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PRINCIPIO_ALTERUM_NON_LAEDERE

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UNIP INTERATIVA
Projeto Interativo Multidisciplinar
Atividade Prática Surpervisionada
Por:
Diego Leonardo Dias RA B8759E-9
Fabiane N. Demori RA:B8957G-1
Jacqueline Holanda Mazzucco RA: 297061-9
Agnes Macedo Arrais Dutra - RA: B89GBI-1
Eduarda Sousa Lima - RA:B3941J-3
Thais Borges Gomes de A. - RA:B69FBF-1
Max dos S. Marcondes – RA:B8752A-5
Nilson Kerton Freitas - RA: B878ID-6
Curso: Direito
4° Semestre / 5° Semestre
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a todo o corpo docente da Universidade Paulistana – Unip Campus Tatuapé -SP do Curso de Ciências Jurídicas e aos profissionais da área do Direito que dedicam sua vida para construção de um mundo melhor e mais justo.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos os professores e doutores resposáveis não só pelo conhecimento repassado ,mas também pela oportunidade impar de poder estar sempre nos testando e nos fazendo superar os próprios limites de conhecimento através das experiências trocadas com os mesmo e também há forma engajada, profissional e dedicada de todos com todos estudantes da instuição.
Nossos agradecimentos a todos que fazem parte da Bibliotéca da Universidade Paulistana – Campus Tatuapé , os demais não citados, porém não menos importantes , que nos receberam muito bem em suas instalações.
‘’Criar bem o filho é uma escolha pessoal, a qual se impõe a responsabilidade civil. Além disso, é um ato de amor responsável, que não se pode empurrar com a barriga, nem quando se está de barriga, nem quando o conteúdo da barriga foi colocado no mundo.’’
 Ida Lenir Gonçalves 
SUMÁRIO
I - PRINCIPIO ALTERUM NON LAEDERE ...................................................... 07
I.I – Introdução .................................................................................................. 07
I.II - Aspectos históricos .................................................................................. 09
II – EVOLUÇÃO DA RESPOSNSABILIDADE CIVIL ........................................ 12
III - RESPOSNABILIDADE CIVIL E O PRINCÍPIO NEMINEM ......................... 16 
III.I - A conduta do agente ................................................................................ 20
III.II - O dano sofrido pela vítima ..................................................................... 20
III.III - Nexo de causalidade entre a conduta e o dano .................................. 25
III.IV - Da dignidade humana ........................................................................... 27
III.V – Da boa-fé ................................................................................................ 30
IV. REPONSABILIDADE CIVIL CONSTITUCIONAL ....................................... 38
V. - Direito Civil Constitucional e Responsabilidade Civil ........................... 39
V.I. Evolução Democrática da Responsabilidade Civil ................................ 41
V.II PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ............................... 45
culpa
nexo causal
V.III - RESPONSABILIDADE CIVIL COMO UM TODO ..................................... 52
DANO
VI - CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS ....................................... 54
VI.I CONTRATOS COMUTATIVO ...................................................................... 54
VI. II - A comutatividade e a boa-fé ................................................................. 54
VII. CONCLUSÃO FINAL .................................................................................. 56
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................ .............................. 58
 
I - PRINCIPIO ALTERUM NON LAEDERE
I.I – Introdução
Chamado ‘’Aterum non laedere’’ ou ‘’neminem laedere’’, caracterizado, princinpalmente, pela sua atualidade e antiguidade paralelas, fato que perceberá ao decorrer dos tópicos que dizem respeito ao tema. 
O Princípio colocado em estudo provém dos ensinamentos de Ulpiano.
Eneo Domitius Ulpianus , nascido na cidade de Tiro, ano 150 a.C , Roma antiga, foi uma jurísta sem medida para o nosso ramo do direito em um vasto desenvolvimento, tais como político e um grande economista já naquela época. 
Tem como alegação jurídica esse princípio que carrega em seu ditame que:
‘’Tais são os preceitos do Direito: Viver honestamente (Honeste vivere), não ofender ninguém (Neminem laedere) e dar a cada um o que lhe percente (Suum cuique tribute)’’. 
Elencado em tais premissas fundamentaisde que em cada ser humano deve viver, para que se diminua cada vez mais a intefrência do Estado nas relações entre sí , mas principalmente para garantia de uma sociedade com mais justiça de igualdade.
No mesmo sentido desse pensamento esta a éticade uma ser humano, pois segundo o pensamento de Aristóteles em sua obra ‘’Ética a Nicomaco’’ , podemos destacar duas espécies de virtudes, as morais e também as intelectuais.
Nas virtudes morais são aquelas adiquiridas em resultado do hábito, pois não surgem em nós por natureza, mas adquirimos exercendo constantimente , como ocorre com as nas artes.
As virtudes intelectuais seria a somatória da experiência de vida e o passar do tempo, essas por sua vez são resultadodo constante ensino desses. Com as virtudes acontecera o mesmo
De forma mais sucinta, é pelos atos que praticamos, nas nossas relações uns com os outros, que nos tornamos injustos ou justos.
Sendo assim, é necessário prestar atenção aos nossos atos e a qualidade dos mesmos, tendo em vista que tudo irá depnder deles, desde a nossa juventude já existe a necessidade de nos habituar a colocar em prática atos de virtude.
Estabelcendo uma correlação entre o pensamento de Aristóteles com o de Ulpiano, da antiga Roma, e desta forma , com boas atitudes e raciocínio , na busca de novos mares, límpidos e agradáveis, onde teriamos vontade de permanecer por muito tempo.
Pois é em um ambiente onde reja a justiça o amor mútuo e a solidariedade, que o ser humano deve permanecer.
Onde manifestar afeição pelos menos desprovido de recursos financeiros e necessitados seria efetivamente realidade, onde o Estado, detentor da soberania, verdadeiramente apoiar-se nessas premissas, que devem apontar o rumo do pensamento de um ser humano.
Somente assim ele se tornaria completo, absoluto, com as virtudes baseando seu caráter, vivenciando essa experiência em sua rotina e em seus relacionamento com o próximo.
Refletindo as palavras do jurisconsulto romano podemos ver que a vida em sociedade daquela época não distância tanto assim da nossa realidade atual.
Se voltarmos mais ainda no tempo de Ulpiano, mais preciso na época Moisés, veremos que ao conduzir o povo hebreu pelo deserto por 40 (quarenta) anos, após a liberdade de escravidão do Egito, recebeu das mãos do próprio Deus os Dez mandamentos ou a Torah.
Desse dez mandamentos, seis eram destinados a organizar melhor a vida em sociedade, de acordo com o que se verifica nos Livros de Deuteronômio, capitulo V e Exôdo, capítulo XX.
Em uma outra passagem biblíca ,no Evangelho de Mateus, capitulo XXII, versículo 34 a 40, o povo fariseu questiona Jesus Cristo, sobre qual seria o principal mandamento dentre os os Dez, sendo respondido pelo Mestre com:
‘’Amarrás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. 
O segundo semelhante a este, é: Amarás o teu próximocomo a ti mesmo’’. – G.n 
Essas palavras de Jesus Cristo, nos leva a análise de que, estaremos a praticar as palavras determinadas em seu evangelho no simples fatode não práticar o mal contra o próximo, mesmo que não sejamos capazes de ama-lo. 
Então percebemos o ponto de núcleo do nosso assunto em questão destacando os dizeres: ‘’Não lesar nem ofender a outrem’’.
Essa menção as escrituras sagradas, faz com que os nossos pensamentos relembre a fala de Rui Barbosa, no seu discurso como paraninfo de sua turma de formandos em 1920, na Faculdade do Largo São Francisco:
‘’Por derradeiro, amigos da minha alma, por derradeiro, a última, a melhor lição da minha experiência. De quanto no mundo tenho visto, o resumo se abrange nestas cinco palavras: Não há justiça, onde não haja Deus.’’
As buscas de que ganharam maiores destaques no decorrer da existência humana, dentre outras, foram Justiça, Liberdade e Igualdade. Uma análise concreta do princípio aqui colocado em estudo, certamente teria feito com que o contexto da historia da humanidade (ou pelo menos em parte dele), teria sido evitadomuitos conflitos, guerras e dissabores.
Numa síntese apertada das palavras do jurisconsulto Ulpiano, como veremos mais adiante, bastaria : ‘’viver honestamente, não lesar a outrem e dar a cada um o que é seu’’.
Partindo do princípio neminem laedere, portanto, tentaremos demostrar como é importante e o tamnho de sua influência nas normas jurídicas e sociais, dando destaque para princípios basilares do Direito, tais como da Boa Fé e da Dignidade Humana.
I.II - Aspectos históricos
 
