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ESTUDOS SOCIAIS 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Máira Nunes 
Prof. Guilherme Carvalho 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Antes, estudamos aspectos da sociedade como quem a observa do alto, 
analisando diferentes grupos sociais e diferentes dinâmicas entre atores, ao 
longo de vários séculos. Agora, vamos nos aproximar das pessoas, do seu dia a 
dia e da sua cultura, aspectos que também são importantes para a sociologia. 
CONTEXTUALIZANDO 
Os processos de urbanização são fatores dos que mais influenciaram na 
mudança da sociedade e do indivíduo. Nesta aula, vamos pensar nas influências 
dessas mudanças em um nível mais pessoal. 
Em primeiro lugar, vamos falar de processos urbanos e das diferentes 
maneiras de pensar a cidade e seus processos. Será que toda cidade cresce da 
mesma maneira? Provavelmente não, mas há pontos em comum que 
aconteceram (e acontecem) com várias cidades. Esses processos, relacionados 
também à industrialização, têm impacto no meio ambiente, com consequências 
diretas e indiretas para as pessoas. 
Também vamos falar de educação, por meio da abordagem de algumas 
visões sobre seu conceito e sua utilidade; de vida cotidiana, analisando como 
nos relacionamos com outras pessoas da nossa cidade; e de aspectos culturais. 
É importante refletir sobre eles, pois muitas vezes acabam passando 
desapercebidos, já que acabam fazendo parte da nossa rotina. 
Por último, trataremos das subculturas. Vamos ver como um objeto de 
estudo aparentemente sem importância nos revela aspectos sociais 
interessantes. O foco agora é no indivíduo. 
Confira a seguir quais são os temas desta aula: 
1. Processos urbanos 
2. Impacto humano e meio ambiente 
3. Educação e formação do indivíduo 
4. Vida cotidiana 
5. Subculturas 
 
TEMA 1 – PROCESSOS URBANOS 
 
 
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Começamos esta aula com um gráfico que aponta a relação entre as 
populações urbana e rural, no mundo. 
Gráfico 1 – População mundial nos meios urbano e rural 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: World (2018). 
Perceba que, até os anos 2000, a maior parte da população do globo vivia 
em áreas rurais. A partir de então, essa proporção se inverteu, apontando um 
crescimento das populações urbanas e uma redução da população rural, como 
mostra o Gráfico 1. Os dados indicam um crescimento populacional em grandes 
centros urbanos, formando grandes cidades, também conhecidas como 
megalópoles. 
Na Grécia Antiga, Megalopolis designava a cidade-estado que era o 
centro administrativo e cultural das civilizações. Atualmente, esse termo perdeu 
um pouco dessa conotação idealista e foi retomado para designar áreas 
densamente populosas, como a Costa Leste dos Estados Unidos, que reúne 
grandes cidades como Boston, Nova York e Washington, a capital do país. 
Londres foi uma das primeiras cidades cuja população aumentou, graças 
às pessoas que iam trabalhar nas fábricas. Na maioria das grandes cidades 
europeias e nos Estados Unidos, esse processo demorou um pouco mais. Havia 
uma polarização em relação às cidades. Alguns consideravam que elas eram os 
centros culturais e financeiros, onde se concentravam riquezas e oportunidades 
para todos. Outros, viam as cidades como concentrações de pessoas que não 
se relacionavam entre si e como espaços com problemas de criminalidade e 
poluição. 
 
 
 
