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Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 1 Fármacos do Sistema Respiratório - Em relação às patologias envolvidas e passíveis de tratamento farmacológico, grande parte da farmacologia pulmonar está relacionada com os efeitos dos fármacos sobre as vias respiratórias e a terapia para a desobstrução das vias respiratórias. - Particularmente o tratamento da asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Outros processos pulmonares, como bronquite, níveis de sistema respiratório alto também podem ser tratadas com alguns medicamentos como anti- histamínicos, antimicrobianos e também podem ser realizadas com alguns fármacos citados aqui. - ASMA e DPOC estão entre as doenças crônicas mais comuns do mundo e com muita relevância principalmente agora no cenário de pandemia, por serem complicações de infecções. - Tanto a asma como a DPOC são caracterizadas como processo inflamatório crônico das vias respiratórias, mas há diferenças que são marcantes nos mecanismos inflamatórios e na resposta à terapia entre as duas doenças. Acabam sendo estudadas juntas pois os tratamentos acabam convergindo até um certo ponto. - CONTROLE NEURO-HUMORAL: O pulmão é inervado pelo SNA tanto por fibras adrenérgicas (simpático) quanto colinérgicas (parassimpático). SNP = Broncoconstrição SNS = Broncodilatação Importante que substancias que atuam tanto na via adrenérgica quanto na via colinérgica são estratégias terapêuticas utilizadas para o tratamento dessas patologias. Há fibras que não são adrenérgicas e nem colinérgicas e que o controle da respiração é feito pelo CENTRO RESPIRATÓRIO. O centro respiratório acaba sendo afetado por algumas situações, como: Pressão parcial do dióxido de carbono (CO2) – Quando aumenta a quantidade de CO2, há um disparo para aumentar a inspiração de O2 para manter os níveis de O2 dentro do adequado. Pressão parcial de oxigênio (O2) Ação nos Receptores Bulbares Ação em outros receptores Não precisamos controlar inspiração e expiração o tempo todo, isso ocorre de maneira involuntária. Há também o controle voluntário que exerce um grau moderado de controle em relação a respiração. É possível a gente respirar com mais calma, mais profundidade quando necessário. Muitas vezes o controle voluntário é sobreposto pelo controle do SNC. Ex: não conseguimos deixar de respirar. Pode tampar o nariz e impedir a entrada de oxigênio e o máximo que vai acontecer é baixar o nível de oxigênio e o indivíduo desmaiar, perdendo o componente voluntário e o SNC volta a funcionar involuntariamente. - CONTRAÇÃO: A inervação adrenérgica do pulmão vai se concentrar principalmente nos vasos sanguíneos pulmonares, nas glândulas submucosas, mas as células do musculo liso das vias respiratórias elas também vão ter quantidade grande de receptores β2 adrenérgico e em menor grau os receptores β1 e α. Esses receptores respondem às catecolaminas circulantes (norepinefrina/epinefrina). A noraepinefrina (noradrenalina) é o neurotransmissor do SNA adrenérgico. Quando ela atua nesses receptores adrenérgicos, a noraepinefrina vai promover uma broncodilatação. Receptor β2 adrenérgico vai ser ativado tanto pela norepinefrina quanto pela epinefrina. Todo receptor adrenérgico é relacionado a proteína Gs. Epinefrina e noraepinefrina são mediadores fisiológicos para broncodilatação, principalmente a epinefrina. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 2 Epinefrina foi um dos primeiros fármacos utilizados para asma. Epinefrina quando vai ser liberada vai atuar em qualquer receptor adrenérgico, seja ele β1, β2, α1, α2, então teria também ação da epinefrina no aumento da atividade de todos os outros receptores além do β2, causando, por exemplo, o aumento da FC, aumento da PA e outros efeitos colaterais que não é o objetivo quando vai tratar um paciente para asma. Devido a isso surgiram fármacos que são agonistas β2 seletivos, sendo inclusive primeira linha de tratamento para os pacientes com algum nível de broncoconstrição como a asma. ASMA É uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias. Caracterizada pela HIPER-RESPONSIVIDADE da musculatura lisa dos brônquios. Do ponto de vista imunológico e fisiopatológico, essa hiper- responsividade é causada pela ativação de mastócitos que são células que vão liberar histamina (promove contração de musculatura), infiltrado de eosinófilos, linfócitos (principalmente tipo T – Th2, envolvidos no processo de hipersensibilidade do tipo 1). Essa ativação dos mastócitos é por um alérgeno ou por um estímulo físico que vai liberar esses mediadores que são broncoconstritores (Ex.: histamina, leucotrieno D4, prostaglandina D2). Todos esses mediadores vão causar broncoconstrição. Alem disso, terá vazamento microvascular e exsudação plasmática. Então o aumento de mastócitos na musculatura lisa das vias respiratórias é uma característica da asma. Asma é um processo de hipersensibilidade do tipo 1. PACIENTE COM ASMA: ↑↑ MASTÓCITOS Muitos dos sintomas da asma são causados pela contração do musculo liso das vias respiratórias, sendo sintomas como a dispneia, sibilância (chiado), produção de muco, tosse. Como esses efeitos na maioria das vezes são gerados por esse processo de broncoconstrição, temos fármacos que são broncodilatadores, importantes para o alivio sintomático do paciente. A asma é iniciada por esse perfil de resposta com degranulação de mastócitos, liberação de histamina, liberação de leucotrienos, ativação