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Apostila de Teoria Geral do Estado

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Apostila de Teoria Geral do Estado/Ciência Política 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor: Giancarlo Maturano Ghisleni 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2014/ 1º semestre 
 
 
A ciência politica e as demais ciências sociais 
 
 
 A Ciência Política estava até o Século XIX atrelado ao Direito Constitucional, 
mesmo hoje se aprende a ciência política e a teoria geral do Estado como forma 
de iniciação do aluno no Direito Constitucional. Exemplo clássico pode ser retirado 
do primeiro artigo da Constituição onde consta que a “república federativa” é um 
“Estado Democrático de Direito”. Quem vai explicar o que é uma república, o que 
é uma federação, Estado, o que é democracia e o que é direito, é a matéria de 
Teoria Geral do Estado em conjunto com a Ciência Política. Ela era uma disciplina 
acoplada ao Direito Constitucional, hoje não é mais, ela se tornou autônoma e por 
isso hoje é estudada independentemente. 
 
 Mais por que essa correlação entre política e Direito Constitucional? O direito 
Constitucional de um estado, redundante que seja a expressão, é o direito que 
“constitui o Estado”, amolda o Estado, desenha o Estado a partir do que a 
Constituição ordena. É a Constituição a arquiteta, a engenheira-projetista desse 
prédio chamado Estado. Por obvio, por ser um produto da influência da sociedade, 
a Constituição pode ser mais ou menos política. Não é demais lembrar que 
Ferdinand Lassalle ao definir constituição diz que ela é “a soma dos fatores reais de 
poder”. 
 
Embora não nos passe despercebido outras definições de Constituição, o 
“poder” a que Lassalle se refere é justamente a soma do poder político que os 
grupos que compõe uma sociedade podem exercer fazendo valer sua vontade na 
hora da redação de um texto constitucional. 
 
 Então, como vocês puderam ver, o direito constitucional e a teoria geral do 
Estado e Ciência Política, continuam umbilicalmente ligados, um verdadeiro 
ditongo aberto acentuado, onde você sabe que existem duas letras 
independentes, mas que a sua separação retira o sentido da expressão. É por isso 
que essas ciências namoram e disputam espaço comum. 
 
 O direito constitucional na visão de Bonavides é o direito das instituições, ao 
passo que a ciência política é a ciência de quem e como essas instituições são 
formadas historicamente. Onde um Estado com seu direito constitucional entra em 
falência por golpes, discrepância econômica ou seja lá qual for a causa, entra a 
ciência política para explicar o porquê. 
 
 A comunicação da ciência política com a economia também é constante, 
pois os aspectos econômicos, não apenas no mundo capitalista, como também no 
socialismo - alias, neste momento vale lembrar a frase de Millôr Fernandes, 
dramaturgo brasileiro, escritor, poeta para quem “O capitalismo é a exploração do 
homem pelo homem. O socialismo é o contrário” – porque o fato econômico 
segundo Bordeau é o fato fundamental de politização da sociedade. 
 
Também a historia tem comunicação profunda com a ciência política, pois é 
a partir dela que a leitura social é feita, muitas vezes respondendo a 
questionamentos que sem a presença de fatos históricos poderiam ser eternas 
dúvidas. Mesmo Marx quando molda o socialismo com Engels, trata de 
fundamentar toda a sua teoria com base na historia, tentando demonstrar que é 
fato histórico a dominação do homem pelo homem por força do sistema 
capitalista. 
 
Há autores que inclusive atestam a ligação da ciência política com o 
comportamento, tendo que através do comportamento é que se consegue 
efetivamente ter uma leitura adequada dos eventos sociais e políticos, os quais são 
frutos de comportamentos humanos. Embora haja defensores dessa ideia de 
relação, se a analise fosse pura e simplesmente essa estaríamos ilegitimamente 
reduzindo ao campo do comportamento tudo, inclusive as conquistas humanas. 
 
Seria o equivalente a reduzir o comportamento de um povo e sua história a 
eventos isolados1. 
 
 
 
 
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1 Por exemplo reduzir o comportamento de todos os russos de sua época ao comportamento de Dostoievski que, 
OBJETO E ORIGEM DA TEORIA GERAL DO ESTADO 
 
A Teoria Geral do Estado propõe-se a investigar a específica realidade da 
vida estatal que nos rodeia. 
 
A TGE e a ciência política não se separam, são inteiramente interligadas. 
Platão inaugura o estudo da ciência política. O autor pretende um estado ideal, um 
Estado moral. Em vez de uma simples instrução para a conquista do poder pelo 
indivíduo, Sócrates apresenta uma ética política onde pesquisa princípios para 
atuação política. Vincula-se a ele a ideia de um modelo de Filosofia moral do 
Estado 
 
 
 
Sociedade e Estado 
 
Em meio a leitura se tenta descobrir o que é o Estado. Por vezes teorias 
tentam apegar-se a elementos únicos do Estado para tentar classificá-lo de forma 
engessada. Acontece que quando se vai falar em Estado, não deve considerar 
aquele que existia na Grécia, entre os Hebreus, entre os romanos. Claro, 
dependendo da concepção que se adote porder-se-á discutir se é ou não 
existente o Estado nesta época. Acontece que não adotaremos a posição de um 
dos mais renomados juristas brasileiros, Paulo Bonavides, para dizer que havia a 
idéia de Estado na antiguidade. 
 
 
História (Ocidente) 
 
Na antiguidade de acordo com Bonavides havia Estado antes da sociedade, 
ou seja, o Estado nasce antes da sociedade. Para outros autores primeiro nasce a 
sociedade, a comunidade, um grupo de pessoas e então sim se vai falar de Estado 
como uma conseqüência natural. Aqueles são tidos como os organicistas enquanto 
esses os contratualistas. 
 Somente a partir do Estado clássico é que se tem um Estado de Direito, ou 
seja, partimos da concepção de que só há Estado a partir do Estado Liberal. 
 
Mas porque há esse entendimento diferente? Bom, em primeiro lugar porque 
é certo que vocês devam entender que Bonavides parte do pressuposto contrário 
aos seus contendores, pois a Ele custa caro entender Estado como uma estrutura 
externa, uma ordem jurídica, um corpo normativo, uma máquina de poder político, 
exterior a sociedade. O autor afirma que a personificação do vínculo comunitário 
existente naquele momento é o elemento similar ao que se tem hoje como vínculo 
jurídico que une o homem ao Estado. 
 
Vejamos o que diz o autor: 
 
“A polis dos gregos ou a civitas e a respublica dos romanos eram vozes 
que traduziam a idéia de Estado, principalmente pelo aspecto de 
personificação do vínculo comunitário, de aderência imediata à 
ordem política e de cidadania. 
No Império Romano, durante o apogeu da expansão, e mais tarde 
entre os germânicos invasores, os vocábulos Imperium e Regnum, 
então de uso corrente, passaram a exprimir a idéia de Estado, 
nomeadamente como organização de domínio e poder. 
Daí se chega à Idade Média, que, empregando o termo Laender 
(“Países”) traz na idéia de Estado sobretudo a reminiscência do 
território.”(10ª Ed., 2000, p. 70) 
 
Na verdade, o primeiro a separar esses termos Estado/sociedade com maior 
propriedade foi Rousseau quando disse que a vontade do grupo era a volonté de 
tous e que a vontade do Estado seria a volonté générale (O contrato Social, 1762). 
Marx e Engels não farão a devida separação entre ambos porque pra eles o Estado 
era fruto da sociedade ede suas contradições. 
 
 
 
Estado 
 
O homem é por natureza um ser ambíguo, tendo dentro de si aptidão para 
a criação do “bem”, mas também para o desenvolvimento do “mal”. Nesta ótica, 
necessário se faz a existência de um estado que regule uma “moral”. 
 
Moral pode ser caracterizado como um sentimento intrínseco da pessoa 
ligado ao que ela pode exercer para praticar atos que perante a sua maioria não 
seria um ato abominável. Kant neste particular nos deixa uma frase estupenda que 
nos faz refletir “se você não gostaria de contar, não faça”, ou seja, se aquilo que tu 
empregares tua força não puder ser transmitido por meio da informação, 
certamente é algo que você não se orgulha de fazer e portanto não deve ter 
como atitude. 
 
Desde a Antiguidade, quem sabe antes da escrita que se deu em 4000 a.c. o 
homem ao conviver com seus grupos em cavernas, necessitava de certos 
comportamentos sem os quais submeter-se-ia ao julgamento de seus pares. 
 
A palavra Estado vem de status (latim=estar firme). Significa situação 
permanente de convivência que ligada a sociedade política. Os italianos usavam 
muito para designar “uma cidade independente” como foi o caso de stato de 
firenze. Na Espanha era usada para designar propriedades sobre as quais os 
proprietários tinham poder jurisdicional. 
 