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Entre os anos 1920 e 1940, surgiu a base dos estudos modernos das 
cidades, na Universidade de Chicago: a “ecologia urbana”, ideia segundo a qual 
as cidades funcionavam de maneira bem similar a de um ecossistema, 
sendo que seu crescimento seguia padrões similares. 
É comum, por exemplo, que cidades se situem perto de rios, e que 
indústrias se instalem em locais de fácil acesso à matéria-prima. A população 
que trabalha nessa indústria se instala ao redor dela. Com o crescimento da 
cidade, as indústrias e o comércio se diversificam, os imóveis se valorizam e as 
pessoas passam a morar mais longe, porém, o mais próximo possível de 
estradas e/ou estações de trem, deixando o centro da cidade para o comércio e 
o entretenimento (Giddens, 2005, p. 576). 
Ou seja, de maneira resumida e generalizada, essa pode ter sido a história 
da maioria das cidades, o que resulta numa estrutura comum: 
 Um centro que combina comércio com áreas decadentes. 
 Bairros próximos para pessoas de classes cada vez mais altas, já que os 
imóveis vão se valorizando. 
 Subúrbios para a classe média. 
 Periferia para as classes mais baixas. 
Autores mais recentes que seguem a linha da ecologia urbana, como 
Amos Hawley, falam na interdependência dessas partes, de como todos esses 
setores e essas pessoas são necessários para o funcionamento das cidades. 
Vale notar uma crítica feita a esses estudiosos: eles se basearam no 
estudo de cidades dos Estados Unidos, o que pode não se aplicar a cidades em 
outros lugares do mundo. Dessa forma, é possível tomar seus conceitos como 
base, mas se deve ter o cuidado de adaptá-los a cada realidade. 
Outro aspecto abordado pela Escola de Chicago, particularmente por 
Louis Wirth, é o urbanismo como modo de vida. Wirth fala de como as relações 
sociais nos centros urbanos são efêmeras e práticas, sem serem 
necessariamente gratificantes. Elas acontecem de outras maneiras, mas 
também há lugar para a criação de comunidades, como grupos de imigrantes 
(Giddens, 2005, p. 577). 
Teóricos mais recentes, como David Harvey e Manuel Castells, afirmam 
que o urbanismo não é um processo autônomo, por isso deve ser analisado 
junto de mudanças políticas e econômicas. A cidade é constantemente 
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reestruturada, por exemplo, a partir de uma empresa que se instala em uma 
região ou que encerre suas atividades, por meio da especulação imobiliária ou, 
ainda, por múltiplos fatores. Quer um exemplo? 
Na expansão dos subúrbios que aconteceu nas cidades americanas 
depois da Segunda Guerra Mundial, além das pessoas rejeitarem viver em 
cidades (talvez pela discriminação étnica), o governo dos Estados Unidos 
concedeu benefícios fiscais às construtoras e aos compradores. 
Há também questões políticas e de movimentos sociais que buscam se 
impor, para que a cidade seja pensada a partir de suas necessidades. Em 
resumo, teóricos mais modernos dão mais importância aos habitantes da cidade 
do que à ideia da ecologia urbana, segundo a qual cidades têm um 
desenvolvimento linear que pode até ser previsto. 
Há muitos pontos a serem considerados para entender como uma cidade 
funciona: a forma com que as pessoas constroem suas redes sociais, o papel da 
política e da economia, entre outros. O ponto principal é saber combinar as 
teorias apresentadas, utilizar essas ideias para analisar nossas realidades e 
tentar entender de onde nossas cidades vêm, como estão agora, em que direção 
podem se desenvolver e quais as consequências disso. 
Leitura complementar 
“Toda cidade é única, especial. Cada cidade tem um aspecto próprio, que 
pode ser uma forte minoria étnica, podem ser diferenças religiosas, em outros 
lugares você vai encontrar diferentes ideologias políticas.” Assim começa a 
entrevista com o geógrafo David Harvey, referência em questões urbanas. 
Repare no que ele fala sobre o lugar para onde vai o capital produzido na cidade, 
sobre o conceito de “direito à cidade” e sobre por que as manifestações 
acontecem principalmente em grandes centros urbanos. Leia a entrevista de 
Harvey para o escritor Pedro Sibahi no link a seguir. 
SIBAHI, P. David Harvey fala de urbanização, alienação e movimentos sociais. 
Medium, 7 jul. 2015. Disponível em: <http://tiny.cc/7c87fz>. Acesso em: 13 nov. 
2019. 
 