O princípio alterum non laedere, integra o Digesto 9do grego, Pandectas, promulgado em 15 de dezembro de 533), que compôe o Corpus Civillis ou Código Justinianeu, do Imperador Justiniano, datado 526.d.C., que inclui as chamadas Intitutas ou Instituições (Instituitiones), o Código (Codex) e as Novelas (Novellae Constituitiones).
Do latim digerere significa pôr em ordem, o Digesto trata-se de um conjunto de textos de jurisconsultos clássicos.
As Instituitiones, traduzindo do latin para Intituições , eram utilizadas como um manual de direito romano por estudantes de direito da cidade de Constantinopla.
E o Codex ou Código do latim ‘’Códice’’, tratave-se de uma coleção sistemática de leis e decretos imperiais. E finalmente , as Novellae Cosntituitiones, que erma as novas leis imperiais em vigor.
Encontramos o princípio alterum non laedere ou neminem laedere, três preceitos do jurisconsulto Ulpiano no Digésto.
Embora parate do Digésto, a origem dos preceitos de Ulpiano vem da Grécia nun período posterior á conquista de Roma, que absorveu a cultura Grega referente ao período helenista, sofrendo grande influência direta em sua formação.
J.CRETELLA JÚNIOR, ao abordar a questão da influência dos filósofos gregos sobre a lei romana, estáno fato de que: 
‘’os estudo sobre os textos demosntram que as noções do jurídico e do ético não encontram de forma clara estabilidade entre os jurisconsultos romanos.’’
Na mesma obra, o autor faz mençãoao jurisconsulto romano Celso, no qual define o direito como ‘’a arte do bom e do equitativo’’, demostra identificação com o raciocínio de Ulpiano, abaixo transcrito:
É, portanto, tendo em vista todo este cenário, que Ulpiano torna forte o princípio: 
Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere – ‘’Os preceitos do direito são estes: viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu.’’
Aqui está fundamentada a idéia de responsabilidade civil, que significa conforme a definição de PLACIDO E SILVA:
‘’A ninguém ofender é o que se traduz da locução latina neminem laedere, um dos três juris praecepta, insertos na Institutas de Justiniano, na exmpressão alterum non laedere ( a outrem não ofender) (...) Fundando um dever social, elementar a própria ordem jurídica, impõe, em princípio, que não se deve lesar a ninguém, respeitando os direitos alheios, como os outros devem respeitar os direitos de todos’’.
O primeiro princípio, honeste vivere, nos leva ao Estoicismos, que considerava a honestdade um bem acima dos demais.
ROGÉRIO DONNINI, assim aborda a questão:
‘’Para o Etoicismo, a virtude está acima de tudo e é imposta por todo universo, visto que a natureza dominada pela razão e esta regula a natureza do homem. Sendo assim, o que corresponde a razão prática e, dessa forma, ás concepções da ética é, simultaneamente natural’’.
Análisando os fatos chegamos a conclusão também de que, entre os gregos para ser considerado justo e correto, o homem teria de cumprir as obrigações contratuais que asumisse.
Os ditames ‘’suum cuique tribute’’ expressa o justo e o injusto, estando diretamente ligada á idéia de justiça distributiva; ações e reações, escolhas e consequências.
E novamente nos dizeres de ROGÉRIO DONNINI:
‘’A função social da justiça que Ulpiano estabelece com a vontade constante e perpétua de atribuir a cada um o que cabe utilizar os outros dois preceitos apenas para caracterizar o elemento negativo da justiça(neminem laedere) e o lemento moral (honeste vivere).’’ 
Em fim o preceito alterum non laedere ou neminem laedere, nos leva a refletir sobre a filosofia de Epicuro (Epicurismo): ‘’que considerava o direito o resultado de um compromisso de utilidade, com o escopo de os homens não se prejudicarem uns aos outros.’’
CRETELLA JÚNIOR,ao estudar direito e moral, faz referência aos ditames de Ulpiano e afirma: ‘’Ora, ‘’viver honestamente’’ é preciso ético e ‘’não prejudicar a outrem’’ interresa até certo ponto á moral’’.
Dentro deste conceito, faremos referência aos dizeres de FÁBIO KONDER COMPARATO,que os fundamentos da ética sob a ótica de Immanuel Kant, trata da vontade moralmente boa (O que fica em sintonia com o ‘’não preojudicar a outrem’’):
‘’Não como simples meio para satisfação de nossas necesidades naturais’’ (...) mas como aquela vontade ‘’da pessoa que cumpre o seu dever, não porque isso seja do seu interesse, como sustentou Adam Smith, nem porque haja uma inclinação natural para o cumprimento do dever uma simpatia em relação aos que necesitam de auxílio, por exemplo. Tal seria agir conforme o dever, mas não por dever.’’
EDUARDO C. B. BITTAR e GUILHERME ASSIS DE ALMEIDA trazem a reflexão a relação entre a ética e o poder de escolha, e colocam bem a questão no sentido de que:
‘’Sempre quando se fala em ética se está a falr em liberdade e em responsabilidade. A capacidade de correlacionar a esfera íntima de minha liberdade de autodeterminação e a responsabilidade sobre a esfera exterior dos resultados de minha ação, tem a ver com a capacidade ética desenvolvida por indivíduos dotados de ‘’phrónesis’’, de prudência, na leitura de aristótelelica.’’
Estes três princípios anexados as falas do jurisconsulto Ulpiano nos transmitem á idéia de respeito á dignidade humana e á boa fé nas relações geral social.
O preceito nos evoca, ainda, a filosofia epicurista que propõe a felicidade como bem estar social e individual, no sentido de que não causar sofrimento, reciprocamente nas relações sociais.
O professor ROGÉRIO DONNINI, alista a influência da filosofia de Epicuro, a partir das obras dos filosófos Cícero e Lucrécio, atráves do utilitarismo, pensamento ético, político e econômico dos séculos XVIII e XIX na Inglaterra, e também no contratualismo, doutrina essa que reconhece como origem ou fundamento do Estado uma convenção ou estipulação.
Assim sendo, o princípio em estudo estabelece limites á livre ação ou omissão que venha trazer prejuizos a terceiros, envolvendo, assim, a obrigação de reparação do dano cousado e também a sua prevenção.
Este pensamento, que vem muito antes do Digesto nos leva a concluir que o princípo alterum non laedere estabelece a base da responsabilidade civil da maneira como a conhecemos e aplicamos no ordenamento jurídico.
Estão, intimamente relacionadas a princípiosfundamentais do Direito, que serão abordadas a seguir, como o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o Princípio da boa fé.
II – EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Corfome mencionado no texto anterior podemos reafirmar que a base do ceito de responsabilidade civil é o princípio neminem laedere, uma vez que, á quebra de dever de ‘’não lesar a outrem’’ corresponde a obrigação de indenizar o dano causado.
Para os Romanos, quando se tratava da Lei das XII Tábuas, 450 a.C., a responsabilidade contratual ‘’nascia do latim nexum ou conexão, e da mancipium que significa escravo, com todos os incovenientes da execução pessoal do devedor.’’
O aludido autor menciona, ainda mesmo quando houve o surgimento da Lex Poetelia Papiria, do século IV a.C. ,e que proibia a execução pessoal, esta continuo a existir e renasce no Baixo Império e na Idade Média.
Essa proibição pessoal, entretanto, deu origem ao princípio pelo qual o devedor responde por suas dívidas através de seu patrimônio, e não por sua vida ou pessoal.
Chamada de Responsabilidade Aquiliana ou Responsabilidade Extracontratual , derivada da Lex Aquilia de damno, criada no século III a.C. , cuidou de estabelecer, no Direito Romano, as bases jurídicas dessa espécie de responsabilidade civil, crinado uma forma pecuniária de indenização do dano, asentada no estabelecimento de seu valor’’, conforme bem mencionado por ALVARO VILLAÇA AZEVEDO, na mesma obra supre mencionada.
ROGÉRIO DONNINI, enfatiza nesse sentido que:
‘’A noção de responsabilidade civil, anteriormente da Lex Aquilia (século II a.C.), tinha características primitivas, pois a existência de um dano acarreta a imposição de uma pena, sem qualquer análise dos fatos que poderiam gerar essa lesão. Nos Códigos de Hamurabi (aproximandamente 1.780 a.C.) e de Manu (data aproximada de 1.300 e 800 a.C) a idéia de que responsabilidade civil era rudimentar, pois a noção genérica de dano era confundida com dolo, que sempre existia na hipótese de existência de um prejuízo’’.
Outro momento de grande importância foi a primitiva aplicação da pena do Talião (‘’Olho por olho e dente por dente’’), que anda tinha em sua base a vingança particular, que se faziam justiça com as próprias mãos e com os próprios cirtérios.
A lei das XII Tábuas trazia elementos dessa penalidade e ao seu modo também mostrava tutela á lesão ou prezuízo causado a outrem. 
Segundo ALVARO VILLAÇA AZEVEDO: 
‘’A Tábua VII, Lei 11ª - De delitis – consagra-a com o seguinte texto: 
11 – Si membrum rupsit, ni cum eo pacit, talio esto (Se alguém fere a outrem, que sofra a pena do Talião, salvo se existiu acordo).’’
Continuando no regimento da Lei Aquíliana, introduz-se um novo delito civil denominado damnum injuria datum, quer dizer, ‘’prejuizo causado á coisa alheia, quelito que, á semelhança do furto, empobrece a vítima, sem, no entanto, enriquecer seu autor’’.
Dada a pertinência do tema, não podemos dispensar a precisa tradução da lição transmitida pelo autor acerca dos trê capitulos que compreendem a Lex Aquilia:
No primeiro capítulo, existia a obrigação do autor que causasse prejuízo a outrem, mandando, sem razão, animal ou escravo, de pagar multa de mesma naturaza ao mais alto valor atingido pelo mencionado escrvao ou animal no ano que antecedesse o crime.
Logo no segundo capítulo, deliberava que fosse punido o credor acessório, esse ,por sua vez denomidado adstipulador (seria uma espécie de mandatário do princípal credor), que devolvesse o pagamento da dívida ao contrário de exigi-la, em prejuízo ao princípal credor.
E finalmente, no terceiro capítulo, punia-se todos os prejuízos resultantes de depredações, incêndio, deteriorações e ferimentos produzidos, com aplicações de multas concernentes ao dano sofrido, que seria calculada no maior valor atingido pela coisa, nos trinta dias que ocorrecem anteriormente do delito.
CRETELLA JÚNIOR afirma, ainda, os elementos do damnum , no sentido de que o dano determinado nos capítulos I e II da Lei Aquiliana estabelecesse delito, era necessário que o ato tivesse sido conduzido á coisa alheia sem direito, sem razão (injuria) e que tivesse constituido um atentado material á coisa (corpori), causada de forma dirta por ato positivo material do agente (corpore).
Retornando ao pensamento de ALVARO VILLAÇA AZEVEDO, com vinculoao actio legis Aquiliae:
‘’O descumprimento das obrigação relativas a esse novo delito era sancionado pela actio legis Aquiliae, que era promovida pelo proprietário da coisa danificada contra o autor do ato ilícito que deveria pagar o dano emergente (damnum emergens) e o lucro cesante (lucrum cessans).’’
Nas palavras de ARNOLD WALD:
‘’é a partir da chamada Lex Aquilia que a responsabilidade extracontratual moderna se estrutura. Com ela surge também a figura de delito civil do dano (damnum iniuria datum).’’
Verifica-se, que, a influêcia aquiliana no ordenamento jurídico, desde o Código Civil de 1916, que já determinava no seu artigo 159, o dever de indenizar o dano causado a outrem, uma vez existente o elemento culpa, por menorque seja.
ARNOLD WALD também faz referência á influência do direito inglês e françês em se trantando do conceito de responsabilidade civil.
O autor esclarece que o Code Civil françês de 1804 simbolizou um modelo geral para as legislações modernas, incluíndo as relacionada á resposnabilidade civil.
Também faz menção as palavras de Napoleão Bonaparte: 
‘’a minha verdadeira glória não é a de ter ganho quarenta batalhas. O que ninguém destruirá, o que viverá eternamente, é o meu Código’’.
O professro WALD ressalta, também, que o Código Napoleônico é o primeiro modelo de Código Moderno e, em se tratando das numerosas modificações, ainda se mantém em vigor na França e que ‘’ influenciaram de forma decisiva as legislações vicis América Latina do século XX ’’.
A resposabilidade extracontratual (neminem laedere) está fundamentada no ‘’Code Napoleón’’ no artigo1.382: 
