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Habeas Corpus - 92194

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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 92.194 - CE (2007/0237686-6)
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
IMPETRANTE : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO E OUTRO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ 
PACIENTE : FREDERICO ANTÔNIO ARAÚJO BEZERRA 
EMENTA
HABEAS CORPUS . PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXPLORAÇÃO 
DE PRESTÍGIO. 1. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 2. 
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL. INTERESSE DA UNIÃO. 
INEXISTÊNCIA. ORDEM DENEGADA.
1. Em se tratando do crime de exploração de prestígio, não é necessário que 
o funcionário exista, podendo ser uma figura puramente imaginária.
2. Constatada, no caso, a inexistência do servidor federal que supostamente 
seria influenciado pelo paciente, a competência é da Justiça Estadual.
3. Ordem denegada. 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, 
acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por 
unanimidade, denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto da Sra. Ministra 
Relatora." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso Limongi (Desembargador convocado do 
TJ/SP) e Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) votaram com a Sra. 
Ministra Relatora. 
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura. 
Brasília, 18 de agosto de 2010(Data do Julgamento)
Ministra Maria Thereza de Assis Moura 
Relatora
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 1 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 92.194 - CE (2007/0237686-6)
 
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
IMPETRANTE : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO E OUTRO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ 
PACIENTE : FREDERICO ANTÔNIO ARAÚJO BEZERRA 
RELATÓRIO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): 
Cuida-se de habeas corpus , com pedido liminar, impetrado em favor de 
FREDERICO ANTÔNIO ARAÚJO BEZERRA, apontando como autoridade coatora o 
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (HC n.º 2007.0010.4566-9/0)
Consta dos autos que o paciente foi denunciado como incurso no art. 357, 
parágrafo único, do Código Penal, por supostamente ter exigido de um cliente valores para 
manipular processo em curso na 11ª Vara da Justiça Federal do Ceará, sob a alegação de 
que influenciaria um servidor na referida unidade judiciária.
O juízo de primeiro grau recebeu a denúncia e determinou a citação do 
paciente para interrogatório e a quebra de seu sigilo bancário.
A defesa, irresignada, ajuizou prévio writ, perante o tribunal de origem, mas 
não obteve êxito. O tribunal a quo, ao denegar a ordem, ementou (fl. 20):
“HABEAS CORPUS – PENAL E PROCESSO PENAL – CRIME DE 
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO – INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA 
JUSTIÇA ESTADUAL PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DA 
CAUSA PENAL – NÃO CONFIGURAÇÃO – INAPLICABILIDADE AO 
CASO DO ARTIGO 109, IV, DA CF/88 – NEGATIVA DE AUTORIA – 
SEDE INVIÁVEL PARA APRECIAÇÃO DESTA ALEGAÇÃO.
1. Para que se aplique o artigo 109, IV, da CF/88, estabelecendo-se, por 
ilação, a competência da Justiça Federal para o processamento de causa 
penal é necessária a ocorrência de lesão direta e específica a bens, serviços 
ou interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de empresa pública, 
fato que não ocorreu nos presentes autos, tendo havido tão somente para a 
perpetração do delito menção de falso prestígio junto a servidor público 
federal que sequer existia.
2. Não se afigura possível a análise da alegação de negativa de autoria 
do paciente, uma vez que ensejaria, necessariamente, ampla dilação 
probatória, o que se afigura inviável nesta sede.
3. Ordem denegada.”
Alegam os impetrantes a ausência de justa causa para a ação penal, tendo 
em vista a atipicidade da conduta narrada na denúncia, já que o servidor federal a ser 
influenciado sequer existia. 
Sustentam que, caso configurada a justa causa, a competência para 
processar e julgar a citada ação penal é da Justiça Federal.
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 2 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Pretendem, liminarmente, seja sustado o andamento da ação penal n.º 
2007.0004.4116-1, em curso na 2ª Vara de Crateús/CE, até o julgamento final do presente 
writ.
No mérito, requerem o trancamento da ação penal por ausência de justa 
causa ou o reconhecimento da incompetência da Justiça Estadual para processar e julgar a 
referida ação penal, com a conseqüente anulação de todos os atos praticados a partir da 
denúncia.
O pleito liminar foi indeferido às fls. 66/67.
As informações prestadas pela autoridade apontada como coatora 
encontram-se às fls. 73/88.
O Ministério Público Federal, às fls. 90/94, manifestou-se pela denegação 
da ordem.
Em resposta ao despacho de fl. 96, o tribunal de origem prestou 
informações complementares às fls. 119/156, destacando-se as seguintes:
a) ainda não foi proferida sentença na ação penal em apreço;
b) o paciente encontra-se em liberdade.
É o relatório.
 