TEMA 2 – IMPACTO HUMANO E MEIO AMBIENTE 
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Seja nas cidades ou no campo, a população mundial cresce cada vez 
mais. Demoramos 10 mil anos para chegar a um bilhãode pessoas e apenas 
100 anos para duplicar esse número. Durante o século XX, chegamos aos 6 
bilhões de pessoas. 
Gráfico 2 – População mundial (em bilhões de pessoas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: World (2019). 
O aumento da população mundial, somado a fatores como a 
industrialização e a globalização, acabam tendo um forte impacto na natureza e 
no meio ambiente. Nós consumimos, direta ou indiretamente, recursos naturais, 
que muitas vezes não são explorados de maneira sustentável. 
A preocupação com a questão ambiental começou a ter importância nos 
anos 1970, com a divulgação do relatório Os limites do crescimento, elaborado 
a pedido do Clube de Roma, uma organização de industriais, consultores e 
funcionários públicos. 
A conclusão desse estudo foi que as taxas de crescimento industrial não 
eram compatíveis com os recursos que o planeta oferece, além de que fatores 
sociais e naturais limitariam a capacidade do planeta de absorver as 
consequências do desenvolvimento econômico (Giddens, 2005, p. 612-613). 
Em 1987, foi divulgado um relatório da Organização das Nações Unidas 
(ONU), intitulado Nosso futuro comum, no qual é usado pela primeira vez o termo 
desenvolvimento sustentável, que defende um desenvolvimento a partir de 
recursos renováveis e um comprometimento com a proteção da biodiversidade, 
a fim de evitar a poluição. 
Ambos os relatórios foram alvo de várias críticas, mas a principal é que 
somente países desenvolvidos conseguiriam aplicar esses princípios sem 
 
 
 