‘’Qualquer ação do homem que causa um dano a outrem obriga aquele que causou o dano a repará-lo’’
Já em relação ao direito inglês, declara com segurança o professor WALD na obra mencionada, que seguindo o exemplo dos outros sistemas de origem anglo-saxão, não há um princípio geral de responsabilidade civil semelhante ao Code Napoeón.
Esse conceito de responsabilidade civil nos moldes anglo saxões que apareceram sob império do formalismo dos antigos writs, ou ações judiciárias.
O professor DOMINI nesta mesma obra acima, no relata que no ssitema inglês existe o nomeado direito dos torts (danos), onde á necesidade especificar um prejuizo determinado, tendo em vista a falta de uma regra geral:
‘’Criou-se, todavia, uma obrigação vigilância, em certos casos de responsabilidade, denominada duty of care, que é a base do novo delito de negligência (negligence) (...) embora não haja uma regra geral de reparação de danos, existem mecanismos judiciais, tanto na Inglaterra como nos Estads Unidos, que se assemelham, na prática, ao sistema do neminem laedere’’.
Realizando uma análise sobre a evolução da responsnabilidade civil no âmbito do direito brasileiro, ARNOLD WALD, novamente fazendo referência, torna mais visível que a história do direito civil brasileiro é compreendidoa partir de 5 fases, quais sejam:
‘’a) do descobrimento até a codificação; 
 b) O processo de codificação civil; 
 c)A fase posterior ao Código Civil de 1916 até a Constituição Federal de 1988: 
 d)A constituição vigente e a promulgação do Código Civil de 2002; 
 e)A atual fase posterior ao Código Civil de 2002.’’
Em seguida, o autor fala sobre cada uma dessas fases e, considerando tamnha importância do conteúdo, falaremos a respeito, resumidamente.
Assim segundo o professor Wald, na primeira fase, o Brasil colônia teria se caracterizado pela utilização das Ordenações Filipinas, tendo havido uma leis e dercretos portugueses promulgados até 25 de abrilde 1821, enquanto não vigente um Código Civil.
No ano de 1830, promulgou-se o Código Criminal do Império Brasileiro, onde já se constavam algumas regras referêntes á responsabilidade civil.
A primeira medida para a criação do Código Civil, de acordo com o autor, aconteceu com a contratação, no ano de 1855, de Teixeira de Freitas, que por sua vez criou uma obra preparatória chamada de ‘’Consolidação das leis civis’’, com ‘’grande preocupação com a responsabilidade civil’’.
Em 1899, Clóvis Beviláqua inícia á obra que originou o Código Civil de 1916.
Logo após a promulgação do Código Civil, que por sua vez ‘’nascera antiquado em relação ao problema da responsabilidade civil’’, notou-se a falta de progressão legislativa referente a responsabilidade civil, de maneira que, coube a jurisprudência e a doutrina o papel de ajustes da questão para melhor solucionar os casos concretos.
Logo após a promulgação da Constituição Federal de 1988, nasce um cénario de evolução, porquanto tratou a Carta Magna da responsabilidade civil e diversos dispositivos legais, ‘’proporcionando ao intérprete deles extrair um sistema básico que oriente a legislação aplicável, em especial o Código Civil’’.
De acordo com Wald, a constituição, trás em seu artigo 5°, X, definitivamente o direito irrestrito á reparação do dano moral, com a chace de cumular o dano material.
O autor torna mais visível, que, três valores ganham destaque nas hipóteses tratadas pela Constituição e que marcam a trasnformação os tempos atuais da responsabilidade civil: ‘’ a primazia do interesse da vítima, a completa reparação do dano e a solidariedade social’’.
Destacam-se, outros diplomas sobre responsabilidade, feitos para almenta a proteção criada pela Constituição de 1988, a exemplo do Código de Defesa do Consumidor, sendo que, ‘’o Código Civil de 2002 é o resultado e complemento dessa influência constitucional’’.
Assim, o autor conclui que:
‘’O Código vigente, tendo consagrado o risco como um dos fundamentos da responsabilidade, elegeu como procupação maio e primeira a defesa da vítima e o seu direito á incolumidade e á segurnaça de seus bens, ao contrário do diploma anterior que mais se preocupava com a condutado agente do dano, para conceder ou não a reparação.’’.
Com todo conteúdo exposto acima, e conforme já citamos, evidencia-se a importância do princípio neminem laedere no âmbito da responsabilidade civil. 
A idéia de não prejudicar a outrem é o fundamento do conceito de responsabilidade civil da maneira hospedada pelo ordenamento pátrio, o que trataremos no próximo tópico.
III - RESPOSNABILIDADE CIVIL E O PRINCÍPIO NEMINEM 
Seguindo o pensamento e as palavras sobre responsabilidade de PLÁCIDO E SILVA:
‘’Provém do latim ‘‘respondere’’, tem o sentido de responsabilizar-se, vir garantindo, assegurar, assumir o cumprimento do que se obrigou ou do ato que praticou (...) A responsabilidade, portanto,em apmla significação, revela o dever jurídico, em que se coloca a cada pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas.’’
ALVARO VILLAÇA AZEVEDO, desta forma interpreta:
‘’A palavra responsabilidade descende do verbo latino ‘’resposndere’’, de spondeo, primitiva obrigaçãode natureza contratual do direito quiritário romano, pela qual o devedor se vinculava ao credornos contratos verbais, por intermédio de pergunta e resposta (spondesne mihi dare Centum? Spondeo; ou seja, prometes me dar um cento? Prometo).’’
Podemos então certificar que responsabilidade civil se define como uma obrigação de reparação, que impõe ao causador do dano, em benefício da vítima, na proporção dos danos por ela causado, tanto em ordem moral ou material. Com a impossibilidade a restituição á situção de início, tem espaço para uam fixação de indenização de forma pecuniária, havendo possibilidade de cumulação da indenizações, que provenha do mesmo ato.
O princípio neminem laedere , colocadoem estudo, nos abre janela , onde podemos ver exatamente a idéia de responsabilidade civil.
É necessário, porem, ‘’a existência de dano para que exista o dever de reparação pelo agente causador’’.
No artigo 927 do Código Civil brasileiro, disposição nuclear da responsabilidade civil em nosso ordenamento, cuja transcrição se impõe:
Art. 927. Aquele, que , por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a reparálo.
Parágrafo único: Haverá obrigação de repara o dano, independente mente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade, normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,risco ara os direitos de outrem.
Em suas anotações ao dispositivo supre, conceitua a resposabilidade civil para o ordenamento pátrio:
‘’O autor do ato ilícito, terá responsabilidade subjetiva sobre esse prejuizo que, culposamente, causou, indenizando-º Seus bens ficarão sujeitos á reparação do dano patrimonial ou moral causado (...) dever transmissível aos herdeiros, que por eles resposnderão até os limites das forças da herança.’’
Perceba que ao violar ao direito e provocação de dano a outrem nos ditames dos arts. 186 e 187 mesmo instituto, que, por sua consequência, cria a obrigação de de indenizar:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilicíto o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manisfestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Utilizaremos os ensinamentos de MARIA HELENA DINIZ, que nos adverte para relevante fato relacionado ao ato ilícito:
“Para que se configure o ato ilícito, será imprescindível que haja: a) fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b) ocorrência de um dano patrimonial ou moral; e, c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente”.
Do próprio texto legal, extraem-se, portanto, os pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam: 
1 ) a existência de uma ação ou omissão qualificada como ato ilícito (responsabilidade subjetiva); 
2 ) a verificação de culpa ou dolo (responsabilidade objetiva)
3 ) existência de um dano 
4 ) o nexo de causalidade entre o dano e a ação ou omissão do agente.
Antes de falar sobre a respeito da responsabilidade civil, julgamos oportuno falar de breves considerações acerca da subdivisão tradicional do instituto em contratual e extracontratual, esta última também denominada delitual ou aquiliana, conforme mencionado no tópico anterior.
 Em ambas há um dever jurídico cuja violação faz surgir à obrigação reparatória. A diferença entre uma e outra está na origem desse dever.
 Na responsabilidade contratual, como o próprio nome diz, a relação jurídica obrigacional entre o agente e a vítima é originária de um negócio jurídico, sendo este mesmo negócio a fonte dessa espécie de responsabilidade. “Não propriamente o negócio em si, mas sim a violação dos deveres dele decorrentes que geram o dever de indenizar (descumprimento contratual)”.
 Na responsabilidade extracontratual (aquiliana), pondera o mesmo autor, há descumprimento do próprio padrão, existindo o dever de recompensar uma vez causado o dano. 
“Justamente porque o responsável violou um dever geral de atuação de não lesar, realizado na fórmula latina do neminem laedere, que a todos se impõe (...) o agente causador do dano agiu contra os fins da própria ordem jurídica.”.
 Também é apropriado a nosso ver, referência às chamadas responsabilidade subjetiva e objetiva, cuja diferenciação tem campo na conduta do causador do dano.
 Assim, será subjetiva a responsabilidade quandobaseada na culpa em sentido amplo (culpa ou dolo) e objetiva, quando independe de qualquer erro do agente (culpa) ou mesmo a intenção de causar o dano (dolo), ou seja, o dever de compensar surge pela simples constatação do dano e o nexo causal, livrando-se da prova da culpa, neste caso, presumida.
 O Prof. ARNOLDO WALD bem observa que a obrigação subjetiva baseada na culpa figura como regra geral no ordenamento nacional, por aplicação dos referidos nos artigos. 186 e 927 do CC. É exceção, portanto, a obrigação objetiva, cuja aplicação depende de expressa previsão legal, a exemplo do que o próprio art. 927 traz em seu parágrafo único (atividade de risco), o art. 187 sobre o excesso de direito, o art. 931 com relação à obrigação dos empresários e das sociedades empresárias na qualidade de produtores, o art. 933 no que respeita aos empresários a obrigação por fato de outro, “além da responsabilidade do Estado, resultante das relações de consumo, no direito ambiental e entre outras diversas situações”.
 Pois bem. Uma vez que o princípio neminem laedere concorda ao conceito de responsabilidade civil da maneira como a enquadramos em nosso ordenamento, associado ao fato de que é necessário também uma situação de dano para que exista o dever de reparação à vítima, urgência a análise dos elementos constitutivos da responsabilidade civil, sem os quais, não se atribui realidade ao princípio em estudo.
 São, portanto, elementos ou suposição da responsabilidade civil: 
A conduta do agente; 
O dano sofrido pela vítima e; 
O nexo causal entre a conduta e o dano.
III.I - A conduta do agente
O comportamento ou ato voluntário do agente é primeira hipótese da responsabilidade civil, conceito ligado a denuncia, “porque a voluntariedade desaparece ou torna-se ineficaz quando o agente é juridicamente irresponsável”, nos dizeres de SILVIO DE SALVO VENOSA.
 ‘’ A atitude do agente, seja por ação ou omissão, deve caracterizar um ato ilícito, entendido como um comportamento que ultrapassa um dever, sendo este figura central da obrigação extracontratual.’’
 O mesmo autor acima indica que “o dever de indenizar vai repousar justamente no exame de descumprimento ao dever de conduta que compõe o ato ilícito (...) conceituação exposta no art. 186”, acima transcrito.
 III.II - O dano sofrido pela vítima
 A palavra dano é derivada do latim damnum, tendo significado geral de todo mal ou ofensa que tenha uma pessoa causado a outrem, da qual possa resultar uma deterioração ou destruição à coisa ou prejuízo a seu patrimônio.
 O Prof. WALD explica que a palavra vem etimologicamente do vocábulo latino demere, que significa tirar ou diminuir. Considera o dano como verdadeira pedra angular para a configuração da responsabilidade civil.
 
