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Fisiologia da dor

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Fisiologia da dor 
DOR x NOCICEPÇÃO 
Dor: é a sensação/percepção de sensações - 
irritação, inflamação, fisgada, ardência, latejo, ou 
seja - sensações insuportáveis que surgem de uma 
parte do corpo. 
Nocicepção: processo sensorial que fará as 
sinalizações para disparar a experiência da dor. 
Receptores nociceptivos e transdução de sinais 
No processo de nocicepção estão envolvidos os 
nociceptores, que consistem em terminações 
nervosas, ramificadas e desprovidas de mielina. 
 Essas terminações nervosas nociceptivas 
sinalizam para o corpo a existência de algum 
tipo de lesão ou de risco na qual o indivíduo 
está inserido. 
 É justamente a ativação dos nociceptores que 
culmina na experiência consciente e subjetiva 
da dor. 
Os nociceptores são ativados por estímulos que têm 
o potencial para causar lesão/danos nos tecidos. 
 Esses estímulos podem ser: estimulação 
mecânica forte, temperaturas extremas, 
privação de oxigênio e exposição a certos 
agentes químicos. 
E como que ocorre o estímulo aos nociceptores? 
 Ao ocorrer uma lesão, os estímulos dessa lesão 
chegam até as membranas dos nociceptores e 
ativam canais iônicos que estão presentes nelas. 
 Essa ativação de canais iônicos leva à 
despolarização da célula e ao disparo de 
potenciais de ação. 
Esses canais iônicos podem ser ativados: 
 Pelo simples estiramento ou dobramento da 
membrana do nociceptor. 
 Pela liberação de substâncias liberadas pelas 
células danificadas. 
o Proteases - enzimas que digerem 
proteínas: clivam cininogênio (peptídeo 
extracelular) para formar bradicinina. 
A bradicinina liga-se a uma molécula receptora 
específica, que aumenta a condutância iônica de 
alguns nociceptores. 
o Trifosfato de adenosina (ATP): o ATP 
causa a despolarização dos nociceptores 
por meio da ligação direta a canais 
iônicos que dependem de ATP para sua 
ativação. 
o Íon potássio K+: o aumento de [K+] 
extracelular despolariza diretamente as 
membranas neuronais. 
TIPOS DE NOCICEPTORES 
 Nociceptores polimodais (maioria): 
respondem a estímulos mecânicos, térmicos e 
químicos. 
Nociceptores seletivos 
 Nociceptores mecânicos 
(mecanonociceptores): mostram respostas 
seletivas à pressão intensa; 
 Nociceptores térmicos (termonociceptores): 
respondem seletivamente ao calor queimante 
ou ao frio extremo; 
 Nociceptores químicos: respondem de forma 
seletiva à histamina e a outros agentes 
químicos. 
Os nociceptores estão presentes na maioria dos 
tecidos corporais: pele, ossos, músculos, a maioria 
dos órgãos internos, vasos sanguíneos e coração. 
Eles estão notadamente ausentes no sistema 
nervoso em si, porém estão presentes nas 
meninges. 
HIPERALGESIA x alodínea E INFLAMAÇÃO 
 Os nociceptores normalmente respondem 
apenas quando os estímulos são 
suficientemente intensos para provocar lesão 
tecidual. 
 No entanto, todos nós sabemos que a pele, as 
articulações ou os músculos que já estão 
lesionados ou inflamados estão mais sensíveis 
que o normal. 
 Por exemplo, um toque sobre uma área da pele 
queimada pode desencadear gritos devido à dor 
insuportável. 
Esse fenômeno é conhecido como hiperalgesia, que 
essa percepção aumentada da dor e é o exemplo 
mais familiar da capacidade corporal de 
autocontrole da dor. 
 A hiperalgesia pode ser um limiar reduzido à 
dor, uma intensidade aumentada dos estímulos 
dolorosos ou, até mesmo, dor espontânea. 
(bradicinina e histamina). 
 Hiperalgesia primária: ocorre no tecido lesado. 
 Hiperalgesia secundária: ocorre nos tecidos 
que envolvem a região da lesão, que podem se 
tornar supersensíveis. SNC, substância P. 
Muitos mecanismos distintos podem estar 
envolvidos na hiperalgesia, alguns no nociceptor 
ou perifericamente no tecido a seu redor e outros 
no SNC. 
Quando ocorre lesão na pele, diversas substâncias 
são liberadas: 
 Neurotransmissores (glutamato, serotonina, 
adenosina, ATP). 
 Peptídeos (substância P, produzida nos 
nociceptores; bradicinina). 
 Lipídeos (prostaglandinas, endocanabinoides). 
 Proteases, neurotrofinas, citocinas, 
quimiocinas, íons, como K+ e H+, entre outras 
substâncias. 
Em conjunto, essas substâncias podem causar 
inflamação, que é uma resposta natural dos tecidos 
corporais na tentativa de eliminar a lesão e 
estimular o processo de cura. 
 Os sinais característicos de inflamação na pele 
são dor, calor, rubor e edema. 
Aferentes primários e mecanismos espinais 
 Existem dois tipos de fibras (axônios) que estão 
envolvidas no processo de carregamento das 
informações (de dor) até o SNC: fibras Aδ e C. 
 Elas possuem diferentes velocidades de 
condução de seus potenciais de ação; por isso, 
levam informação ao SNC com velocidades 
diferentes. 
Dessa forma, a ativação de nociceptores cutâneos 
produz duas percepções de dor distintas: uma dor 
primária, rápida e aguda, seguida de uma dor 
secundária, lenta e contínua. 
 Dor primária: ocorre devido à ativação de fibras 
Aδ (delta) – pobremente mielinizada; estímulos 
mecânicos e térmicos majoritariamente. 
 Dor secundária: ocorre devido à ativação de 
fibras C – não mielinizada; estímulos 
mecânicos, térmicos e químicos (com 
predomínio do químico). 
Essas fibras são de pequeno calibre, possuem seus 
corpos celulares nos gânglios da raiz dorsal 
segmentar e entram no corno dorsal da medula 
espinhal. 
 Ao entrarem na medula, essas fibras ramificam-
se e percorrem uma curta distância nos sentidos 
rostral e caudal na medula, em uma região 
chamada de tracto de Lissauer. 
 Depois disso, elas fazem sinapse com 
neurônios da parte mais periférica do corno 
dorsal da medula, em uma região conhecida 
como substância gelatinosa. 
 
