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ESQUIZOFRENIA, TRANSTORNOS DELIRANTES E ANTIPSICÓTICOS Introdução: Esquizofrenia · É a principal representante do grupo das psicoses · Toda esquizofrenia é uma psicose, mas nem toda psicose é esquizofrenia. Existem outros tipos de psicose. (a psicose pode ser um quadro clínico: depressão, mania, Alzheimer, autismo...) · É transcultural e trans histórica, permanece mais ou menos com a mesma incidência e prevalência desde que descrita no final do século 19. · Não é tão dependente de estressores ambientais e psicossociais · Os estressores ambientais podem ser desencadeantes ou precipitantes, mas a pessoa já possuía uma predisposição Epidemiologia: Importante!!! (cai na prova) · Prevalência de 0,5-1,5% da população · Incidência: 4 novos casos por 10 mil habitantes · Idade de início: raramente ocorre antes da puberdade ou após os 50 anos (idade de início: adulto jovem) · No homem começa mais cedo e quanto mais cedo mais grave tende a ser a doença. · Homens -> tem idade de início da doença mais precoce (18-25 anos) · Mulheres -> tem idade de início da doença entre 25-35 anos, com um segundo pico em torno de 45 anos. · As mulheres apresentam um curso mais brando e, normalmente, com melhor prognóstico quando comparada com os homens · Quando história familiar é positiva, a idade de início é mais precoce em ambos os sexos. Evolução do conceito: (IMPORTANTE!!) Emil Kraepelin (1893) -> demência precoce · Chamava de “demência precoce” porque tinha um curso deteriorante, precoce (adulto jovem) e que deixava sequelas. · Depende de como o paciente vai evoluir Eugen Bleuler (1911) -> esquizofrenia, “As” de Bleuler · Esquizofrenia como dificuldade de contato entre o médico e o paciente (discurso, relato do paciente) · “As” de Bleuler · A = Alteração afetiva (incongruência afetiva – riso em momento errôneo, choro fora de hora, hipomodulação afetiva – paciente não consegue demonstrar o afeto) · A = Ambivalência afetiva (paciente está com uma ambivalência afetiva ao mesmo tempo – paciente com dois sentimentos opostos ao mesmo tempo – triste e feliz) · A = autismo (paciente voltado para as experiências interiores, se desligando para as experiências exteriores) · A = alteração das associações ou frouxidão das associações (no discurso do paciente a linguagem fica idiossincrásica, sem conexão, sem compreensão ou sem significado) · Depende do que foi encontrado na entrevista mental. Outros novos “As” modernos são alterações da vontade e alterações da atenção. Sintomas positivos/produtivos (manifestações novas, floridas) · Ideias delirantes (persecutórias, de grandeza, de influência, autorreferentes, de ciúmes, místico-religiosos, erotomaníacas, corporais, outras) · Alucinações/ilusões (auditivas, visuais, táteis etc.) · Comportamento bizarro, atos impulsivos · Agitação psicomotoras · Ideias bizarras, não necessariamente delirantes · Produções linguísticas novas (neologismos)/ parafasias Delírio e alucinações são “irmãos”, quase sempre vem juntos, mas se referem a funções psíquicas diferentes. As alucinações são alterações dos sentidos; o delírio é da razão. A ilusão é mais perto da alucinação do que no delírio; a diferença é que a alucinação é sobre algo que não existe. A ilusão é a alteração da percepção sobre algo que existe e você deturpa. Sintomas negativos/deficitários (perda/empobrecimento das funções psíquicas) · Distanciamento afetivo · Retraimento social · Empobrecimento da linguagem e do pensamento · Diminuição da fluência verbal · Diminuição da vontade (avolição) e apragmatismo · autonegligência · lentificação psicomotora. Formas clínicas (subtipos) 1. Paranóide · Forma mais comum · Composto por delírio, alucinações e alterações do comportamento -> mais caracterizada por sintomas positivos · Delírio persistente · Alucinações (auditivas, visuais, táteis) e outros distúrbios da percepção · A alucinação mais comum é a auditiva · Alucinações visuais e táteis sem auditiva está indicado investigação neurológica para diagnóstico diferencial. · Agressividade e desconfiança · Melhor prognóstico 2. Hebefrênica -> paciente fica mais infantilizado · Refere a deusa grega da juventude, ou seja, é a esquizofrenia que acomete pacientes ainda mais jovens, em torno de 14-16 anos · Mais caracterizada por sintomas negativos (alterações do afeto e da linguagem) -> forma mais grave · Alterações da afetividade (afeto inapropriado, superficial, pueril, risos imotivados, ambivalência, embotamento) · Pensamento desorganizado · Discurso fragmentado · Comprometimento da atenção, da vontade · Desenvolvimento de sintomas negativos · Prognóstico mais reservado 3. Catatônica · Caracterizado por sintomas psicomotores (negativismo, mutismo, ausência de contato, lentificação psicomotora, obediência automática) · Transtornos da psicomotricidade são proeminentes · Alterna períodos de excitação e agitação com períodos de estupor, negativismo, obediência automática e flexibilidade cérea · Posturas bizarras e inapropriadas. 4. Simples · Difícil diagnóstico · Ausência de fase aguda – só é simples porque passa pelos sintomas negativos antes de ter os sintomas positivos (o indivíduo passa pela sequela antes de ter surtado) 5. Indiferenciada · Quando há um pouco de cada um (ex.: paciente delira, tem comprometimento afetivo e fala pouco) 6. Residual · Paciente já teve vários episódios agudos, mas permanece com sintomas (não retorna ao estado basal após um episódio agudo). Aspectos gerais do manejo do tratamento: · Doença de evolução crônica, que requer acompanhamento de longo prazo · Objetivos · Remissão da fase aguda · Prevenção de recaídas · Prevenção de suicídio · Reabilitação e reinserção · Diminuição do estresse familiar TRATAMENTO · Controle do episódio agudo: · Tratamento farmacológico · Abordagens psicossociais (psico e socioterapia) · Construção de uma aliança terapêutica · Redução de fatores de risco (como uso de drogas) Antipsicóticos típicos (potente bloqueador dopaminérgico principalmente no receptor D2) -> mais efeitos colaterais · MA: potentes antagonistas do receptor D2 · Haloperidol – 2-20mg -> RETIRAR DELÍRIO E ALUCINAÇÃO · Pimozida – 0,5+8 mg · Clorpromazina – 50-400mg -> MAIS SEDATIVO · Levomepromazina – 25-300mg -> MAIS SEDATIVO · Trifluoperazina – 5-20mg · Outros. Antipsicóticos injetáveis (de depósito – meia vida de 2/4 semanas) – estratégia terapêutica · Haloperidol · Flufenazina · Zuclopentizol · Pipotiazina · Risperidona · Paliperidona Antipsicóticos atípicos (2ª geração) -> efeitos colaterais mais tolerados · Risperidona · Quetiapina · Aripripazol · Olanzapina · Ziprasidona · Amissulprida · Clozapina -> usado mais em casos refratários Efeitos colaterais dos antipsicóticos (principalmente os típicos) · Síndrome parksoniana (típicos) -> inibição do receptor dopaminérgico; · Maior causa de parksonismo secundário -> uso de antipsicóticos típicos (cai em prova) · Tremor de repouso, sinal da roda denteada, alteração da marcha, rigidez muscular... · Distonia aguda (típicos) · Contração muscular de um determinado grupo muscular · Acatisia (ambos) · Ansiedade devido ao medicamento -> intoxicação dos gânglios da base · Discinesia tardia (exceto clozapina) · Alteração de movimento, que mesmo suspendendo continua · Síndrome neuroléptica maligna (típicos) · Reação idiossincrásica · Síndrome parksoniana + febre + rabdomiólise · Hipotensão, aumento do apetite, peso, síndrome metabólica (atípicos e baixa potência) Manejo dos efeitos colaterais · Medicações -> medicamentos anticolinérgicos (a acetilcolina fica exacerbada com a diminuição da dopamina) · Biperideno · Prometazina · Benzodiazepínicos · Betabloqueadores -> mais usados para tratamento da acatisia · Diminuição da dose dos antipsicóticos · Troca para de outra classe · Em casos refratários -> clozapina Transtornos psicóticos (diagnóstico diferencial) · Preconceitos (juízo a priori, sem reflexão) · Crenças culturais (compartilhada por um grupo) · Superstições (motivação afetiva, desejos, tremores) · Ideais prevalentes (catatímicas, superestimação afetiva) · Transtornos delirantes persistentes· Depressão ou mania psicótica (delirante) · Psicose breve · Transtornos de personalidade (grupo A sobretudo) · Transtorno esquizoafetivo.
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