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ÉTICA EMPRESARIAL E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

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07/08/2022 09:44 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/19
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA EMPRESARIAL E
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
AULA 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
07/08/2022 09:44 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/19
 
 
Prof.ª Olívia Carolina de Resende
CONVERSA INICIAL
Você já se perguntou como seria viver em uma sociedade na qual cada indivíduo faz o que bem
entende, da maneira que pensa ser melhor para si próprio, ou faz apenas aquilo que lhe traz
benefício sem pensar no outro ou nas consequências que suas atitudes trazem para a vida de outro
indivíduo? Ou como seria uma sociedade em que as pessoas em suas atitudes e ações individuais
pensem no coletivo, no outro, na comunidade, antes de fazer algo? Em uma sociedade com equidade
e harmonia?
Nesta aula, vamos discutir esses questionamentos na sociedade ao longo do tempo e o
desenvolvimento de teorias que tentam contribuir para que a vida em comunidade seja boa para
todos, com ética, moral e direitos de cada cidadão.
Vamos começar? Bons estudos!
CONTEXTUALIZANDO
Para o convívio em sociedade, a Ética é um assunto importante e cada dia mais difundido e
necessário. São frequentes as queixas acerca da falta de ética na sociedade, na política, nas empresas
e até mesmo nos meios culturais e religiosos.
Segundo Alencastro (1997), na sociedade contemporânea valorizam-se comportamentos que
praticamente excluem qualquer possibilidade de cultivo de relações éticas, como o consumo. Para o
autor, é fácil verificar que o desejo obsessivo na obtenção, possessão e consumo da maior
quantidade possível de bens materiais é o valor central na nova ordem estabelecida no mundo e que
o prestígio social é concedido para quem consegue esses bens. Na contramão de atitudes éticas que
respeitem a individualidade, o companheirismo, entre outros, o sucesso material passou a ser
sinônimo de sucesso social e o êxito pessoal devendo ser adquirido a qualquer custo. Prevalece o
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desprezo ao tradicional, o culto à massificação e mediocridade que não ameaçam e que permitem a
manipulação fácil das pessoas.
Por exemplo, em uma sociedade cada vez mais inserida em redes sociais através da internet, fica
nítido o que o professor e autor Mário Alencastro afirmou em 1997, quando o acesso à internet
estava começando no Brasil. Nessa sociedade hoje conectada, podemos perceber indivíduos
alienados, agressivos, que prezam o ter e muito pouco o ser, ostentando nas redes sociais, viagens,
festas, coisas, fruto da busca por “curtidas”.
Nesta aula, buscaremos refletir sobre a etimologia, o conceito e como se desenvolveram os
estudos da ética ao longo dos tempos, apresentando os principais filósofos que se preocuparam com
o assunto. Além disso, apresentaremos a sociedade contemporânea e suas transformações sob um
olhar ético, analisando os atores sociais presentes, seus conflitos, interesses, valores e
posicionamentos ideológicos e discutiremos os dilemas éticos. Para tanto, buscaremos responder as
seguintes perguntas:
O que é ética e o que é moral?
O que é ser essencialmente humano?
A ética faz diferença na vida dos indivíduos?
Para responder a estas e outras perguntas, começaremos abordando a distinção entre ética e
moral e alguns aspectos filosóficos e históricos sobre a ética.
TEMA 1 - ETIMOLOGIA, HISTORICIDADE E O CONCEITO DE ÉTICA
O que quer dizer ética?
Posso dizer que ética é igual à moral?
A palavra ética pode ter duas origens distintas e são abordadas por diferentes autores. A
primeira é a palavra grega “ethos”, com “e“ curto, que pode ser traduzida por “costume”. Em
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contrapartida, a segunda também se escreve “ethos”, porém, o “e” é longo e tem o significado de
“propriedade de caráter”. As duas são importantes e contribuem para o que abordaremos nesta aula.
Na Roma antiga, o termo foi traduzido do grego “ethos” para o latim “mos” (ou no plural
“mores”), que expressa costume, dando origem à palavra moral. A primeira que pode ser traduzida
como costume, entende-se que serviu de base para a tradução latina de Moral. Já no que diz respeito
à segunda, propriedade de caráter é o que de alguma forma orienta a utilização atual que tem a
palavra Ética (MOORE,1975, p. 4).
Percebe-se, portanto, que tanto “ethos” (caráter) quanto “mos” (costume) referem-se ao
comportamento propriamente humano. Destarte, ética e moral, segundo sua etimologia e
historicidade, estão relacionadas a uma realidade essencialmente humana, construída de forma social
nas relações entre os seres humanos, norteando toda a vida em sociedade, desde o nascimento até a
morte.
“Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom” (MOORE, 1975).
Podemos também expor a definição de Motta (1984) sobre a ética, que para o autor pode ser
entendida como um bloco de valores que conduz o comportamento humano na sociedade, com fins
de garantir o bem-estar geral.
Segundo Cortella (2007), ética é um conjunto de valores e princípios que as pessoas usam para
decidir três grandes questões importantes, que são: quero, devo e posso. Ética é o conjunto de
valores apropriados para cada indivíduo, a fim de definir essas questões e os princípios da sociedade,
sendo esses valores religiosos ou não, por meio de padronizações.
Portanto, segundo a etimologia e historicidade das palavras ética e moral, ambas estão
relacionadas a uma realidade essencialmente de percepção da conduta humana, suscetível de
qualificação do ponto de vista do bem e do mal. Mas mesmo que haja uma relação entre ética e
moral, essa relação não iguala as duas terminologias, sendo ética diferente de moral.
A moral que aqui abordamos tem sua base na obediência a normas, mandamentos, costumes e
tabus, em uma dimensão um pouco mais religiosa. E a ética busca dar fundamento ao bom modo de
viver, entre humanos em sociedade.
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No estudo da filosofia clássica com relação à etimologia da palavra ética, vemos que essa
terminologia não se resumia ao conceito de moral (entendida como "costume" ou "hábito", vindo do
latim “mos”, ou do plural “mores”), pois investigava a fundamentação teórica para encontrar o melhor
modo de viver e conviver em sociedade, ou seja, procurava um melhor estilo de vida dentro da
sociedade, tanto na vida pessoal quanto na vida pública.
A filosofia moral ou a ética nasce quando, além das questões sobre os costumes, também se
busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e a consciência moral individuais”
(CHAUI, 2008, p.310).
Assim, o estudo da ética incluía diversas disciplinas que não eram contempladas no estudo da
física, da retórica, da dialética nem da estética e da lógica. Portanto, a ética ganhava abrangência nos
mais diversos campos filosóficos, os quais hoje conhecemos como: psicologia, pedagogia,
antropologia, sociologia, entre outros. São áreas que estão direta ou indiretamente ligadas à nossa
maneira de viver e ao nosso estilo de vida.
Devemos ter cuidado para não confundir ética com lei, mesmo que, geralmente, a lei encontre
na ética suas bases e seus princípios.
Com a moral e a ética instaurou-se também o direito, que são as regras obrigatórias de
determinada sociedade. Para entendermos melhor, vamos analisar as relações entre a Ética, a Moral e
o Direito, determinando a ação do indivíduo.
Figura 1 – Relações entre a Ética, a Moral e o Direito
Fonte: Adaptado do site da UFRGS. Disponível em <http://www.ufrgs.br/bioetica/fundamen.htm> Acesso em 13/04/2016.
Pense por um momento no local onde você trabalha: alguém fundou essa empresa (e esse
alguém pode ter sido você mesmo, caso seja autônomo ou empresário), que hoje atende uma série
de clientes, lida com diversos fornecedores e consegue gerar receita. Essa receita paga salários que
serão usados para comprar outras coisase pagar por outras contas, gerando receita também para
outras pessoas. Assim, no local em que você trabalha, existe a preocupação ética de todos os
envolvidos no processo? Ou seja, o que justifica a ação? Ou apenas a preocupação moral, por
adesão? Ou apenas se cumprem as leis do direito, as regras obrigatórias? Tanto a ética e a moral
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quanto o direito estão intimamente ligados à ação do indivíduo. Adiante, entenderemos um pouco
mais das caraterísticas e focos da ação ética.
TEMA 2 - ASPECTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS SOBRE A ÉTICA
Dentro dos aspectos filosóficos e históricos sobre a ética, podemos entender que surgem teorias
éticas em diferentes sociedades como resposta aos dilemas das relações entre as pessoas. Segundo
Mário Alencastro (2013), na condição de indivíduos, os humanos realizam sua existência na
convivência com os outros, pois, já ao nascerem encontram-se sempre diante de uma comunidade já
constituída, e para seu desenvolvimento não podem dispensar o apoio dessa comunidade
(ALENCASTRO, 2013, p. 29).
Assim, o estudo da ética não é novo, sua historicidade é marcada por fatores importantes,
através dos quais se percebem diversas condições morais em inúmeros dados do passado, com forte
apelo na contemporaneidade. Alencastro (2013) afirma que, já na Grécia Clássica, Sócrates (470-399
a.C.) afirmava que a pergunta “como devemos viver nossas vidas?” era a principal questão a ser
respondida pela filosofia. Assim, um dos pontos fundamentais da historicidade da ética está na
Grécia Antiga, com as teorias dos séculos IV e V a.C. Continue a leitura para saber mais sobre elas!