O neurotransmissor dos aferentes nociceptivos é o 
glutamato (inibitória); esses neurônios também 
contêm o peptídeo substância P. 
 A substância P fica estocada em grânulos de 
secreção nas terminações axonais e pode ser 
liberada por salvas de potenciais de ação de alta 
frequência. 
 Experimentos recentes demonstraram que a 
transmissão sináptica mediada pela substância 
P é necessária para as sensações de dor 
moderadas a intensas. 
É interessante observar que os axônios de 
nociceptores viscerais entram na medula espinhal 
pelo mesmo trajeto que os de nociceptores 
cutâneos. 
 Dessa forma, na medula espinhal, ocorre uma 
mistura substancial de informação dessas duas 
fontes de aferências. 
 Essa linha cruzada origina o fenômeno da dor 
referida, pelo qual a ativação do nociceptor 
visceral é percebida como uma sensação 
cutânea. 
o Um exemplo clássico de dor referida é 
a angina, que ocorre quando o coração 
não recebe oxigênio em quantidade 
suficiente. 
o Os pacientes localizam frequentemente 
a dor da angina na parte superior do 
tórax e no braço esquerdo. 
Vias ascendentes da dor 
Características da via da dor 
 A via da dor possui apenas terminações 
nervosas livres. 
 A via da dor é lenta e utiliza fibras de pequeno 
calibre, fibras pouco mielinizadas Aδ e fibras C 
não mielinizadas. 
 As ramificações das fibras Aδ e C percorrem 
pelo tracto de Lissauer e terminam na 
substância gelatinosa. 
 Vias: espinotalâmica, trigeminal, do tálamo e 
do córtex. 
VIA ESPINOTALÂMICA LATERAL 
A via espinotalâmica é a via que conduz a 
informação sobre a dor corporal (como também a 
temperatura) da medula espinhal até o encéfalo. 
Medula espinal  encéfalo(tálamo) 
 Os axônios dos neurônios secundários que 
percorrem a via espinotalâmica decussam no 
mesmo nível da medula espinhal em que 
ocorreu a sinapse e ascendem pelo tracto 
espinotalâmico ao longo da superfície ventral 
da medula espinhal. 
 De acordo com os nomes, as fibras 
espinotalâmicas projetam-se da medula 
espinhal, passando pelo bulbo, pela ponte e 
pelo mesencéfalo, sem fazer sinapse, até 
alcançar o tálamo. 
 À medida que os axônios espinotalâmicos 
percorrem o tronco encefálico, eles 
posicionam-seao longo do lemnisco medial 
(tato), mas permanecem como um grupo axonal 
distinto da via mecanossensorial. 
A informação sobre o tato ascende 
ipsolateralmente – do mesmo lado -, ao passo que 
as informações nociceptivas (e térmicas) ascendem 
contralateralmente. 
 Logo, se um lado da medula espinhal sofrer 
lesão, déficits de sensibilidade à dor e à 
temperatura ocorrerão no lado do corpo oposto 
ao da lesão medular. 
 
VIA DA DOR TRIGEMINAL 
A via trigeminal leva a informação da dor (e da 
temperatura) da face e do terço anterior da cabeça 
até o tálamo. 
 As fibras de pequeno diâmetro do nervo 
trigêmeo fazem a primeira sinapse com os 
neurônios sensoriais secundários no núcleo 
espinhal do trigêmeo no tronco encefálico. 
 Os axônios desses neurônios decussam e 
ascendem ao tálamo pelo lemnisco trigeminal. 
Além das vias espinotalâmica e trigeminotalâmica, 
outras vias relacionadas à dor (e à temperatura) 
enviam axônios para uma variedade de estruturas, 
em todos os níveis do tronco encefálico, antes de 
alcançarem o tálamo. 
 Algumas dessas vias são especialmente 
importantes para fornecer sensações de dor 
lenta, de queimação e agonizante, ao passo que 
outras desencadeiam um estado geral de 
comportamento de alerta. 
TÁLAMO E CÓRTEX 
 O tracto espinotalâmico e os axônios do 
lemnisco trigeminal fazem sinapse em uma 
região mais extensa do tálamo do que os 
axônios do lemnisco medial. 
 Alguns dos axônios terminam no núcleo VP 
(ventral posterior), tal qual fazem os axônios do 
lemnisco medial, porém as vias do tato e da dor 
ainda permanecem segregadas, ocupando 
regiões separadas do núcleo. 
 Outros axônios espinotalâmicos terminam nos 
pequenos núcleos intralaminares do tálamo. A 
partir do tálamo, as informações sobre dor e 
temperatura projetam-se para várias áreas do 
córtex cerebral. 
 Assim como fazem no tálamo, essas vias 
cobrem um território muito mais extenso do 
que as conexões corticais da via coluna dorsal-
lemnisco medial.

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