 Deste modo, é inacreditável a ideia de responsabilidade civil sem o acontecimento de um dano, ainda que existente o ato ilícito, este, por si só, não autoriza a obrigação do agente.
 ARNOLDO WALD, na mesma obra acima referida, nos lembra da única exceção prevista no ordenamento jurídico brasileiro que permite a existência de responsabilidade civil sem dano, qual seja, no campo da responsabilidade civil contratual quando o contrato prevê uma cláusula penal fixada para o caso de não cumprimento, independente da ocorrência de qualquer dano.
 Neste sentido, também, são as primeiras palavras sobre o tema de R. LIMONGI FRANÇA:
“Em meio às diversas causas eficientes da obrigação, é de se destacar-se o dano, que assim definimos: é a diminuição ou subtração causada por outrem, de um bem jurídico”.
 Nos termos do art. 402 do Código Civil, in verbis:
Art. 402. Salvo as exceções expressamente antecipado em lei, as perdas e danos devidos ao credor envolvem, além do que ele de fato perdeu o que razoavelmente deixou de lucrar.
 Do texto legal acima se extraem três condições de danos que comportam respectivo ressarcimento: dano patrimonial, emergente e lucro cessante.
 Na lição de CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA, a consequência da responsabilidade civil é o dever de reparação:
“O responsável, pela circunstancia ou não, é obrigado a restabelecer o equilíbrio rompido, indenizando o que a vítima efetivamente perdeu (dano emergente), como o que razoavelmente deixou de ganhar, além de atender às regras específicas liquidação das obrigações por ato ilícito.”
 Dano patrimonial ou material é aquele que expressa um valor econômico, sujeito de avaliação pecuniária, podendo ser reparado por quantia em dinheiro.
 Dano Emergente é aquele que a vítima de fato perdeu, implicando numa diminuição de patrimônio ou prejuízo real. O respectivo reembolso terá como objetivo a restauração do patrimônio do lesado ao estado anterior.
 Por fim, mas não menos importante, o lucro cessante refere-se àquilo que a vítima razoavelmente deixou de lucrar. Traduz numa lançamento contabilista, onde se considera o que o lesado teria recebido caso não tivesse sofrido o dano. 
 A responsabilidade civil envolve, ainda, a reparação do dano moral, sendo expressamente previsto na Constituição Federal, art. 5º, ganhando enorme dimensão uma vez inserida como ordem constitucional, embora o ordenamento jurídico, mesmo sob a égide do CC de 1916, não limita o dever de indenizar aos danos patrimoniais.
 Aliás, oportuno lembrar, neste ponto, que a Cata Magna expressamente consagra a dignidade da pessoa humana, sendo uma das teorias do Estado Democrático de Direito, disposição que afunila a relação com o princípio neminem laedere e sobre o qual abordaremos em tópico específico.
 Na mesma vertente, é o que dispõe o art. 186 do Código Civil, ao qualificar como ilícito causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral. 
 Moral ou extrapatrimonial, como chamado pelo Prof. ARNOLDO WALD, é o dano, o prejuízo que afeta a esfera psicológica, moral e intelectual da vítima.
 Ressalta o Prof. Wald, a nova e maior dimensão dada pela Carta Magna ao dano extrapatrimonial:
 “Porque a dignidade humana nada mais é do que a base de todos os valores, a essência de todos os direitos do homem (...) os direitos à honra, ao nome, à intimidade, à privacidade e à liberdade estão englobados no direito à dignidade, que constitui o verdadeiro fundamento e natureza de cada dever constitucional relativo aos direitos da pessoa humana.”
 RUDOLF VON IHERING, em sua clássica A luta pelo Direito, aborda a questão de maneira especial:
 “Não é comum interesse pecuniário que tem coragem de começar o processo, mas a dor moral que lhe causa a injustiça sofrida; não se trata para ele de recuperar simplesmente o objeto do litígio (...) mas sim de fazer valer o seu justo direito!”
 