Mas o termo na atualidade, inaugurado na obra O Príncipe (Maquiavel, 
1513) tem outro significado que passaremos a estudar. Alguns descrevem Estado 
como “sociedade política dotada de certas características”. Para outros são “todas 
as sociedades políticas que, com autoridade superior, fixaram as regras de 
convivência de seus membros”. Nas duas definições podemos encontrar as 
palavras “sociedade política”. Politico origina-se do grego ‘politikos’ relativo ao 
cidadão ou ao Estado. Aliás, palavra que também dá vazão a palavras como 
police/policia que como derivada quer dizer cuidar da cidade. 
 
A palavra Estado foi citada no mesmo sentido empregado hoje com 
Maquiavel em O Príncipe quando menciona que “Todos os Estados, todos os 
domínios que têm tido ou têm império sobre os homens são Estados, e são 
repúblicas ou principados”. 
 
O conceito da palavra estado pode ter várias acepções com o advento da 
modernidade: filosófica (Hegel “manifestação visível da divindade”)2, jurídica (Kant 
“a reunião de uma multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”) e 
sociológica (Franz Oppenheimer “instituição social, que um grupo vitorioso impôs a 
um grupo vencido, com o único fim de organizar o domínio do primeiro sobre o 
segundo e resguardar-se contra rebeliões intestinas e agressões estrangeiras”)3. 
 
Neste ínterim não pode deixar de ser citado o conceito de Estado de Max 
Weber, enfim, ao seu célebre conceito de Estado: aquela comunidade humana 
que, dentro de um determinado território, reivindica para si, de maneira bem 
sucedida, o monopólio da violência física legítima. 
 
 Jellinek por sua vez concebe o Estado como uma “corporação de um povo, 
assentada num determinado território e dotada de um poder originário de mando”. 
 
 Com esse conceito agora teremos claro que desceremos ao Estudo dele e 
de seus respectivos elementos: povo, território e poder de mando. 
 
 
Época (teorias acerca do momento do nascimento do Estado): 
 
1) O Estado, assim como a sociedade, sempre existiu, pois desde que o homem 
vive sobre a Terra acha-se integrado a uma organização social, dotada de 
poder e com uma autoridade para determinar o comportamento de todo o 
grupo (Meyer, 1925). 
2) A sociedade humana existiu durante um certo período sem o Estado. Cada 
Estado se forma nas condições concretas de cada lugar; 
 
3) Admitem o Estado como “sociedade política dotada de certas 
características. Balladore Pallieri e Karl Shmidt são os expoentes dessa 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
2 Del Vechio contesta ferozmente as ideias de Kant, mas não vai muito além tendo sido feliz ao separar 
sociedade de Estado, notando que o Estado é um laço jurídico, ao passo que a sociedade são vários 
laços. Para Del Vechio teríamos a sociedade como um gênero que conteria o Estado. 
3 Duguit considera o Estado “coletividade que se caracteriza apenas por uma assinalada e duradoura 
diferenciação entre fortes e fracos, onde os fortes monopolizam a força, de modo concentrado e 
organizado”...“grupo humano fixado em determinado território, onde os mais fortes impõem aos mais 
fracos sua vontade”. 
corrente. O primeiro afirma que o Estado nasce com a Paz de Westfalia. A 
paz de Westfalia pos fim a Guerra dos trinta anos4 na Europa e é tida como o 
nascimento dos estudos das Relações Internacionais definindo territórios e 
reconhecendo a soberania. Para esses autores o Estado surge quando nasce 
a ideia e a prática da soberania, o que só ocorreu no Século XVII. 
 
Disso nascem duas correntes: (teorias de formação originária dos Estados) 
 
1) Aqueles que dizem ter o estado uma formação natural (o Estado se formou 
naturalmente, não por um ato puramente voluntário) 
 
2) Aqueles que dizem ter o estado uma formação contratual (foi a vontade de 
alguns homens ou de todos os homens que levaram a formação do Estado) 
 
Dentro da primeira há quem defenda que 
(1) a família é que criou o Estado. Cada família foi expandindo-se e criando o 
Estado. Neste ponto é interessante falar acerca de uma figura masculina de nome 
Gengis Khan. Segundo uma pesquisa recente há a possibilidade de que 8% das 
pessoas que vivem entre o mar Cáspio e o oceano pacífico, ou seja, 1,8 milhões de 
pessoas sejam descendentes de Gengis Khan. Ele teve muitas mulheres, mas 
também ‘pegava’ todas as mulheres que capturava antes de que os outros se 
apossassem; 
(2) a força, a violência e a conquista o estado teria surgido como um 
regulador das relações entre vencidos e vencedores porque no seu entender a 
superioridade da força de um grupo social sobre a outra é que determinou a 
nascença do Estado; 
(3) origem em causas econômicas e patrimoniais que segundo Platão no livro 
II de A república diz “um estado nasce das sociedades dos homens; ninguém basta 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
4 A Europa no século XVII estava passando por um momento em que vários países Europeus 
tinham o interesse em ampliar seus poderes no continente por meio da conquista de novos 
mercados e territórios. Porém havia muita concorrência entre as monarquias centralizadoras 
da Europa e isso provocou vários conflitos e guerras. É nesse contexto que observamos a 
ocorrência da Guerra dos Trinta Anos, que ocorreu entre 1618 e 1648. 
em si mesmo; mas todos nós precisamos de muitas coisas e como precisamos de 
muitas coisas e de várias pessoas para supri-las cada um vai recorrendo à ajuda 
deste para tal fim, a ajuda daquele para tal outro; e, quando esses associados e 
auxiliares se reúnem todos numa só habitação, o conjunto dos habitantes recebe o 
nome de Estado ou cidade. Aqui o Estado então teria origem na divisão do 
trabalho, portanto motivo econômico. (Hermann Heller). 
Em ‘A origem da família da propriedade privada e do Estado’ Marx e Engels 
após chegar a conclusão de que a deterioração da convivência se dera em razão 
das diferenças de riquezas, num capítulo quetrata da gens (constituição sanguínea 
unida por laços sanguíneos) o autor afirma: 
Faltava apenas uma coisa: a instituição que não só assegurasse as novas riquezas 
individuais contra as tradições comunistas da constituição gentílica, que não só 
consagrasse a propriedade privada, antes tão pouco estimada, e fizesse dessa 
consagração santificadora o objetivo mais elevado da comunidade humana, mas 
também imprimisse o selo geral do reconhecimento da sociedade às sovas formas de 
aquisição da propriedade, que se desenvolviam umas sobre as outras - a 
acumulação, portanto, cada vez mais acelerada, das riquezas -; uma instituição que, 
em uma palavra, não só perpetuasse a nascente divisão da sociedade em classes, 
mas também o direito de a classe possuidora explorar a não-possuidora e o domínio 
da primeira sobre a segunda. É essa instituição nasceu. Inventou-se o Estado. 
 A crença de Marx e Engels neste sentido, mostra o Estado como uma 
burguesia exploradora do proletariado. Dessa forma, quando a vontade inverter-se, 
o Estado como criação artificial de dominação de uma ‘classe’ sobre a outra, 
pode ser extinto a qualquer momento. 
Outra teoria que deve ser abordada é a de origem no desenvolvimento 
interno da sociedade. De acordo com essa teoria, o estado é prescindível em 
sociedades humanas pouco desenvolvidas. Mas aquelas sociedades que atingem 
determinado grau de desenvolvimento já não convivem sem a presença do Estado, 
pois assumem uma forma complexa. O Estado se desenvolve espontaneamente 
 Criação de Estados por formação derivada. Pode ocorrer por fracionamento 
ou união de Estados. (p.e. 1ª: Revolução Farroupilha, se tivesse dado certo, p.e. 2ª 
Brasil e Argentina se unem) 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO 
 
 Para aqueles que acreditam que o estado não existiu desde sempre 
podemos distinguir épocas em que se separam a evolução histórica do Estado. No 
mais das vezes o Estado pela doutrina está dividido nas seguintes fases: Estado 
Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado Medieval e Estado Moderno 
 
Estado Antigo (Antigo, Oriental e teocrático): Nesse período a família, a 
religião, o Estado, a organização econômica, formavam um conjunto confuso, sem 
diferenciação aparente. Em conseqüência, não se distingue o pensamento político 
da religião, da moral, da filosofia, das doutrinas econômicas. Duas características 
deste Estado Antigo: natureza unitária (não admite qualquer divisão interior nem 
territorial, nem de funções) e a religiosidade (comportamentos individual e coletivo 
ditados pela igreja). 
 
Estado Grego. Embora se fale em Estado Grego, não se tem notícia da 
existência de um Estado único, englobando toda a civilização. Atenas e Esparta 
eram muito diferentes, mas como sociedade política eram semelhantes. Como 
Estado Grego, uma elite apenas tinha direitos a participação nas relações de 
caráter público5. Já no caráter privado a vontade individual era restrita. 
 
Estado Romano: teve sua duração de 754 a.c. até 476 d.C6 com a queda do 
império romano do Ocidente. Teve sucesso também com a base de organização 
de grupos familiares. Os descendentes das famílias Patrícias (descendentes de 
romanos) tinham privilégios e poder político e nele centravam o sucesso de um 
Estado organizado. 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
5 Na Grécia, parte do “povo” não participava, pois da população de cerca de 240 mil, 150 mil eram 
escravos, portanto sem direito de participação na democracia grega. Das 90 mil que sobravam, 60 mil 
eram mulheres e crianças e dos 30 mil restantes, muitos residiam nos arredores da cidade e, portanto, 
não compareciam geralmente às assembleias políticas, totalizando em torno de 6 mil segundo 
Gustave Glotz em “A Cidade Grega” (p. 180-181). O “povo”, portanto era essa quantidade de homens 
adultos que se reuniam na ágora (praça pública) formando a Eclésia (assembleia pública) para ouvir 
os demagogos. 
6 A queda do Império Romano do Oriente deu-se após, em 1453 d.C. No ocidente foi tomado pelos 
bárbaros germânicos e o do Oriente pelos Turcos que tomam Constantinopla - atualmente Istambul – 
que era a capital do Estado Romano. 
Estado medieval: elementos que se fizeram necessários para a 
caracterização deste Estado foram o cristianismo, invasões dos bárbaros e 
feudalismo. O cristianismo tem papel importante nesta formação, pretendendo a 
Igreja que o poder se unificasse até mesmo porque ela tinha a intenção de que 
toda a humanidade se tornasse cristã. Tinha uma idéia de que todos teriam o 
mesmo valor, independentemente da origem. As invasões bárbaras marcaram o 
período e levaram o estado medievo a ruina, pois acabavam por imiscuir culturas e 
desagregar o Estado Medieval, pois inúmeras vezes os povos invasores introduziam 
novos costumes e estimulavam a própria região invadida a se tornar independente. 
Os vassalos trocavam sua mão de obra pela proteção do senhor feudal, ao que se 
deu o nome de feudalismo. Essa hierarquia de poderes exercidas pelo imperador e 
por inúmeros outros poderes menores (feudo) com uma certa independência 
acaba por minar o Estado medieval fazendo com que ele sucumba. 
 
Estado moderno: as deficiências do Estado medieval acabaram 
determinando as características do Estado moderno. A intenção de unidade 
pretendida pelo Medievo romano ainda seguia vivo e crescia em razão da nova 
distribuição da terra. 
 
O sistema feudal via-se crescendo e de uma pequena estrutura econômica 
e social de pequenos produtores individuais constituídas de unidades familiares 
voltadas para a produção de subsistência, ampliou o número de proprietários tanto 
dos latifundiários quanto dos que adquiriram áreas menores. 
 
Os senhores feudais já não toleravam as exigências dos monarcas 
aventureiros e de circunstância, que impunham cobrança de impostos e 
mantinham estados de guerras que só causavam prejuízos a vida econômica e 
social. Isso tudo foi fortalecendo a ideia de uma unificação de poderes na mão de 
um soberano que os exercesse dentro de um território. Os elementos essenciais do 
Estado Moderno são territorialidade e soberania (Santi Romano). 
 
Os demais autores separam como território e povo (elementos materiais) e 
autoridade, governo ou soberania (normalmente relacionado ao poder como 
elemento formal). Del Vechio fala em vínculo jurídico como terceiro elemento. 
Gropalli acresce a finalidade (as pessoas só convivem sob um Estado porque tem 
um fim a alcançar) como elemento formal. 
 
 POPULAÇÃO 
 
 Todas as pessoas, incluindo os apátridas e estrangeiros, presente em um 
território de um Estado, num dado momento são considerados como população. 
Por independer de qualquer laço jurídico com o Estado é considerado um dado 
quantitativo. A população é um dado estritamente demográfico e estatístico. 
 
 Por sua vez, como povo, consideramos aquelas pessoas que mantenham 
vínculo jurídico com o Estado ou cidadania. 
 
 Um pouco da teoria de Thomas Malthus e Gert Von Eynern. 
 
 Malthus ao final do século XVIII e início de XIX fez o seguinte cálculo: a 
população mundial cresce em linhas geométricas, enquanto os alimentos 
produzidos, de forma aritmética. Os teóricos logo contrariaram sua tese, dizendo 
que ela não levava em conta o fato de que haveriam progressos tecnológicos que 
levariam a uma produção maior de alimentos. 
 
 A teoria do professor Gert Von Eynem, por sua vez, diz o seguinte: o 
crescimento populacional tem claramente 4 estágios. Aprimeira é aquela onde as 
taxas de natalidade e mortalidade se equivalham, mortes em torno de 35/40 a 
cada 1000 pessoas. Na segunda fase há um avanço significativo dos avanços da 
medicina e desses avanços resultam o declínio das taxas de mortalidade que caem 
a 20 e há o incremento populacional. Na terceira fase, há uma limitação racional 
do número de filhos no casamento estereotipada como paternidade responsável. 
Como a taxa de mortalidade continua a diminuir há ainda um acréscimo 
populacional. Na última fase temos uma reaproximação das taxas; mas a taxa de 
natividade alcança 10/1000, pouco acima da mortalidade restaurando-se uma 
fase que se aproxima da primeira. 
 
A grande maioria dos Países desenvolvidas alcançaram essa quarta fase 
enquanto os subdesenvolvidos nenhum entrou; há expectativa de que o Brasil entre 
em 2050. O RS já está alcançando este índice, com atuais 11,6% por cento. As 
mulheres do Brasil tem tido uma taxa de fecundidade ainda positiva, mas há 
indícios de que entre 2040-50 ela se torne zero. A taxa ideal seria de 2,14 por mulher, 
para considerar que os 0,14 seria para repor as mortes no parto. 
 
Temos de ter presente o seguinte: o mundo está crescendo e cada vez mais. 
O continente que mais tem problema é o Africano com uma taxa de 2,3% de 
crescimento de sua população ao ano. Significa que em 4 anos 10% a mais, em 40 
anos, o dobro! A taxa mundial é de 1,2% com a América e Ásia 1,1% e Europa 0,1% 
e Oceania 1,3%. 
 
Vejamos as conseqüências disso: os países desenvolvidos com essas taxas 
tendem a um excedente de produção, com isso a um domínio de tecnologia e da 
pesquisa e uma taxa de satisfação e conforto infinitamente superior aqueles 
subdesenvolvidos. Assim tendem também a uma despolitização ideológica. Mas 
isso não quer dizer que essa paisagem seja risonha, pois se avizinha uma 
tempestade, pois onde a miséria impera há a formação de autocracias que 
revogam as liberdades e a democracia trazendo possíveis ‘holocaustos’ ao redor 
(ou dentro) de suas divisas. 
 
O crescimento populacional, aliado a outros fatores como a negligência 
estatal faz-nos depararmos com alguns dados que reclamam reflexões no Estado 
brasileiro. Luiz Flávio Gomes, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil faz 
um alerta com dados que precisam ser postos a mesa7. O autor tira do artigo outras 
conclusões8. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
7 Disponível em http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/112356149/85-ricos-tem-dinheiro-igual-a-3-57-
bilhoes-de-pobres-no-mundo?utm_campaign=newsletter&utm_medium=email&utm_source=newsletter 8	
  A desequilibrada concentração de renda nas mãos de poucos (típica do capitalismo retrógrado, 
exageradamente desigual) significa menos renda per capita para cada habitante e cada família do 
país. Mas isso não implica automaticamente mais violência (mais homicídios). Outros fatores devem ser 
considerados: escolaridade (sobretudo), emprego estável ou não, perspectiva de futuro, a 
racionalidade ou irracionalidade da política criminal adotada, religião, tradição, existência ou não do 
“tabu do sangue” (ninguém pode sangrar outra pessoa) etc. 
O que sabemos? Que cruzando os dados objetivos do IDH (índice de desenvolvimento humano), 
Coeficiente Gini (distribuição da renda familiar), renda per capita e o número de homicídios temos 
uma tese: quanto mais elevado o IDH e menor o Gini menos desigualdade e menos violento é o país 
Segundo Gomes, que baseia-se em informações advindas da conclusão do 
relatório Governar para as Elites, Sequestro democrático e desigualdade 
econômica, que a ONG Oxfam Intermón publicou em 19/01/14 afirma que “85 ricos 
têm dinheiro igual a 3,57 bilhões de pobres no mundo” Considere-se que hoje o 
mundo tem em pouco mais de 7 bilhões de pessoas. 
 
No que tange a desigualdade no Brasil de acordo com o sociólogo Jessé 
Souza, 70% da renda nacional pertence a pouquíssimas famílias, dividindo-se os 30% 
restantes entre 200 milhões de brasileiros. Gomes ainda pontua com respeito as 
nossas taxas de analfabetismo que ¾ dos brasileiros são analfabetos funcionais 
além de que: 
 
O termômetro da nossa insanidade coletiva, incluindo os setores 
radicais da mídia, está subindo, paralelamente à violência 
desbragada. Onde falta ética e educação de qualidade, ou seja, um 
bom IDH (índice de desenvolvimento humano), sobra a marcha tribal 
da insensatez. Em ano eleitoral, é de se imaginar que o clima quente 
da reação emotiva contra a violência, tal qual o do verão, vai bem 
longe. O Brasil continua na contramão da história civilizatória. 
Está chegando a conta dos 514 anos de colonialismo teocrático 
(herança maldita), autoritarismo (arquétipo do Pai), parasitismo dos 
dominadores (escravidão, corrupção e neoescravidão), selvagerismo 
(violência epidêmica), ignorantismo (3/4 da população é analfabeta 
ou semialfabetizada – ver Inaf) e segregacionismo (apartheid sócio-
étnico-econômico). Guerra de todos contra todos (Hobbes), que 
esquenta mais ainda quando bandidos das classes de cima 
passionalmente (Durkheim) se igualam à violência dos marginalizados 
perversos (por meio da justiça com as próprias mãos ou dos 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
(e vice-versa: quanto mais baixo o IDH e mais alto o Gini, mais desigualdade e mais violência existe). 
Como regra geral essa premissa é bastante válida. As exceções confirmam a regra. 
O que essa tese aconselha ao bom governo assim como às lúcidas classes burguesas dominantes? 
Que o incremento (a melhora substancial) dos fatores estruturadores do IDH (escolaridade, 
longevidade e renda per capita) e do Gini (distribuição da renda familiar) não pode ser 
desconsiderado como fator preventivo da violência. É de se chamar a atenção aqui, especialmente, 
para a educação. No lapso temporal de uma geração a Coréia do Sul se revolucionou 
completamente por meio da educação massiva de qualidade. Esse é o fator preventivo mais 
relevante de todos. Como já dizia Beccaria, em 1764: “Finalmente, o mais seguro, porém o mais difícil 
meio de evitar os delitos, é aperfeiçoar a educação” (Capítulo 45, do livro Dos delitos e das penas). 
Os dez países de mais alto IDH do mundo são os menos violentos (1,8 homicídios para cada 100 mil) e 
ainda estão dentre os menos desiguais (veja o coeficiente Gini), com exceção dos EUA. Contam, 
ademais, com rendimento per capita muito alto e um excelente nível de alfabetização. O mais 
desigual neste grupo (EUA) é precisamente um dos mais violentos (conta com quase o triplo de 
homicídios da média dos 47 países de maior IDH, que é de 1,8 para cada 100 mil pessoas). Isso nos 
conduz a concluir que não devemos nunca considerar um único fator (IDH) para medir ou 
prognosticar a violência. 
CorradoGini foi o italiano que inventou a métrica da desigualdade de renda entre as pessoas: quanto 
mais perto de 1, mais desigual o país: quanto mais perto de 0, menos desigual é o país. 
linchamentos, não autorizados pelo “contrato social”). De acordo com 
os indicadores socioeconômicos do Brasil, há um exército de milhões 
de jovens sem trabalho, sem estudo e sem estrutura familiar ou social 
solidificada (nem, nem, nem). São rejeitados por todos, até mesmo 
pela “ralé”, que é a classe D. 
Nosso estágio de desigualdade socioeconômica (a melhora dos 
últimos anos foi totalmente insuficiente) e de degeneração moral 
coletiva chegou ao fundo do poço. Enquanto não rompermos a 
herança maldita da nossa estúpida, corrupta e violenta colonização, 
não vamos nunca sair desse atoleiro sanguinário e parasitário 
comandado pelas elites burguesas do capitalismo extrativista e 
selvagem. Só existe um caminho para a ruptura: ética e educação de 
qualidade para todos, tal como fizeram, depois de muita luta do povo, 
os países do elogiável capitalismo evoluído e distributivo (Dinamarca, 
Noruega, Suécia, Japão, Coreia do Sul etc.). 
Educação civilizatória obrigatória, em período integral, promovendo-
se assim, finalmente, nossa primeira grande revolução! Temos todos, 
ricos e pobres, o dever imperativo categórico (Kant) de levantar essa 
bandeira. Os 47 países com melhores IDH do mundo têm 1,8 
assassinatos para cada 100 mil pessoas. O Brasil, com IDH ridículo para 
sua riqueza, é o 16º país mais violento do planeta, com 27,1 
assassinatos, por 100 mil habitantes, em 2011. Enquanto não 
radicalizarmos no sentido da educação universal e da melhora 
substancial da renda per capita do povo que trabalha duramente, só 
resta ir contabilizando os “cadáveres antecipados”, a ira, o ódio, a 
insatisfação e a indignação massiva (que são os ingredientes de uma 
estrondosa revolução que ainda não ocorreu)9. 
 
Com efeito, o que vemos ainda em nossos dias, a cada passo, é a presença 
do fantasma da fome nos países subdesenvolvidos, como a índia, e os seus 536 
milhões de habitantes, dos quais 30 a 40 milhões são párias que morrem à míngua 
em plena idade dos progressos nucleares. 
 
Enquanto isso no Brasil o que se tem é exatamente, nos últimos 20 anos, o 
aumento de 400% na população carcerária, de acordo com dados do Ministério da 
Justiça. Além disso, em outros países como Reino Unido o número de presos por 100 
mil habitantes é de 144 enquanto que no Brasil ultrapassam os 30010. Isso é o puro 
reflexo do exposto nos artigos citados acima de Gomes. 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
9 O nome do artigo é justiça com as próprias mãos e foi publicado em 2014 no site: 
http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/113024710/justica-com-as-proprias-
maos?utm_campaign=newsletter&utm_medium=email&utm_source=newsletter 
10 As cenas de prisões superlotadas, cercadas de violência e maus tratos, que foram vistas recentemente no 
Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, refletem os problemas de todo o sistema carcerário 
brasileiro. Dados do Ministério da Justiça (MJ) mostram o ritmo crescente da população carcerária no Brasil. 
POVO 
 
O conceito de povo pode ser estabelecido do ponto de vista político, 
jurídico e sociológico. A noção de Estado fora desconhecida na idade média, pois 
a teoria partia do território e da organização feudal. Assim, já Cícero na 
Antiguidade dizia que povo é “a reunião da multidão associada pelo consenso do 
direito e pela comunhão da utilidade”. A nova teoria do Estado surgida após o 
primeiro meado do Século XVIII começa com a implantação da sociedade liberal-
burguesa parte do povo, enquanto no absolutismo povo fora objeto, com a 
democracia ele se transforma em sujeito. 
 
Teve início com o Estado liberal, constitucional e representativo. O conceito 
de povo começa a ser delineado com o sufrágio restrito até chegar ao universal. 
Mas não poderíamos considerar povo tão somente aqueles que tem o poder de 
voto; dessa forma não seria considerado povo aqueles que estão sobre o regime 
totalitário, os menores, analfabetos, ou quaisquer outros excluídos do direito de 
sufrágio. 
 
Bonavides adota uma concepção de povo (concepção política) que segue 
a de Afonso Arinos, tanto é que não fala em povo na antiguidade e mesmo do 
absolutismo que conhecia tão somente. Para ele “Povo é então o quadro humano 
sufragante, que se politizou (quer dizer, que assumiu capacidade decisória), ou seja, 
o corpo eleitoral.” 
 
Sob o aspecto jurídico (conceito jurídico), considerado o melhor conceito de 
povo para Bonavides, povo seria o conjunto de pessoas vinculadas de forma 
institucional e estável a um determinado ordenamento jurídico, ou ainda “o 
conjunto de indivíduos que pertencem ao Estado, isto é, o conjunto de cidadãos”. 
 
Da cidadania, que é uma esfera de capacidade, derivam direitos, quais o 
direito de votar e ser votado (status activa e civitatis) ou deveres, como os de 
fidelidade à Pátria, prestação de serviço militar e observância das leis do Estado, 
sendo assim um círculo de capacidade conferido pelo Estado aos cidadãos. 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
Entre janeiro de 1992 e junho de 2013, enquanto a população cresceu 36%, o número de pessoas presas 
aumentou 403,5%. 
 
Três sistemas determinam a cidadania: o jus sanguinis, o jus soli e o sistema 
misto. No vocabulário constitucional brasileiro se emprega o termo cidadania como 
sinônimo de nacionalidade. No art. 12 da CF11 encontra-se quem é brasileiro e, 
portanto quem é seu povo. 
 
Do ponto de vista — o sociológico — há equivalência do conceito de povo 
com o de nação. O povo é compreendido como toda a continuidade do 
elemento humano, projetado historicamente no decurso de várias gerações e 
dotado de valores e aspirações comuns. Compreende vivos e mortos, as gerações 
presentes e as gerações passadas, os que vivem e os que hão de viver. 
 
O povo nesse sentido, dispensaria território. Por exemplo Os judeus sem 
território e sem Estado próprio, disseminados no corpo político de sociedades que 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  11 Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira,desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de 
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de 
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos 
previstos nesta Constituição. 
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa 
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao 
interesse nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado 
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; 
 
ora os acolhiam, ora os expeliam, nem por isso deixaram nunca de ser povo e 
nação, tendo as duas expressões aqui igual significado. 
 
Nação 
 
A nação, segundo o autor francês Hauriou, é “um grupo humano no qual os 
indivíduos se sentem mutuamente unidos, por laços tanto materiais como espirituais, 
bem como conscientes daquilo que os distingue dos indivíduos componentes de 
outros grupos nacionais” (André Hauriou). Seria a união de pessoas por um 
determinado elemento. 
 
Mas qual seria esse elemento? Raça, etnia, língua, Religião? Para a primeira 
não cabe, pois raça não é identificador de nação, porque o conceito de raça pela 
formação do crânio, cor da pele é algo em desuso desde 1950, mesmo pelos 
antropólogos. A religião também carece de forças que legitimariam seu uso como 
cimento de uma nação, à exemplo á Alemanha em que metade da população é 
protestante e a metade é católica. A Irlanda também com a Irlanda do Norte 
sendo protestante e a República 90% católica, embora nesse caso não se possa 
dizer que haja uma unidade de nação. 
 
Mesmo nesses dois casos, é inegável que há um sentimento nacional perante 
a república Alemã, com unidade cultural e sentimental. Na América Latina temos 
uma situação completamente diferente, pois temos uma unidade religiosa em torno 
da religião católica, mas não temos uma nação. São rigorosamente legítimas, pois 
as seguintes observações de Ernesto Renan: “Já não há religião de Estado; pode-se 
ser francês, inglês, alemão, sendo católico, protestante, israelita ou não praticando 
nenhum culto”. 
 
Seria então a língua o determinante para a nacionalidade? Não também, 
pois a exemplo da Suíça que fala Alemão, Francês e italiano, vários países usam 
duas línguas como por exemplo a Irlanda onde se fala gaélico e Inglês em razão 
da colonização inglesa. A toscana (IT) é homogênea e não é uma nação e a suíça, 
ao contrário, falando 3 idiomas o é. 
 
Mas então o que é uma nação? Religião, raça, língua? É tudo isso, podendo 
ser algo mais ou algo menos que isso. O que une uma nação normalmente são 
sentimentos derivativos da história, da religião, da língua, da arte. Dessa forma, 
poderá o elemento humano tomar forma de nação, ainda que não tenha 
organização estatal. 
 
A língua com certeza é um dos elementos mais importantes. Como um 
conceito voluntarístico de nação poderíamos colocar aqueles sentimento adquirido 
no rumar da história através das passagens econômicas, sociais, catastróficas que 
fazem-se crer que há uma identidade entre as pessoas. 
 
Como conceito naturalístico de nação seria aquele baseado na raça, com 
uma conseqüente hierarquia das raças. Tais estudos já haviam sido propostos no 
século XVIII por Lapouge, Gobineau (franceses) e Houston Stewart (inglês). Em suas 
teorias ocupariam o topo da pirâmide os povos germânicos com traços étnicos 
privilegiados em pureza de sangue e superioridade biológica. Atribuía-se a tal idéia 
de nação pela etnia como o feito copernicano dos tempos modernos. 
 
Isso criou a ideologia-nacional que fazia de povo, nação e raça uma 
totalidade viva, exprimindo a unidade bioespiritual de sangue e solo. 
 
Mas nação representa muito mais do que fora dito. Nação representa, 
segundo Ernesto Renan, “uma alma, um espírito, uma família espiritual” 
(conferência da Sorbonne, de 1882). Ao pôr de parte a língua e a raça, declarou 
Renan que “o que constitui uma nação é haver feito grandes coisas no passado e 
querer fazê-las no porvir”. 
 
Nação e Estado 
 
Com a politização reclamada, o grupo nacional busca seu Coroamento no 
princípio da autodeterminação, organizando-se sob a forma de ordenamento 
estatal. E o Estado se converte assim na “organização jurídica da nação” ou, 
segundo Esmein, em sua “personificação jurídica”. 
 
O patriota da unificação italiana Pasquale Stanislao Mancini entendia que 
“as nações são obra de Deus e os Estados, entidades arbitrárias e artificiais, criadas 
freqüentemente pela violência e pela fraude” 
 
A nação organizada como Estado: o princípio das nacionalidades e 
soberania nacional 
 
A nação se reveste de aspectos de cunho étnico, sociológico e psicológico, 
tentando por vezes um aspecto político. Aspirando a esse aspecto o grupo 
nacional vai em busca da autodeterminação, organizando-se em forma de 
ordenamento estatal. Então o Estado se converte na organização jurídica da 
nação, ou sua personificação jurídica. 
 
Mancini criou o princípio da nacionalidade, segundo o qual ‘toda nação 
tem o direito de se transformar em um Estado’. O autor inclusive afirmava que as 
‘nações são os indivíduos da humanidade’. Os autores chegavam a considerar que 
a nação seria algo que em seu último estágio formaria o Estado, que por sua vez só 
se justificaria enquanto representatividade pura da nação. 
 
Mas para contrariar a doutrina, foi possível constatar que há 
indiscutivelmente a possibilidade de haver nação sem Estado. É o caso dos judeus 
após a destruição de Jerusalém por Tito em 70 d.C. Por isso nação hoje tem essa 
definição de conjunto de pessoas ligadas por questões históricas e psicológicas. 
 
Acontece que hoje mesmo numa pequena localidade não se consegue ter 
uma uniformidade psicológica em um determinada localidade, justamente pela 
atual pregação do pluralismo jurídico e do fator globalização. Assim, pessoas de 
uma determinada localidade podem se achar mais próximas de localidades 
distantes do que aquelas que a cercaneiam e por isso o conceito de nação nos 
parece enfraquecido. 
 
 
 
 
SOBERANIA E PODER DO ESTADO 
 
SOBERANIA: este termo é um termo recente. Na antiguidade se falava em 
mejestas, imperium e summa potestas (Roma), mas eles não traduziam a ideia entre 
poder do Estado e outros poderes (poder da sociedade, poder jurídico, p.e.). 
 
O termo aparece mesmo no final do século XVI para indicar, em toda sua 
plenitude,o poder estatal. Decorre de uma notável necessidade de unificação e 
concentração de poder, cuja finalidade seria reunir numa única instância o 
monopólio da força num determinado território e sobre uma determinada 
população, e, com isso, realizar no Estado a máxima unidade e coesão política. 
 
No final da Idade Média é que o termo soberania aparece como conceito 
plenamente amadurecido, porque os monarcas já tinham nesse período 
supremacia a ponto de ninguém com eles disputar poder, a ponto de suas 
vontades não sofrerem limitações. 
 
A primeira obra a tratar do tema foi a obra de Jean Bodin Les six livres de la 
République (1576). Tal obra tratava de uma concepção própria do que haveria de 
ser uma autoridade real. 
 
No livro I capítulo VIII o autor se ocupa de soberania: “é necessário formular a 
definição de soberania, porque não há qualquer jurisconsulto, nem filósofo político, 
que a tenha definido, e, no entanto, é o ponto principal e o mais necessários de ser 
entendido no trabalho da República”. 
 
Então o autor define soberania como: 
“poder absoluto e perpétuo de uma república, (nome que hoje se dá 
a Estado). 
 
Absoluto: não é limitada nem em poder nem em cargo, nem por tempo 
certo. Nenhuma lei humana pode limitar o poder soberano. Deve tão somente o 
príncipe na condição de exercício da soberania ser limitado pelas leis divinas sob 
pena de lesar a majestade divina. 
Perpétuo: a soberania não pode ser exercida por tempo determinado, pois 
caracterizar-se-ia apenas depositário e guarda do poder. 
 
Para esse autor (Bodin) a soberania somente poderia existir em Estados 
aristocráticos e populares. 
 
Já em 1762 com “o contrato social” Rousseau dá ênfase a soberania, 
todavia já a transfere para o povo. No capítulo I o autor diz que “o contrato social 
gera o corpo político chamado Estado quando passivo, Soberano quando ativo e 
poder quando comparado com semelhantes” 
 
No livro II dedica o capítulo I e II respectivamente a demonstração de que a 
soberania é inalienável (exercício da vontade geral) e indivisível (a vontade só é 
geral se for a vontade de todos). No capítulo IV ele traça os limites do poder 
soberano e diz que o pacto social dá ao corpo político um poder absoluto sobre 
todos os seus membros e esse poder dirigido pela vontade geral, leva o nome de 
soberania. O poder soberano não pode transgredir os limites das convenções 
gerais. 
 
O que significa isso? Que o poder soberano não pode sobrecarregar os 
cidadãos de exigências inúteis, tampouco exigi-las de forma desigual aos súditos. 
 
A então ideia de soberania popular iria tomar corpo e exercer grande 
influência na Revolução Francesa de 1789. Depois se desenvolve a teoria da 
personalidade jurídica do Estado (Alemanha). 
 
