã é uma ideia complexa. 
 Analisando-se as ideias complexas formam-se as ideias abstratas. Exemplo: flora. Flora é um conceito que engloga todos vegetais. Outro exemplo: humano. Este conceito engloba todos os homens e mulheres, sem especificar um ou outro.
 Segundo Locke a mente humana não pode conhecer a essência das coias, mas só sua existência.
 No que se refere ao valor do conhecimento, Mondin , no livro citado acima, escreve:
 
 
 “O homem pode, porém, conhecer a existência das coisas,
 não diretamente, porque o objeto imediato do
 conhecimento são as ideias, mas indiretamente, mediante
 o nexo causal que as coisas tem com as nossas sensações.
 Por meio de um raciocínio baseado no nexo causal
 pode-se conhecer também a existência do mundo e de
 Deus. A existência de Deus porque, partindo do estudo de
 seres finitos, devemos necessariamente concluir pela
 existência de uma causa universal, criadora de tudo. A
 existência do mundo porque, sendo passivos em nossas
 sensações, temos de admitir uma realidade distinta de nós
 que seja causa das nossas sensações. Esta realidade é o
 mundo. A única coisa que é conhecida imediatamente é a
 existência do sujeito pensante, apreendida no próprio ato
 de pensar. No cogito (penso) está necessariamente 
 presente o sum (sou).” (pág.105 – grifo meu)
 
 As ideias são o material do conhecimento, porém não são ainda o conhecimento. Para que haja conhecimento é preciso que ocorra a ligação entre as ideias, ou a comparação entre elas. É preciso acontecer conexão entre elas.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes