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A Psicologia - Objeto de estudo e histórico

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TEXTO COMPLEMENTAR I: A Psicologia - objeto de estudo e histórico
CIÊNCIA E SENSO COMUM
A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso através de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. O saber pode assim ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. O senso comum, por outro lado, é um tipo de conhecimento precário, leigo, repassado de um indivíduo para outro sem maiores explicações ou aprofundamento, como se faz em ciência.
Essa característica da produção científica possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Nega-se, reafirma-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido, a ciência caracteriza-se como um processo.
Pense no recente desenvolvimento do motor movido a álcool hidratado. Ele nasceu de uma necessidade concreta (crise do petróleo) e foi planejado a partir do antigo motor a gasolina, com a alteração de poucos componentes desse último, como a carburação, por exemplo. No entanto, os primeiros automóveis apresentaram muitos problemas, como o seu mau funcionamento nos dias frios. Apesar disso, o motor vem-se aprimorando a cada novo modelo.
A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objetividade. Suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se válidas para todos.
Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características é o que permite que denominemos científico a um conjunto de conhecimentos.
OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
Qual é o objeto específico de estudo da Psicologia?
Se dermos a palavra a um psicólogo comportamentalista, ele dirá: "O objeto de estudo da Psicologia é o comportamento humano”. Se a palavra for dada a um psicólogo psicanalista, ele dirá: "O objeto de estudo da Psicologia é o inconsciente”. Outros dirão que é a consciência humana, e outros, ainda, a personalidade.
Considerando toda a problemática apresentada para a definição do objeto de estudo da Psicologia, optamos por apresentar aqui uma definição para a Psicologia e seu objeto que sirva como referência para o leitor, pois, ao colocarmos as diversas teorias psicológicas nos capítulos seguintes, a diversidade de enfoques do homem reaparecerá.
Se pensarmos que toda construção parte de uma matéria-prima, podemos dizer que a matéria-prima da Psicologia é a vida dos seres humanos. É a partir desse material que a Psicologia construirá todo o seu saber. Tudo o que a Psicologia criar, pensar ou disser será sobre a vida dos seres humanos.
A identidade da Psicologia, isto é, aquilo que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca de maneira particular o objeto homem, ou seja, cada um trabalha a matéria-prima de maneira particular, construindo, no final, conhecimentos distintos e específicos. Assim, a Psicologia contribui com o estudo dos fenômenos psicológicos para a compreensão da totalidade da vida humana.
Nossa matéria-prima, portanto, é a vida humana em todas as suas manifestações, sejam elas mentais, corporais ou no mundo externo. Nosso objeto são os fenômenos psicológicos.
Os fenômenos psicológicos referem-se a processos que acontecem em nosso mundo interno e que são construídos durante a nossa vida. São processos contínuos, que nos permitem pensar e sentir o mundo, nos comportarmos das mais diferentes formas, nos adaptarmos à realidade e transformá-la. Esses processos constituem a nossa subjetividade.
A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA PSICOLÓGICA ATÉ O SÉCULO XIX
Toda e qualquer produção humana – uma cadeira, uma religião, um computador, uma obra de arte, uma teoria científica – tem por trás de si a contribuição de inúmeros homens, que num tempo anterior ao presente, fizeram indagações, realizaram descobertas, inventaram técnicas e desenvolveram idéias, isto é, por trás de qualquer produção material ou espiritual, existe a história.
A história da construção da psicologia está ligada, em cada momento histórico, às exigências de conhecimento da humanidade e à insaciável necessidade do homem de compreender a si mesmo.
Os gregos são considerados pioneiros no desenvolvimento do pensamento científico estruturado, sendo a filosofia considerada a mãe de todas as ciências. Além disso, deram sua contribuição, para a história da psicologia, com os conceitos de filosofia, política, religião, além das artes e arquitetura em geral.
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar a psicologia. O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma (parte imaterial do ser humano), e de logos, que significa razão (conhecimento, estudo). Etimologicamente falando, significa “estudo da alma”, ou seja, estudo dos fenômenos imateriais do ser humano: pensamento, emoções, sensação, percepção, sentimentos, desejos, necessidades.