PÓLIS, CIDADE-ESTADO
A pólis foi uma importante forma de organização, conhecida como cidade-estado, e que
motivou entre os gregos a formação de experiências políticas e sociais das mais diversas. O
surgimento da pólis marca um dos mais importantes aspectos do desenvolvimento da civilização
grega.
Nas pólis, os cidadãos viviam e participavam de forma ativa na vida das pessoas, dando início a
uma dimensão mais clara de sociedade, que seria a base da civilização ocidental, sendo um modelo
das antigas cidades gregas. Marcou o início da organização política, desde o período arcaico até o
período clássico. O que significava naquela época, para o grego, viver em uma pólis?
Segundo Moraes (2012), significava poder conviver com os outros da maneira mais livre possível.
O cidadão grego que vivia na pólis não deveria se ocupar com a sua sobrevivência. Por outro lado,
viver em uma pólis significava, positivamente, viver entre iguais. Isso indica que ninguém estava
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obrigado a prestar reverência a ninguém, que ninguém necessita colocar-se a serviço de ninguém, a
não ser em época de guerra. Isso fazia com que todos os assuntos fossem tratados por meio do
diálogo e da persuasão. Essas duas condições são até hoje dificílimas de serem satisfeitas em
qualquer época histórica.
OS SOFISTAS
Foram os sofistas que quebraram com a tradição pré-socrática dos filósofos da natureza e
iniciam ataques e críticas aos costumes e tradições até então praticados na sociedade ateniense. Para
eles, o ser humano não deve se moldar a padrões externos de beleza, de comportamento, de
crenças. O homem só deve se moldar a sua própria personalidade, ou seja, a sua liberdade. Para os
sofistas, a moral e a lei somente serviam para bloquear o livre desenvolvimento do homem.
Os sofistas foram os primeiros a defender a filosofia do relativismo, negando a existência da
verdade absoluta. Além disso, também criticavam tudo aquilo que não era natural ao ser humano.
Para eles, a existência das leis e do Estado eram algo completamente antinatural ao homem e,
portanto, deveria ser destruído. Para os sofistas, o que existe são opiniões boas e más, melhores e
piores, mas jamais falsas e verdadeiras. Assim, a ética também não é absoluta e, sim, relativa,
segundo a qual, o valor mais elevado para qualquer cidadão era atingir o prazer supremo. Os sofistas
consideravam que a ética não passava de mera convenção social.
SÓCRATES
Sócrates é considerado o “pai da ética”, pois revelou uma necessidade de se refletir, de forma
sistemática, sobre conceitos que antes eram dados de forma automática, como o bem, a virtude a
justiça.
Para Sócrates, a identidade entre os interesses individuais e os comunitários era o caminho para
a felicidade. Defendia a moderação dos apetites, a busca pelo conhecimento e a bondade como um
dom que merecia ser valorizado.
Sócrates trouxe à tona os ideais de uma cidade que fosse moralmente perfeita. Isso incluía
harmonia entre os diversos interesses, tanto individuais quanto coletivos. Assim, entendia que os
princípios éticos que deveriam reger as instituições eram aqueles que continham elevados valores de
cidadania.
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Os sofistas defendiam o relativismo, Sócrates, ao contrário, defendia a ideia de valores eternos.
Suas pesquisas iniciais giraram em torno do núcleo da alma humana. Para ele, todas as pessoas
tinham a obrigação de procurar o conhecimento, pois dotadas de conhecimento acerca do bem e do
mal, buscam fazer o bem, sendo justas umas com as outras e vivendo em sociedades regidas pelos
valores éticos.
PLATÃO
Platão foi adepto de Sócrates e mestre de Aristóteles, sendo um dos principais filósofos gregos
da Antiguidade. Defendia o bem como valor supremo e afirmava que as pessoas deveriam ir em
busca da razão, desprezando seus instintos e paixões.
Em uma época de mudanças, entre os valores antigos e um novo mundo que emergia, Platão
conseguiu absorver e gerar uma riqueza de ideias sem igual. Abordava os mais diversos temas, com a
força da paixão e da criatividade artística sem levar muito em conta a lucidez da razão.
Para o filósofo, a sociedade então vigente deveria ser reorganizada e o poder confiado aos
sábios, evitando, portanto, que a ignorância prevalecesse e corrompesse as almas, sendo assim
dominadas pelos instintos e paixões.
ARISTÓTELES
Na medida em que seu mestre Platão trabalhava com construções sociais imaginárias, utópicas,
por projeções sobre qual o melhor futuro para a humanidade, Aristóteles tratou das coisas reais, dos
sistemas políticos existentes na sua época. Assim, os revolucionários e doutrinários da sociedade
perfeita foram inspirados por Platão, já os grandes juristas e pensadores políticos, mais inclinados à
ciência e ao realismo, foram influenciados por Aristóteles. Como Platão, Aristóteles apresentou a
necessidade de “reorganizar a sociedade”. Deste modo, a ética e a política caminhariam sempre
juntas.
Para Aristóteles, o homem tem por finalidade a busca pela felicidade e apresentou a questão do
valor supremo da felicidade. Para tal, o indivíduo deveria seguir sua própria natureza, evitando os
exageros, caminhando pela justa medida, uma vez que nenhuma pessoa consegue ser feliz sozinha.
Saiba mais
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Entenda um pouco mais dos aspectos filosóficos e históricos sobre a ética com os vídeos a
seguir:
<https://www.youtube.com/watch?v=809bdDKp1BA>
<https://www.youtube.com/watch?v=tL36cKPQzsw>
<https://www.youtube.com/watch?v=kkHJce9-oLE>
TEMA 3 - ÉTICA E MORAL SOCIAL, ÉTICA E VALORES HUMANOS
Iniciaremos este tema expondo a anedota que a professora Andréa Vieira Zanella escreveu em
seu artigo intitulado Reflexões sobre a pesquisa em psicologia, método(s) e “alguma” ética.
A professora expõe a seguinte pergunta: “por que o frango cruzou a estrada?” e nos apresenta
respostas, advindas de interlocutores variados espacialmente e temporalmente.
Para Zanella (2008), assim respondem:
Professora primária: “Porque queria chegar do outro lado da estrada”.
Poliana: “Porque estava feliz”.
Platão: “Porque buscava alcançar o bem”.
Aristóteles: “É da naturezados frangos cruzar a estrada”.
Nelson Rodrigues: “Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado”.
Marx: “O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de
cruzarem a estrada”.
Moisés: “Uma voz vinda do céu bradou ao frango: “Cruza a estrada!” E o frango cruzou a
estrada e todos se regozijaram”.
Maquiavel: “O frango cruzou a estrada. A quem importa o porquê? Estabelecido o fim de cruzar
a estrada, é irrelevante discutir os meios que usou para isso”.
Darwin: “Ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm sido selecionados
naturalmente, de modo que, agora, têm uma predisposição genética a cruzarem estradas”.
Einstein: “Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, depende do ponto
de vista. Tudo é relativo”.
https://www.youtube.com/watch?v=809bdDKp1BA
https://www.youtube.com/watch?v=tL36cKPQzsw
https://www.youtube.com/watch?v=kkHJce9-oLE
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Kant: “O frango seguiu apenas o imperativo categórico próprio dos frangos. É uma questão de
razão prática”.
ACM: “Estava tentando fugir, mas já tenho um dossiê pronto, comprovando que aquele frango
pertence a Jorge Amado. Quem o pegar vai ter que se ver comigo!”.
Sócrates: “Tudo o que sei é que nada sei”.
Dorival Caymmi: “Eu acho (pausa)... — Amália, vai lá ver pra onde vai esse frango pra mim,
minha filha, que o moço aqui tá querendo saber”.
Nesta anedota que a Professora Andréa escreveu, fica claro que diante de uma ação, pessoas em
diferentes lugares e tempos, pensam diferente.
Assim como vimos, questões éticas são discutidas a séculos e hoje a discussão ainda é forte.
Com acesso à internet e mídias sociais, os indivíduos julgam as situações conforme o que acreditam,
dentro do que lhes é colocado em distintas situações. Cabem aqui algumas perguntas:
Nos dias atuais, fala-se muito em ética. Você sabe por quê?
Há distinção entre ética e moral?
A ética e/ou moral afetam nosso cotidiano?
Pode-se entender a ética como uma reflexão sobre o agir humano e abarca a moral, pois lhe é
mais ampla. A ética existe como referência para os indivíduos que vivem em uma determinada
sociedade, possibilitando que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana. Assim, o indivíduo
deve possuir um senso ético, pois como humanos, vivemos em comunidade e somos continuamente
avaliados e julgados por nós mesmos e pelos outros, a fim de identificar em nossas ações atitudes
boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
A moral é a regulação dos valores e comportamentos considerados legítimos por uma
determinada sociedade, um povo, uma religião, tradição cultural etc. Estabelece os valores efetivos a
serem seguidos por determinada sociedade. É, portanto, provisória, muda com o passar do tempo,
pois os costumes e hábitos de um povo mudam também (SIMON, 2009).
As relações dos indivíduos na sociedade, são reguladas por um conjunto de normas, leis,
costumes e hábitos. Mas o que é esse conjunto de normas, leis, costumes e hábitos? Podemos
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afirmar que esse conjunto de regras é a moral.
As sociedades mudam constantemente e, historicamente, podemos observar que uma sociedade
sucede a outra. Da mesma maneira, as morais concretas de uma sociedade, se sucedem umas às
outras. Por exemplo, na sociedade feudal, que tinha como perspectiva de horizonte ético a salvação
da alma e a preparação para a vida eterna e cujas explicações baseavam-se na religião e na fé, cede
lugar à sociedade moderno-burguesa, cujos valores fundamentais são ligados a questões materiais e
cujas explicações têm como fundamento o próprio homem, concebido como ser dotado de
racionalidade, e capaz de autodeterminar-se sem interferência externa.