Atualmente, uma boa definição de soberania de Reale é o “poder de 
organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade 
de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência”.12 
 
O poder do Estado é exercido por um governo que dita normas, imperativos 
de conduta. Essa é uma das características do poder, além do poder de auto-
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
12 Reale, Miguel, Teoria do Direito e do Estado, p. 127. 
organização enquanto instrumentalização desse poder (organização financeira, 
policial e militar). 
 
Muito pouco hoje é controverso acerca da soberania, ao menos no plano 
interno, já que detém ela também um plano externo que a serve de escudo contra 
ingerências de outros Estados. 
 
No plano interno ela representa o predomínio de uma ordem social frente a 
qualquer outra ordem que a queira contrariar. O Estado atua como um agente 
político privilegiado e monopolizador da vontade. A ‘crise contemporânea’ que 
emerge na atualidade vem sobre o aspecto externo da soberania que tem sofrido 
cotidianamente com as forcas que “push” e “ pull” moldando-a aos interesses cada 
vez mais internacionalizado por outros estados e instituições que crescem em seu 
poder de influência externa e mesmo muitas vezes internamente. 
 
Comumente se vê hoje tanto instituições, sindicatos como grupos (de 
interesse, de opinião e de expressão) atuando não contra (embora ás vezes 
ocorra), mas paralelamente ao Estado lhe caçando parte da autoridade e 
supremacia e questionando-lhe a soberania. 
 
O TERRITÓRIO DO ESTADO 
 
Definiu Pergolesi o território como “a parte do globo terrestre na qual se acha 
efetivamente fixado o elemento populacional, com exclusão da soberania de 
qualquer outro Estado”. Alguns autores se têm limitado todavia a dizer que o 
território é simplesmente o espaço dentro do qual o Estado exercita seu poder de 
império (soberania). 
 
O território onde se designa o nome do país é pertencente ao país, sendo a 
propriedade alcançada ao particular apenas um direito de utilizar o determinado 
que se lhe coloca o nome de propriedade durante o tempo em que viver ou até 
mesmo estiver o ocupando. Isso porque as pessoas (físicas ou jurídicas) estão e os 
estados são e continuarão sendo. 
 
Eis que o imperium emprestada aos particulares pequenas glebas 
designadas propriedade. A soberania é do Estado e não do particular sobre todo o 
território nacional. Essa é a teoria do território-objeto, não mais comum dentre os 
tratadistas que optam pela teoria do território-espaço segundo a qual o território é 
um espaço onde o Estado exerce direito sobre pessoas, onde ele organiza uma 
determinada sociedade. Zitelmann chama de “palco da soberania estatal”, 
espaço onde se desenrolam as atividades de cunho social, econômico, etc. do 
Estado. 
 
Nessa concepção pode-se dizer que o território é o espaço onde o Estado 
pode submeter pessoas a seu manto de ordem. Há ainda a teoria do território 
competência (liderada pelo austríaco Hans Kelsen) que se aproxima da território 
espaço ao dizer que território é o local onde ocorre a validez do Estado de aplicar 
suas normas. 
 
Havia discussão se o território seria ou não elemento de um Estado. Ao se 
questionar sobre o assunto um autor italiano, Donati, se perguntou se Principado de 
Liechtenstein emigrassem para o estrangeiro, acaso levariam consigo o Estado? A 
essa resposta se conclui que o território é indispensavelmente requisito para a 
existência do Estado. 
 
“O território não chega a ser, portanto, um componente do Estado, mas é o 
espaço ao qual se circunscreve a validade da ordem jurídica estatal, pois, embora 
a eficácia de suas normas possa ir além dos limites territoriais, sua validade como 
ordem jurídica estatal depende de um espaço certo, ocupado com exclusividade”. 
(Hans Kelsen, Teoria General del Estado, p. 181) 
 
Como que normalmente se delimitam os Estado? 
► Fronteira natural (fruto de relevo) 
► Fronteira artificial (fruto de tratados) 
Extensões territoriais 
► Inicialmente feitas pela força das armas, a partir do século XX a 
técnica usada é por um número de milhas. A soberania brasileira, por 
exemplo, se estende por 12 milhas para defesa de território (mar 
territorial), mas o Brasil explora até 200 milhas que é a chamada ZEE 
(Zona Econômica Exclusiva) onde está situado o pré-sal. No Brasil ver a 
Lei 8.617/93 que pratica o valor de 12 milhas 
► Art. 2º A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, 
ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e 
subsolo. 
 
Teoria das fronteiras naturais 
 
Por essa teoria,criada a partir do desvirtuamento da obra de Mancini, a 
geografia (relevos naturais, rios...) seria determinante para delimitar territórios dos 
Estados. 
 
Teoria do equilíbrio internacional 
 
A teoria é sintetizada pela idéia de que a paz decorre do equilíbrio que se 
possa estabelecer entre várias potencias. Quer dizer também que dentre as 
principais potências deveria haver um equilíbrio de domínios territoriais, porque 
havendo uma a sobrepor sobre as demais, haveria a ameaça a segurança das 
outras. O equilíbrio internacional se dá, indiscutivelmente pela limitação natural de 
forças, ou seja, uma força condiciona a outra, uma espécie de check and 
balances (sistemas de freios e contrapesos) pela força, pelo ‘medo’ diríamos assim. 
 
Teoria do livre arbítrio dos povos 
 
Esta teoria em muito se aproxima da teoria da nacionalidade. Segundo ela 
somente o consentimento de cada povo justifica e preside a vida do Estado. 
Segundo essa teoria “nenhuma potência teria o direito de submeter um estado 
contra a vontade soberana da respectiva população”. Para alguns teóricos essa 
teoria não seria válida para estados federados, mas para Uniões Federais. 
 
Através dessa teoria seria possível, portanto, recolocar a região da Crimeia 
sob o domínio Russo13. 
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
13 http://www.nytimes.com/2014/03/18/business/international/daily-stock-market-activity.html?_r=0 
Território Brasileiro 
 
São hoje consideradas partes do território a terra firme, com as águas aí 
compreendidas, o mar territorial, o subsolo e a plataforma continental, bem como o 
espaço aéreo. O limite em geral dos países é de 12 milhas de mar territorial, mas 
muitos países, principalmente da América Latina tem aumentado para 200 milhas o 
limite de suas águas territoriais. 
 
Para o aumento para 200 milhas foi realizada uma Conferência em 
Montevideo 14 considerando-se naquele momento os seguintes argumentos: a) 
segurança nacional; b) repressão ao contrabando; c) controle de navegação para 
evitar a poluição das águas, etc. Os USA se negam aceitar tal acordo por dizerem 
que enquanto esse limite não for fixado para todos eles não estão obrigados a 
reconhecer águas superiores a 3 milhas. 
 
Da Conferência sobre o Direito do Mar, celebrada em Genebra a 29 de abril 
de 1958, por iniciativa daquela organização internacional, resultaram quatro 
convenções sobre matéria distinta porém correlata: a) mar territorial e zona 
contígua; b) alto-mar; c) pesca e conservação dos recursos biológicos do alto-mar; 
e d) plataforma continental. 
 
No presente, são apenas 32 os países que continuam conservando o 
tradicional limite de 3 milhas, incluindo-se entre estes os Estados Unidos, a Grã-
Bretanha, o Japão, a Alemanha e Países Baixos. Com limite de 6 milhas há 14 países, 
com o de 10 milhas 12 e com o de 12 milhas nada menos de 36. 9 países da AL tem 
o limite de 200 milhas. 
 
A principal objeção dos países desenvolvidos com questão às 200 milhas é 
que feriria o princípio do direito internacional da liberdade dos mares. O 
mediterrâneo por exemplo não seria mais navegável. O Brasil tem seu mar territorial 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
14 Mais informações em CARVALHO, Gustavo de Lemos Campos. O mar territorial brasileiro 
de 200 milhas: estratégia e soberania, 1970-1982. Rev. bras. polít. int., Brasília , v. 42, n. 
1, June 1999 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
73291999000100005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 17 Mar. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73291999000100005. 
desde 1993 pela lei 8.617/93. O pré-sal encontra-se dentro da área de plataforma 
continental, na área entre 12-200 milhas do mar territorial brasileiro. 
 
 
O decreto que dispôs acerca do novo limite de 200 milhas ressalvou o direito 
de passagem inocente para os navios de todas as nacionalidades. E foi adiante, 
definindo a passagem inocente: “O simples trânsito pelo mar territorial, sem o 
exercício de quaisquer atividades estranhas à navegação e sem outras paradas 
que não as incidentes à mesma navegação”. 
 