 E conclui a questão traduzindo o verdadeiro espírito justificador da busca por reparação por dano, eminentemente, moral:
 “Diz-lhe uma voz interior que não se deve recuar, que se trata para ele, não de qualquer ninharia sem valor, mas da sua personalidade, da sua honra, do seu sentimento do direito, do respeito a si próprio; em resumo, o processo deixa de ser para ele uma simples questão de interesse, para se transformar em uma questão de dignidade e de caráter: - a afirmação ou o abandono da sua personalidade”.
 Importante mencionarmos que dano moral não se confunde com qualquer desgosto da vida e que não justifica nenhum tipo de indenização.
 O parâmetro para se verificar a existência de um dano moral indenizável, repousa no fundamento do homem médio:
 “Não se levará em conta o psiquismo do homem extremamente sensível, que se aborrece com os fatos duradouros da vida, nem do homem de pouca ou nenhuma sensibilidade, capaz de resistirsempre às crueldades do destino. (...) O sofrimento como contrariedade, reflexa da alegria é um contínuo comportamento humano universal”.
 
 Oportuno observarmos que o dano moral é, de fato, irreparável e insuscetível de avaliação pecuniária, porquanto ilimitado. O dever de indenizar a vítima, neste caso, é simples tentativa de amenizar as consequências do dano, qual seja a dor moral.
 ALVARO VILLAÇA AZEVEDO bem sintetiza a questão da reparação do dano material e moral: “lembrando que todo patrimônio se compõe de bens materiais e imateriais, quando, pelo ato errado de quem não seja seu titular, ele vier a perder-se, em uma parte ou totalmente, ocorrendo uma diminuição pecuniária, em dinheiro, o prejuízo material concretiza-se”.
 Na sequência, observa o autor que “sendo material o dano, o que importa, no Direito brasileiro, é a perquirição da existência ou não de repercussão econômica, que possa ser convertida em dinheiro (...). Se o dano for moral, para que se indenize, certamente, no Direito brasileiro, é preciso que agrida direitos da personalidade, com ou sem reflexos de perda patrimonial”.
 Como bem menciona ROGÉRIO DONNINI, o art. 5º, V, da Constituição Federal, também estabelece o direito de reposta e a respectiva indenização por dano material, moral e à imagem.
 Não apenas, o inciso XXXV do mesmo artigo, ressalta o autor, também abrange a prevenção de danos, uma vez que “completa o princípio neminem laedere, ao estabelecer o direito de ação, destina-se esse dispositivo, também, à prevenção de danos, com a determinação de que caberá ao Poder Judiciário examinar a ameaça a direito”.
 Ao estabelecer que o Judiciário também examinara a “ameaça a direito”, estende-se a obrigação civil à esfera da prevenção de danos, o que “completa o princípio neminem laedere”.
III.III - Nexo de causalidade entre a conduta e o dano
 Nexo de causalidade ou causal é o elemento de ligação existente entre a conduta do agente e o dano causado à vítima. Ausente esta relação de causalidade não haverá obrigação civil.
 Nas palavras de ARNOLDO WALD: “o conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis naturais". É um vínculo, da causa e seu efeito, relacionado á conduta com o seu resultado, diretamente ou como sua consequência previsível.
 Prossegue o autor nos seguintes termos:
 “A relação causal pode ser vista como um processo ponderado num determinado espaço-tempo que une um comportamento a um evento atribuindo-lhe responsabilidade.”
 Deste modo, o nexo de causalidade é um resultado danoso, possibilitando a identificação do agente causador do prejuízo, seja material ou moral.
 Bem observa Venosa que “a responsabilidade objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal”. 
 
 Ao tratar da questão, ROGÉRIO DONNINI também vaticina no sentido de que, para que o nexo de causalidade é pressuposto da responsabilidade civil, ou seja:
 “Para que haja o dever” de indenizar é obrigado que o dano existente seja consectário da ação ou omissão do agente, pressuposto esse que tem sido, de certa forma, relativizado, como se constata na lesão ao meio ambiente natural, diante do argumento de que a obrigação é propter rem, motivo pelo qual independentemente da prova da relação direta entre a ação ou omissão e o dano existente, responde civilmente o proprietário do bem por violação ao meio ambiente, mesmo na hipótese de não ter dado causa ao prejuízo, levado a efeito pelo proprietário anterior.
 Ainda na esfera da responsabilidade civil, impõem-se algumas considerações acerca de outros dois elementos, quais sejam, o dolo e a culpa.
 Novamente faremos referência direta ao Prof. ARNOLDO WALD que assim introduzir o tema:
 “A atuação dos indivíduos na sociedade deve ser pautada por um padrão de conduta do qual não resulte lesão a bens jurídicos alheios. É o princípio que data do direito romano: ‘neminem laedere’. Todas as pessoas devem, pois, ser cautelosas e diligentes, adotando-se como referencial um dever de cuidado objetivo definido socialmente”. 
 
 A questão novamente nos remete ao texto legal civil, art. 186:
 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
 De acordo com o dispositivo supra a culpa é ponto nuclear da responsabilidade subjetiva, abrangendo não apenas o ato ou a conduta intencional – o dolo – como também os atos ou condutas contaminadas pela negligência, imprudência ou imperícia.
 Tanto o dolo quanto a culpa estão relacionadas a uma atuação voluntária e reprovável do agente. No dolo, a conduta nasce ilegal e o agente age dotado de vontade de alcançar um resultado ilícito. Na culpa, não existe o elemento vontade na conduta danosa do agente.
 Conclui ARNOLDO WALD, no mesmo tópico acima, que: “o dolo tem por elementos a representação do resultado e a consciência da sua ilicitude. A culpa pode ser vista como o descumprimento de um dever de cuidado, que o agente deveria observar, ou a omissão de diligência exigível”. A responsabilidade civil surge, dentro do ordenamento jurídico pátrio, em face do descumprimento obrigacional e corresponde ao dever de indenizar o dano causado a outrem.
 O tópico em questão não teve a menor pretensão de esgotar toda a matéria relativa à responsabilidade civil (e não o fez), mas apenas delinear suas principais características e destacar que sua base encontra-se diretamente fundamentada no princípio neminem laedere, “não lesar a outrem” com corresponde obrigação indenizatória em caso de descumprimento do fato. Diretamente ligada à essência do alterum non laedere ou neminem laedere, estão à dignidade humana e a boa-fé, que passaremos a abordar nos próximos tópicos.
III.IV - Da dignidade humana
 O princípio da dignidade humana “é a razão de ser do Direito”.
 
 As palavras acima, provenientes de dois eminentes juristas brasileiros, certamente resumem todas aquelas que utilizaremos nas modestas considerações inseridas, não apenas em relação a este tópico.
 Isto porque, em que pesem os “interesses” que contaminam a sociedade em geral e não raras vezes, a própria Justiça, não há outro bem maior, hábil a figurar como razão de ser do Direito, que não a dignidade da pessoa, nela incluída o próprio direito à vida (digna). 
 Ousamos afirmar que qualquer tutela jurídica realizada em detrimento da dignidade humana, não é, na essência, expressão do Direito justo, baseado, portanto, no princípio neminem laedere.
 O Prof. RICARDO DIP aborda o tema sob um prisma ainda superior, ao abordar a primazia histórica do reconhecimento da dignidade humana, de acordo com a doutrina bíblica “do homem imago Dei e ao Cristo que, feito homem, é também imagem do Deus invisível”.
 A dignidade humana é considerada princípio fundador dos direitos do homem e traduz, segundo JEAN-JACQUES ISRAEL, Professor da Université de Paris XII (Faculté de Droit de Paris Saint-Maur), “a própria essência da concepção humanista da consciência universal originária de uma exigência ética fundamental”.
 O conceito de dignidade humana como o conhecemos em nosso ordenamento, em especial a partir da Constituição Federal, também mantém estreita relação com o neminem laedere.
 A ideia de dignidade humana está, ainda, diretamente ligada à concepção de direitos humanos, que, segundo o MARCOS JOSÉ GOMES CORRÊA, “são o conjunto de direitos que torna possível a existência da pessoa humana e o seu pleno desenvolvimento”.
 
 O autor, também remete a questão ao judaísmo, como propulsor no desenvolvimento dos Direitos Humanos, porquanto o homem,segundo a Bíblia, “fora criado à imagem e semelhança de Deus, daí derivando sua sacralidade e a unidade do gênero humano”.
 Conclui que a dignidade humana exige, “do alto de sua autoridade, um setor inteiro do campo do Direito: os direitos humanos, cuja missão é preservar a dignidade humana”. 
 
 ALEX. AP. RAMOS FERNANDEZ bem trata a questão, lembrando que os direitos individuais e fundamentais inseridos na Constituição Federal de 1988, são:
 
 “Pilares de sustentação do sistema a exigência de um Estado de Direito assegurando-se a cidadania, a dignidade da pessoa humana e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, sendo que a liberdade de consciência e crença compõe a estrutura desses pilares”.
 