A moral pode variar em determinado tempo e lugar. As regras morais são determinadas pelas
formas como as pessoas organizam sua convivência e conforme estabelecem as condições de
sobrevivência e trabalho.
As normas morais podem estar estabelecidas de forma escrita, ou podem aparecer como
costumes arraigados na cultura, por exemplo, as decisões de um indivíduo baseando-se única e
exclusivamente em normas preestabelecidas, tais como não ultrapassar o sinal vermelho, não se
atrasar em seus compromissos, não furar fila, não estacionar na vaga preferencial. São tidas como
uma decisão ou ato moral, que geralmente são os deveres que o sujeito deve cumprir em seu dia a
dia.
 De acordo com Vasquez (2000): “A função social da moral é a de regular as ações dos indivíduos
nas suas relações mútuas, ou as do indivíduo com a comunidade, visando a preservar a sociedade no
seu conjunto ou, no seio dela, a integridade de um grupo social”.
Cada indivíduo, comportando-se moralmente, se sujeita a determinados princípios, valores ou
normas morais, sendo que o indivíduo não pode inventar os princípios ou normas nem modificá-los
por exigência pessoal. O normativo é algo estabelecido e aceito por determinado meio social. Na
sujeição do indivíduo a normas estabelecidas pela comunidade se manifesta claramente o caráter
social da moral (VASQUEZ, 2000).
O comportamento moral é tanto comportamento de indivíduos quanto de grupos sociais
humanos. Mesmo quando se trata da conduta de um indivíduo, a conduta tem consequências de
uma ou outra maneira para os demais, sendo objeto de sua aprovação ou reprovação. Mas, os atos
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individuais que não têm consequência alguma para os demais indivíduos não podem ser objeto de
uma qualificação moral.
O campo da ética é um pouco mais amplo do que isso. A ética procura estabelecer uma reflexão
sobre o agir humano que ultrapassa o simples cumprimento do que está escrito.
TEMA 4 - ÉTICA, MORAL, DIREITO E SEUS DILEMAS
Atuamos em sociedade conduzidos por uma reflexão sobre o que é certo ou errado, ou sob algo
que nos obriga constantemente a agir corretamente e que nos pune em caso de deslizes? Em outras
palavras, é a ética ou a lei que orientam as nossas ações corretas? (ALENCASTRO, 2013, p.45)
Antes de respondermos a estes questionamentos, precisamos entender alguns conceitos.
São nas relações sociais que ideias e normas se desenvolvem em sintonia com uma necessidade
social. Para Vasques, a função social da moral consiste na regulação das relações entre os homens
visando manter e garantir uma determinada ordem social, ou seja, regular as ações dos indivíduos
nas suas ações mútuas ou as do indivíduo com a comunidade, visando preservar a sociedade no seu
conjunto e a integridade de um grupo social.
Segundo Oliveira e Azevedo, os valores morais são aqueles ligados à natureza do
comportamento moral dos homens. Um comportamento moralmente aceitável é definido por um
código de conduta de grupo. Esse código muitas vezes está implicitamente gravado na memória
coletiva em função da cultura, do meio e da história de um povo. Outras vezes, esse código de
comportamento está também estabelecido nas leis de uma nação. Kohlberg (1969) acredita que o
desenvolvimento moral é baseado primariamente num raciocínio moral e segue uma série de
estágios.
Já o direito garante o cumprimento do estatuto social em vigor através da aceitação voluntária
ou involuntária da ordem social juridicamente formulada, ou seja, o direito garante a aceitação
externa da ordem social. A moral tende a fazer com que os indivíduos harmonizem voluntariamente,
de maneira consciente e livre, seus interesses pessoais com os interesses coletivos (VÁSQUEZ, p.69,
2000).
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No que se refere à ética, esta tem um caráter mais generalizado do que a moral e o direito,
sendo empregada para justificar e legitimar as normas morais e jurídicas, bem como criticá-las em
caso de não estarem adequadas às reais necessidades da sociedade. Sendo assim, ela sempre indaga
sobre o que é o certo,o bom e o obrigatório, preocupando-se em desenvolver e fundamentar tais
conceitos, tomando-os como princípio geral, retirando ao assim proceder os juízos normativos.
Figura 2 – Nível do plano normativo
Podemos entender de maneira mais simples, fazendo uma analogia com círculos concêntricos,
conforme mostra o professor Mário Alencastro. Por exemplo, a discussão sobre a idade penal e a
corrupção que são assuntos de natureza ética mais abrangente, mas que têm implicações no campo
da moral e do direito.
O que podemos perceber é que com o avanço da liberdade individual e das conquistas do
homem, há, hoje, uma geração muito preocupada com os seus direitos em detrimento dos seus
deveres.
Os valores individuais são importantes para que o indivíduo adote uma postura, e entende-se
que valores são um conjunto de procedimentos, atitudes, e até mesmo visão de mundo
(influenciados ou não pela cultura, herança familiar e meio) que faz o indivíduo agir e interagir com o
mundo em que vive.
Araújo (2002) define valores como sendo as qualidades presentes nas coisas e que pode ser
essencial para a existência dessas coisas. Podem ser acidentais, secundárias e muitas vezes as
próprias coisas em si. São valores, uma vez que são essenciais para a existência, não só do homem,
mas para a existência do universo.
Assim, os valores éticos são determinantes para as atitudes humanas, cabendo ao direito a ação
sobre atitudes que não condizem com o que a sociedade necessita.
Saiba mais
Entenda um pouco mais dos conceitos de ética, moral e direito num exemplo aplicado à
administração pública. Assista ao vídeo a seguir:
07/08/2022 09:44 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/19
<https://www.youtube.com/watch?v=NVdgp7XZl2w>
TEMA 5 - A VERDADE, A RESPONSABILIDADE, A LIBERDADE E OS
VALORES ÉTICOS
O filósofo contemporâneo espanhol Fernando Savater expõe em seu livro intitulado Ética para
meu filho, a seguinte questão: o que é ética? Aqui, vamos trabalhar sobre a verdade, a
responsabilidade, a liberdade e os valores éticos de uma forma gostosa na leitura de um breve trecho
da resposta do autor para seu filho adolescente.
 “Há ciências que estudamos por simples interesse de saber coisas novas; outras, para adquirir
uma habilidade que nos permita fazer ou utilizar alguma coisa; a maioria, para conseguir um trabalho
e ganhar a vida com ele. Se não sentirmos curiosidade nem necessidade de realizar esses estudos,
poderemos prescindir deles tranquilamente. Há uma infinidade de conhecimentos muito
interessantes, mas sem os quais podemos nos arranjar muito bem para viver. Eu, por exemplo,
lamento muito não ter nem ideia de astrofísica ou de marcenaria, que dão tanta satisfação a outras
pessoas, embora essa ignorância nunca me tenha impedido de ir sobrevivendo até hoje. E você, se
não me engano, conhece as regras do futebol, mas é bem fraco em beisebol. Não tem maior
importância, você desfruta os campeonatos mundiais, dispensa olimpicamente a liga americana e
todo o mundo sai satisfeito.
O que eu quero dizer é que certas coisas a pessoa pode aprender ou não, conforme sua
vontade. Como ninguém é capaz de saber tudo, o remédio é escolher e aceitar com humildade o
muito que ignoramos. É possível viver sem saber astrofísica, marcenaria, futebol e até mesmo sem
saber ler e escrever: vive-se pior, decerto, mas vive-se. No entanto, há outras coisas que é preciso
saber porque, por assim dizer, são fundamentais para nossa vida. É preciso saber, por exemplo, que
saltar de uma varanda do sexto andar não é bom para a saúde; ou que uma dieta de pregos
(perdoem-me os faquires!) e ácido prússico não nos permitirá chegar à velhice. Também não é
aconselhável ignorar que, se dermos um safanão no vizinho cada vez que cruzarmos com ele, mais
cedo ou mais tarde haverá consequências muito desagradáveis. Pequenezas desse tipo são
importantes. Podemos viver de muitos modos, mas há modos que não nos deixam viver.
Em resumo, entre todos os saberes possíveis existe pelo menos um imprescindível: o de que
certas coisas nos convêm e outras não. Certos alimentos não nos convêm, assim como certos
https://www.youtube.com/watch?v=NVdgp7XZl2w
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comportamentos e certas atitudes. Quero dizer, é claro, que não nos convêm se desejamos continuar
vivendo. Se alguém quiser arrebentar-se o quanto antes, beber lixívia poderá ser muito adequado, ou
também cercar-se do maior número possível de inimigos. Mas, de momento, vamos supor que
preferimos viver, deixando de lado, por enquanto, os respeitáveis gostos do suicida. Assim, há coisas
que nos convêm, e o que nos convém costumamos dizer que é “bom”, pois nos cai bem; outras, em
compensação, não nos convêm, caem-nos muito mal, e o que não nos convém dizemos que é “mau”.
Saber o que nos convém, ou seja, distinguir entre o bom e o mau, é um conhecimento que todos nós
tentamos adquirir – todos, sem exceção – pela compensação que nos traz.
Como afirmei antes, há coisas boas e más para a saúde: é necessário saber o que devemos
comer, ou que o fogo às vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água pode matar a
sede e também nos afogar. No entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por
exemplo, aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso contínuo
pode ser nocivo. Em alguns aspectos são boas, mas em outros são más: elas nos convêm e ao mesmo
tempo não nos convêm. No terreno das relações humanas, essas ambiguidades ocorrem com maior
frequência ainda. A mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra – e todos
nós precisamos falar para viver em sociedade – e provoca inimizade entre as pessoas; mas às vezes
pode parecer útil ou benéfico mentir para obter alguma vantagem, ou até para fazer um favor a
alguém. Por exemplo, é melhor dizer ao doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado, ou
deve-se enganá-lo para que ele viva suas últimas horas sem angústia? A mentira não nos convém, é
má, mas às vezes parece acabar sendo boa. Procurar briga com os outros, como já dissemos, em
geral é inconveniente, mas devemos consentir que violentem uma garota diante de nós sem
interferir, sob pretexto de não nos metermos em confusão? Por outro lado, quem sempre diz a
verdade – doa a quem doer – costuma colher a antipatia de todo o mundo; e quem interfere ao estilo
Indiana Jones para salvar a garota agredida tem maior probabilidade de arrebentar a cabeça do que
quem segue para casa assobiando. O que é mau às vezes parece ser mais ou menos bom e o que é
bom tem, em certas ocasiões, aparência de mau. Haja confusão! [...]
Resumindo: ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós homens podemos
inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja,
conveniente para nós, em oposição ao que nos parece mau e inconveniente. Como podemos
inventar e escolher, podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e as
formigas. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, procurando adquirir
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um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, é o
que se chama de ética.”
Assim, podemos perceber que quando se fala em comportamento humano, no que diz respeito
às escolhas a serem feitas entre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido, há o
envolvimento de questões éticas, morais e de direitos que devemos nos atentar, fazendo com que a
verdade, a responsabilidade a liberdade e os valores, sejam cerceados pelos três conceitos.
Saiba mais
Para complementar seus estudos, leia o artigo A liberdade em Jean-Paul Sartre:
responsabilidade, angústia e má-fé, disponível a seguir:
<https://colunastortas.wordpress.com/2015/08/20/a-liberdade-em-jean-paul-sartre-responsabili
dade-angustia-e-ma-fe/>
NAPRÁTICA
Para aprofundarmos ainda mais o que estudamos, aqui vai uma sugestão de filme sobre ética e
relações empresariais: A Rede Social. Assista o filme e estabeleça relação com os temas estudados na
aula.
COMENTÁRIO
O filme se baseia na história de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, que acumula uma
fortuna de bilhões de dólares hoje. Vale a pena conferir não só para entender como surgiu um dos
maiores negócios atuais, mas também para refletir sobre como empreendedores acabam
atropelando as relações pessoais em prol de seus objetivos.
SÍNTESE
Estudamos neste material didático alguns aspectos da ética, da moral e do direito. Entende-se
que a convivência em sociedade deve ocorrer em ordem. Para tanto, devem existir regras, leis e
normas que regulem o relacionamento humano e sirva de orientação quanto ao que é certo ou
errado, justo ou injusto, lícito ou ilícito, permitido ou proibido. Vários filósofos se preocuparam com a
https://colunastortas.wordpress.com/2015/08/20/a-liberdade-em-jean-paul-sartre-responsabilidade-angustia-e-ma-fe/
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Ética, tendo sido Sócrates o que deu início a uma reflexão sistemática da virtude e da justiça.
Fechamos com o filósofo contemporâneo Fernando Savater, que aborda a verdade, a liberdade e os
valores éticos com uma resposta para seu filho adolescente.
REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, M. A importância da Ética. UNESP, 1997. Disponível em: <http://www.feis.unesp.
br/Home/departamentos/fitotecniatecnologiadealimentosesocioeconomia716/antoniolazarosantana/
a-importancia-da-etica-soc-e-etica--2014.pdf> Acesso em 03/12/2015.
__________. Ética Empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa.
Curitiba: Intersaberes, 2013.
BITTAR, C.E.B.; ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito. 8ª ed. rev. aum. São Paulo: Atlas,
2010.
CHAUI, M. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2008.
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra?: inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética.
Petrópolis: Vozes, 2007.
ÉTICA EMPRESARIAL. Entrevista com Maria do Carmo Whitaker (2007). Disponível em: <http://
www.eticaempresarial.com.br/site/pg.asp?pagina=detalhe_artigo&codigo=190&tit_pagina=ENTREVIS
TAS&nomeart=n&nomecat=n> Acesso em 18/11/2015
LEITE, F. T. Manual de Filosofia Geral e Jurídica – das origens a Kant. 2ª ed. rev. amp. Rio de
Janeiro: Forense, 2008.
MOORE, G.E. Princípios éticos. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
MORAES, F. A Política desde o Universo Espiritual da pólis Grega. UFSJ. 2012. Disponível em
<http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/existenciaearte/A_politica_desde_o_universo_da_poli
s_grega.pdf> Acesso em 18/11/2015.
Pedagogia e Comunicação. Ética: a área da filosofia que estuda o comportamento humano.
2006. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/etica-a-area-da-filosofia-que-e
studa-o-comportamento-humano.htm> Acesso em 18/11/2015.
http://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/fitotecniatecnologiadealimentosesocioeconomia716/antoniolazarosantana/a-importancia-da-etica-soc-e-etica--2014.pdf
http://www.eticaempresarial.com.br/site/pg.asp?pagina=detalhe_artigo&codigo=190&tit_pagina=ENTREVISTAS&nomeart=n&nomecat=n
http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/existenciaearte/A_politica_desde_o_universo_da_polis_grega.pdf
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/etica-a-area-da-filosofia-que-estuda-o-comportamento-humano.htm
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PLONER, K.S. et al. (org). Ética e paradigmas na psicologia social. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. Disponível em: <http://static.scielo.org/scielobooks/qfx4x/pdf/pl
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REVISTA EXAME. O monge budista que ficou bilionário esnobando investidores (2015).
Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/o-monge-budista-que-ficou-bilionario-es
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__________. As 10 melhores empresas em ética nos negócios (2012). Disponível em: <http://exam
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SAVÁTER, F. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
SIMON, P. Projeto de Lei do Senado (2009). Disponível em: <http://www.senado.gov.br/atividad
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VÁSQUEZ, A.S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
YAMASHITA, V. H. A ética nas empresas estimula a qualidade. Sebrae. 2009. Disponível em: 
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ZANELLA, AV. Ética e paradigmas na psicologia social: Reflexões sobre pesquisa em psicologia,
método(s) e “alguma” ética. In: PLONER, K.S. et al., org. Ética e paradigmas na psicologia social.. Rio
de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 46-58. Disponível em: <http://static.scielo.o
rg/scielobooks/qfx4x/pdf/ploner-9788599662854.pdf> Acesso em 13/04/2016.
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ÉTICA EMPRESARIAL E
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
AULA 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prof.ª Olívia Carolina de Resende
CONVERSA INICIAL
Para darmos continuidade à disciplina, vamos refletir sobre algumas teorias éticas, seus
conceitos, e acompanhar numa dimensão histórica o caminho percorrido pela humanidade em busca
de uma sociedade mais justa.
Uma sociedade mais justa se faz com cidadãos mais justos. Mas o que é um cidadão justo?
Vamos fazer você pensar um pouco na complexidade desse assunto e por que gera tanta discussão
entre filósofos e teóricos há tanto tempo.
Você já pensou se é justo, ético ou antiético furtar um remédio, cujo valor você não pode pagar,
para salvar a vida de alguém por quem você tem muito apreço? Ou ainda, se é ético ou antiético ficar
com uma carteira que alguém esqueceu no parque, num dia de domingo? E caso o valor encontrado
na carteira esquecida no banco do parque seja o valor exato para comprar o remédio que aquela
pessoa que você ama precisa para sobreviver? Podemos perguntar também sob um outro viés: o
indivíduo deve privilegiar o valor da vida (salvar alguém da morte) ou o valor da propriedade privada
(não roubar nem se apoderar do que não é seu)?
Nesta aula, vamos tentar esclarecer essas e outras perguntas sobre questões éticas e como o
homem vem desenvolvendo seus pensamentos sobre o assunto.
Vamos a nossa aula! 
CONTEXTUALIZANDO
O convívio em sociedade é sempre um assunto intrigante, pois deve-se levar em consideração
questões antropológicas, culturais, éticas, morais e legais daquela sociedade em questão, não há
como generalizar. Quando analisarmos uma determinada atitude, devemos nos ater ao nosso
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mundo, ao mundo do outro e respeitar essa relação também, porque o que é certo para mim, pode
não ser certo para o outro.
Ao longo dos tempos, desde que o homem se reconheceu como um ser racional, deparamo-nos
com diversas teorias éticas que surgiram nas diferentes sociedades, sempre tentando responder aos
dilemas das relações de convivência entre os indivíduos. Pegaremos como base a descriçãocolocada
por Alencastro (2013) em seu livro Ética empresarial na prática, no qual o autor divide a ética de
forma didática e em função de suas motivações básicas, como: Ética das Virtudes, Ética Religiosa,
Ética do Dever, Finalismo e Utilitarismo. Analisaremos e refletiremos sobre cada uma dessas funções
da ética.
Podemos colocar a dificuldade dessa relação exemplificando com a questão do aborto.