Resumindo: 
- Mar territorial (12 milhas marítimas), de 12 a 24 milhas tem a zona contígua 
o poder que o Estado tem é um poder de polícia sem soberania, de 12 a 
200 milhas há a Zona Econômica exclusiva os recursos naturais são da 
União. A faixa de terra embaixo da água é chamada de plataforma 
continental cujos bens e recursos naturais são da União. As primeiras terras 
encontradas no litoral (praias) são da Marinha. 33 metros pra dentro da 
preamar média (media entre a maré alta e maré baixa). Foi fixado em 
1850 e muitos locais hoje sofreram mudanças. 
 
A ONU e a Plataforma Continental 
 
A posição da ONU em 1953 que descrevia que “o Estado ribeirinho exerce 
direitos sobre a plataforma continental para os fins de exploração e 
aproveitamento de seus recursos” deixou bem claro que os poderes do Estado 
ribeirinho sobre a plataforma continental importam numa jurisdição limitada, não 
devendo de maneira alguma confundir-se com a natureza e extensão dos poderes 
de soberania que aquele Estado exerce quer sobre seu território propriamente dito, 
quer sobre o mar territorial. 
 
As águas que cobrem a plataforma continental se sujeitam no entendimento 
da ONU ao regime de alto-mar, resguardadas pelos princípios de liberdade e 
inapropriabilidade dominantes na boa doutrina internacional. 
 
Sobre o espaço aéreo não se tem uma definição de até onde se estenderia 
a soberania do Estado, mas tem-se atualmente pela Conferência de Chicago 
(1944) sobre regras da aviação civil internacional, que há liberdade de vôo ou 
trânsito inofensivo de aeronaves civis, pelo território de um Estado, exceto o 
sobrevôo de áreas eventualmente interditadas por motivos de segurança nacional 
ou presença de instalações e for 
 
 SOCIEDADE 
 
A vida em sociedade é uma vida de evidentes benefícios, mas também de uma 
série de limitações impostas pela própria convivência ou pela racionalidade. 
Embora haja ainda pessoas que preferem o isolamento (uma liberdade 
incondicionada, p.e. o Ermitão ou Eremita), a regra ainda é as pessoas buscarem 
pela opção de convívio no seio comunitário. 
 
 
1. Fundamento natural da sociedade 
 
Afirmam que a pessoa naturalmente escolhe a vida em sociedade (teoria 
natural); outra menciona que esta é irresistivelmente coagido (ato de escolha). A 
primeira é sustentada por Aristóteles no Séc. IV a.C. para quem “o homem é 
naturalmente um ser político”(A Política, I, p. 9), Santo Tomás de Aquino (1225-1274). 
 
Obs. Tomás de Aquino falava em 3 possibilidades de vida solitária: Excelentia 
naturae (pessoa notavelmente virtuosa, de grande espiritualidade); corruptio 
naturae (anômalos mentais) e mala fortuna (sem sorte, o perdido em alto mar) 
 
A segunda teoria, dos contratualistas (ato de escolha) diz que a sociedade é 
tão só um acordo de vontades, um contrato hipotético celebrado entre os homens 
(Hobbes, 1651, Leviatã). Hobbes era naturalmente inseguro e via no homem o “lobo 
do próprio homem”. 
 
2. Contratualistas - Mecanicistas 
Autores adeptos: 
1. Hobbes 
 
Dentro da corrente dos contratualistas há diferentesexplicações, mas eles tem 
um ponto comum: só a vontade humana justifica a união entre os homens. Em 
suma, para os contratualistas a submissão da vida social se dá pela razão ou pela 
vontade. 
 
► Sobre Hobbes: Leviatã foi publicado em 1651, no auge de duas grandes 
revoluções na Inglaterra. 
► Revolução puritana (1628-1649); 
► Revolução Gloriosa (1688) 
Ambas as revoluções envolviam de um lado a tentativa real de sustentar-se no 
poder como um poder divino; de outro lado o parlamento ‘crescendo’ e tentando 
afirmar-se como real representante do povo. 
 
A 1ª guerra civil ocorrida entre 42-49 comandada por Oliver Cromwell, que 
executou o Rei Carlos I em 1649 e depôs seu filho Jaime II. Isso ocorrera porque 
Carlo I aboliu a Câmara dos Lordes desvirtuando o Parlamento Inglês. Em 1649 é 
condenado a morte. Hobbes, devido a Revolução se exila na França e em Leviatã 
se contrapõe a ideia de Estado sem um rei forte. 
 
Bobbio (Thomas Hobbes, 1991, p. 26-27) aduz que “No Leviatã, as referências à 
guerra civil como o pior de todos os males são frequentes, não somente à guerra 
civil em geral, mas também aquela que causara e ainda causava estragos, no 
momento em que o autor escrevia na própria Inglaterra”. 
 
Bobbio afirma que “o que o Hobbes temia não era a opressão advinda do 
poder, mas a insegurança resultante de sua escassez (BOBBIO, 1991)” 
 
O que seria Estado de natureza? Homem lobo do próprio homem, por razões de 
toda ordem o homem se torna tão perigoso quanto qualquer outro animal “os 
homens são egoístas, luxuriosos, inclinados a agredir os outros e insaciáveis”. Duas 
são as motivações que reprimem as ações humanas: voz da razão e a presença de 
instituições políticas eficientes. 
 
O estado de natureza é permanente ameaça que pesa sobre a sociedade e 
pode irromper-se sempre que a paixão superar a razão e ou a instituição falhar. 
► Leis fundamentais de Hobbes: 
► Cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto houver esperança 
de alcançá-la; quando ela não for mais possível deve utilizar-se de 
todas as ajudas e vantagens da guerra; 
► Cada um deve consentir, se os demais também concordam, e 
enquanto se considere necessário, para a paz e a defesa de si 
mesmo, em renunciar o seu direito a todas as coisas e a satisfazer-se, 
em relação aos demais homens, com a mesma liberdade que lhe for 
concedida com respeito a si próprio 
 
Tornados cientes dessas leis, os homens celebram um contrato de mútua 
transferência de direitos. Para o autor, ainda que se tenha um péssimo governo, ele 
ainda é melhor que o estado de natureza. Para conter esse estado, necessário um 
grande poder visível, o Leviatã. 
 
2. MONTESQUIEU 
 
Este autor também é considerado contratualista. Para o autor 3 são as leis 
naturais que levam o homem a escolher a vida em sociedade: 
 
§ Desejo de paz; 
§ Necessidade (alimentos e segurança); 
§ Atração natural entre sexos opostos; 
► {Montesquieu, O Espírito das Leis (1748), Livro I, Cap. II} 
 
Para o autor o poder não poderia ficar concentrado nas mãos tão somente de 
uma pessoa. Para o autor há a necessidade de que haja distribuição dos poderes 
por duas finalidades: a proteção da liberdade individual e eficiência do próprio 
estado. 
 
ROUSSEAU 
 
O Contrato Social, 1762. Na obra Rousseau trabalha o Estado como surgido de 
um contrato social, contudo não concebe a ideia de que o poder seja divisível. 
Para o autor o poder é inalienável, imprescritível e indivisível. 
 
 
Nascimento e o extinção dos Estados: 
 
 O Estado pode nascer de modo originário, secundário ou derivado. Do modo 
secundário poderá haver União (confederação, federação, união pessoal e união 
real) e divisão (nacional e sucessoral). No derivado podemos encontrar a 
colonização, concessão de direitos de soberania e atos do governo. 
 
 
1. MODO ORIGINÁRIO 
 
 Os estados em regra são criados a partir do surgimento de uma nação, 
normalmente a partir de uma preparação para tanto. Mancini chega a afirmar que 
toda a nação teria direito de formar seu Estado. Seria o agrupamento humano mais 
ou menos homogêneo estabelecendo-se em um determinado território, organiza o 
seu governo e apresenta as condições de reger sua ordem política e jurídica. 
 
Contudo não é sempre que isso ocorre e se não há o núcleo de 
homogeneidade (nação) anteriormente fixado que e com laços homogêneos 
intergeracionais. Alguns Estados como o da Califórnia onde legiões de indivíduos de 
todas as origens formaram uma população numerosa e reuniram-se em 1849 numa 
assembléia constituinte organizando seu governo próprio e proclamando ao mundo 
a fundação do seu Estado, posteriormente incorporado à federação dos Estados 
Unidos da América do Norte. 
 
2. MODOS SECUNDÁRIOS 
 
 2.1 - Confederação: é uma união convencional de países independentes, 
objetivando a realização de grandes empreendimentos de interesse comum ou o 
fortalecimento da defesa de todos contra a eventualidade de uma agressão 
externa. É o caso do que aconteceu na Suíça com a união dos cantões suíços que 
formaram a antiga helvética e o exemplo mais adotado para esse modelo é o dos 
Estados Unidos em 1776-1787. Também pode ser citada a Confederação 
germânica de 1815. 
 