Os filósofos pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção. Mas é com Sócrates (469-399 a.C.) que a psicologia na antiguidade ganha consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma, postulava que a principal característica humana era a razão, que permitia aos homens sobrepor-se aos instintos.
O passo seguinte é dado por Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates. Esse filósofo procurou definir um “lugar” para a razão no nosso corpo, que seria a cabeça, onde se encontra a alma do homem. E a medula seria a ligação entre a ala e o corpo. Quando alguém morria, a matéria (corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo. Este conceito subsidiou, no futuro, os fundamentos da maioria das religiões conhecidas atualmente.
Para Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, alma e corpo não são dissociados, postulando a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo, que remetem aos conceitos de essência e existência. Além disso, a psyché seria o princípio ativo da vida. Estudou, também, as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações. 
Os romanos, por sua vez, na ânsia de conquistar territórios, desenvolveu novas tecnologias, principalmente mecânicas, as quais revolucionaram o mundo da época. Além disso, contribuíram com novos modelos políticos, estratégicos (para a guerra), arquitetônicos e hierárquicos.
Na era cristã, a psicologia ficou relacionada ao conhecimento religioso, uma vez que a Igreja Católica passou a dominar o saber, de um modo geral. Desse modo, além do monopólio do saber, também concentrou os estudos do psiquismo.
Neste período, dois filósofos contribuíam com relevantes estudos para a psicologia: Santo Agostinho (354-430 DC), com seus estudos sobre a cisão (separação) entre alma e corpo (postulados inicialmente por Platão); afirma que a alma é a sede da razão e a prova da manifestação divina no homem; e ainda afirma que a alma é imortal por ser um elemento de ligação entre o homem e Deus. O Outro filósofo que representa bem este período para a psicologia, é São Tomás de Aquino (1225-1274 DC), que postulou a distinção entre essência e existência (estudos advindo de Aristóteles); e afirmou que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua existência (busca de Deus, pois só ele reúne essência e existência).
Por volta de 1500, tem início uma época de transformações radicais no mundo europeu, caracterizando o Renascimento ou Renascença. Esse período ocorre a partir do início da decadência da nobreza,que acabou resultando no enfraquecimento do clero (igreja), e no surgimento de uma nova categoria social, que revolucionou o mundo da época – a burguesia. A partir de então, deixa-se de idolatrar o “divino”, e o “ser humano” passa a ser alvo de exaltação. As transformações acontecem em todos os setores do conhecimento humano. Dante Aliguieri escreve A divina comédia; Leonardo da Vinci pinta Anunciação; Boticelli pinta o Nascimento de Vênus; Michelangelo esculpe Davi; Maquiavel escreve o Príncipe; Copérnico mostra que o nosso planeta não é o centro do universo; Galileu Galilei estuda a queda dos corpos; René Descartes postula a separação entre mente e corpo, favorecendo o estudo dos corpos humanos (antes impedido pela Igreja Católica). Ou seja, as artes e a literatura retratam o homem comum, a ciência volta-se para o estudo do ser humano, e o culto ao universo divino perde espaço.
Era do Iluminismo (ou simplesmente Iluminismo ou Era da Razão) foi um movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado. 
O início da era do Iluminismo, segundo boa parte dos acadêmicos, deu-se entre o final do século XVII e o início do século XVIII como marco de referência, aproveitando a já consolidada denominação Século das Luzes . O término do período é, por sua vez, habitualmente assinalado em coincidência com o início das Guerras Napoleônicas (1804-1815). 
O Iluminismo é, para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de ação. Os iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de tornar este mundo um mundo melhor mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e do engajamento político-social. Immanuel Kant, um dos mais conhecidos expoentes do pensamento iluminista, num texto escrito precisamente como resposta à questão O que é o Iluminismo?, descreveu-o como sendo a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão, independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo".. 
As ideias iluministas influenciaram acontecimentos marcantes, tais como a Revolução Francesa e a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão; a Constituição Polaco-Lituana de 3 de maio de 1791; a Independência Americana e das várias colônias americanas, inclusive a brasileira.
O Iluminismo floresceu até cerca de 1800, após o qual a ênfase na razão deu lugar ao ênfase do romantismo. O romantismo foi um movimento surgido no final do século XVIII como uma crítica ao Iluminismo (à vertente racionalista do iluminismo). Essa corrente postulava a grande valorização da individualidade e da intimidade.
A partir de então, pode-se identificar as precondições para o nascimento de uma psicologia científica, que são:
A experiência da subjetividade privatizada, em que nós nos reconhecemos como livres, diferentes, capazes de experimentar sentimentos, ter desejos e pensar independentemente dos demais membros da sociedade é uma precondição para que se formulem projetos de uma psicologia científica;
A outra precondição é que não somos tão livres e tão diferentes quanto imaginávamos.
A suspeita de que a liberdade e a singularidade dos indivíduos são ilusórias, que emerge com o declínio das crenças liberais e românticas, abre espaço, finalmente, para os projetos de previsão e controle científico do comportamento individual.
No século XIX, destaca-se o papel da ciência, e seu avanço torna-se necessário. O crescimento da nova ordem econômica – o capitalismo – traz consigo o processo de industrialização (terceiro processo produtivo humano, também conhecido por maquinofatura), para a qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da técnica. Vale ressaltar que esse mundo capitalista trouxe consigo a máquina, a partir do século XVIII. E esta invenção foi tão fantástica que passou a determinar a forma de ver o mundo. Todo o universo passou a ser visto como uma máquina, isto é, podemos conhecer o seu funcionamento, a sua regularidade, o que nos possibilita o conhecimento de suas leis. Essa forma de pensar o mundo caracterizou a teoria funcionalista, que atingiu também as ciências humanas, onde o conhecimento era produzido em laboratórios, sob observação e mensuração (medição). 
A psicologia, a partir do século XIX, se “liberta” da filosofia e ganha status de ciência, definindo seu objeto de estudo (a mente, a vida psíquica, a consciência), formulando os métodos de estudo deste objeto, e formulando as primeiras teorias psicológicas: o funcionalismo (funcionamento da consciência humana - “o que fazem os homens” e “por que o fazem”; o estruturalismo (através do introspeccionismo, procura estudar os estados elementares da consciência como estruturas do SNC); e o associacionismo (Thorndike formulou a Lei do Efeito – todo o comportamento de um organismo vivo tende a se repetir, se nós o recompensarmos assim que ele o emitir). Estas teorias serviram de base para a formação da psicologia, em seus primórdios.
Nesse período, os problemas e temas da psicologia, até então estudados exclusivamente pela filosofia, passam a ser estudados pela fisiologia e pela neurofisiologia. E por influência do funcionalismo, o cérebro passa a ser analisado como a máquina de pensar do homem; o pensamento, percepções e sentimentos humanos passam a ser considerados produtos do sistema nervoso central; a doença mental passa a ser vista como um fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais (e não mais castigos do demônio, como era pregado pela Igreja Católica).
Em meados desse século, compreende-se melhor os mecanismos que regem o reflexo (estímulo que chega à medula espinhal e ali já obtém uma resposta antes de chegar aos centros cerebrais superiores); inicia-se o estudo da Psicofísica, principalmente a partir do estudo da fisiologia do olho e da percepção; investe-se na mensuração dos fenômenos psicológicos (Lei de Fechner-Weber), onde se estabelece a relação entre estímulo e sensação; e, finalmente, Wilhelm Wundt (Alemanha, 1832-1926), considerado o pai da psicologia moderna ou científica, através do introspeccionismo (método por ele criado), desenvolveu a concepção do paralelismo psicofísico (fenômenos mentais correspondem a fenômenos orgânicos).
EXCERTOS DAS SEGUINTES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BOCK, Ana Maria. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 13ed.São Paulo: Saraiva, 1999.
BONOW, Iva. Elementos de Psicologia. 16ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
BENJAMIN JR., L. T Uma Breve História da Psicologia Moderna, LTC, 2009
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. Cengage Learning, São Paulo, 2009.

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