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Procedimentos de Tribunal do Júri

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1 
 
PROCESSO PENAL IV 
Prof. Marcos Zilli 
2º semestre 2012 
 
Aula 08/08 
 
Procedimento de Tribunal do Júri 
(i) Diligências complementares podem ser requeridas. O juiz pode requerer oitiva de 
testemunhas do juízo. 
(ii) Momento para sanar irregularidades. 
(iii) O tribunal é único, tudo deve estar pronto antes de sua ocorrência. 
(iv) Designação de data para ocorrer a sessão de julgamento. 
 
Desaforamento 
Antes de ocorrer a sessão, porém, pode haver o desaforamento: deslocamento de competência, 
com modificação territorial apenas (competência relativa). Não afasta a competência do Tribunal do 
Júri, desloca-se apenas o local onde será realizada a sessão. 
Razões que justificam o desaforamento (arts. 427/428 CPP): 
1 – Prevalência de interesses públicos: 
(i) interesse de ordem pública (grave comoção social que causam algum tipo de 
intranquilidade naquela comarca e que podem prejudicar a sessão do tribunal – lembrando 
sempre que o tribunal é composto por juízes leigos, que estão mais sujeitos a pressão – 
assim, o legislador busca resguardá-los); 
(ii) dúvida sobre a imparcialidade dos jurados (basta a dúvida, não é necessária prova 
efetiva do comprometimento da imparcialidade); 
(iii) dúvida quanto o resguardo da integridade física do acusado. 
 
2 – Excesso de prazo: envolve a garantia da duração razoável do processo. O legislador 
determina o prazo de 6 meses, contados a partir da preclusão da decisão de pronúncia. 
 
Procedimento de desaforamento 
O órgão jurisdicional que determinará se haverá desaforamento ou não é o órgão superior de 
jurisdição, ou seja o TJ ou STJ. 
Legitimidade para requerer o desaforamento: para as hipóteses do art. 427, qualquer uma das 
partes; para as hipóteses do art. 428, apenas a defesa (a defesa seria a mais interessada no 
julgamento mais célere). Nas hipóteses do art. 427, ainda, o juiz presidente do tribunal também 
poderá requerer o desaforamento, trata-se de hipótese de representação do presidente tribunal de júri. 
 
Procedimento do art. 427: 
(i) O tribunal superior poderá, em caráter liminar, determinar a suspensão do julgamento. São 
situações que comprometem o andamento normal da sessão do júri, de modo que se deixa-se o 
2 
 
procedimento acontecer sem a decisão do desaforamento, essa sessão poderá ser declarada nula. De 
modo que, dependendo da alegação e do suporte probatório do requerimento, o tribunal determine 
a suspensão do julgamento, até que seja decidido sobre o desaforamento. 
(ii) Não há previsão legal de manifestação da parte contrária (se a defesa pede o 
desaforamento, a acusação não se manifesta, e vice-versa). Porém, é uma questão controvertida, e 
há autores que defendem que deve ser dado oportunidade para a parte contrária se manifestar. 
(iii) O juiz também deve ser ouvido antes do tribunal decidir (a não ser na hipótese que haja a 
representação do juiz). 
 
Procedimento do art. 428: 
(i) Não cabe a suspensão no caso do art. 428, porque o que justifica o desaforamento nesse 
caso é exatamente a demora em julgar. 
(ii) Como somente a defesa pode requerer o desaforamento, há previsão legal que a acusação 
pode se manifestar antes da decisão. 
(iii) Não há previsão de manifestação prévia do juiz. 
O desaforamento é definitivo, não é possível reaforamento. Mas nada impede que a nova 
comarca, para onde se determinou a ida aos autos, existam requisitos para um novo desaforamento. 
 
Juízo da causa 
Trata-se de um órgão jurisdicionado. 
O juiz divide a sua tarefa com os juízes leigos, os jurados. 
Escolha dos jurados 
São 25 jurados. A cada sessão plenária, 25 jurados vão comparecer, e serão sorteados apenas 7 
para formar o conselho de sentença, os quais efetivamente julgarão o mérito da acusação. 
Todo ano o Tribunal do Júri faz uma lista de jurados que irão atuar em todas as sessões do ano 
seguinte. O juiz requisita informações às mais variadas entidades, para que indiquem pessoas que 
estariam habilitadas para serem jurados (empresas privadas, instituições de ensino, sindicatos, etc.). 
O CPP estabelece um número de pessoas que deve compor essa lista, e o número de pessoas varia 
de acordo com o tamanho da comarca (art. 425). 
Publicada a lista, aguardam-se impugnações e, posteriormente, publica-se uma lista definitiva. A 
partir dessa lista, fazem-se cédulas com todos os nomes, colocam-se as cédulas na urna geral que fica 
lacrada com o juiz. 
Aproximadamente 10/15 dias antes de cada reunião periódica do tribunal (art. 433, §1º) é feita 
uma audiência de sorteio, um ato público. Nessa reunião são sorteados 25 jurados da urna geral. Essas 
25 pessoas deverão participar de todas as sessões marcadas para aquele mês. 
Essas 25 cédulas são transferidas para outra urna, a urna de sorteio, que será levada para cada 
sessão de julgamento e no dia da sessão, dos 25 nomes, sorteiam-se 7 (sete). 
 