Conforme podemos analisar no mapa, regiões em verde são países em que o aborto é livre e, em
contrapartida, nas regiões em vermelho o aborto é condenado e há leis restritivas. Quais são os
fatores que proporcionam essa liberdade e ou restrição? Aqui, podemos tentar estabelecer um elo
entre questões culturais, educacionais, econômicas, éticas, dentre outras, e as leis que deixam livre e
as que restringem. Podemos perceber que, mesmo em países em que as leis são mais “duras”,
existem aqueles indivíduos que defendem e os que condenam o ato, como é o caso do Brasil. Aqui
temos pessoas que defendem o direito de decisão da mulher e pessoas que defendem o direito do
feto de viver. Essa é uma questão delicada e que envolve ética e justiça.
Figura 1 – O aborto no mundo: liberdade e leis restritivas
Fonte: Elástica. Disponível em: <http://elastica.abril.com.br/o-aborto-deve-acontecer-em-um-unico-caso-quando-a-mulher-
quiser> Acesso em 19/04/2016.
Podemos perceber que o convívio em sociedade não é uma questão simples, mas envolve ética,
moral e direito e foi tratada de diversas maneiras no decorrer da existência das relações humanas.
Dito isso, nesta aula, buscaremos refletir sobre as teorias éticas apresentando a ética das
virtudes, ética religiosa, ética do dever, finalismo e utilitarismo. Trabalharemos alguns dos vários
significados e interpretações, que tratam do assunto, inserindo questões contemporâneas para
contextualizarmos os aspectos éticos.
 Para tanto buscaremos responder as seguintes perguntas:
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O que é ser um indivíduo ético ou aético?
O que é ser essencialmente justo?
As diferentes maneiras de entender a ética fazem diferença na vida dos indivíduos?
Para responder a esta e outras perguntas, começaremos abordando questões históricas e
contemporâneas da ética, buscando inseri-las em suas motivações mais básicas.
TEMA 1 - O QUE É ÉTICA?
O conceito de ética admite vários significados e interpretações, sendo ela normalmente definida
como “ciência da conduta humana”.
Falar sobre ética não é algo novo, pois o estudo da ética é bastante antigo. Sócrates (470-399
a.C.), “pai da ética”, desenvolvia o senso filosófico nas pessoas por meio de uma pergunta: como
devemos viver nossa vida?
Desde então, estamos há mais de 25 séculos tentando responder a mesma pergunta: como
viver?
O ser humano, desde sua origem e ser social que é, aderiu à convivência em comunidade para
preservar sua vida e minimizar as dificuldades com a manutenção de sua sobrevivência. Ao aderir à
vida em comunidade para ter maiores chances de sobrevivência, trouxe consequências, como a
aquisição e construção de valores acerca do bem e do mal, do justo e do injusto, do certo, do incerto
e do errado que, por força da habitualidade, tornam-se costumes, regras aceitas, obedecidas por
toda a comunidade e transmitidas sucessivamente de geração para geração, que constituem o
domínio da ética e da moral.
A palavra ética, no entanto, teve seu uso indiscriminado ao longo dos anos, e nos dias atuais
ainda persiste, como ressalta Nalini (1997):
A ética permeia todos os discursos. A propósito das condutas humanas ainda capazes de chocar
uma sociedade já acostumada a todos os desatinos, levantam-se as vozes dos moralistas a invocar
a necessidade de um repensar comportamental. Ética, infelizmente, é moeda em curso até para os
que não costumam se portar eticamente. Não é raro que as proclamações morais de maior ênfase
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provenham de pessoas que nunca poderiam ser rotuladas éticas. Compreensível, por isso, que para
servir a objetivos os mais diversos, nem todos eles compatíveis com o núcleo conceitual que a
palavra pretende transmitir. Além disso, a utilização excessiva de certas expressões compromete o
seu sentido, como se o emprego frequente implicasse em debilidade semântica. Ética, no Brasil,
sofre de anemia. Já se disse que ela é anoréxica!
Para Silva (2013), partindo do pressuposto de que tudo gira em torno do homem e de sua
posição de destaque no mundo, conceito que vem permeando toda a história moderna do mundo
ocidental e, ao mesmo tempo, menosprezando a todos os outros seres imputados como irracionais e,
dessa forma, não capazes de mudar o ambiente em que estão inseridos, o que mais se busca é
entender que temos um homem, diagnosticado como racional, fazedor de cultura e que, de certa
forma, é considerado um ser social. Materializa-se como ético, na medida em que se busca, na ética,
a justiça social.
O que Silva (2013) tenta expor é que a ética é uma construção humana e, dessa forma,
considerada como um instrumento capaz de realçar as relações sociais, bem como criar todos os
meios para garantir a justiça social. Ser ético, portanto, é voltar-se para o outro, e para o éthos, que
pressupõe voltar-se para o conjunto de costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do
comportamento e da cultura, característicos de uma determinada comunidade, época ou região.
Nesse sentido, podemos considerar que a justiça é a luta não violenta pelos excluídos.
Assim, entende que o homem se constitui como ser ético na medida em que vai construindo a
sua socialização e, ao mesmo tempo, passa a desempenhar alguns papéis para a dinâmica do grupo
no qual está inserido. (SILVA, 2013).
O conteúdo dos papéis, em cada sociedade, tem sido caracterizado de maneiras distintas,
tornando difícil tratar ou descrever esses papéis de maneira única, pois eles são relativos. Em cada
sociedade e/ou comunidade, em função da organização específica em torno da vida dos indivíduos
que estão inseridos, do trabalho, da produção da vida material, organiza-se também o tipo de
comportamento “desejável” para cada pessoa.
A resposta à pergunta de Sócrates (470-399 a.C.), “pai da ética”, sobre como devemos viver
nossa vida vai depender em parte do contexto em que o indivíduo está inserido.
Na contemporaneidade, essa pergunta ultrapassa os limites da filosofia e esbarra em outras
fontes de conhecimento, como as da psicologia, da sociologia, da medicina, da biologia e de outras
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ciências. Entretanto, todas elas ainda remetem ao campo da ética, e é uma questão que essa
disciplina procura responder até os dias de hoje. Sendo assim, podemos afirmar que a ética e suas
questões estão presentes em todos os setores − em tudo aquilo que nos rodeia.
Segundo Silva (2013), a ética é uma das áreas que maior interesse desperta atualmente em toda
e qualquer área, particularmente no campo da filosofia e da política, sobretudo porque diz respeito à
nossa experiência cotidiana, ainda mais quando sentimos que cada vez mais vivemos numa crise
ética.
Desde a Grécia Antiga até a atualidade, muitas teorias foram construídas para explicar o
comportamento ético das pessoas no convívio em sociedade. Conforme mencionado anteriormente,
pode-se dividir a ética de forma didática em função das motivações básicas da seguinte forma: Ética
da Virtude; Ética Religiosa; Ética do Dever; Finalismo; Utilitarismo.
Leitura obrigatória
Para aprofundar seus conhecimentos, faça a leitura do capítulo 1 do livro: ALENCASTRO, M. Ética
empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa. Editora Intersaberes, 2013.
Esse capítulo também servirá de base para os outros temas desta aula.
TEMA 2 - ÉTICA DA VIRTUDE
Etimologicamente, a palavra virtude deriva do latim virtus (“força ou qualidade, essência”), que
indica umaqualidade positiva e própria do ser humano de fazer o bem (para si e para os outros), ou
ainda, no contexto da moral, a qualidade ou ação que dignifica o homem. A origem dessa
terminologia deu-se pelos filósofos gregos. E qual é essa qualidade ou ação que dignifica o homem?
Podemos perceber diversas interpretações sobre este tema, mas basicamente, é a prática
constante do bem com liberdade e responsabilidade moral. Portanto, são consideradas virtudes a
polidez, a prudência, dentre outros.
Assim, podemos perceber que a virtude corresponde ao uso da liberdade com responsabilidade
em busca do bem comum. Já o oposto da virtude é o vício, que se fundamenta no hábito da prática
do mal, correspondendo ao uso da liberdade sem responsabilidade.
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A ética da virtude tem seu foco no caráter mais que na ação do indivíduo, e está interessada na
questão de saber quais as ações que estão certas ou erradas e as várias maneiras de tratar a questão.
Figura 2 – Ações certas e erradas
Fonte: Pelos caminhos da evangelização. Disponível em: <http://peloscaminhosdaevangelizacao.blogspot.com> – Acesso em
19/04/2016.
Segundo Bettencourt (2014), a ética da virtude pensa assim sobre o gênero de pessoa que
deveremos ser, que ações deveremos tomar, quais as qualidades que tornam a vida boa e quais os
vícios e qualidades negativas que devemos evitar. O núcleo desse gênero de ética é o Eudaimonia,
que se poderá traduzir como “Felicidade”.
Historicamente, a ética da virtude teve suas raízes na Grécia antiga, e sua origem está nos
filósofos gregos.
Sócrates (469-399 a.C.) defendia a ideia de que as causas éticas pessoais só poderiam ser
definidas com o conhecimento de si mesmo. O filósofo tinha como seu lema: “conhece-te a ti
mesmo”. Desta forma, uma vez alcançado tal objetivo (conhecer-se), o homem teria uma percepção
de suas virtudes, agindo, então, de forma correta.
Já Platão (429-347 a.C.) aperfeiçoou a visão de Sócrates apresentando uma divisão geral das
virtudes em quatro princípios: a prudência, a fortaleza, a temperança e a justiça. Santo Ambrósio fez
uso desses fundamentos de Platão, chamando-os mais tarde de virtudes cardeais:
Prudência: também chamada de sabedoria, é a virtude racional e é peculiar da classe dirigente
ou dominante; característica peculiar a indivíduos que se comportam evitando perigos e
problemas; precaução.
Fortaleza: chamada de valentia, é a virtude do entusiasmo, dos impulsos volitivos e afetos,
regrando o coração e é peculiar da classe militante ou guerreira; força; vigor; robustez.
Temperança: chamada de autodomínio, é a virtude da vida impulsiva, instintiva e é peculiar da
classe trabalhadora; característica do indivíduo que equilibra suas próprias vontades.
Justiça: resulta da colaboração igualitária de todas as virtudes, garantindo a harmonia entre
elas; particularidade daquilo que se encontra em correspondência (de acordo) com o que é
justo; modo de entender e/ou de julgar aquilo que é correto.
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Segundo Alencastro (2013), a coragem, a justiça, a prudência e a temperança são exemplos das
virtudes aristotélicas. Deriva-se daí a importância da promoção de hábitos sociais através dos quais
se desenvolva nas pessoas um modo de ser maduro e que se convertam na fonte principal de seu
agir moral. Uma vez apropriados de forma pessoal, dão lugar a um modo de ser que expressa uma
conformidade aos costumes, a marca de um indivíduo de caráter, aquele capaz de agir de forma livre
e responsável.
Aristóteles (384-322 a.C.), em seu livro Ética a Nicômaco, questiona: “Em que consiste o bem
para o homem?” Ao que se responde: “Uma atividade da alma em conformidade com a virtude”.
O filósofo compreendia que existem duas espécies de virtude, a intelectual e a moral, e que o
bem próprio da pessoa é a inteligência e que o homem devia viver de acordo com a razão. E, ainda,
que somente pela razão se pode chegar às virtudes. Para Aristóteles, ser feliz é usar a razão com
propriedade e o fazer de tal modo que isso se torne uma virtude.
Aristóteles apresentou a virtude como um traço de caráter exposto na ação do homem. Para ele,
a virtude seria uma propriedade do caráter humano apresentada de diversas maneiras, como:
paciência, benevolência, justiça, compaixão, coragem, tolerância, afabilidade, generosidade,
honestidade, sensatez, lealdade, equidade etc.
As virtudes eram tidas como fundamentais para o filósofo, pois o homem virtuoso, aquele que
tem a capacidade de refletir sobre suas escolhas e escolhe o que é mais apropriado para si e para as
pessoas que convivem com ele em sociedade viveria bem, tendo uma vida melhor.
Saiba mais
Entenda um pouco do que Leonardo Boff, um grande filósofo brasileiro, entende sobre Virtude
assistindo ao vídeo a seguir: <https://www.youtube.com/watch?v=vydv0R9Pd54>
TEMA 3 - ÉTICA RELIGIOSA
A ética religiosa é regida por princípios e regras estabelecidos pelas distintas religiões. A ética
cristã é um bom exemplo do que seria uma ética religiosa, visto que apregoa a obediência aos
deveres religiosos. Sendo assim, é delimitada por parâmetros (princípios e regras) religiosos: os
mandamentos de Deus têm o caráter de imperativos supremos. Na concepção cristã, o ato de matar
https://www.youtube.com/watch?v=vydv0R9Pd54
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ou de roubar, por exemplo, não se justificariam, pois seriam contrários aos mandamentos bíblicos
universais (“não matarás”, “não roubarás”), que devem ser obedecidos.
Assim, a ética religiosa tem características como os mandamentos – conjunto de leis ditadas por
Deus e que devem ser seguidas. São elas:
Dogmas: crenças e doutrinas estabelecidas que não admitem contestação, ou seja, uma
verdade absoluta, definitiva, imutável, infalível, inquestionável e segura, nas quais não pairam
dúvidas;
Normas: regras que regem o comportamento dos indivíduos, sempre com caráter de ordem
suprema, englobando nelas diversas religiões, seitas, confissões de fé, entre outros.
Podemos começar a perceber que na maioria das vezes os indivíduos pensam em ética religiosa
enquanto delimitação de normas e comportamentos religiosos. Logo, pensam em Deus (entendido
como ser absoluto e transcendente) e remetem a Ele uma dupla função: a de legislar e a de sancionar
tudo o que se refere ao que é bem ou mal, bom ou ruim. Esse Deus, como juiz, julga quem escolhe o
mal e premia quem escolhe o bem.
O “olho de Deus” que tudo vê é um símbolo utilizado pelo cristianismo. E significa o olho que
está em nós mesmos nos impedindo de cometer atos antiéticos e não o olhar de Deus que está no
céu vigiando tudo e todos.
Figura 3 – O “olho de Deus”, símbolo cristão
Fonte: Spreadshirt. Disponível em: <http://pt.depositphotos.com/21339873/stock-photo-all-seeing-eye-of-god.html> Acesso
em 20/04/2016.
Questões religiosas são responsáveis, historicamente, por grandes conflitos mundiais que
ocorreram ao longo dos séculos, e que persistem nos dias de hoje. É bom ressaltar que existem
fatores de caráter político, econômico, territorial, geopolítico, histórico, eentre outros, que também
desencadeiam os conflitos, mas as questões religiosas e o radicalismo sempre são motivos elencados
como um dos principais.
Atualmente existem inúmeras religiões sendo praticadas no mundo, as principais são:
Cristianismo: historicamente é a religião com maior número de seguidores, sendo que atualmente
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conta com mais de 2,2 bilhões de adeptos no mundo. Os cristãos, como são chamados, creem que
Jesus Cristo é filho de Deus e veio ao mundo como mortal para trazer salvação, foi morto e
ressuscitou. Religião monoteísta (adoração a apenas um deus) e tem a bíblia como o livro sagrado.
Islamismo: trata-se de uma religião monoteísta que surgiu no século VII, criada por Maomé,seu
líder supremo. O Corão é o livro sagrado. Atualmente existem cerca de 1,6 bilhão de adeptos no
mundo e é a que mais cresce. Está difundido especialmente na Ásia e África, mas existem diversos
seguidores em países como a Inglaterra e a Espanha.
Budismo: trata-se de uma religião criada por um príncipe indiano chamado Sidarta Gautama,
conhecido como Buda. Surgiu na Índia, no século VI a.C. No budismo não há hierarquia, existe a
figura de um líder espiritual, que é o Buda e não há um deus. Atualmente existem
aproximadamente 376 milhões de adeptos. O principal livro sagrado budista consiste no Tripitaka,
livro compartimentado em três conjuntos de textos que compreendem os ensinamentos originais
de Buda, além do conjunto de regras para a vida monástica e ensinamentos de filosofia.
Judaísmo: considerada a primeira religião monoteísta, tendo como crença a existência de apenas
um deus, o criador de tudo. Para os judeus, Deus fez um acordo com os hebreus, fazendo com que
eles se tornassem o povo escolhido e prometendo-lhes a terra prometida. Seu patriarca é Abraão.
Conta atualmente com aproximadamente 15 milhões de adeptos e tem a bíblia como o livro
sagrado.
A maioria das religiões pregam o amor, o respeito e a dignidade, porém, entre seus adeptos, as
diferenças de crença acabam sendo as responsáveis pelos grandes conflitos mundiais.
Podemos ressaltar que os primeiros filósofos cristãos buscavam conciliar fé e razão como
instrumento de análise e reflexão. Segundo Valls (1994), a filosofia insurge no campo da ética cristã,
na tentativa de justificar seus princípios e normas de comportamento, se submetendo à lei divina
revelada pelos livros sagrados, mediante uma disciplina específica: a teologia dogmática.
Ao falarmos em ética na dimensão religiosa, fechamos o discurso, uma vez que nos atemos para
uma proposta de livre escolha e decisão, pois tudo já vem subjugado por algo maior e determinante.
Com o avanço das ideias do Iluminismo, a humanidade deixou de lado o Teocentrismo (Deus
como centro de todas as decisões) e colocou o próprio homem no lugar Dele, fazendo nascer o
Antropocentrismo (o homem como centro de tudo).
No período iluminista − conhecido como a “Era da Luz” − o homem passou a representar o ser
absoluto dele próprio, deixando de lado as afirmações categóricas, dogmáticas, autoritárias e suas
distorções da vontade criadas pela concepção de pecado.
Fazendo uma análise entre ética frente a ética religiosa, entendemos que na primeira o indivíduo
tem a livre escolha de seus atos, enquanto a ética religiosa está atrelada à fé. Ir de encontro com a
ética religiosa é afirmar que a moral está na conformidade com a vontade de Deus e que o mal é ir
contra essa vontade absoluta.
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TEMA 4 - ÉTICA DO DEVER
Para entendermos a ética do dever, devemos inicialmente entender alguns conceitos estudados
por grandes filósofos ao longo do tempo. Segundo artigo produzido pela PUC/Rio, o homem é
concebido como um indivíduo, como um ser que, por essência, não precisa pertencer a uma
comunidade. É verdade que, de fato, os homens vivem e precisam mesmo viver, por questões de
proteção, com outros homens, mas esse conviver não faria parte do que é o homem.