 Não lesar outrem e a ninguém ofender, certamente correspondem a uma responsabilidade individual e social, percebida muito antes do Digesto.
 ROGÉRIO DONNINI preconiza referido dispositivo constitucional como “cláusula geral da dignidade da pessoa humana” e o conceitua como sendo:
“o respeito à dignidade de todas as pessoas, assim como sua proteção, em qualquer de suas vertentes (saúde, habitação, segurança, etc.). Sem a existência desse princípio constitucional o direito não teria qualquer significado, visto que o ser humano, como sujeito de direitos, pratica atos que, por ordem constitucional, devem estar adequados à dignidade do homem”.
 O texto constitucional não para por aí, sendo mais específico no título denominado “Dos direitos e garantias fundamentais”, art. 5º, caput: ”Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”.
 Como observa, em outra obra, o Prof. ROGÉRIO DONNINI, a dignidade humana está inserida na Magna Carta como princípio superior que proíbe ofensa física ou moral e concede proteção à vida digna, “ultrapassa a proteção prevista no art. 5º, caput, da Constituição Federal (...), com escopo de dar-lhe dignidade, respaldada no artigo subsequente, (art. 6º, caput), para propiciar uma vida com educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade, à infância e aos desamparados”.
 Conclui o autor que “isso significa a antiga e, ao mesmo tempo, atual exigência do princípio leminem laedere”.
 De acordo com HELMUT COING, o respeito pela dignidade humana deve significar, dentro do ordenamento jurídico, desde o impedimento à ofensa física até mesmo a morte de uma pessoa, porquanto, é dever do direito proteger a vida do cidadão, fato que o autor remete à observância da exigência do ‘neminem laedere’.
 Para ele, o direito privado é também determinado pelo princípio em estudo, que por sua vez deriva da justiça e do respeito pelas pessoas, impondo a proibição de violar a vida, o corpo e os direitos de outra pessoa.
 O conceito de dignidade humana sob o prisma do neminem laedere, significa também, segundo o autor, “que o direito respeita a pessoa como um ser intelectual, que lhe é dada a possibilidade de organizar sua própria vida, de determiná-la conforme a sua personalidade”.
III.V – Da boa-fé
 
 Boa-fé é a intenção pura, sem dolo ou engano com que a pessoa realiza o negócio ou executa o ato dentro do justo e do legal.
 Evidencia-se a relação de boa-fé e o princípio alterum non laedere e neminem laedere, agirá dotado de boa-fé quem “não lesar ou ofender a outrem”.
 Aristóteles aborda a questão da ética de modo a nos remeter ao disposto acima, chamando a atenção para a importância das ações humanas, porque na verdade, fazer é aprender.
           
 Assim, ressalta Aristóteles que as habilidades do homem, como as do construtor, só se desenvolvem pela prática de construir.
 Do mesmo modo também nos tornamos justos praticando ações justas, temperados, agindo com temperança, e, finalmente, tornamo-nos corajosos realizando atos de coragem, ao agir em transação com outrem, tornamo-nos justos ou injustos.
 Nesta vertente Hans Kelsen destaca ser a justiça representada como uma virtude da conduta moral das pessoas.
Como todas as virtudes, também a virtude da justiça é uma qualidade moral; e, nessa medida, a justiça pertence ao domínio da moral. Mas a qualidade ou a virtude da justiça atribuída a um indivíduo exterioriza-se na sua conduta: na sua conduta em face dos outros indivíduos, isto é, na sua conduta social. (HANS KELSEN)
 É justamente a conduta moral, social e geral o principal objeto do princípio neminem laedere.
 O Código Civil recebe a boa-fé em diversos dispositivos, sendo pressuposto jurídico em diversas situações. É também, a base diferenciadora entre o atual Código Reale e o Código Bevilaqua de 1916, mais especificamente através das disposições dos arts. 113 e 422, além do já mencionado art. 187.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
 Sobre os dispositivos acima, Maria Helena Diniz tece as seguintes anotações:
 O princípio da boa-fé está intimamente ligado não só à interpretação do negócio jurídico, pois, segundo ele, o sentido literal da linguagem não deverá prevalecer sobre a intenção inferida da declaração de vontade das partes, mas também ao interesse social da segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes devem agir com lealdade e também de conformidade com os usos do local em que o ato negocial foi por elas celebrado. (MARIA HELENA DINIZ)
 O princípio da probidade e da boa-fé está ligado não só à interpretação do contrato (...) mas também ao interesse social da segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes têm o dever de agir com honradez, lealdade e confiança recíprocas, isto é, proceder com boa-fé tanto na conclusão do contrato como em sua execução, impedindo que uma dificulte a ação da outra. (MARIA HELENA DINIZ)
 A cláusula geral contida no at. 422 do  novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes. (MARIA HELENA DINIZ)
 “[...] O princípio da boa-fé assegura o acolhimento do que é lícito e a repulsa ao ilícito, traz para a ordem jurídica um elemento de Direito Natural, que passa a integrar a norma jurídica. [...]” (ALVARO VILLAÇA AZEVEDO)
 Carlos Roberto Gonçalves, reforça a ideia de que o princípio da boa-fé exige um comportamento correto pelas partes, “não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.”
 O Código Comercial de 1850, portanto, mais de meio século anterior ao Código Civil de 1916, já previa expressamente a observância da boa-fé nas relações comerciais, conforme dispunha seu art. 131, inciso 1 e 3:
Art. 131. Sendo necessário interpretar as cláusulas do contrato, a interpretação, além das regras sobreditas,  será regulada sobre as seguintes bases: 
Inciso 1. A inteligência simples e adequada, que for mais conforme à boa-fé, e ao verdadeiro espírito e natureza do contrato, deverá sempre prevalecer à rigorosa e restrita significação das palavras;  
Inciso 3. O fato dos contraentes, posterior ao contrato, que tiver relação com o objeto principal, será a melhor explicação da vontade que as partes tiveram no ato da celebração do mesmo contrato.
 Em descompasso com que já previa o Código Comercial, o Código Civil de 1916, regulava as questões contratuais sem referência ao princípio da boa-fé.
 RogérioDonnini menciona ao contrário em A Constituição Federal e a Concepção Social do Contrato, o sistema adotado pelo Código de 1916 vinha:
 Amparado no liberalismo marcante de um período de estabilidade social, política e econômica. 
 O contrato, inegavelmente, foi, nessa época, fundamental ao grande progresso econômico mundial, em especial dos países ocidentais, ao possibilitar mais segurança nos negócios, incrementando a lei da oferta e da procura, vinculando as partes juridicamente, mas nem sempre de forma equânime, justa e ética. (ROGÉRIO DONNINI)
 Advém o Código Beviláqua, criando um modelo de relação contratual baseado no princípio do pacta sunt servanda, segundo o qual, é garantido ampla liberdade de contratação entre as partes, que assumem todas as obrigações acordadas, devendo cumprir o que foi pactuado. 
 Época do artigo a que se faz referência, tal modelo já “não mais atende às aspirações e necessidades da sociedade atual, haja vista que não se pode mais admitir uma relação contratual sem equilíbrio, iníqua, celebrada com ausência de boa-fé”.
 Portanto, percebeu-se, uma mudança no perfil do contrato traçado pelo Código Civil de 1916, antes de sua revogação pelo atual Código, no sentido de adaptar a interpretação e aplicação das disposições contratuais garantindo, uma relação justa entre os contratantes.
 Orlando Gomes advertia com relação a duas regras gerais da conduta do devedor, quais sejam: “1) o contrato deve ser executado de boa-fé; 2) no cumprimento da obrigação deve ter a diligência do bom pai de família.”
 Tem sua aplicação às obrigações contratuais o princípio da boa-fé, dado que é um corolário do postulado da fé jurada, segundo o qual todo homem deve honrar a palavra.
           
