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Introdução à patologia As agressões, ao atingirem o organismo, comprometem um tecido ou um órgão, podendo surgir lesões celulares, danos ao interstício, distúrbios locais da circulação e da inervação ou alterações complexas que envolvem muitos dos componentes teciduais ou todos eles — células, componentes intercelulares (interstício ou matriz extracelular), circulação sanguínea e linfática e inervação. As lesões celulares podem ser divididas em dois grupos: letais ou não letais. As lesões não letais são aquelas em que as células continuam vivas após a cessação da agressão, podendo voltar ao seu estado de normalidade. No entanto, as lesões letais são representadas por necrose — morte celular seguida por autólise (destruição do tecido morto por enzimas do próprio organismo) —, e apoptose (morte celular não seguida de autólise). As agressões podem gerar danos celulares a partir da modificação do seu metabolismo, induzindo o acúmulo de substâncias intracelulares (degenerações), ou a partir da alteração dos mecanismos que regulam a proliferação e diferenciação celular, resultando em hipotrofias, hipertrofias, hiperplasias, metaplasias, displasias e neoplasias. Nesse esquema acima podemos observar ações do calor sobre a pele: ação direta na epiderme, gerando degeneração e necrose devido a desnaturação das proteínas; ação sobre os mastócitos e terminações nervosas, induzindo a liberação de mediadores que resultam em resposta inflamatória; ação na microcirculação, que resulta em lesão endotelial, que pode provocar trombose, causando isquemia, anóxia e necrose da pele. Respostas celulares ao estresse e aos estímulos nocivos Adaptação, lesão reversível e morte celular representam os estágios de um dano progressivo que sucede diferentes tipos de agressão. Em resposta a um estresse, as células podem sofrer adaptações e, diante de estímulos nocivos leves e transitórios, lesão celular reversível. No entanto, a persistência desse estímulo nocivo pode levar a célula a uma lesão irreversível e, consequentemente, morte celular. Por exemplo, em resposta a uma sobrecarga hemodinâmica, o músculo cardíaco aumenta, como uma forma de adaptação, podendo sofrer lesão. No entanto, se o suprimento para o miocárdio está comprometido, primeiramente ocorre uma lesão reversível e com a permanência desse estímulo nocivo, as células sofrem lesão irreversível e morrem. Na imagem da esquerda é possível observar um músculo cardíaco saudável. No entanto, a imagem da direita representa uma necrose do músculo cardíaco, devido a um processo isquêmico, o que pode ser visualizado através da perda dos núcleos do cardiomiócitos. OBS: atletas podem possuir um coração com um tamanho aumentado, devido a uma hipertrofia excêntrica — fisiológica. No entanto, existe a hipertrofia concêntrica do coração — patológica —, em que ocorre aumento da massa ventricular decorrente da espessura da parede e redução dos diâmetros cavitários. Adaptações Adaptações são alterações reversíveis no tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções das células, em resposta a modificações em seu meio ambiente. Tipos de adaptações: − Hipertrofias → aumento do tamanho das células que resulta no aumento do tamanho do órgão afetado, podendo ser fisiológico ou patológico. Vale ressaltar que o órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores. Na imagem da esquerda podemos observar pequenas células fusiformes de músculo liso de um útero normal. No entanto, na imagem da direita, é possível analisar células grandes com amplo citoplasma do útero gravídico, configurando uma hipertrofia fisiológica. Mecanismos de hipertrofia Os sensores mecanismos percebem o aumento da carga de trabalho cardíaca, ativando vias complexas de transdução de sinal: PI3K (mais relacionada com a hipertrofia fisiológica) e a via da proteína G (mais relacionada com a hipertrofia patológica), o que induz a produção de numerosas proteínas células, como fatores de crescimento e agonistas. A área clara circulada no ventrículo esquerdo representa um infarto agudo do miocárdio causado por uma isquemia. − Hiperplasias → aumento no número de células em um órgão ou tecido em resposta a um estímulo, podendo ser fisiológica (proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez) ou patológica (hiperplasia nodular prostática decorrente da resposta ao estímulo hormonal androgênico). Vale ressaltar, que a hiperplasia e a hipertrofia frequentemente ocorrem juntas e podem ser induzidas pelos mesmos estímulos. Mecanismo de hiperplasia: A hiperplasia é resultado da proliferação de células maduras induzidas por fatores de crescimento e, em alguns casos, ocorre aumento pelo surgimento de novas células a partir de células-tronco. − Atrofia → é a redução do tamanho de um tecido ou órgão, resultante da diminuição do tamanho e do número de células, podendo ser fisiológica ou patológica. Na imagem da esquerda é possível observar um cérebro de um jovem saudável. No entanto, na imagem da direita, observamos um cérebro atrofiado de um idoso. Essa atrofia cerebral é comum na senescência em virtude, principalmente, da redução do suprimento arterial causada pela aterosclerose. Mecanismo de atrofia: A atrofia resulta da diminuição da síntese e do aumento da degradação de proteínas nas células, sendo que a síntese proteica é diminuída em função da redução da atividade metabólica. − Metaplasias → substituição de um tipo celular por outro tipo celular. Por exemplo, o refluxo gastro-esofágico danifica o epitélio escamoso do esôfago (estratificado pavimentoso), levando à sua substituição por epitélio glandular (gástrico ou intestinal), mais adaptado a um ambiente ácido. Outro exemplo comum de metaplasia é a que ocorre em fumantes habituais de cigarro, em que as células colunares ciliadas da traqueia e brônquios são substituídas por células escamosas estratificadas. − Displasias → é caracterizada por um “crescimento desordenado”, gerando alterações que incluem a perda da uniformidade das células, assim como a perda da sua orientação arquitetural. Vale destacar que as células displásicas podem exibir pleomorfismo e frequentemente contém núcleos hipercromáticos grandes. − Neoplasias → “Uma neoplasia é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é excessivo e não coordenado com aquele dos tecidos normais, e persiste da mesma maneira excessiva após a interrupção do estímulo que originou as alterações.” — oncologista britânico Willis. Degenerações Degenerações são definidas por lesões reversíveis em que o depósito ou acúmulo de substâncias nas células representam a alteração morfológica. Sendo assim, as degenerações são agrupadas de acordo com a natureza da substância acumulada: acúmulo de água e eletrólitos (degeneração hidrópica), acúmulo de proteínas (degeneração hialina e mucoide), acúmulo de lipídios (esteatose) e acúmulo de carboidratos. OBS: esteatose hepática O etanol é a causa mais comum de esteatose hepática, ao passo que contribui com o acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos. Nas setas podemos observar hepatócitos com grande vacúolo de gordura no citoplasma. OBS II: lipidoses → acúmulos intracelulares de outros lipídeos sem ser triglicerídeos, principalmente colesterol e seus ésteres, o que contribui para a formação de aterosclerose.
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