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comprometer sua renda. Muitos países subdesenvolvidos dependem da 
exploração de recursos naturais para gerar riqueza. Esse comprometimento com 
políticas de desenvolvimento sustentável implicaria gerar menos riqueza e, 
portanto, manter-se na posição de país subdesenvolvido, com todas as 
consequências que isso gera, a fim de solucionar problemas causados 
principalmente por países desenvolvidos. 
Saiba mais 
A jornalista Eliane Brum entrevistou a filósofa Déborah Danowski e o 
antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. A visão deles integra ecologia, 
economia e política. É interessante particularmente o posicionamento em 
relação ao índio brasileiro e como eles conseguiam um equilíbrio ecológico que 
já não existe mais. Acesse o link a seguir e leia o texto na íntegra! 
VIVEIROS DE CASTRO, E.; DANOWSKI, D. Diálogos sobre o fim do mundo. 
Entrevista concedida à Eliane Brum. El País, 29 set. 2014. Disponível em: 
<http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/29/opinion/1412000283_365191.html>. 
Acesso em: 13 nov. 2019. 
Os problemas do meio ambiente continuam os mesmos, apesar de alguns 
deles terem outros nomes. Resumiremos aqui os considerados mais importantes 
pela ONG Deep Green Resistance (2016): 
 Aquecimento global: a mudança climática, causada pela liberação de 
gases como o dióxido de carbono na atmosfera, impacta na agricultura, 
na saúde e nos ecossistemas, afetando consequentemente a vida das 
pessoas. 
 Poluição dos oceanos: nos oceanos há cada vez mais “zonas mortas” 
causadas pela poluição: fertilizantes descartados estimulam a reprodução 
de plâncton, que consome o oxigênio da água. A fauna marinha está 
morrendo pela poluição, pela acidificação da água e pela falta de 
fitoplâncton, alimento de muitas espécies. 
 Espécies em extinção: metade das espécies estão ameaçadas de 
extinção, principalmente por consequências da atividade industrial. Mais 
de cem espécies deixam de existir a cada dia. 
 Desflorestamento e desertificação: florestas previnem erosão do solo e 
ajudam a remover gases carbônicos da atmosfera. Porém, o planeta já 
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perdeu 80% da cobertura original de florestas tropicais, e o desmatamento 
continua ao ritmo de 30 hectares por minuto. 
 Substâncias tóxicas: processos industriais estão contaminando os 
corpos das pessoas. Embora os níveis de contaminação ainda sejam 
aceitáveis, há indicadores de aumento de incidência de doenças que 
poderiam estar relacionadas a essas substâncias, que são cancerígenas, 
mutagênicas, tóxicas ou causam algum tipo de mal. 
Esses assuntos podem parecer alheios à sociologia, mas temos de 
considerar que o desenvolvimento tecnológico e industrial não aconteceu 
sozinho, e sim a partir de certas instituições sociais. Por isso, as consequências 
dos problemas ambientais incluirão também consequências sociais. Ou 
seja, para salvar o planeta são necessárias não somente mudanças 
tecnológicas, mas também mudanças sociais, como no consumo e nos meios de 
produção. 
Leitura complementar 
No livro Sociologia do consumo e indústria cultural, leia, no capítulo 
“Consumo e cidadania”, o tópico “Consumo, meio ambiente e aquecimento 
global” (páginas 213 a 215). 
SOUZA, M. Sociologia do consumo e indústria cultural. Curitiba: 
InterSaberes, 2017. 
TEMA 3 – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO 
Nos dias de hoje, parece inconcebível que haja pessoas sem acesso à 
educação, apesar de ainda existirem dificuldades. Durante vários séculos, a 
educação como conhecemos hoje não existia, isso porque saber ler era um luxo 
para poucos, e os livros, que até o século XV eram copiados à mão, eram 
raríssimos. 
Em comunidades medievais não havia a necessidade de saber ler e 
escrever. As crianças desde cedo trabalhavam com os pais e ajudavam nas 
tarefas domésticas, assim, os conhecimentos necessários para essas atividades 
eram transmitidos de pais para filhos. Na atualidade, os conhecimentos são 
aprendidos em escolas, que também têm sua função na socialização das 
pessoas e na transição do ambiente familiar para o trabalho. 
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Com a industrialização, as empresas exigiam que os funcionários 
soubessem executar as tarefas, que também ficavam cada vez mais específicas. 
Consequentemente, o conhecimento não poderia mais ser transmitido de pais 
para filhos. Na Holanda, Suíça e nos estados alemães, a educação primária já 
era obrigatória em meados do século XIX. 
3.1 Teorias da escolarização 
A questão das implicações sociais da educação pode ser pensada a partir 
de diversos autores. Aqui, apresentaremos quatro deles, citados por Giddens 
(2005, p. 514-519). 
3.1.1 Basil Bernstein (1924-2000) 
Nos anos 1970, Bernstein apresentou a teoria de que crianças criam 
diferentes maneiras de desenvolver e usar códigos linguísticos. Segundo ele: 
 Crianças mais pobres têm um discurso que pressupõe que o interlocutor 
sabe do que se está falando. Esse discurso é mais adequado para 
descrever experiências práticas e materiais. 
 Crianças de classes mais altas têm discursos menos ligados a 
experiências particulares e usam palavras adaptando-as a diferentes 
contextos. 
Uma situação típica que levaria a essas diferenças seria que as crianças 
de classes mais altas têm acesso a maiores explicações por parte de seus pais. 
Crianças mais pobres, por exemplo, seriam simplesmente proibidas de comer 
doces, enquanto crianças mais ricas teriam essa proibição justificada por uma 
explicação. 
Ter essa capacidade de abstração facilitaria a adaptação ao ambiente 
escolar. A falta dela, por outro lado, tornaria a criança menos informada e 
curiosa, o que acarretaria dificuldade em absorver os conhecimentos abstratos 
ensinados na escola. 
3.1.2 Ivan Illich (1926-2002) 
Também nos anos 1970, temos as questões levantadas por Ivan Illich, 
afirmando que as escolas, tal como as conhecemos, servem para perpetrar o 
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lugar de cada pessoa na sociedade, perpetrando em consequência a 
desigualdade social, o que ele chamava de “currículo oculto”. 
Illich defendia uma “desescolarização”, já que a educação universal, tão 
desejada, não seria possível nos moldes atuais,ainda que de forma muito 
modificada. O aprendizado ideal seria através de “redes de conhecimento”, nas 
quais cada um procuraria os conhecimentos que quisesse. As ideias de Illich 
foram resgatadas quando a internet começou a ganhar popularidade, já que seria 
uma maneira de colocá-las em prática. 
3.1.3 Pierre Bourdieu (1930-2002) 
As diferenças entre crianças pobres e ricas apontadas por Bernstein 
podem servir de partida para o terceiro teórico que apresentaremos aqui, Pierre 
Bourdieu. Ele fala em “reprodução cultural”, que seria a maneira que a escola 
perpetraria desigualdades sociais (algo similar ao conceito de “currículo oculto”, 
de Illich) particularmente entre os alunos pobres que não conseguiriam uma 
conexão com seus professores. 
O que, como demonstrado na pesquisa de Paul Willis, não quer dizer que 
crianças pobres simplesmente desistam. Elas vão se apropriar da escola à sua 
maneira, descobrindo os pontos fracos das autoridades, o suficiente para poder 
terminar os estudos e chegar ao mercado de trabalho. 
3.1.4 Paulo Freire (1921-1997) 
Ainda nos anos 1970, temos o trabalho do brasileiro Paulo Freire, 
reconhecido mundialmente. Em A pedagogia do oprimido, Freire situa a 
desumanização causada pelo opressor aos oprimidos, mostrando qual o papel 
da educação para reverter isso e para a busca da liberdade do oprimido, levando 
em consideração que o próprio sistema de educação foi concebido pelo 
“opressor”. 
O pedagogo compara o sistema tradicional de educação com um banco, 
no qual o conhecimento é apenas “depositado” nas pessoas, sem diálogos nem 
debates. Segundo Freire, cabe ao professor quebrar essas regras. Uma vez que 
os alunos entenderem sua condição de oprimidos, irão querer se libertar dela. 
Suas propostas de renovação estão resumidas no seguinte quadro: 
 