Ainda, acresce-se à noção de indivíduo uma outra característica: a de igualdade. Se
pesquisarmos no dicionário e em alguns livros, a igualdade é a falta de diferenças entre duas coisas,
que possuem o mesmo valor ou são interpretadas a partir do mesmo ponto de vista, em comparação
a outra coisa ou pessoa. A palavra igualdade tem relação com o conceito de uniformidade, de
continuidade, ou seja, quando há um padrão entre todos os sujeitos ou objetos envolvidos. Ainda
segundo o artigo da PUC/Rio, por princípio os homens são todos iguais. Isso significa que não mais
se assume que o ser humano possua um papel na cadeia de seres, na estrutura da natureza, nem que
se possa, no interior do grupo humano, falar de diferentes funções de homens, como afirmava Platão
na Politeía.
Por fim, um terceiro ponto característico do homem moderno, segundo o artigo da PUC/Rio,
consiste no fato de ele ser concebido como livre. Ele é, também por princípio, tanto livre de restrições
impostas a ele por instâncias externas, quanto livre para seguir o curso de vida que melhor lhe
aprouver. A esse aspecto da liberdade, associa-se a autonomia e a capacidade do homem de atribuir-
se, ele próprio a si próprio, as regras pelas quais pautará sua vida e suas ações.
Percebe-se que diante de tal visão do homem, cada indivíduo determina para si mesmo o curso
de vida que quer seguir. As ideias de bem, de boa vida, ficam deixadas à deliberação de cada um.
Fica a pergunta: Como conviver entre humanos de modo a evitar conflitos?
Essa pergunta nos remete à ética do dever que tem início com o filósofo alemão Immanuel Kant
(1724-1804), que afirmou que “a moral propriamente dita, não é doutrina que nos ensina como
sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade”. Segundo Kant, a ética do dever
centrou-se na razão humana, deixando de lado muitos dos conceitos e formulações da ética religiosa,
colaborando para que a pessoa fosse autônoma e, consequentemente, livre.
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Uma vez que o homem pensa, abre-se perante ele a possibilidade de seguir por sua própria
razão, sem se deixar enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias. O indivíduo é um ser
sensível por natureza, uma vez que é condicionado por suas disposições naturais. Porém, por outro
lado, é um ser racional, alguém capaz de se regular por leis que impõe a si mesmo. A essa imposição
chamamos de dever: não é uma obrigação externa, e sim a expressão da lei moral em nós, ou seja, o
senso moral inato ao ser humano e não derivado da experiência sensorial ou religiosa (Santos e
Morujão, 2001).
Figura 3 – Immanuel Kant
Fonte: A Filosofia. Disponível em: <http://www.afilosofia.com.br/post/immanuel-kant/436> Acesso em 20/04/2016.
Para Kant, o indivíduo deve agir o mais perfeitamente que puder, eis o fundamento primário de
toda obrigação de agir. Assim, a ética do dever vem do reconhecimento do que a própria pessoa faz
de si mesma e que, pela razão, chega à necessidade obrigatória de obedecer a certas regras: os
imperativos categóricos.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) expôs essa ideia de que todos os seres humanos têm a
capacidade de distinguir o bem do mal e que, pela razão, todas as pessoas são chamadas a cumprir o
seu dever, como base de toda a ética do dever de Kant, o qual também sofreu grande influência do
Iluminismo.
Para Kant, a razão deve ser submetida a uma análise sobre as diversas possibilidades de ação, ou
seja, é pela razão que o ser humano se distingue do animal, conferindo-lhe a qualidade de pensar
por si próprio. É por ela que a pessoa se torna autônoma e livre.
A seguir, alguns exemplos dos chamados imperativos categóricos de Kant:
Princípio da autonomia de Kant
"Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da
natureza."
Imperativo Universal de Kant
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"A máxima do meu agir deve ser por mim entendida como uma lei universal, para que todos a
sigam."
Imperativo Prático de Kant
"Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de
qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio."
Saiba mais
Jürgen Habermas é filósofo do Instituto de Pesquisa Social, em Frankfurt (Alemanha). O texto a
seguir foi apresentado na Conferência do Mês (IEA/USP): "Zum pragmatischen, ethischen und
moralise hen Gebrauch der praktischen Vernunft", realizada em outubro de 1989. Boa leitura!
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000300002&script=sci_arttext>
TEMA 5 - FINALISMO E UTILITARISMO
FINALISMO
Ao se tratar do tema finalismo, é primordialse ater ao uso da terminologia em si, pois esta aceita
diversos sentidos, oferecendo algumas possibilidades de equívocos devido às palavras fim e
finalidade. Porém, para evitar enganos, aqui trataremos especificamente da dimensão ética como o
princípio que admite uma finalidade.
Para Japiassú e Marcondes (2008), o finalismo é doutrina que transpõe o princípio de finalidade
para a ordem da metafísica, com o objetivo de explicar os fenômenos do mundo material ou moral,
tanto pela intervenção de um espírito criador e providencial quanto em função de um futuro
"apocalipse" que virá justificar tudo o que se passou anteriormente.
Segundo Alencastro (2013), os finalistas não partem de regras, mas de objetivos, e avaliam as
suas ações à medida que favorecem esses objetivos. Assim, para se definir o rumo certo de uma ação,
inicialmente deve-se escolher um fim acertado e depois decidir sobre o meio para alcançá-lo.
Dentre os teóricos que trataram da ética, Aristóteles tem como especificidade ser finalista, ou
seja, entende que o homem, em todas as suas ações, tem por finalidade alcançar algo (um bem final).
Esse bem final, que em uma escala hierárquica é o maior de todos os outros, é a felicidade.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000300002&script=sci_arttext
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Para os finalistas, a felicidade se focaliza no bem, no efeito da ação, sempre como um fim a ser
obtido pelo indivíduo e não por meio da observância de determinações ou mandamentos.
Assim, podemos nos remeter ao pensamento elaborado por Nicolau Maquiavel no século XV em
seu livro O príncipe, expondo um modelo de governo norteado por um princípio segundo o qual, na
política, “os fins justificam os meios”.
Portanto, para Aristóteles, “a natureza de uma coisa é o seu estágio final, porquanto, o que cada
coisa é quando seu crescimento se completa, nós chamamos de natureza de cada coisa, quer falemos
de um homem, de um cavalo, de uma família, ou até mesmo da política. Mais ainda: o objetivo para o
qual cada coisa foi criada – sua finalidade – é o que há de melhor para ela, e a autossuficiência é uma
finalidade e o que há de melhor” (ARISTÓTELES, Política, I, 1253b, 15)
Para todos os filósofos finalistas os objetivos são as finalidades e não partem de regras. Para eles,
deve-se primeiramente escolher um objetivo − um fim apropriado – e, depois, decidir sobre a
maneira como alcançá-lo.
UTILITARISMO
Para Japiassú e Marcondes (2008), o utilitarismo é a doutrina ética defendida sobretudo por J.
Bentham e J. S. Mill. Na definição de Mill, "as ações são boas quando tendem a promover a
felicidade, más quando tendem a promover o oposto da felicidade". As ações, boas ou más, são
consideradas assim do ponto de vista de suas consequências, sendo o objetivo de uma boa ação, de
acordo com os princípios do utilitarismo, promover em maior grau o bem geral. As críticas ao
utilitarismo geralmente apontam para a dificuldade de se estabelecer um critério de bem geral, e
para o fato de que, em nome deste bem geral, essa doutrina aceita o sacrifício de uma minoria, sem
considerar as intenções e motivos nos quais a ação se baseia, levando em conta apenas os seus
efeitos e consequências (JAPIASSÚ e MARCONDES, 2008).
O utilitarismo surgiu em meados do século XVIII, na Inglaterra, tendo sua gênese nos filósofos
Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873), situando a prática das ações de acordo
com sua utilidade, ou seja, relacionaram o útil ao bom, baseando-se para tal em preceitos éticos.
Bentham e Stuart Mill entendem então, que uma ação é eticamente correta se ela tiver por objetivo
alcançar a felicidade, não no sentido meramente individual, mas no aspecto coletivo, de forma não
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egoísta, a fim de evitar atitudes humanamente impulsivas. Desse modo, a ética utilitarista rejeita o
egoísmo.
Assim, conforme Mário Alencastro (2013), o utilitarismo vê o bom como aquilo que é útil para a
maioria, tornando-se assim uma espécie de altruísmo ético, sempre admitindo a possibilidade do
sacrifício individual a favor da coletividade.
Portanto, uma atitude só deve ser concretizada se for para o bem de um grande número de
pessoas. Assim, antes da efetivação de uma ação, ela deve ser avaliada sob o ponto de vista dos seus
resultados práticos.
O princípio básico da teoria ética do utilitarismo é: “se é útil, é porque é bom”.
O utilitarismo se diferencia de outros princípios éticos de caráter bom ou mal, pois, de acordo
com o utilitarismo, é possível que uma ação boa seja resultado de uma motivação ruim, ou seja, a
ação não depende da motivação de quem a pratica, afinal, uma intenção negativa pode gerar
consequências úteis e benéficas a um coletivo maior.
De acordo com John Stuart Mill: “O credo que aceita a Utilidade ou Princípio da Maior Felicidade
como fundamento da moral, sustenta que as ações são boas na proporção com que tendem a
produzir a felicidade; e más, na medida em que tendem a produzir o contrário da felicidade. Entende-
se por felicidade o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e a ausência de prazer” (MILL,
1962).
Os utilitaristas entendem que o objetivo da ética é proporcionar o máximo de felicidade para o
maior número de pessoas. Segundo Alencastro (2013), esse seria o princípio da “maior felicidade” ou
“maior utilidade”. Neste sentido, a felicidade estaria na procura do máximo prazer e no mínimo de
dor, o bem está na maior felicidade ao maior número de indivíduos, e as ações positivas são aquelas
que a produzem.