2.2 - Federação: comum este tipo de formação de Estado são várias 
províncias que passam a formar um Estado. México, Argentina, Brasil e 
Venezuela são exemplos clássicos da formação por federação. Sobre a 
Federação 
1. Nasce nos EUA; 
2. Insucesso da Confederação de 1781 por ineficiência, fragilidade 
disfuncionalidade do modelo confederal; 
3. Convoca-se a uma convenção para “arrumar” a confederação em 
1787; 
4. Opta-se então pela forma federativa 
 
 Diferenças entre federação e confederação 
 
¡ Na confederação: 
¡ os cidadãos mantém a nacionalidade do Estado confederado; 
¡ Os Estados podem opor-se às decisões do parlamento confederal 
(Dieta – único órgão confederal) 
 
Confederação Federação 
Pessoa simples de direito público Estado para a sociedade internacional 
Unidos por tratado internacional Unidos por uma constituição 
Membros dotados de soberania Membros dotados de autonomia 
Permitido o direito de secessão Vedado o direito de secessão 
Membros possuem o direito de 
nulifição 
Decisões de órgãos centrais são de 
obrigatório cumprimento pelos membros, 
desde que dentro das competências 
constitucionais 
Atividades voltadas especialmente 
para negócios externos 
Atividades relacionadas a assuntos internos e 
externos 
Cidadãos são nacionais dos 
respectivos Estados a que 
pertencem 
Cidadão tem única nacionalidade: Estado 
federal 
Congresso federal é o único órgão Poder central é dividido em E, L e Jud. 
 
2.3 e 2.4 - União pessoal/união real 
 
A União pode ser pessoal e real. 
 
A união pessoal é um governo de dois ou mais países por um só monarca. É 
característica da forma de governo monárquica, ocorre quando na linha sucessória 
um rei acaba sendo rei de mais de um império. Essa união é temporária. É o caso 
do que ocorrera com Inglaterra e Hanover (cidade da Alemanha famosamente 
conhecida pela fundação da banda Scorpions) no reinado de Jorge ou George I. 
 
 Características da União Pessoal: 
§ fortuita; 
§ transitória; 
§ não formam os Estados uma unidade, 
§ Único traço comum é o monarca 
 
Já a união real ocorre quando dois Estados se unem para formar um só 
Estado, como hoje acontece com o Reino Unido (Inglaterra, escócia, Irlanda e País 
de Gales). 
 
 Na união pessoal os estados ficam unidos apenas pelo governante e cada 
qual conserva sua soberania no plano interno e internacionalo que em regra não 
acontece na união real. Na união real os Estados se unem formando apenas um, 
restando então somente uma PJDI. Tem caráter efetivo e permanente. Famoso 
caso é o do Reino Unido da Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales. 
 2.5 - Divisão nacional 
 
 Ocorre quando uma determinada região ou província integrante do Estado 
obtém sua independência formando uma nova unidade política. É o caso do 
ocorrido na Alemanha com a criação no segundo pós-guerra onde os quatro 
Estados ganhadores do conflito (Reino Unido, USA, França e Rússia) dividiram a 
Alemanha em oriental e ocidental ou em República Democrática Alemã capital 
em Berlim e República Federal Alemã na capital de Bonn. 
 
 2.6 - Divisão sucessoral 
 
 Tipicamente medieval, era quando após a morte de um reino e tendo em 
vista de que o “Estado sou Eu” (L’Etát c’est mói) o reino era dividido em tantos 
quantos fossem seus sucessores. Caiu tal forma de criação de Estado no desuso. 
 
 3 - MODOS DERIVADOS 
 
 3.1 – Colonização: É o típico caso do Brasil. É a forma mais primitiva de 
criação dos Estados. Ocorre quando um Estado coloniza determinado espaço, 
introduzindo neste inicialmente uma colônia que com o passar do tempo torna-se 
independente. 
 
 3.2 – Concessão de direitos de soberania: ocorria com certa freqüência na 
Idade Média, quando os monarcas por sua livre e espontânea vontade davam aos 
seus principados, ducados e condados direitos de autodeterminação. Atualmente 
um exemplo a ser citado pode ser aqueles “colônias” ainda vinculadas ao reino 
Unido, como é o caso da Irlanda e Canadá que caminham para uma total 
independência do British Commonwealth of Nations. Há o caso da Iugoslávia 
também15. 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
15 Primeiramente, em 1918, após a segunda guerra, parece-nos ter havido união real, porque temos a união de três 
Estados (Servia, Croácia e Eslovênia) para formar o Reino da Iugoslávia. Depois temos o contexto de segunda-
guerra e as invasões dos regimes anti-liberais (fascismo e nazismo) temos que Tito, o então governante que funda e 
república socialista federativa da Iogoslávia que agrupava seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia e 
Herzegovina, Montenegro e Macedônia. Neste caso tinhamos, com Tito, a formação de um país com 6 países, 5 
etnias, 3 religiões, 2 alfabetos e 1 partido, o grande trunfo de Tito para manter unida as 6 repúblicas. Após a queda 
do muro de Berlim, já em 1991, e a definitiva queda do socialismo enquanto política de Estado, a Eslovênia, 
Croácia, Macedônia e Bósnia abandonaram a federação para formar Estados completamente independentes. A 
este último fato estamos diante de um caso de, como não houve guerra separatista, uma concessão de direito de 
 
Commonwealth (Inglaterra) 
 
§ 1ª fase: Século XVIII, metrópole com poder central e absoluto; 
§ 2ª fase: a metrópole descobre que a supressão do sentimento 
autonomista, levará ao colapso. Dá aos dominados o autogoverno 
local. Ex. Canadá (1867), Austrália (1900), África do Sul (1909) 
§ 3ª fase: Século XX. Assegura personalidade internacional as Colônias 
 
 3.3 – Ato de governo: era os típicos casos ocorridos durante a fase 
napoleônica onde Napoleão, por vontade própria, declarava a criação de diversos 
novos Estados conquistados. Pode também ser declarado por manifestação de 
vontade incontestável. 
 
 
 4 – Desenvolvimento e declínio: 
 
 O Estado, como qualquer outra instituição tem seu desenvolvimento e 
declínio. Desenvolve-se com base no civismo, na educação comum para atingir fins 
e seu declínio pode se dar de várias formas: 
 
4.1 – causas gerais: 
 4.2. – causas específicas: estão entre elas a conquista, emigração, expulsão 
e renúncia dos direitos de soberania. A conquista se dá quando o Estado, 
enfraquecido e sem a segurança de tratados com órgãos externos, sucumbe a um 
ataque que pode ser externo ou até mesmo interno, quando um grupo separatista 
o divide com interesses externos. Há o exemplo da polônia na 1ª guerra mundial16. A 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
soberania como forma de nascimento de cada estado. Na Bósnia o que houve foi uma guerra após a separação 
pelo fato de que colocaram um governo muçulmano a uma população formada em grande parte 1/3 de cristãos-
ortodoxos. 
16 Com a Terceira Divisão da Polónia, em 1795, a Prússia obteve a parte norte, a Nova Prússia Oriental 
(Neuostpreußen), incluindo Varsóvia. A Áustria tomou o Oeste da Galicia, com Cracóvia e Lublin, e a 
Rússia anexou uma enorme área do Báltico (Curlândia e Lituânia) em direcção ao sul para Volhynia, 
adquirindo as cidades de Kovno, Wilna, Grodno e Brest. 
As Guerras Napoleônicas testemunharam a Ressurreição da Polônia realizada por Napoleão e pelo 
Grão-Ducado de Varsóvia, mas após 1815 voltou a ser novamente dividida. 
A Prússia, no entanto, perdeu todas as suas obtenções da Terceira Divisão e parte da Segunda, 
ficando a Rússia em vantagem. A Áustria também perdeu para a Rússia a maior parte do espólio que 
tinha adquirido na Terceira Divisão. Cracóvia passou a ser uma república livre, em 1815, mas a Áustria 
emigração acontece quando por algum fator toda a população abandona o 
local. Ocorreu com os Helvéticos (suiços) quando Julio Cesar invadiu o país. Já a 
expulsão ocorre quando um determinado povo invade o estado, obrigando o povo 
daquele estado a se retirar daquele local. Ex. bárbaros após a queda do Império 
Romano. 
 
 Renúncia aos direitos de Soberania: ocorre quando um determinado estado, 
achando ser mais vantajoso a incorporação, abre mão de sua soberania para 
pertencer a outro Estado. É o que aconteceu com o Estado do Texas quando 
incorporou-se aos USA17. 
 
 Nascimento e extinção de Estados II 
 
Para que haja respeito aos estados, por interesses às vezes legítimos e às 
vezes não, necessário neste século a internalização de alguns princípios: 
 
- princípio das nacionalidade: após a revolução francesa a divisão arbitrária 
dos povos deixou de ser feita e passou a ser feita consequentemente pela 
identidade existente entre os povos como língua, uso, costumes, etc. Mancini 
chega a afirmar em 1951 que a toda a nação teria direito a formar um estado. 
 
Agora que você já conhece a diferença entre as teorias sobre Estado, 
Sociedade, conhece também os elementos do Estado, bem como como ele nasce 
e extingue-se, nós vamos aprender as formas de estado no próximo tópico.

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