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Quadro 1 – Propostas de Paulo Freire para a educação 
 
Fonte: Medeiros (2017). 
Os métodos de Freire incluem usar “temas geradores” para fomentar o 
diálogo e quebrar o silêncio, levando em consideração as experiências dos 
alunos. Ele também aponta as diferenças entre a sua “ação dialógica” e o que 
se opõe a ela: 
Quadro 2 – Ação dialógica e ação antidialógica 
 
Fonte: Medeiros (2017). 
É importante destacar que as teorias aqui apresentadas se aplicam no 
cotidiano das diferentes realidades ao nosso redor. A dificuldade de implementar 
métodos ou tecnologias também precisa ser observada. Se essas teorias não 
forem aplicadas, e se não houver acesso a mudanças tecnológicas que 
favoreçam educadores e educandos, então não haverá melhorias. 
 
 
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Saiba mais 
O sistema educacional da Finlândia é referência mundial. Esta 
reportagem apresenta alguns aspectos desse sistema e aponta também 
algumas críticas sofridas por ele. 
O SEGREDO da educação na Finlândia. Casa da Joanna [Trans]Formação 
Educativa, 15 jul. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=0Zw94i4vVEg>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
TEMA 4 – VIDA COTIDIANA 
A sociedade não é estudada somente a partir dos grupos sociais. O 
estudo do indivíduo e da subjetividade também é importante. Uma análise macro, 
que considera a sociedade como um todo e seus contextos, é importante para 
fazer uma análise micro, ou seja, do cotidiano das pessoas nesse contexto e das 
consequências dos fatores maiores na vida de cada uma. Estudar a interação 
social em um nível pessoal diz muito sobre questões mais amplas, como os 
grupos sociais aos quais essas pessoas pertencem. 
O que fazemos no dia a dia estrutura nossas atividades, através, por 
exemplo, da rotina e da repetição. Mas as pessoas também modificam sua 
situação. É nesse mesmo cotidiano que elas vão se apropriar da realidade e do 
material, modificando-os de acordo com seus interesses e possibilidades 
(Giddens, 2005, p. 82). 
4.1 Linguagem e interações 
Um aspecto importante do cotidiano são as interações entre pessoas por 
meio de palavras, gestos, linguagem corporal ou por meio do esforço em não 
prestar atenção nas pessoas ao redor, o que Erving Goffman chama de 
desatenção civil (Giddens, 2005, p. 81). 
Essas interações são, em maior ou menor grau, construídas socialmente 
e “aprendidas” durante a socialização. Vários estudos apontam que expressões 
faciais – como sorrir ou levantar as sobrancelhas para demonstrar surpresa – 
são as mesmas entre indivíduos de diferentes culturas. Também há outros sinais 
que comunicam o que a pessoa sente e talvez não queira dizer, como quando o 
rosto fica vermelho ou quando a pessoa começa a suar devido ao nervosismo. 
 