Para Mill (1962), “A felicidade é o único fim da ação humana e sua consecução, o critério para
julgar toda conduta”.
NA PRÁTICA
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Para aprofundarmos ainda mais o que estudamos, aqui vai uma sugestão de filme sobre ética e
relações empresariais: Fome de Poder. Assista ao filme e estabeleça relação com os temas estudados
na aula.
COMENTÁRIO
Lançado em 2017 e com Michael Keaton no papel principal, Fome de Poder conta a história do
empresário Ray Kroc, criador da rede McDonald’s. O filme retrata sua trajetória, que começou como
vendedor ambulante de máquinas de milk-shake, e como adquiriu uma participação nos negócios da
lanchonete dos irmãos McDonald’s. Pouco a pouco, os dois foram eliminados da rede e Kroc
transformou a marca em um verdadeiro império. O roteiro traz técnicas interessantes de negociação
e marketing pessoal, mas também aborda a falta de ética e escrúpulos de Kroc.
SÍNTESE
Nesta aula, trabalhamos questões que dizem respeito as mudanças e evolução das teorias sobre
a ética empresarial, pois é de fundamental importância conhecer e analisar algumas das diversas
teorias que vêm norteando a ética no decorrer da história, com suas mudanças e evoluções
conceituais. Assim, percorremos um caminho histórico e conceitual de algumas das teorias éticas
mais importantes no curso da história da filosofia, assim vistas: Ética das virtudes (a.C. − Sócrates,
Platão, Aristóteles etc.); Ética religiosa (Era Cristã); Ética do dever (Kant 1724-1804); Finalismo (século
XV) e Utilitarismo (Bentham e Stuart Mill).
Pudemos perceber que as teorias são concebidas e se desenvolvem nos mais diversos tipos de
sociedade, sempre respondendo aos conflitos e aos problemas de cada época nas relações entre as
pessoas em convivência dentro dela.
REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, M. Ética empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade
corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2013
ARISTÓTELES. Política. Trad. Mário da Gama Kury. 3. ed. Brasília: UnB, 1997.
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18
__________. Ética a Nicômaco. Trad. Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D.
Ross. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
BETTENCOURT, P. Ética da virtude? Disponível em: <www.portalcoimbra.com/portal/o-que-e-etica-da-virtude-aristoteles> Acesso em 20/04/2016.
Consciência Política. Disponível em: <http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/filo
sofia-etica-e-sociedade/>  Acesso em 20/04/2016.
COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia. 15.ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
JAPIASSÚ, H. MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
KANT, I. Crítica da razão pura. 5. Edição. Tradução: SANTOS, M. P. e MORUJÃO, A. F. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. Disponível em: <http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/
Cr%C3%ADtica-da-Raz%C3%A3o-Pura-Kant.pdf>  Acesso em 20/04/2016.
LEVENE, L.  Penso, logo existo: tudo o que você precisa saber sobre Filosofia. Tradução de
Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
MILL, J.S. On liberty. Edited with an introduction by Mary Warnock. Nova York: Meridian Book,
1974.
MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. Tradução de J. Renard.
São Paulo: Paulus, 1980.
NALINI, J. R. Ética geral e profissional. Curitiba: Revista dos Tribunais, 1997.
Portal Coimbra. Disponível em: <http://www.portalcoimbra.com/portal/o-que-e-etica-da-virtud
e-aristoteles/> Acesso em 20/04/2016.
PUC/RIO. Temas Fundamentais da Arquitetônica do Pensamento Ético-Filosófico de Lima
Vaz. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/3744/3744_3.PDF>  Acesso em 20/04/2016.
RODRIGUES, F. Ética do bem e ética do dever. Disponível em: <http://www.oquenosfazpensar.c
om/adm/uploads/artigo/etica_do_bem_e_etica_do_dever/fernando_rodrigues_247-265.pdf>  Acesso
em 20/04/2016.
VALLS, A. L. M. O que é ética. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
http://www.portalcoimbra.com/portal/o-que-e-etica-da-virtude-aristoteles
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-sociedade/
http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Cr%C3%ADtica-da-Raz%C3%A3o-Pura-Kant.pdf
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ÉTICA EMPRESARIAL E
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
AULA 3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prof.ª Olívia Carolina de Resende
CONVERSA INICIAL
Você já parou para refletir o que seria viver em uma sociedade em que as empresas agissem
única e exclusivamente em busca de benefício dos acionistas, ou seja, em benefício próprio, agindo
de tal forma que seu processo produtivo beneficiasse apenas a produtividade, deixando de lado, a
comunidade, o meio ambiente, dentre outros? Ou numa sociedade em que todas as empresas sem
exceção levassem em consideração em suas decisões os stakeholders (partes interessadas pelas
práticas de determinada empresa), o meio ambiente, antes de realizar algo?
Nesta aula, abordaremos a ética nos negócios e analisaremos a corrida pelo lucro e sua grande
influência no mundo empresarial. Refletiremos sobre o conceito de ética empresarial, bem como suas
etapas de formação e seus dilemas.
Vamos a nossa aula!
CONTEXTUALIZANDO
Já vimos que para o convívio em sociedade, a ética é um assunto importante e cada dia mais
difundido e necessário. Nas práticas empresariais isso não é diferente, uma vez que toda empresa é
parte viva de uma determinada comunidade.
Nos dias atuais, em pleno século XXI, fala-se muito em ética empresarial e isso vem se
difundindo de maneira mais veemente nos últimos anos. Assim, o tema é relativamente recente.
O autor Mario Alencastro (2013) afirma que a ética empresarial começou a ser debatida com
mais intensidade no final dos anos 1960, depois de uma série de escândalos acontecidos no mundo
empresarial norte-americano. Na década de 1980, ocorreu uma série de seminários sobre ética nos
negócios, sempre com cursos dirigidos a executivos, com o intuito de conscientizá-los sobre a
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importância desse tema. Mais tarde, o mesmo aconteceu na Bélgica, Itália, Espanha, França e
Inglaterra.
No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social empresarial ganhou forte
impulso na década de 90, através da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e
empresas sensibilizadas para a questão, tais como o trabalho do Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (IBASE) na promoção do Balanço Social, baseado em princípios éticos elevados
(ETHOS, 2008).
Nesta aula, buscaremos refletir sobre o conceito e como se desenvolveram os estudos da ética
empresarial. Além disso, apresentaremos as etapas da formação ética de uma empresa e os dilemas
que envolvem o tema. Para tanto buscaremos responder as seguintes perguntas:
O que é ética empresarial?
A ética empresarial pode fazer diferença na sociedade?
Para responder a estas e outras perguntas, começaremos abordando a ética nos negócios e
alguns aspectos históricos sobre a ética empresarial.
TEMA 1 - A ÉTICA NOS NEGÓCIOS
Há uma grande diferença entre grandes empresários e homens de negócios. Segundo Arruda e
Vasconcellos (1989), quando se estuda a vida de grandes empresários, com frequência se observa
que essas pessoas são dotadas de uma natureza profundamente espiritual. Em contrapartida, os
homens de negócios que não primam pela honestidade e moralidade em sua atuação, cedo se
tornam conhecidos por suas deficiências, e seu prestígio pode ser mais drasticamente abalado do
que aconteceria em outras profissões.
Nos dias atuais, fala-se muito em ética nos negócios, responsabilidade social empresarial e
sustentabilidade, porém, concretiza-se pouco em relação ao respeito aos valores humanos e da
comunidade. Empresários buscam a primazia dos processos atuando de maneira ética, porém, ainda
se tem muito o que fazer para que seja efetivo o atendimento aos direitos humanos.
Mas o que é ética nos negócios ou ética empresarial?
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Para Moreira (1999), a ética nos negócios, ou ética empresarial, é “comportamento da empresa
entendida como lucrativa quando age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem
proceder aceitas pela coletividade (regras éticas)”.
Em diversos países o tema ética nos negócios evoluiu, e têm se tornado primordial para a
garantia do sucesso das empresas, uma vez que, cada vez mais, os consumidores estão empoderados
de sua condição de agente de mudança e cobrando atitudes proativas por parte das empresas no
que diz respeito à consciência dos direitos sociais. Segundo Alencastro (2013), a pressão exercida
pelos consumidores, por exemplo, tem feito com que as empresas ultrapassem o campo das
obrigações legais – o que é determinado pela justiça – e passem também a ter preocupações éticas.
Como já abordamos, a ética nos negócios ou ética empresarial foi inicialmente inserida nos
debates nos Estados Unidos e posteriormente na Europa, ganhando impulso no Brasil na década de
90.
Segundo Arruda e Vasconcellos (1989), na década de 60, o Prof. Baumhart, um dos pioneiros da
Ética Aplicada aos Negócios, realizou nos Estados Unidos uma pesquisa junto a 2000 empresários de
várias filiações religiosas e ideológicas. Concluiu que existia uma necessidade imperiosa de
humanização da tecnocracia dominante.
Na Europa, havia uma visão humanista do homem e a preocupação social tanto de estudantes
quanto de empresários. Para Arruda e Vasconcellos (1989), o europeu normalmente se mostra muito
aberto para discutir problemas de ordem ética, tem uma formação filosófica básica que o habilita
para isso, tem ideias claras sobre os temas em questão e chega intelectualmente a soluções
profundas. Custa-lhe apenas a decisão de mudar sua forma de ser

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