de Th2, que em geral tudo relacionado gera a broncoconstrição. Passado o momento inicial de broncoconstrição e falta de ar, há a progressão do caráter obstrutivo para o processo inflamatório, o que justifica o uso além do broncodilatador, o uso de substancias que são anti- inflamatórias (Ex: glicocorticoides). Esse processo repetido e acontecendo de maneira não controlada e o aumento de resposta inflamatória pode gerar um remodelamento de via área superior. Devido a isso paciente terá maior dificuldade na distensão pulmonar para respirar, podendo cursar com quadros mais frequentes de dispneia, lesão pulmonar, tecidos com fibrose. Isso tudo piora o quadro do paciente principalmente após cada crise. - FISIOPATOLOGIA DA ASMA: Pode ser estimulado tanto pela presença de um alérgeno (desencadeada por um processo de hipersensibilidade do tipo I) ou pode ser Autônomo (asma como patologia incurável). Inflamação basicamente pelas células dendríticas que vão regular o linfócito Th2. A célula dendrítica é uma célula apresentadora de Ag e quando ela apresenta esse Ag ao linfócito T (neste momento Th0), o linfócito T vai se diferenciar no subtipo Th2 que é o linfócito que vai secretar as citocinas IL-4, IL-5, IL-13. Essas citocinas liberadas pelos Ly Th2 vão atuar no intuito de ativar eosinófilos que participam Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 3 ativamente do processo de fisiopatologia da asma, e especificamente a IL-4 vai atuar a nível de Ly B mudando a expressão de anticorpos secretados. Linfócito B secreta primariamente IgM e depois por ação da IL-4 vai alterar essa expressão, passando a liberar IgE. IgE atua primariamente sensibilizando a membrana dos mastócitos e aí o alérgeno consegue se ligar diretamente à membrana desses mastócitos sensibilizados provocando granulação, liberação de histamina (constritora de musculatura). Há ativação também de neutrófilos em um processo mais tardio. O epitélio das vias respiratórias também tem papel importante através da liberação de vários mediadores inflamatórios (fatores de crescimento, principalmente), em uma tentativa que o epitélio tem de reparar os danoscausados pela inflamação crônica. Processo inflamatório crônico da asma será mediado por mais de 100 mediadores inflamatórios, rede complexa de citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento, que vão desencadear todo o processo fisiopatológico. Essa inflamação crônica pode gerar mudança estrutural da via respiratória, principalmente com aumento do número e tamanho das células de musculo liso, vasos sanguíneos, células secretoras de muco (hipersecreção de muco). Ativação de miofibroblastos. Característica histológica típica da Asma: deposição de colágeno, fibrose do tecido. Deposita-se basicamente abaixo da membrana basal do epitélio das vias respiratórias. Isso parece ser resultado de formação eosinofílica e pode ser encontrado até mesmo no início dos sintomas da asma. A inflamação nessa doença acaba sendo suprimida pelos corticoides. Inicialmente os sintomas são gerados pela liberação dos mediadores (broncoconstritores – histamina, alguns leucotrienos). O processo inflamatório persistente crônico pode gerar inflamação do subtipo Th1, que nesse contexto tem a ativação basicamente dos corticoides que atuam diminuindo essa resposta inflamatória, além de atuarem no subtipo Th2. Se a asma for bem controlada em relação inflamação e sintomas, na maioria dos pacientes, pode retirar o glicocorticoide. Inicialmente para a falta de ar é dado o broncodilatador, mas esse processo de manutenção da baixa do sistema imunológico é feito pelos Glicocorticoides e se o paciente estiver respondendo bem, podem ser retirados os glicocorticoides. A asma normalmente tem início na infância e pode desaparecer durante a adolescência e retornar na idade adulta. Caracterizado por uma obstrução variável do fluxo aéreo e apresenta uma boa resposta terapêutica tanto aos broncodilatadores (primeira linha de tratamento) quanto aos glicocorticoides. Broncodilatadores – fármacos agonistas β2 e anticolinérgicos (inibem a broncoconstrição). - Fisiopatologia da Asma é dividida em: FASE IMEDIATA – desencadeada pelo alérgeno ou estímulo inespecífico. Promove ativação inicial e degranulação de mastócitos, produção de mediadores locais como os cysLeucotrienos (C4 e T4). Essa ação em conjunta é responsável pelo Broncoespasmo, Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 4 tendo relação com a falta de ar apresentada pelo paciente. Para reverter a questão da broncoconstrição podem ser utilizados fármacos como os agosnistas β2 adrenérgicos, os antagonistas dos receptores para cysLeucotrienos e teofilina (metilxantina que tem atividade broncodilatadora). Esse processo inflamatório inicial mediado pelos subtipo Th2 também vai liberar quimiocinas, principalmente que terão ação de quimiotaxia e promovem uma resposta tardia, fase tardia. FASE TARDIA – infiltrado de linfócitos Th2, liberação de citocinas especificas do subtipo Th2, macrófagos (monócitos), ativação de eosinófilos (liberação de proteínas que vão causar a lesão epitelial – hiper-reatividade das vias aéreas, promovendo até o remodelamento). Esses fatores, juntamente com os mediadores solúveis (cysLTs, neuropeptídios, adenosina) geram o processo de inflamação que pode ser cronificado. Paciente apresenta broncoespasmo, sibilo, tosse. Essa fase tardia tem uma ação predominantemente de glicocorticoides. Quando ele é aplicado de maneira contínua, consegue ter uma ação na fase mediata. Mas é utilizado principalmente para inibir essa resposta inflamatória que vai se estender depois do episódio inicial de broncoconstrição. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) Envolve inflamação do trato respiratório com padrão diferente da asma. DPOC há predominância de neutrófilos, macrófagos, Linfócitos T citotóxicos (LTCD8 +). LTCD8 + promove apoptose, estimula a célula a sofrer apoptose podendo gerar um dano tecidual maior. Inflamação afeta predominantemente as vias respiratórias que resultam em um estreitamento progressivo das vias respiratórias pequenas e fibrose. Além disso tem destruição do parênquima pulmonar com destruição das paredes alveolares que podem gerar efisema. DPOC pode gerar efisema pulmonar. Alterações patológicas resultam em fechamento das vias respiratórias na expiração, havendo maior aprisionamento do ar e a hiperinsuflação (esforço), isso explica a falta de ar ao esforço que o paciente desenvolve, limitação ao exercício. Os broncodilatadores atuam reduzindo esse aprisionamento de ar, dilatando as vias respiratórias periféricas. Os broncodilatadores também são a base para tratamento da DPOC. Ao contrário da asma, a obstrução do fluxo aéreo na DPOC tende a ser progressiva e não passageira ou intermitente como se percebe na asma. Inflamação no pulmão periférico na DPOC é mediada por mediadores inflamatórios, citocinas. Mas o padrão desses mediadores e das citonas é diferente do padrão da asma. Na asma tem uma resposta inicial basicamente pelo Th2. Neste caso da DPOC tem resposta inflamatória crônica que pode ser de caráter ascendente principalmente pelo Th1. Inflamação do paciente com DPOC é bem resistente aos glicocorticoides (diferente da asma). Dessa forma não tem tratamento anti-inflamatório eficaz. Muitos pacientes com DPOC podem ter outras manifestações sistêmicas devido à falta de oxigênio, demanda de O2 muitas vezes não consegue ser suprida. Dessa forma há perda de massa muscular esquelética, perda de peso, osteoporose, anemia, doenças cardiovasculares principalmente isquêmicas, hipertensão (corpo tenta compensar a falta de O2 com aumento da PA). Quadro excessivo de descarga com aumento de PA pode culminar em uma insuficiência cardíaca congestiva – ICC. Paciente com DPOC, além do sintoma pulmonar, também podem ter outras comorbidades associadas com a falta da capacidade de suprir as demandas metabólicas do organismo. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 5 - FISIOPATOLOGIA DA DPOC: Causada por uma resposta inflamatória normal. Há uma agressão ambiental inalada, como exemplo: paciente que fuma (90% dos casos), paciente que trabalha com alguma atividade que exige o contato com fumaça, fogão à lenha. Fumaça estimula o macrófago alveolar residente a produzir citocinas, quimiocinas que vao atrair os neutrófilos para o pulmão. Neutrófilos e macrófagos liberam proteínas – metaloproteinases – enzimas que degradam a matriz de colágeno, degradam elastina, responsáveis pela retração elástica dos alvéolos, perda da capacidade expansiva do pulmão por ativação de fibroblastos. Fibroblastos causam fibrose nas pequenas vias aéreas. Por ativação de macrófagos (célula apresentadora de Ag), apresenta Ag para o linfócito T que se diferencia em Ly TCD8. Ly TCD8 induz células para apoptose, com destruição da parede alveolar (enfisema). Além disso há hipersecreção de muco que é ativada pela ação das proteases liberadas pela ação dos macrófagos. Paciente desenvolve episódio de bronquite crônica, principalmente pela hipersecreção de muco gerada pela ativação da resposta inflamatória. Na asma a dispneia tem caráter agudo, que pode melhorar e piorar, já a DPOC é crônica e se mantem principalmente quando o paciente faz algum exercício. Asma tem liberação de linfócitos Th2, eosinófilos, mastócitos (histamina, leucotrienos). Na DPOC é basicamente por neutrófilos, macrófagos e células T CD8. DPOC não tem anti-inflamatórios responsivos para aliviar a progressão da doença. Nos dois casos podem ser utilizados os agonistas β adrenérgicos. No caso da DPOC tem uma vantagem em relação aos antagonistas colinérgicos, principalmente na produção de muco que o paciente tem o muco constante. - OBJETIVOS DO TRATAMENTOASMA E DPOC: Reduzir risco de remodelamento – fibrose dos tecidos e inibição de processos de apoptose. Evitar danos nas vias aéreas. Terapia com menor índice de efeitos colaterais possíveis. *Medicamentos tem o objetivo de trazer alívio (principalmente os broncodilatadores) e controle (especificamente na asma com uso de glicocorticoides). *Controle de fatores ambientais – fumaça, poeira, animais, ácaros, mofo, etc. *Não farmacológico – cessação do trabagismo, fazer atividade física, evitar AINEs (aines podem causar hipersensibilidade nos pacientes, quando o paciente é asmático há aumento para 15% de pessoas com hipersensibilidade, principalmente no uso de Aspirina - AAS). Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 6 - TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: VIA INALATÓRIA – preferencial. *Tem efeito direto na via respiratória; *Menos efeitos colaterais; *Menor tempo para início de ação; *Menores doses. Muitas vezes é a única maneira de distribuir alguns fármacos como anticolinérgicos e é via preferencial para distribuição de β2 agonistas e glicocorticoides, o que reduz efeito colateral sistêmico. Tecido pulmonar tem alta vascularização, consequentemente pode ser uma via vantajosa para algumas substancias como insulina. Broncodilatadores inalatórios tem inicio de ação mais rápida. Mais fácil de controlar os sintomas de dispneia e bronconstrição. Uso de Espaçadores: Expansores de volume. Paciente tende a reduzir a velocidade de aspiração. Paciente respira as partículas do aerossol de maneira mais pausada e isso reduz a quantidade de fármaco que atinge a orofaringe e aumenta a proporção de fármaco realmente inalado na via respiratória inferior (também diminui a chance de deglutição). Importante quando se fala de glicocorticoides, pois reduz efeitos colaterais do fármaco. Necessidade de orientar o paciente como isso deve ser feito. Glicocorticoides inalatórios tem a candidíase oral como efeito colateral. Ideal lavar a boca após o uso para evitar o acúmulo de fármaco. Os medicamentos são divididos em duas categorias: Agentes de ALÍVIO (broncodilatadores); Agentes de CONTROLE (anti-inflamatórios esteroidais – prevenção). BRONCODILATADORES relaxam o musculo liso das vias respiratórias e atuam prevenindo o processo de broncoconstrição. Fornecem broncoproteção. Três classes principais estão em uso: 1. AGONISTAS β2-ADRENÉRGICOS ou Agentes Simpatomiméticos (linha de frente para as duas patologias); 2. AGENTES ANTICOLINÉRGICOS (na linha de frente junto com Agonistas β); 3. TEOFILINA (Metilxantina). Tem outros fármacos que também tem ação broncodilatadora, mas junto tem ação anti- inflamatória como: *Inibidores dos Leucotrienos – antagonistas dos receptores dos leucotrienos e os inibidores da 5- lipoxigenase. Efeito broncodilatador pequeno em pacientes asmáticos. Podem evitar a broncoconstrição. *Glicocorticoides – apesar de melhorarem graduamente a obstrução das vias respiratórias, eles não vão ter ação direta sobre a contração do músculo liso das vias respiratórias. Por isso não são considerados broncodilatadores. *Inibidores da Desgranulação de Mastócitos – fármacos já não são tão utilizados na clínica. Principal representante é o Cromoglicato e o anticorpo monoclonal contra IgE (uma das ultimas alternativas terapêuticas quando paciente não respondeu a nenhum dos fármacos disponíveis para o tratamento especificamente da asma). AGONISTAS β-ADRENÉRGICOS Formam a base do tratamento da asma e ate um certo ponto da DPOC. A ligação dessas substâncias aos receptores β2 (abundante nas células musculares lisas das vias respiratórias) atua estimulando a atividade da Adenilato Ciclase e aumenta a síntese de AMPcíclico. Aumento de AMPc promove o relaxamento da musculatura lisa e inibe a liberação de mediadores da broncoconstrição pelos mastócitos. Atuam inibindo o derrame microvascular, aumentam o transporte mucociliar. Efeitos Adversos: Fármacos com Baixa seletividade podem gerar taquicardia, tremores musculares esqueléticos, redução potássio (hipopotassemia). Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 7 São classificados como: *AÇÃO INTERMEDIÁRIA *AÇÃO LONGA Depende do quadro clinico apresentado pelo paciente para escolher qual será utilizado. Há agonistas β adrenérgicos endógenos (noraepinefrina/epinefrina), e falando em relação a similaridade estrutural dessas moléculas que tem ação em relação a broncodilatação. Epinefrina foi um dos primeiros fármacos utilizados na asma e o Sabutamol que é um dos principais representantes na broncodilatação. Esses fármacos são formulados tendo como base estrutural a epinefrina e a noraepinefrina que são substancias endógenas que são broncodilatadoras. A modificação nos anéis/agrupamentos que fornecem maior seletividade para os receptores β2 quando comparados com a epinefrina (imagem abaixo). Mecanismos de Ação: Ativação da proteína Gs-adenilatociclase- AMPc-PKA Diminuição de cálcio Ativação da miosina fosfatase de cadeia leve Todo receptor β adrenérgico ativa proteína Gs. Receptor β2 quando ativa a proteína Gs promove a troca do GDP da subunidade α, gama e β, pelo GTP o que fornece a energia necessária para a subunidade α ative a Adenilatociclase que converte o ATP em AMPc (segundo mensageiro). AMPc ativa a proteína quinase A, que gera a diminuição do cálcio citoplasmático, o que diminui cálcio e não consegue liberar o cálcio do retículo e não consegue promover contração muscular. A proteína quinase A também tem ativação da miosina fosfatase de cadeia leve, que vai desfosforilar promovendo o relaxamento do musculo liso. Precisa lembrar da função do receptor no tecido. Não confundir que no musculo cardíaco a proteína Gs (ligado ao receptor β1) promove aumento da concentração de cálcio. Os dois são proteína Gs, os dois atuam ativando Adenilatociclase. A diferença é que um promove aumento de cálcio e o outro promove relaxamento. Relaxam a musculatura lisa e inibem a liberação de mediadores broncoconstritores pelos mastócitos. Aumentam a remoção de muco por ação sobre os cílios. Efeitos colaterais: *Taquicardia e palpitação – principalmente pela estimulação cardíaca que é reflexo secundário à vasodilatação periférica que vem da estimulação direta dos receptores beta 2. Receptor beta 2 tem ação vasodilatadora na periferia, o que pode gerar uma taquicardia reflexa. Outro mecanismo para gerar taquicardia seria a falta de seletividade para o receptor beta 2 (principalmente por via oral ou parenteral). *Tremores de músculos esqueléticos – ativação de receptores beta 2 no musculo esquelético, efeito colateral mais comum. Pode ser problemático em pacientes idosos e mais observado em pacientes com DPOC. *Prolongamento QT – dependente da dose. Sendo importante se o paciente fizer o uso de medicamento que já prolongue QT pode gerar arritmia. *Hipopotassemia – agonistas beta 2 adrenérgicos interagindo com outras substancias que podem alterar o nível de potássio sérico. Não são comuns com terapia inalada, normalmente ocorrem com administração por via oral ou IV. Efeitos tendem a desaparecer com o uso continuado do medicamento. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 8 - EPINEFRINA Broncodilatador efetivo de AÇÃO RÁPIDA, principalmente quando injetado por via subcutânea ou quando inalado como forma de microaerosol. Broncodilatação máxima obtida em até 15 min e após inalação ainda vai perdurar entre 60/90 min. Como a epinefrina estimula os receptores β1 e β2, ela pode gerar taquicardia, arritmia, agravamento de angina– efeitos adversos bem problemáticos. Efeitos cardiovasculares da epinefrina são úteis para o tratamento da vasodilatação aguda e do choque, assim como do broncoespasmo encontrados na anafilaxia. Epinefrina hoje é utilizada em Individuo com reação anafilática (liberação generalizada de histamina que promove vasodilatação). A histamina contrai a musculatura lisa, mas em relação a luz do endotélio, ela dilata o vaso o que promove a saída do sangue do interior do vaso para os tecidos, o que pode provocar edema, hipovolemia, bradicardia. Se não for tratada a tempo pode ser fatal, assim a Epinefrina entra como tratamento de escolha para esses casos por promover ativação de todos os receptores adrenérgicos (α1 nos vasos para vasoconstrição, β2 promovendo broncodilatação, β1 aumentando FC). Para a asma especificamente, a epinefrina acabou sendo substituída por outros agentes seletivos para os receptores β2 tendo em vista que eles terão menos efeitos colaterais. Então atualmente é raramente utilizada no tratamento de asma. - ISOPROTERENOL Broncodilatador com ação NÃO SELETIVA, assim como epinefrina. Mas ele tem ação mais seletiva do ponto de vista de receptores β (epinefrina também atua em receptores α). Atua apenas em receptores β. Tanto β1 quanto β2. Quando é inalado, ele produz uma broncodilatação de prazo máximo de 5 minutos, que dura de 60/90 min. Por ter sido relatado alguns casos de arritmia cardíaca principalmente pelo uso elevado do isoproterenol, mesmo que inalado, ele não é mais um medicação utilizada no tratamento da asma (indução de alterações cardíacas e consequentemente levar à óbito). - ISOETARINA e METAPROTERENOL Tem ação mais seletiva para receptores β2, mas ainda tem ação moderada nos receptores β1. Devido a isso foram formulados novos broncodilatadores. - TERBUTALINA, SALBUTAMOL, PIRBUTEROL, BILOTEROL Substâncias altamente seletivos para receptores β2. Salbutamol foi o primeiro fármaco da classe, altamente seletivo para o receptor beta 2, afinidade de até 400x maior para esse receptor quando comparado ao receptor beta 1. Consequentemente menos efeitos cardíacos. Em altas doses pode causar estimulação cardíaca. É um dos agentes mais utilizados na crise de asma. Esses agentes se diferem da epinefrina na estrutura por terem substituição na cadeia lateral e são efetivos quando inalados por via oral, com duração maior do que a epinefrina. Causam broncodilatação bem efetiva e atinge o máximo de efeito broncodilatador em até 15 min. Podendo ser mantido o efeito por até 4h. Todos podem ser diluídos em soro para serem administrados via nebulização (partículas geradas pelo nebulizador tem tamanho maior, por isso não é tao utilizada, mais utilizado é o espaçador). - SALMETEROL, FORMOTEROL (Agonistas β2 de longa duração – LABA) No geral, os β adrenérgicos são agentes para alivio da crise aguda. NÃO TRATAM a patologia. Os pacientes podem se sentir melhor com o uso dessas substancias, mas são ruins para o tratamento da asma noturna, principalmente devido ao tempo de ação deles de no máximo 4 horas. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 9 Crise de asma noturna pode despertar com a falta de ar, neste sentido foram formulados os β2 agonistas de longa duração, que duram de 12 até 24h. Tem mecanismos resistentes à degradação e podem diminuir dose, atuando diminuindo a dose de corticoide utilizado pelos pacientes. A medida que os glicocorticoides inalados vão diminuindo o risco de exarcebação da asma, a redução ou suspensão desses medicamentos pode fazer com que esses pacientes tenham risco aumentado de hospitalização e até de crise de asma fatal. Por esse motivo tem uma recomendação formal do uso principalmente do Formoterol e Salmeterol utilizados apenas em associação com os glicocorticoides inalados (Utilizados em associação com glicocorticoides). ANTICOLINÉRGICOS - Foram os primeiros fármacos a serem utilizados na farmacologia da asma, sobretudo a Atropina, mas devido aos efeitos colaterais significativos (principalmente relacionado a secagem de secreções em geral – oculares, salivares) que não eram o objetivo da terapêutica, foram desenvolvidos outros compostos para o tratamento como agente anticolinérgico. - Os compostos anticolinérgicos são ativos topicamente e não são significativamente absorvidos pelo trato respiratório ou TGI, por ter uma ação mais local. - São ANTAGONISTAS COMPETITIVOS DA LIGAÇÃO DA ACETIL COLINA AOS RECEPTORES COLINÉRGICOS MUSCARÍNICOS. Portanto eles atuam bloqueando os efeitos da acetil colina endógena em receptores muscarínicos. Isso inclui um efeito constritor direto sobre o musculo liso brônquico mediado através via receptor M3 (proteína Gq – via fosfolipase C, formação de P3, DAG, ativação de proteína quinase C). - A eficácia dessas substâncias esta relacionada com o papel desempenhado pelo SN parassimpático na regulação do tônus broncomotor. Os efeitos da acetil colina fisiologicamente sobre o Sistema respiratório não inclui apenas a broncoconstrição, mas também o aumento de secreção traqueobrônquica, sendo o principal objetivo com a terapia com os agentes anticolinérgicos, evitar que isso aconteça. Além da correção dessa broncoconstrição, que é o objetivo do agente broncodilatador, o anticolinérgico ele complementa a terapia no intuito de diminuir essas secreções pulmonares e com isso atuam também na depuração do muco. - Em pacientes asmáticos os fármacos anticolinérgicos são MENOS eficazes como broncodilatadores quando comparados aos β2 agonistas. Devido a isso, como terapia de primeira linha na asma utiliza-se o β2 agonista. Nesse caso, o anticolinérgico ele oferece uma proteção menos eficaz quanto aos estímulos que provocam o episódio de broncoespasmo em relação aos β2 agonistas. Então os anticolinérgicos podem ser mais eficazes em pacientes idosos com asma. Nos idosos há elemento fixo de obstrução das vias aéreas, principalmente quando fala de um paciente com DPOC. O papel desses antagonistas muscarínicos (anticolinérgicos) administrado por via inalatória no tratamento da asma é limitado, não sendo dado como agente isolado. Pode ser dado como agente complementar de um β2 agonista. - Em indivíduos com DPOC são agentes de escolha. - BROMETO DE IPRATRÓPIO Agente de curta duração, atua muito rapidamente sobre a resistência basal das vias respiratórias. Tempo de duração curta, semelhante aos simpatomiméticos de curta duração. Tem limitação por ser de ação curta, sendo utilizado como: *Adjuvante na terapia com β2 agonista (tempo de ação semelhante). *Monoterapia – somente são utilizados na asma se o paciente já tem alguma intolerância anterior em relação aos β2 agonista, principalmente reação alérgica ou efeito colateral. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 10 - TIOTRÓPIO Tendo em vista ao tempo de ação curto do Brometo de ipratrópio, foram desenvolvidas substancias que tem um tempo de ação maior. Tiotrópio é um agente muscarínico de longa duração. Não tem um local de destaque no tratamento da asma, embora tenha se mostrado efetivo quanto aos β2 agonistas de longa duração, quando utilizados em associação com os corticoides inalatórios. Entretanto esses medicamentos são utilizados principalmente em pacientes com DPOC, pois no tratamento desse paciente elas melhoram a capacidade funcional por meio da ação broncodilatadora e também reduzem a frequência de exacerbação por um mecanismo que ainda não é totalmente definido. Sabe-se que o Tiotrópio tem ação em receptor M1, M2, M3, mas esse efeito geral que diminui a exacerbação da doença não é tão bem descrito. Tem efeitomaior na DPOC do que na asma. Pode ser que ele tenha um efeito inibitório sobre o tônus vagal, que embora não necessariamente esteja aumentado na DPOC, ele pode ser o único elemento reversível da obstrução das vias respiratórias. Fármacos anticolinérgicos reduzem o aprisionamento de ar na DPOC, e melhora a tolerância ao exercício nesses pacientes. METILXANTINAS - Metilxantinas (Teofilina) tem estruturas relacionadas à cafeína, e são utilizadas no tratamento da asma desde 1930. Devido ao preço principalmente ela ainda é bem utilizada principalmente nos países em desenvolvimento. - Representantes: *TEOFILINA *TEOBROMINA *AMIOFILINA *CAFEÍNA - Surgiram da observação dos pacientes que tomavam café/cafeína tinham melhora da capacidade respiratória (componente broncodilatador). - Teofilina tornou-se mais útil com a disponibilidade em ensaios plasmáticos e introdução de preparações confiáveis, principalmente liberação lenta tendo e vista que a cafeína quando em concentrações grandes o indivíduo pode ter muitos efeitos colaterais (taquicardia, sudorese, aumento atividade SNC, enjoos) o que inviabilizou a utilização da cafeína como agente farmacológico para esse fim. - A teofilina somente é utilizada porque ela tem a tecnologia farmacêutica envolvida. Entretanto, a frequência de efeitos colaterais e baixa eficácia da teofilina leva a redução do uso dessa substancia em muitos países. Os beta 2 agonistas são muito eficazes como broncodilatadores. - Metilxantinas tem efeitos: *Imunomodulador *Antiinflamatório *Broncodilatador Não fazem a ação de anti-inflamatório e broncodilatadores tão bem quanto as substancias que são puramente broncodilatadoras (β2 agonistas) ou puramente antiinflamatorias (glicocorticoides). - Em pacientes com asma grave, DPOC, a teofilina pode ser um fármaco útil. - Mecanismo de ação: Ainda não é totalmente compreendido. Tem atividade de inibir a fosfodiesterase. Se aumenta a quantidade de AMPc no tecido pulmonar, é benéfico pois causa vasodilatação. Tem duas formas de aumentar o AMPc – via de adenilato ciclase e via inibição das fosfodiesterases. Normalmente fosfodiesteases são enzimas que degradam AMPc e GMPc. Com AMPc aumentado na célula, consequentemente reduz o nível de cálcio e provoca a broncodilatação. Além da ação broncodilatadora, a teofilina tem muitos efeitos não broncodilatadores que podem ser relevantes para tratamento de pacientes com asma e DPOC, entretanto muitos desses efeitos moleculares são observados somente em concentrações muito altas e acabam excedendo a faixa terapêutica do medicamento – efeitos tóxicos em conjunto com efeitos benéficos. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 11 É proposto também que as Metilxantinas tenham um antagonismo do receptor de adenosina. A teofilina antagoniza esse receptor em concentração terapêutica. Normalmente a adenosina é um mediador endógeno que causa broncoconstrição nas vias respiratórias em pacientes asmáticos através da liberação de histaminas e leucotrienos. Dessa forma, o antagonismo da adenosina provavelmente tem a questão de inibir o processo de broncoconstrição e, além disso, causa efeitos colaterais graves com o antagonismo da adenosina. Efeitos colaterais devido ao antagonismo da adenosina podem ser: arritmia, convulsão. Também há a relação deste fármaco com a IL-10. Normalmente a IL-10 tem um amplo espectro de efeitos anti-inflamatórios e é secretada principalmente pela célula Treg. Muitos medicamentos e terapias tentam aumentar a resposta de Treg, aumentando IL-10, o que aumenta resposta anti-inflamatória. Em relação à asma, fisiologicamente o paciente tem IL-10 reduzido, tendo uma resposta antiinflamatoria reduzida. As metilxantinas podem alterar os níveis de IL-10, aumentando. - Há uma significativa variação interpessoal no metabolismo da teofilina pelas enzimas do citocromo P450, SIP3 (maior nível de interação medicamentosa na farmacologia). Devido a essa variação entre indivíduos, o uso da teofilina fica sujeito a interação medicamentosa com as substancias como a Simetidina, alguns agente antifúngicos (azólicos – cetoconazol, fluconazol, itraconazol), sendo um limitando com a terapêutica com a teofilina. Não é possível prever qual sera a resposta do indivíduo com a terapia. - Reações Adversas: *SNC – convulsões de acordo com a dose (hiperexcitação do SNC, descarga maior de neurotransmissor excitatório, principalmente o glutamato, que pode ser uma das propostas para indivíduos desenvolverem crises epiléticas). *Taquicardia – efeito inotrópico e cronotrópico positivo. *Náuseas – ação direta na mucosa gástrica. *Vômitos - As teofilinas também causam uma diminuição das células por aumento de apoptose (principalmente pela ação da IL-10). Diminui consequentemente a produção de citocinas, diminui mediadores como a histamina, diminui ativação de macrófagos (uma das principais funções do interferon é ativar macrófagos). Além disso, a inibição da fosfodiesterase do tipo 4, ela está no linfócito T e eosinófilos e assim com a inibição da fosfodiestase terá um efeito imunomodulador e anti-inflamatória também. Atua diretamente sobre as células da musculatura lisa do sistema respiratório. Tem efeitos broncodilatadores. Diminui o extravasamento de liquido. INIBIDORES DA VIA DOS LEUCOTRIENOS - Leucotrienos atuam em muitas doenças inflamatórias principalmente na anafilaxia. O leucotrieno D4 é uma substancia que atua como um agente quimioatrativo principalmente para neutrófilos. O Cisteinil leucotrieno (C4, D4) produzem muitos efeitos como broncoconstrição, aumento da reatividade brônquica, edema de mucose, hipersecreção de muco. - Na asma diversas vias sanguíneas presentes nas vias áreas liberam substâncias pré formadas como histamina, mas também substancias que serão formadas em resposta à agressão. Os leucotrienos, assim como os eicosanoides, são substâncias que são liberadas em resposta a agressão. Leucotrienos são produzidos principalmente na via área e nos pulmões, e as principais células que vão Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 12 liberar eles são os neutrófilos, eosinófilos, mastócitos, macrófagos, células epiteliais, células endoteliais vasculares. - A ação do cisteinil leucotrieno (C4 e D4) nas vias áreas tem sido relatado com uma broncoconstrição muito maior do que a induzida pela histamina. O que pode alterar os valores de funções pulmonares, aumento da secreção de muco, diminuição do transporte de muco, recrutamento de eosinófilos. - Os inibidores da via dos leucotrienos podem ter ações em outras patologias além da asma, como a rinite. - Duas abordagens farmacológicas são possíveis para inibir a via dos leucotrienos: *inibição da 5-lipoxigenase – impede a síntese dos leucotrienos (ZILEUTONA). *inibição da ligação do leucotrieno D4 com o receptor cisteinil leucotrieno no tecido alvo evitando a sua ação (ZAFIRLUCASTE/MONTELUCASTE). - A eficácia no bloqueio das respostas nas vias respiratórias ao exercício e a provocação com o antígeno foi demonstrado que as duas categorias de medicamento apresentam eficácia nesses pacientes. Principal vantagem é que podem ser administrados via oral. Alguns pacientes tem pouca adesão ao tratamento inalatório, principalmente crianças. - O Montelucaste foi aprovado para ser utilizado em crianças a partir de 1 ano de idade. Fármaco seguro com poucos efeitos colaterais. - Ensaios clínicos demonstraram a participação importante dessas substancias na asma, principalmente a asma induzida pelo AAS (aspirina). 