 
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Já os gestos não são universais. O “joinha” com o polegar levantado não 
quer dizer a mesma coisa em todo o mundo. Também podemos ofender alguém 
acidentalmente caso não conheçamos o repertório de gestos de sua cultura. 
É importante analisar também a conversa. Diferentes grupos sociais têm 
repertórios distintos, que são a base para que possam ser usadas diferentes 
linguagens, gírias de diferentes épocas, termos em outros idiomas, entre outros. 
Cada pessoa também se comunicará de maneiras diferentes com pessoas de 
outros grupos sociais, como pessoas mais velhas. 
Outro fator é o contato físico. É típico de culturas do Oriente Médio que as 
pessoas fiquem mais próximas entre si. Já outras culturas podem prezar por 
manter uma distância maior, reservando gestos como abraços para situações 
mais específicas. 
4.2 A cultura do cotidiano 
Outros estudos importantes do cotidiano dizem respeito aos hábitos. 
Assim como há diferentes maneiras de interagir com pessoas, também há 
diferentes maneiras de cozinhar, trabalhar e habitar uma casa. 
Na Inglaterra, é costume colocar a máquina de lavar roupas na cozinha, 
por exemplo. Na Holanda, é comum que ela fique no banheiro, enquanto as 
casas brasileiras costumam ter um cômodo, por menor que seja, destinado 
exclusivamente para a lavação de roupas. 
As diferenças não aparecem somente entre países. Cada pessoa terá 
seus próprios hábitos e maneiras de viver, com os quais vai construindo os 
significados de cada ato e de cada objeto que ela usa. Essas atitudes do 
cotidiano podem estar relacionadas, sim, ao grupo social que a pessoa pertence, 
assim como à identidade que ela constrói para si. 
 
 
 
14 
Saiba mais 
Gestos são parte de nossa cultura e de nosso repertório. Alguns são mais 
universais que outros e muitos dos que usamos podem até ser ofensivos para 
outras culturas. Confira uma lista de gestos e suas interpretações nos diversos 
lugares do mundo: 
DO “JOINHA” à figa, gestos comuns podem ofender no exterior; saiba como 
usar. Viagem, 21 out. 2014. Disponível em: 
<http://viagem.uol.com.br/album/2014/10/21/do-joinha-a-figa-gestos-comuns-
podem-ofender-no-exterior-saiba-como-usar.htm>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
Quais outros aspectos do seu cotidiano poderiam surpreender pessoas 
de outras culturas? Você já se deparou com algum hábito que o surpreendeu? 
TEMA 5 – SUBCULTURAS 
O sociólogo Mike Brake (citado por Amaral, 2005, p. 5) aponta a 
urbanização como um ponto importante no surgimento de subculturas, 
particularmente depois da Segunda Guerra Mundial e também graças a 
transformações no comportamento, como a entrada de mulheres no mercado de 
trabalho. As subculturas, através de um sentimento de revolta, refletiriam então 
os problemas específicos de uma geração. 
Por muito tempo, as culturas “jovens” e as subculturas foram 
consideradas apenas sob o aspecto mercadológico ou talvez como uma fase 
que iria passar quando os jovens chegassem à vida adulta. Até que o Centro de 
Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham, na 
Inglaterra, lançou uma coletânea de estudos chamada Resistência através de 
rituais, em 1976. 
O objetivo era se afastar das antigas concepções do que seria a cultura 
jovem (inclusivedas dúvidas sobre se essa cultura existia) e levar a sério as 
questões culturais e de produção de significados por parte dessa parcela da 
população e dos grupos sociais aos quais ela pertencia, levando em 
consideração também as vinculações com o trabalho e as relações de 
produção e de poder (Freire Filho, 2005). 
O objetivo da escola de Birmingham era construir um retrato mais 
meticuloso das origens – sociais, culturais e econômicas – das diferentes 
subculturas juvenis. Parte dessa investigação implicava observar o uso que 
 
