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Introdução à filosofia Sempre que recorremos à explicação do que é filosofia, recorremos, na maioria das vezes, à etimologia da palavra. Filosofia = philos + sophia. "Philos" -> "philia’’ (atração por, tendência a, movimento em direção a, etc). "Sophia" = sabedoria, em amplo sentido. Assim, de modo abstrato e prático, filosofia é o amor à sabedoria. Acontece, que a explicação etimológica por si só é muito rasa, insatisfatória, é somente uma seta que aponta em uma direção. Por isso, a pergunta precisa ser refeita. Veremos, então, algumas das principais áreas, campos de conhecimento, dos quais à filosofia se apropria. • METAFÍSICA Aqui estão as questões mais básicas sobre a vida e a existência. Aqui lidamos com questões como: "O que é ser?", "Qual é o sentido da vida?", "O que é a realidade?". Essas perguntas são metafísicas pois são problemas que se propõem para além da física: "estão fora da physis", "para além da natureza". Não são questões sobre a natureza ou o modo como o mundo funciona, mas uma reflexão sobre as possibilidades do mundo, são questões de pré-existência. Essas questões são tão básicas que ecoam para outras áreas da filosofia e acabam por delimitá-las. Exemplo: Um materialista tem uma visão metafísica muito diferente de um teísta. Entretanto, é importante afirmar que mesmo uma visão materialista é um posicionamento metafísico, pois faz uma afirmação acerca de questões para além da natureza. Portanto, a visão sobre ética e moral de alguém que crê que somos corpo e alma é bem diferente de alguém crê que somos apenas corpo. Aqui vemos como as questões metafísicas importam tanto para outras áreas da filosofia. • TEORIA DO CONHECIMENTO É a teoria que se propõe a entender o que é conhecimento. A primeira pergunta a se fazer é: "Existe conhecimento?". Com essas perguntas existem posições que podem ser tomadas. A primeira é o 'ceticismo' nega todo o tipo de conhecimento e afirma que não podemos ter acesso verdadeiro ao conhecimento. Já a segunda afirma que se é possível conhecer. E essa afirmação à existência do conhecimento ocasionará outra pergunta: "Como ele se dá, qual é a sua fonte?". Os 'racionalistas' alegam que só podemos conhecer por meio do uso da razão, enquanto os 'empiristas' garantem que a sensibilidade é o único meio de conhecer a verdade. Gnoseologia x Epistemologia A 'gnoseologia' é o estudo do conhecimento. Muito escuta falar da 'epistemologia' como o estudo do conhecimento, entretanto, é bom saber diferenciar que a epistemologia é uma subárea muito específica da teoria do conhecimento, ao qual se propõe a estudar a ciência e modo como ela se faz. • LÓGICA É o pensamento acerca da validade, da verificação de um raciocínio/afirmação. É um instrumento das ciências, um pressuposto dos quais elas se utilizam. A lógica enquanto campo tenta compreender características de um raciocínio válido Muito já vemos sobre a estrutura lógica nos 'silogismos': "Todo ser humano é mortal" > "Sócrates é homem" > "Portanto Sócrates é homem". Esse raciocínio vem de um modelo clássico da lógica: 'todo A é B' > 'C é um exemplo de A' > 'portanto C é B'. Entretanto, mesmo que um raciocínio siga esse modelo ele não é necessariamente verdadeiro. Eu não posso afirmar coisas do tipo: "Toda árvore voa" > "Sócrates é uma árvore" > "Logo Sócrates voa". O modelo lógico está sendo seguido, mas nenhuma dessas afirmações corresponde à realidade. • ÉTICA E MORAL É uma reflexão acerca do indivíduo em todas as suas instâncias, principalmente no que diz respeito ao que conduz as suas ações. "o que é bom e o que é mal?", "o que é certo e o que é errado?", "o que é digno e o que é indigno?". Por uma linha de raciocínio não há diferença entre esses dois termos. Por outro lado, a 'moral' pode ser entendida como um conjunto comunitário, sócio-histórico, portanto, local e transitório de valores. Exemplo: No Brasil, o que poder entendido como educação, em países europeus, não tão "calorosos/receptivos" pode ser entendido como rudeza. Então qual é a diferença entre ética e moral? Para a sociedade, mesmo que não esteja 'claro', a moral seria um conjunto de valores obscuros pois não estão hierarquizados, e essa não hierarquização ode gerar dilemas. Exemplo: Sabemos que roubar é errado. Entretanto, temos um parente doente. O dono da loja 'dá mole' e deixa os medicamentos expostos e sem vigilância. O que você faz? Rouba e salva a pessoa ou não rouba e ela morre? Os valores, portanto, parecem entrar em conflito. Por isso, certas pessoas fazem uma distinção da 'ética' afirmando que ela é uma reflexão acerca dessa moral que é obscura, ao qual tenta organizar esses valores e criar 'regras' de boa convivência. • FILOSOFIA SOCIAL OU POLÍTICA Tenta entender a respeito das relações sociais, a respeito de como os grupos, sociedades, história e cultura são produzidas. Ela se pergunta sobre específicas relações sociais: "O que é poder?", "O que é governar?", "Qual é o melhor modo de governo?". A filosofia social é um campo maior ao qual engloba a política. • ESTÉTICA Trata especificamente da 'aisthesis' > estética. Trata não só da beleza em sua pluralidade, mas em tudo aquilo que desperta a sensibilidade (estados afetivos e emocionais). Então se debruça sobre o que é belo, mas também o que é feio, o amor, mas também o que provoca medo. CONCLUSÃO Percebemos que a filosofia lida com muitos objetos de estudos. Não há um 'macro' objeto de estudos, não há um grande nicho. A filosofia lida com muitos problemas, com uma pluralidade de objetos. Para Aristóteles, a filosofia deriva do 'thauma' >> do espanto, daquilo que eu não compreendo, daquilo que não me faz sentido, de uma inquietude que me faz passar do espanto para uma melhor compreensão, passar de uma ignorância para um entendimento. Essa thauma é o espanto, questionamento acerca de um objeto (que como vimos podem ser muitos). Filosofia se compõe, então, não a partir do estudo de um objeto, mas de um olhar que é lançado ao objeto. Como vimos, a filosofia é originada do 'thauma', do espanto, da indignação e não de uma posição de conforto. A filosofia nasce do confronto, do inconformismo, da busca e sede pelo conhecimento. Assim, ela pode ser considerada a 'mãe do conhecimento' e de todas as outras ciências. A filosofia portanto, rejeita o achismo e a opinião, ela é a experiência do 'logos', um esforço argumentativo para compreender certos aspectos do mundo. Por isso, é necessário que ela se atente para: Clareza conceitual - a filosofia preza por conceitos claros e objetivos, não atentando para uma grande multiplicidade, polissemia o que pode gerar uma ambiguidade. Essa 'equivocidade' que se pode encontrar em algumas palavras não pode ser adotada pela filosofia por que ao lidar com a teorização é necessário que esses conceitos não sejam confusos e múltiplos, é necessário que eles estejam bem delimitados. Rigor e Coerência Lógica - raciocinar é uma tarefa, mas nem sempre ela é executada da melhor maneira possível. É importante atentar para essa parte por que raciocinar não demonstra a validade/efetividade de algo, é apenas uma tentativa. Atenção com referência às coisas esquematizadas - Não basta somente serem claras e coerentes é preciso atentar que os assuntos tratadossejam relacionados ao mundo que vivemos, que não sejam conclusões da realidade por nós experimentada. Ela não pode se perder das coisas sobre as quais ela discursa - a filosofia visa, de certa forma, explicar o mundo.
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