 Com maior veemência, Agostinho Alvim prevê:
 Convém acentuar que a boa-fé nem sempre implica ausência de culpa. O devedor pode, de boa-fé, violar o avençado, pela má apreciação de certos fatos, ou pela errônea interpretação do contrato. 
 Nem por isso se exonera de responder. Com efeito, se o erro for de fato, terá havido culpa, pela inadvertência ou negligência. 
 E se for de direito, erro na interpretação do contrato, equivalerá ele ao erro na interpretação da lei, e tal erro não se escusa com a boa-fé. (AGOSTINHO ALVIM)
 Em nível de legislação estrangeira, o Prof. Donnini, faz referência ao fato de que, os Códigos Civis italiano, francês e alemão, já traziam dispositivo específico referente à boa-fé:
 Não são poucas as normas da parte geral dos contratos no Codice Civile italiano que fazem referência ao princípio da boa-fé. O art. 1.366 prevê que o contrato deve ser interpretado segundo a boa-fé. 
 Quando da tratativa e responsabilidade pré-contratual, estabelece o art. 1.337: “Tratativas e responsabilidade pré-contratuais – As partes, no desenvolvimento das tratativas e na formação do contrato, devem se comportar segundo a boa-fé.” 
 Em outro artigo desse mesmo código está determinado que o contrato deve ser realizado segundo a boa-fé (art. 1.335). Na legislação peninsular, o princípio da boa-fé é considerado uma regra áurea das obrigações (art. 1.175).
 O Código Civil dispõe que os contratos devem ser executados de boa-fé. O art. 1.134 do Code Napoléon estabelece, no que se refere à execução dos contratos, o seguinte: “Elles doivent être exécutées de bonne foi".
 A lei civil substantiva tedesca (Bürgerliches Gesetzbuch – BGB) adotou expressamente o princípio da boa-fé. O §157 estatui que ‘os contratos devem ser interpretados como exigem a boa-fé e a intenção das partes determinada segundo os usos’ No mesmo sentido o § 242 do BGB reza que ‘o devedor é obrigado a efetuar sua prestação como exigem a boa-fé e a intenção das partes determinada segundo os usos.
 Guido Alpa, tratando a questão da boa-fé, especificamente a mudança positiva na aplicação do instituto, pela doutrina e jurisprudência italiana, afirma que:
 “[...] A decorrere dagli anni Settanta, grazie ai nuovi indirizzi della dotrinna, la giurisprudenza, dapprima di merito, e poi di legittimità, comincia ad applicare in modo piú frequente la clausola generale di buona fede.[...]” (GUIDO ALPA)
 Com relação ao Direito Civil alemão, Hamrriet Christiane Zitscher, ao abordar a estrutura e o caráter do BGB,  esclarece que o mesmo é marcado por dois princípios gerais: a cláusula de boa-fé (§§ 157, 242) e a dos bons costumes (§§ 138, 826).
 Segundo Hamrriet Christiane Zitscher, deparamo-nos com a importância da boa-fé para o direito alemão, porquanto trata-se de uma “cláusula que domina todo o ordenamento jurídico alemão”, cuja aplicação pressupõe um vínculo pré-existente, mas não obrigatoriamente contratual, entre aquele que invoca o princípio a quem tem o dever de comportar-se em respeito ao mesmo e “limita o exercício de direitos no caso de abuso.”      
 Menciona, a autora, as funções principais da cláusula da boa-fé, no ordenamento jurídico alemão, são:
 Oferecer um critério para determinar o modo da prestação (função de concretização), ampliar obrigações, especialmente por meio de criação de deveres acessórios (função de complemento), limitar o exercício de direitos e fornecer uma base para a aplicação do instituto de caducidade no direito alemão (função de limitação) e ter facilitada a volta do instituto pandectista cláusula rebus sic stantibus no ordenamento jurídico (função corretora). ( HAMRRIET CHRISTIANE ZITSCHER)  
 Essa disposição vem em total sintonia às assertivas de Rogério Donnini, com relação à boa-fé ainda sob a égide do Código Civil de 1916, no sentido de que:
 O princípio da autonomia da vontade não autoriza que se pactue contrariamente aos ideais de justiça. Essa é a função social do contrato, hoje enaltecida, mas que sempre deveria ter existido nas relações contratuais, pois está intimamente ligada à idéia de comutatividade ou justiça comutativa. (ROGÉRIO DONNINI)
 Para Helmut Coing, o direito privado mantém suas regras contratuais com base na justitia commutativa, utilizando-se do valor ético da lealdade. “Contratos devem ser realizados sem coação ou fraude; eles dever ser cumpridos segundo o princípio da boa-fé.”
 Ludwig Enneccerus, neste mesmo sentido, já concluí com relação à boa-fé:
 “[...] La buena fe prohibe, en primer lugar, que se cometa abuso con pretensiones jurídicas formal o aparentemente fundadas. La buena fe quiere proteger al deudor contra las exigencias impertinentes, que choquen contra el derecho y la equidad. [...]” (LUDWIG ENNECCERUS)
 Miguel Reale, ao tratar da questão da boa-fé, vaticina que:
 A boa-fé não constitui um imperativo ético abstrato, mas sim uma norma que condiciona e legitima toda a experiência jurídica, desde a interpretação dos mandamentos legais e das cláusulas contratuais até as suas últimas conseqüências. Daí a necessidade de ser ela analisada como conditio sine qua non da realização da justiça ao longo da aplicação dos dispositivos emanados das fontes do direito, legislativa, consuetudinária, jurisdicional e negocial. (MIGUEL REALE)
 O Mestre registra no mesmo artigo, que a boa-fé “apresenta dupla faceta, a objetiva e a subjetiva”. A primeira apresenta-se como uma “exigência de lealdade”, caracterizando-se como modelo objetivo de conduta social correspondente ao poder-dever de cada pessoa ajustar a própria conduta a esse modelo, “obrando como obraria uma pessoa honesta, proba e leal”. 
 A segunda corresponde a uma atitude psicológica, isto é, “uma decisão da vontade, denotando o convencimento individual da parte de obrar em conformidade com o direito.” A conduta, segundo a boa-fé objetiva, corresponde à noção de “honestidade pública”.
 É importante notar eu observaCarlos Roberto Gonçalves, que a boa-fé subjetiva já se encontrava presente no Código de 1916, como regra de interpretação do negócio jurídico.  “Serve à proteção daquele que tem consciência de estar agindo conforme o direito, apesar de ser outra a realidade”.
 Boa-fé subjetiva, significa a noção de entendimento equivocado, em erro que compromete o contratante.
 Destaca o autor supra, que é a boa-fé objetiva que constituiu inovação no Código de 2002, constituindo-se em uma norma jurídica com fundamento em um princípio geral de direito, pelo qual todos devem comporta-se com boa-fé nas relações recíprocas. Classifica-se, assim, como regra de conduta, é, portanto, fonte de direito e de obrigações.
 Conclui o autor, a boa-fé é tanto forma de conduta (subjetiva ou psicológica) como norma de comportamento (objetiva). A objetiva, fundada na honestidade, retidão, lealdade e consideração para com os interesses do outro contraente, “especialmente no sentido de não lhe sonegar informações relevantes a respeito do objeto e conteúdo do negócio”.
           
 Mario Julio de Almeida Costa coloca a questão da boa-fé em face da autonomia privada, os limites legais e a figura da Estado-juíz na solução dos conflitos.
 A consagração do princípio da boa fé implica, como melhor se verificará, uma específica valoração jurisprudencial ético-jurídica para solução do caso concreto. O acento tônico ético-valorativo coloca-se, respectivamente, no momento da feitura da lei e no momento judicial da decisão.
 O conceito de boa-fé nos moldes inseridos no ordenamento jurídico atual, impõe sua observância exatamente nos termos colocados pelo autor supra, ou seja, boa-fé nas relações sociais, boa-fé legislativa e boa-fé na aplicação da jurisdição na solução dos conflitos, evidenciando a destacada responsabilidade atribuída ao juiz no julgamento do caso concreto.
 A importância desses conceitos éticos que envolvem a figura da boa-fé coroada pelo atual Código Civil, nos remete ao escopo principal do princípio neminem laedere, cuja importância também se evidencia nas palavras de SAVIGNY:
 A essência da obrigação deve ser relacionada a duas pessoas diferentes. Para uma, ela constitui uma extensão da liberdade, o domínio sobre uma vontade estranha; para a outra, uma restrição da liberdade, a submissão a uma vontade estranha. (SAVIGNY)
 Teresa Negreiros ao analisar a diferença entre boa-fé subjetiva e objetiva, afirma que a boa-fé objetiva vai muito além dos critérios de qualificação do comportamento do sujeito, antes, impõe deveres, “constituindo-se numa autêntica norma de conduta”.
 A importância da boa-fé, como obrigação de fonte legal, nos termos do art. 422 do Código Civil, é, com propriedade peculiar, destacada por Judith Martins Costa:
 Os negociadores, conquanto ainda não vinculados por deveres de prestação, se devem, reciprocamente, o resguardo contra danos resultantes de uma violação dos deveres de proteção derivados do imperativo de agir segundo a boa-fé (art. 422) no período das tratativas. Significa dizer, portanto que, no curso das negociações preparatórias de um contrato existe entre os interessados uma relação jurídica obrigacional de fonte legal, sem deveres primários de prestação, mas que se pode revestir por deveres de proteção. (JUDITH MARTINS-COSTA)
 A autora continua abordando a questão com referência expressa ao princípio leminem laedere, conforme abaixo transcrevemos:
 Esses deveres, podendo nascer antes dos deveres de prestação, exprimem a necessidade de tomar em consideração os interesses justificados da contraparte e de adotar o comportamento que se espera de um parceiro honesto e leal de modo a fundamentar uma ‘ordem especial de proteção’ dos bens pessoais e patrimoniais das partes contratantes. Essa ‘ordem especial de proteção’ suplanta ‘o mandamento genérico de neminem laedere, aplicável à indiferenciada convivência social’, justificando-se pela existência potencial de riscos derivados da situação especial de proximidade pré-negocial. (JUDITH MARTINS-COSTA)
 Assim, inserido no Código Civil brasileiro como preceito legal, o princípio neminem laedere, com o mesmo objetivo traçado por Ulpiano.
 As disposições do Código de Defesa do Consumidor merece destaque além das disposições atuais do Código Civil, mais de uma década anterior ao atual Código -  e que trata expressamente a boa-fé objetiva, como princípio a ser seguido para harmonização dos interesses nas relações de consumo, nos moldes do art. 4º, III[121] e como critério definidor de abusividade das cláusulas contratuais, conforme disposição do art. 51, IV.
 Teresa Negreira, afirma na mesma obra acima, ter sido no sentido objetivo que a boa-fé, como cláusula geral, foi consagrada pelo CDC, sendo fundamento para declaração de nulidade a qualquer cláusula contratual que não a observe, ao analisar a inserção da boa-fé no CDC e posteriormente no Código de 2002 que:
 A consagração da boa-fé no CDC expressa uma tendência que já se fazia sentir nas tentativas de reforma do Código Civil e de elaboração de um Código das Obrigações. No novo Código Civil, a boa-fé é definida não somente como critério de interpretação da declaração da vontade (at. 113) e de valoração da abusividade no exercício dos direitos subjetivos (art. 187), mas, igualmente, como uma regra de conduta imposta aos contratantes (art. 422). (TERESA NEGREIRA)
 O art. 422 do Código Civil, acima transcrito, corresponde, ainda,  a uma “norma aberta”. Tendo por base a lealdade, confiança e probidade, princípios inseridos no referido dispositivo, “cabe ao juiz estabelecer a conduta que deveria ter sido adotada pelo contratante, naquelas circunstâncias, levando em conta ainda os usos e costumes.(...) Se houver contrariedade a conduta é ilícita porque violou a cláusula da boa-fé”.
 Na mesma vertente, Rogério Donnini ao tratar da boa-fé objetiva, ressalta que a mesma imposição de comportamento honesto, correto, ético, equilibrado, não apenas nas relações contratuais, mas em qualquer outra relação jurídica, nos termos do art. 422 do Código Civil, se repete no art. 4º, III do Código de Defesa do Consumidor.
 Trata-se de verdadeira cláusula geral, e não mero princípio. Infere-se, portanto, que a cláusula geral de probidade e boa-fé determina um comportamento ético, correto, segundo a moral, não somente nas relações contratuais, mas em todas as relações jurídicas. (ROGÉRIO DONNINI)
 Gustavo Tepedino ao tratar das inovações introduzidas pelo Código de Defesa do Consumidor, ressalta que todos os dispositivos protetivos expressam e dão concretude a princípios como o da boa-fé objetiva, do equilíbrio das prestações e da vulnerabilidade. Segundo o autor:
 O princípio da boa-fé objetiva revela-se em um conjunto de deveres anexos ao regulamento contratual, aplicável às fases pré-contratual, contratual e pós-contratual (...) exige dos contratantes transparência e lealdade (...) se apresentaria como norma de comportamento, impondo tanto deveres positivos (colaboração, informação), como deveres negativos (lealdade, sigilo). (GUSTAVO TEPEDINO)
 Podemos afirmar que todas as disposições acima nos remetem a idéia central de “a ninguém ofender”, “não lesar a outrem”, expressas pelo princípio neminem laedere em estudo.
VI. REPONSABILIDADE CIVIL CONSTITUCIONAL
 No mundo, nas pessoas, e também no Direito, tudo mudou e está mudando.
            