 
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essas pessoas faziam de artefatos da cultura de consumo, o que inclui roupas, 
acessórios, computadores, livros, revistas, bicicletas, carros, enfim, praticamente 
qualquer coisa. 
Esses artefatos, e mais especificamente o uso que fazemos deles, são a 
própria matéria-prima da nossa identidade (Mackay, 1997, p. 2). É por meio da 
reapropriação e da ressignificação que identidades, e consequentemente 
subculturas, são construídas. 
Posteriormente, houve pesquisadores que criticaram uma excessiva 
importância política que a escola de Birmingham deu às subculturas. A atitude e 
revolta de uma subcultura não teria poder diante de atores sociais mais 
poderosos, como governos e mídia. 
Para David Hebdige (citado por Freire Filho, 2005, p. 144), não seria 
possível que uma subcultura construída a partir de elementos de uma 
cultura hegemônica pudesse desafiar as relações de poder. Ainda segundo 
Hebdige, a insubordinação de pertencer a uma subcultura também implica 
reconhecer a impotência do próprio indivíduo. Sendo assim, muitas subculturas 
acabam perdendo importância e retornam ao submundo – desconhecido ou 
conhecido por poucas pessoas. 
O estilo e o aspecto estético, presentes em muitas subculturas e por vezes 
sua manifestação mais visível, também passam por várias etapas. Elas são 
reapropriadas e ressignificadas, por exemplo, pela moda, que toma para si 
elementos das subculturas, ou pela mídia, que vai espetacularizar o surgimento 
de uma “nova” subcultura, talvez até debochando dos princípios ou associando-
a a “perigos” para a sociedade. 
A pesquisadora Adriana Amaral afirma que Brake (citado por Amaral, 
2005, p. 6) propõe uma divisão em quatro grandes tipos de subcultura: 
 Juventude “respeitável”: não fazem de nenhuma subcultura um estilo 
de vida, vivem a cultura mainstream e são vistos como “conformistas”. 
 Juventude delinquente: tem relação com questões sociais. Inclui jovens 
relacionados com atividades ilegais. 
 Rebeldes culturais: tendem a ser de classes mais privilegiadas, têm 
educação formal e costumam se envolver em manifestações culturais. 
 Juventude politicamente militante: jovens envolvidos em grupos 
políticos dos mais variados, defendendo causas diversas. 
 
 
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Essas tipologias podem servir para começar a pensar certas questões 
relacionadas às subculturas. Como adverte Amaral (2005, p. 6): 
É importante ressaltar que essas tipologias se misturam entre si, 
influenciando uma a outra, sendo bastante permeáveis e sem muitas 
regras fixas, em constante transformação. O caso do punk, por 
exemplo, agrega um pouco de cada uma dessas tendências. 
Saiba mais 
Apesar dos esforços iniciados pela Escola de Birmingham, ainda hoje há 
muito preconceito com relação ao estudo de subculturas. Exemplo recente disso 
é a pesquisa sobre o funk e a representação feminina da pesquisadora Mariana 
Gomes Caetano, que foi apresentada de forma preconceituosa e sem 
informação pela apresentadora de telejornal Rachel Sheherazade, como se 
subculturas de periferia não merecessem a atenção de universidades. 
ALUNA passa em 2º lugar em mestrado com projeto sobre Valesca Popozuda – 
Rachel Sheherazade. Sistemas de Afiliados, 22 abr. 2013. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=QuKuI2edI8c>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
Estudar a sociedade não implica somente estudar o que acontece no 
mundo, considerando grupos de pessoas como se fossem homogêneos, mas 
analisando seus hábitos, o que elas consomem… enfim, estudar a cultura é parte 
importante da sociologia. 
Leitura complementar 
Leia o artigo da pesquisadora Adriana Amaral para saber mais sobre sua 
pesquisa de doutorado a respeito da subcultura cyberpunk. 
AMARAL, A. Uma breve introdução à subcultura cyberpunk. Estilo, alteridade, 
transformações e hibridismo na cibercultura. Compós, v. 3, 2005. Disponível em: 
<https://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/36>. Acesso em: 13 nov. 
2019 
TROCANDO IDEIAS 
O canal do YouTube Amor Gastronômico convidou a chef Paola Carosella 
para fazer uma receita de molho de tomate. Tanto ela como a jornalista Francine 
Lima, apresentadora do canal, têm uma preocupação com a origem dos 
alimentos. 
 