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 3 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 92.194 - CE (2007/0237686-6)
 
EMENTA
HABEAS CORPUS . PENAL E PROCESSUAL PENAL. EXPLORAÇÃO 
DE PRESTÍGIO. 1. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 2. 
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL. INTERESSE DA UNIÃO. 
INEXISTÊNCIA. ORDEM DENEGADA.
1. Em se tratando do crime de exploração de prestígio, não é necessário que 
o funcionário exista, podendo ser uma figura puramente imaginária.
2. Constatada, no caso, a inexistência do servidor federal que supostamente 
seria influenciado pelo paciente, a competência é da Justiça Estadual.
3. Ordem denegada. 
 VOTO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): 
As questões a serem enfrentadas no presente habeas corpus consistem na 
atipicidade da conduta descrita na denúncia e na incompetência da Justiça Estadual para 
processar e julgar a ação penal em apreço.
Conforme relatado, o paciente foi denunciado como incurso no art. 357, 
parágrafo único, do Código Penal, por supostamente, no exercício da advocacia, ter 
exigido de um cliente valores para manipular processo em curso na 11ª Vara da Justiça 
Federal do Ceará, sob a alegação de que influenciaria um servidor na referida unidade 
judiciária.
Segundo a impetração, a atipicidade da conduta residiria na inexistência do 
referido servidor federal.
Razão não assiste ao impetrante.
Segundo doutrina de escol, "não se exige que o funcionário seja 
determinado nem que seja competente para o ato em que tenha interesse o lesado, podendo 
também ser uma figura puramente imaginária" (Heleno Cláudio Fragoso. Lições de Direito 
Penal , parte especial, vol. II, 6. ed., atualizada por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Ed. 
Forense, 1988, p. 488).
No mesmo sentido, Magalhães Noronha, em Direito Penal , parte especial, 
11. ed., Ed. Saraiva, 1979, p. 326, quando afirma que "não se desnatura o delito se o 
funcionário pseudocorrupto não existe ou é imaginário".
A jurisprudência segue no mesmo trilho:
PENAL. RECURSO ESPECIAL. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO. 
CONFIGURAÇÃO.
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 4 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
1. O crime de exploração de prestígio exige, à sua configuração, apenas 
a obtenção de vantagem, ou promessa desta, junto a funcionário público no 
exercício da função. Dispensável a identificação expressa do servidor.
2. Recurso Especial provido. (REsp 76.211/PE, DJ de 06.09.1999)
Assim, tem-se que a impetração não prospera em relação à primeira 
insurgência.
No que se refere à alegada incompetência da Justiça Comum, melhor sorte 
não assiste aos impetrantes.
Como cediço, a fixação da competência da Justiça Federal para o 
processamento e julgamento da ação penal pressupõe a ocorrência de lesão direta e 
específica a bens, serviços ou interesse daUnião, de suas entidades autárquicas ou de 
empresa pública.
Nesse sentido, o CC n.º 37.073/PR, de minha relatoria, DJ de 26.03.2007, 
assim sintetizado:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL 
PENAL. ESTELIONATO. PREJUÍZO AO PATRIMÔNIO ALHEIO. 
AUSÊNCIA DE DETRIMENTO DE BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES 
DA UNIÃO E DE SUAS ENTIDADES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL.
1. Para delinear-se a competência da Justiça Federal o interesse 
requerido no preceito constitucional, art. 109, IV, tem de ser de tal sorte que 
resulte em prejuízo potencial à União ou a seus entes, não cabendo a 
afetação por via intermediária. 
2. In casu , inexistindo prejuízo ao patrimônio público, já que os 
agentes, sem qualquer vinculação com a Administração, buscaram 
tão-somente conseguir vantagem indevida de particular, não caracteriza 
hipótese de competência da Justiça Federal, pois incogitável o detrimento de 
bens, serviços ou interesses da União e de suas entidades.
2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 
Comarca de Rio Negro, PR, suscitado.
Repise-se: o funcionário público que supostamente seria influenciado 
sequer existe. Transcrevo, por oportuno, o seguinte trecho do acórdão impugnado:
Segundo a denúncia o suposto delito teria sido praticado em detrimento 
dos interesses de Francisco das Chagas Nunes, à época cliente do ora 
paciente.
Na exordial delatória, o Ministério Público Estadual afirma que o ora 
paciente ludibriou a vítima, aplicando-lhe um golpe para dela subtrair a 
quantia de R$ 7.000,00 (sete mil reais), sob a alegação de que conseguiria a 
revogação de uma prisão preventiva contra si decretada, através de um 
servidor que seria assessor do Juiz Federal atuante na 11ª Vara Federal do 
Estado do Ceará.
Segundo o Parquet , restou apurado que referido servidor, o qual 
supostamente seria corrompido, sequer existe, não havendo nenhum 
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 5 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
servidor do sexo masculino que seja magistrado titular da 11ª Vara Federal 
do Estado do Ceará.
Não se vislumbra, portanto, o interesse da União na apuração dos fatos 
narrados na inicial.
O comportamento irrogado, penso, não afeta a esfera da União, dada a 
mis-en-scène supostamente encetada pelo paciente.
Assinalou o Ministério Público Federal que "o que se protege no delito 
mencionado é a dignidade e o prestígio da justiça, que não foram ofendidos, pois a conduta 
praticada não foi apta a tanto" (fls. 91/92).
Assim, percebe-se que as irresignações não se amparam na doutrina e na 
jurisprudência desta Corte.
Ante o exposto, denego a ordem.
É como voto.
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 6 de 7
 
 
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
 
 
Número Registro: 2007/0237686-6 HC 92.194 / CE
MATÉRIA CRIMINAL
Números Origem: 2007000441161 2007001045669
EM MESA JULGADO: 18/08/2010
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Subprocurador-Geral da República
AUSENTE
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO E OUTRO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
PACIENTE : FREDERICO ANTÔNIO ARAÚJO BEZERRA
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Contra a Administração da Justiça - Exploração de prestígio
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto da 
Sra. Ministra Relatora."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP) e 
Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) votaram com a Sra. Ministra Relatora. 
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
 Brasília, 18 de agosto de 2010
ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
Secretário
Documento: 995042 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/09/2010 Página 7 de 7

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