5 a 10% dos pacientes asmáticos com ingestãopequena de AAS podem ter episódios de broncoconstrição intensa e sintomas sistêmicos da liberação da histamina. O Montelucaste é o mais prescrito para o tratamento de asma induzida pelo AAS, provavelmente porque ele pode ser tomado independente de refeição e em razão de ser administrado 1x ao dia (facilita adesão do paciente). Montelucaste é uma alternativa para evitar o uso de corticosteroides inalatórios, tendo em vista que muitas vezes os pacientes têm medo dos efeitos colaterais dos glicocorticoides. - ZILEUTONA é o menos prescrito de todos principalmente devido ao fato de HEPATOTOXICIDADE. Esse medicamento seria melhor, por inibir todos os leucotrienos, mas o efeito colateral é mais grave e menos seguro. GLICOCORTICÓIDES - Muito utilizados na asma, além de também serem utilizados no tratamento de varias doenças inflamatórias pulmonares (sempre que tem algum nível de bronconstrição, bronquiolite, bronquite). - Eles evitam a progressão da doença no sentido inflamatório, evitando surgir um quadro microbiano pelo acumulo de secreções que favorecem colonizações. Tem atividade de manutenção, mantendo individuo em relação a diminuição dos episódios de broncoespasmo e falta de ar. - Glicocorticóides orais foram introduzidos no tratamento da asma logo após a descoberta deles. Continuaram sendo terapia profilática. - Efeitos colaterais são mais observados principalmente quando o glicocorticoide é dado via oral. Uma maneira de reduzir os efeitos colaterais desses medicamentos é utilizar ele via inalatória (revolucionou o tratamento da asma). - Devido a asma ser uma doença inflamatória crônica, os glicocorticoides inalatórios são considerados terapia de PRIMEIRA LINHA EM TODOS OS PACIENTES, exceto aqueles que apresentam a forma mais branda em que somente um broncodilatador já resolve. - Mecanismos de Ação: Ainda são não tão bem compreendidos em relação a quantidade de efeitos que geram. Mas a eficácia esta principalmente ligada a atividade anti-inflamatória. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 13 Corticosteroides tem efeito disseminado sobre a transcrição de genes. Aumentam a transcrição de vários genes anti-inflamatórios, pró-inflamatórios. Tem efeitos inibitórios sobre as células inflamatórias e estruturais ativadas na asma, evitam o recrutamento de células inflamatórias nas vias respiratórias, inibem a produção dos mediadores locais (ciclooxigenase 2, mas não apenas ele). Induz a lipocortina e inibe fosfolipase A2, na raiz do problema em relação à produção desses mediadores solúveis da inflamação. Tem efeitos sobre a responsividade dos receptores beta adrenérgicos, atuam aumentando a responsividade desses receptores, mas não se sabe se isso é relevante em relação ao efeito do fármaco na asma. Os esteróis potencializam os efeitos dos beta agonistas no musculo liso dos brônquios e evitam ou revertem a dessensibilização do receptor beta nas vias áreas, podendo ser um efeito benéfico em relação a asma. Em nível molecular, os corticosteroides atuam aumentando a transcrição do gene para o receptor beta 2. Atividade de supra regulação do receptor beta 2. - Devem ser iniciados em qualquer paciente que precise utilizar um Agonista β2 inalatório para controle do sistema por mais que 2x por semana. Ex: paciente com quadro de asma por mais que 2x na semana e ele precisa fazer broncodilatação, ideal é que se associe o glicocorticoide inalatório. - Eficaz na asma leve, moderada e grave. Eficaz em crianças e adultos. Recomenda-se que seja iniciado o tratamento com uma dose relativamente alta para em seguida reduzir quando atingido o controle, mas não tem evidencia que isso seja realmente mais eficaz do que começar a aplicar já a dose de manutenção. - Paciente com DPOC não responde tão bem aos anti- inflamatórios, mas podem até responder aos esteroides por pacientes com DPOC serem propensos a ter quadros de asma junto. Em curto prazo, os glicocorticoides não terão nenhuma função a curto prazo sobre a função respiratória nos pacientes com DPOC, embora eles produzam beneficio subjetivo até mesmo na sensação de bem estar do paciente. Eles não tem efeito anti-inflamatório importante no paciente com DPOC. - Dentre os inalatórios são: *FLUTICASONA *BUDESONIDA ANTICORPOS MONOCLONAIS ANTI IgE - Terapia mais moderna que tem. - OMALIZUMABE – Devido ao custo e outras questões associadas o uso dele é restrito a pacientes que terão evidencias de sensibilização alérgica e a dose administrada deve ser ajustada a nível de IgE total e peso corporal do paciente. Deve fazer o ajuste da IgE, neutraliza a IgE que esta sensibilizando a membrana de mastócitos e que contato com alérgeno promove degranulação das células. - É um anticorpo contra IgE. - Administrado por via subcutânea a cada duas ou quatro semanas nos pacientes asmáticos. Abaixa IgE plasmático a níveis indetectados e pode ser um problema. Reduz significativamente o grau de broncoespasmo precoce e tardio em resposta a provocação por antígeno. - Reduz a gravidade de crise da asma, mas também tem necessidade do uso de glicocorticoides. - Não são terapia de primeira linha, utilizados realmente em pacientes com resistência às terapias disponíveis como primeira linha. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Out. 2021. 14 - Efeitos colaterais mais locais, no local da aplicação. - ETAPAS DO TRATAMENTO: Deve avaliar sempre os sintomas do paciente. Etapa 1: Paciente com dificuldade respiratória, responde bem ao broncodilatador, deve utilizar o tratamento inicial com os Beta 2 agonistas de curta ação (Sabutamol). Etapa 2: Se o paciente precisa fazer o uso de broncodilatador mais de 2x na semana, ideal é associar um glicocorticoide inalatório. Etapa 3: Crises no período noturno, comprometimento de sono, glicocorticoide de curta ação não esta sendo efeito para o período noturno, deve adicionar um agonista beta 2 de longa duração. Ultimo caso seria adicionar a terapia com IgE, pensando no custo, obtenção.
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