 
 
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Saiba mais 
MOLHO de tomate caseiro. Amor Gastronômico, 13 jun. 2017. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=T7xZ4QtABfU>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
Reparem na camiseta que Carosella está usando, com uma estampa que 
diz: “natureza, cozinha, cultura” – termos que podem ser relacionados com os 
assuntos abordados aqui: sustentabilidade, cotidiano, culturas. 
Nosso objetivo é partir de algo aparentemente trivial, como um molho de 
tomate, para discutir as questões abordadas nesta aula. Preste atenção nas 
observações feitas por Carosella e reflita um pouco. 
A ideia que inspirou a sugestão desse vídeo é a de pensarmos sobre 
como questões maiores, como sustentabilidade e urbanismo, relacionam-se com 
nosso cotidiano e ajudam na construção de identidades e de culturas. 
Pretendemos mostrar, também, a importância de considerar que o pessoal deve 
ser objeto de estudo da sociologia. Além de todas essas informações, você 
aprendeu a fazer molho de tomate! 
NA PRÁTICA 
A partir das reflexões feitas sobre o vídeo do molho de tomate, procure 
algum hábito seu que traga problemas para o meio ambiente e escreva um 
pequeno plano de ação para mudar esse comportamento. Pode ser algo que 
você consuma com muita frequência, algo que seja conhecido por ser poluente 
ou qualquer outro tipo de artefato. Liste as consequências positivas da sua ação, 
e pesquise sobre outras possíveis vantagens que essa mudança de hábito traria. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao fim da nossa última aula! Você se lembra de tudo que foi 
visto? 
 Começamos relembrando os processos de industrialização e 
apresentamos algumas maneiras de conceber e estudar as cidades e os 
processos pelos quais elas passam. 
 Falamos sobre como a superpopulação e a industrialização causam 
vários problemas ao meio ambiente e, em consequência, às pessoas. 
 
 
18 
 Contextualizamos o surgimento da educação formal na história e 
apresentamos algumas visões sobre para que serve a educação e os 
desafios dos modelos educativos tradicionais. 
 Falamos da vida cotidiana e de como nos relacionamos com pessoas que 
não conhecemos em ambientes urbanos. 
 Mostramos as pequenas e grandes diferenças ente o cotidiano de 
pessoas de diferentes culturas. 
 Finalmente, mostramos como as subculturas, principalmente as juvenis, 
passaram a ser levadas a sério como objeto de estudo para a sociologia. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ALUNA passa em 2º lugar em mestrado com projeto sobre Valesca Popozuda – 
Rachel Sheherazade. Sistemas de Afiliados, 22 abr. 2013. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=QuKuI2edI8c>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
AMARAL, A. Uma breve introdução à subcultura cyberpunk. Estilo, alteridade, 
transformações e hibridismo na cibercultura. Compós, v. 3, 2005. Disponível em: 
<https://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/36>. Acesso em: 13 nov. 
2019. 
DO “JOINHA” à figa, gestos comuns podem ofender no exterior; saiba como 
usar. Viagem, 21 out. 2014. Disponível em: 
<http://viagem.uol.com.br/album/2014/10/21/do-joinha-a-figa-gestos-comuns-
podem-ofender-no-exterior-saiba-como-usar.htm>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
FREIRE FILHO, J. Das subculturas àspós-subculturas juvenis: música, estilo e 
ativismo político. Contemporânea – Revista de Comunicação e Cultura, v. 3, 
n. 1, 2005. Disponível em: 
<https://portalseer.ufba.br/index.php/contemporaneaposcom/article/view/3451/2
517>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. 
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Disponível em: <http://deepgreenresistance.org/en/why-resist/ecological-
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MACKAY, H. Introduction. In: MACKAY, H. (Ed.). Consumption and Everyday 
Life. London: Sage, 1997. 
MEDEIROS, A. M. Pedagogia do oprimido. Sabedoria Política, fev. 2017. 
Disponível em: <https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/pedagogia-do-
oprimido-resenha-critica/>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
MOLHO de tomate caseiro. Amor Gastronômico, 13 jun. 2017. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=T7xZ4QtABfU>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
O SEGREDO da educação na Finlândia. Casa da Joanna [Trans]Formação 
Educativa, 15 jul. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=0Zw94i4vVEg>. Acesso em: 13 nov. 2019. 
 
 
20 
SIBAHI, P. David Harvey fala de urbanização, alienação e movimentos sociais. 
Medium, 7 jul. 2015. Disponível em: <http://tiny.cc/7c87fz>. Acesso em: 13 nov. 
2019. 
SOUZA, M. Sociologia do consumo e indústria cultural. Curitiba: 
InterSaberes, 2017. 
WORLD Urbanization Prospects 2018. United Nations, 2018. Disponível em: 
<https://population.un.org/wup/>. Acesso em: 13 nov. 2019.

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