 A complexidade da sociedade pós-moderna, tecnológica e globalizada, impôs profundas e vastas mudanças na Responsabilidade Civil quando levou aos tribunais um sem-número de questões completamente desconhecidas às eras anteriores. 
 A responsabilidade civil modificou tanto que o estudioso dos manuais mais egrégios tenderá a buscar outro nome para o estágioatual da ciência.
 No entanto, as mudanças mais relevantes não se operaram nas normas, mas nas formas de interpretá-las e aplicá-las e principalmente, nos anseios sociais levados aos tribunais. 
 A jurisprudência foi a que mais inovou neste ramo do Direito, até porque os grandes motivadores da evolução da responsabilidade civil, como se disse, foram os casos práticos e não decisões políticas. 
 A releitura das normas trouxe soluções novas e complexas para litígios cada vez mais perplexos. Assim, de hard case em hard case construiu-se uma ciência “nova”  com o mesmo nome: responsabilidade civil.
 Indenizações punitivas? Danos morais em direito de família? Danos coletivos? Danos ambientais e teoria do risco absoluto? Limites da responsabilidade estatal? Direito médico? Seguros obrigatórios? Previdência social? Prevenção contra lesões? Diluição dos danos? Esses são alguns problemas que o operador da responsabilidade civil só poderá resolver se atento aos novos contornos desta ciência. 
 Tornou-se necessário realizar um novo estudo, mais sistemático, mais social e preocupado com a dignidade da pessoa humana, um estudo constitucionalizado da responsabilidade civil.
        
 Não é pretendido esgotar a responsabilidade civil-constitucional, mas apenas oferecer um singelo subsídio para quem pretenda aprofundar-se nos estudos, uma espécie de roteiro, com a apresentação do principais conceitos e bibliografia.
Primeiro será realizado uma breve excursão sobre a constitucionalização do direito civil. 
 Em seguida empreender-se uma breve análise histórica das ideologias que vieram formando a responsabilidade civil ao longo dos tempos, sem prestar acuro a ordem cronológica, buscaremos demonstrar a legitimidade do atual estágio da ciência. 
          
 E finalmente, atentaremos aos conceitos atuais dos pressupostos da responsabilidade civil: culpa, dano e nexo causal. 
V - Direito Civil Constitucional e Responsabilidade Civil
 "[...] O código civil de 2002 trouxe menos mudanças do que prometera, recebe mais críticas do que louvores e foi menos ousado do que a sociedade em si [...]". (FACHIN, 2008. TEPEDINO, 2008).
 Não foi empecilho para a evolução do Direito Civil a discrição do legislador, no entanto,  ao revês, a realidade social tem impulsionado intensamente a doutrina e a jurisprudência ao levar aos tribunais as questões mais variadas que o mundo pós-moderno é capaz de gerar.
 A precariedade aparentemente do codicista frente a problemática social contemporânea fez a doutrina mais atenta acabar com o positivismo. 
 Na maioria dos países como no Brasil o legalistas, a via de ligação entre  o Direito e a vida foi a abertura do ordenamento jurídico aos princípios, às cláusulas gerais, ao diálogo das fontes e, principalmente, à constitucionalização do direito. 
 Na Constituição o centro unificador do ordenamento jurídico fazendo incidir suas normas e seus valores direta ou indiretamente sobre o direito privado transformou-se no método de criação de um Direito Civil legítimo, atual, eficaz, verdadeiro e consentâneo com os problemas sociais que se pretende mitigar.
 Pierlingieri, um dos principais responsáveis pela propagação do direito civil constitucional, resumiu com primazia a que se propõe o direito civil-constitucional da seguinte forma:
 Para o civilista Pierlingieri apresenta-se um amplo e sugestivo programa de investigação que se proponha à atuação de objetivos qualificados: individuar um sistema do direito civil mais harmonizado aos princípios fundamentais e, em especial, às necessidades existenciais da pessoa; redefinir o fundamento e a extensão dos institutos jurídicos e, principalmente, daqueles civilísticos, evidenciando os seus perfis funcionais, numa tentativa de revitalização de cada normativa à luz de um renovado juízo de valor (giudizio di meritevolezza); verificar e adaptar as técnicas e as noções tradicionais (da situação subjetiva à relação jurídica, da capacidade de exercício à legitimação, etc.), em um esforço de modernização dos instrumentos e, em especial, da teoria da interpretação. (2007, p. 12)
 Ao propor ser o Direito Civil servo da Constituição Federal, pugna-se por uma direito privado preocupado com os direitos fundamentais do indivíduo, mas também com a funcionalização social de cada interesse jurídico; direciona a atividade dos brasileiros na defesa da dignidade humana e na prevalência dos direitos humanos, mas também, no desenvolvimento nacional, na redução de desigualdades, na erradicação da pobreza e da marginalização, e na construção de uma sociedade justa, livre solidária e plural:
 Assim, deve o direito civil contemporâneo, com efeito, ser concebido como serviço da vida, não para repor em cena o individualismo do século passado, mas para se afastar do tecnicismo e do neutralismo, aproximando-se da pessoa humana e suas expectativas, vinculadas à um realidade histórica concreta de seu tempo. (LOMEU. 2008. p.13)
 Uma vez que Código Civil de 2002 foi elaborado sob o ranço do positivismo/individualista,  aplicar suas normas sem limitá-las ou interpretá-las de acordo com a Constituição Federal é, hoje, produzir um direito sem legitimidade e inócuo.
 Em nossas terras, o direito civil-constitucional tem se propagado progressivamente, principalmente pelos estudos dos civilistas, como reconhecem os constitucionalistas Barroso (2009) e Sarmento (2010).
 Tepedino (2008), Moraes (2010), Fachin (2008) e Lôbo (2010) são civilistas brasileiros de grande importância para a constitucionalização do Direito.
 As facetas dessa metodologia de realização do Direito são variadas e complexas, tanto quanto os problemas que se pretende resolver. 
 Mas é claro que a constitucionalização do Direito Civil fez vertiginoso giro teórico e prático da Responsabilidade Civil, até mesmo a função social da reparação é hoje outra:
 O princípio da proteção humana, determinando constitucionalmente, gerou no sistema particular da responsabilidade civil a sistemática extensão da tutela da pessoa da vítima, em detrimento do objetivo anterior de punição do responsável. (MORAES, 2010, p. 323).
 É essencial a releitura da responsabilidade civil, sob o aspecto civil-constitucional, assim será possível atender às demandas por indenizações com justiça, efetiva proteção à pessoa humana e respeito ao ordenamento jurídico fundado na Constituição Federal, mormente diante da complexidade social a que alçou-se.
 A partir de agora, pouco se falará na constitucionalização do direito civil, mas todo o escrito pretende-se imiscuído nessa sistemática. 
Quanto a solidariedade, esse verdadeiro pomo de ouro da Constituição do Brasil será amplamente trabalhado, por ser o  princípio mais relevante para as alterações da responsabilidade civil.
V.I. Evolução Democrática da Responsabilidade Civil.
 
 
 A responsabilidade civil e buscando a reparação de danos, certamente iniciaram-se junto com a ciência jurídica e com esta veio caminhando ao longo dos séculos. 
 Não obstante, logo depois a Revolução Francesa e com o Código de Napoleão que o tema ganhou matizes vivas.
 Não era outro, a próprio, momento melhor. Justamente quando a autorização se tornou refrão do Direito e razão de sua presença que a responsabilidade civil encontra a graça dos estudiosos e dos cidadãos. 
 Fora esta a forma encontrada para frear o homem da época que, incendiado pelos valores das liberdades econômica, política e social, precisava compreender que seus atos, embora livres, eram responsáveis pelos danos que por desventura causassem. 
 
 Certamente, mais conveniente do que criar normas restritivas e proibitivas, era reforçar a responsabilidade

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