Jurados 
(i) Isenção: art. 437. Isenta as pessoas do exercício da função de jurados. Estão relacionados 
ao exercício de determinadas funções. Por exemplo, aos maiores de 70 anos é dada a faculdade para 
exercer a função de jurado ou não. 
3 
 
(ii) Impedimento: art. 448. Obstam que determinadas pessoas exerçam as funções de jurados 
naquele conselho de sentença. Não é uma objeção a exercer a condição de jurado, mas somente 
naquele conselho de sentença específico. Por exemplo, já tem um parente que irá compor o 
conselho de sentença. 
(iii) Proibição: art. 449 e art. 426, §4º. 
(a) Jurado que atuou no julgamento anterior (súmula 206 STF) – houve uma sessão 
do tribunal de júri, houve recurso e na apelação o julgamento foi anulado, o que traz a 
necessidade de realizar uma nova sessão plenária. Assim, os jurados que participaram do 
primeiro julgamento não poderão participar do segundo; 
(b) Jurado que integrou outro conselho de sentença no caso de concurso de pessoas. 
Em caso de concurso, via de regra, todos serão julgados em uma mesma sessão, salvo 
algumas poucas exceções. Contudo, quando houver essa cisão, o jurado que compor o 
conselho de sentença em um desses julgamentos não poderá participar do outro; 
(c) jurado que tiver integrado o conselho de sentença nos últimos 12 meses 
anteriores – o jurado que atuou em conselho de sentença um ano, não poderá integrar no 
ano subsequente. 
(iv) Recusa: o jurado é obrigado a prestar esse serviço, se ele não comparece sem justificativa 
estará sujeito a certas providências, como multa (art. 436, §2º). Se a recusa for motivada por 
questões religiosas, esse jurado deverá prestar um serviço alternativo (art. 438), e se essa pessoa se 
recusar a prestar tais serviços alternativos, terá suspenso seus direitos políticos (art.?). 
 
Função: 
(i) Julgamento dos crimes dolosos contra a vida e conexos (os jurados são chamados para 
analisar a imputação no sentido fático, cabendo a questão jurídica ao juiz); 
(ii) Exercício efetivo – serviço público relevante (art. 439); 
(iii) É considerado funcionário público (art. 327, CP) e tem responsabilidade criminal (art. 445); 
(iv) Traz benefícios ao jurado nas licitações publicas e concursos (art. 440); 
(v) Preservação dos vencimentos (art. 441); 
(vi) Sujeito a prisão especial (art. ?). 
 
Sessão de julgamento 
 
1) Primeira providência: averiguar quem está presente e ausente. 
(i) Ausência do MP: não pode ser realizado o julgamento, adiamento para o 1º dia 
desimpedido (art. 455, CPP), não é possível nomear um promotor “ad hoc”. Se isso ocorrer, o 
juiz deverá comunicar tal fato ao procurador geral para ele adotar as medidas cabíveis, e se for 
o caso, designar um novo representante do MP. 
(ii) Ausência do advogado do réu: não é possível realizar o julgamento, deverá ser adiado. 
Se a ausência é injustificada, o juiz deverá marcar uma nova data e, nesse dia, já provocar a 
intimação da defensoria pública, pois se nessa data o advogado não vier novamente, a 
defensoria que irá exercer a defesa do réu. Entre essas audiências deverá ter o prazo de 10 dias 
para viabilizara defesa pela defensoria pública. 
(iii) Ausência de réu que está solto (reforma de 2008): se o réu foi intimado para a audiência, 
o julgamento ocorre de qualquer forma (art. 457). Tal ausência é interpretada como exercício 
do direito de silêncio do réu. 
4 
 
(iv) Ausência do réu preso: se o réu não foi conduzido à sessão do júri, haverá adiamento 
do julgamento, a não ser que o defensor concorde em continuar a sessão do julgamento. Há 
quem afirme que essa anuência só seria possível pelo defensor constituído, e não pelo defensor 
dativo (Art. 457, 2º). 
(v) Ausência do assistente de acusação: se for injustificada, o julgamento é realizado, 
porque não há prejuízo, pois o acusador principal está presente. Mas se for apresentado 
motivos para sua ausência, há a possibilidade de se adiar o julgamento, mas não é 
obrigatoriedade de adiamento. 
(vi) Ausência do advogado do querelante (hipótese de ação penal privada substitutiva da 
pública): se injustificada, a ação é retomada pelo MP. Se há justificativa, adia-se a sessão. 
(vii) Ausência de testemunhas: se foi arrolada em cláusula de imprescindibilidade, 
encontrada e intimada (se não foi intimada, não há prejuízo para o julgamento, pois é dever da 
parte fornecer o endereço correto da testemunha), suspendem-se os trabalhos e é determinada 
a imediata condução da testemunha; se isso não for possível/viável, adia-se a sessão de 
julgamento determinando que o oficial de justiça conduza coercitivamente a testemunha. Se no 
novo dia, a testemunha ainda assim não comparecer, o julgamento será realizado. 
(viii) Jurados: o juiz retira os nomes da urna e confere cédula por cédula quais jurados estão 
presentes. (a) Se comparecerem 15 dos 25 jurados, a sessão é realizada; (b) Se compareceram 
menos de 15 jurados, não se realiza a sessão, designa-se nova data. 
 
2) Instaura-se a sessão, e é feito o pregão: é anunciado qual é o processo que será 
colocado em julgamento. É um momento solene e formal, e é o momento limite para que as 
partes possam arguir algum tipo de nulidade. Se a nulidade é relativa, e não arguida nesse 
momento, ela é sanada. 
 
3) Sorteio dos jurados que irão compor o conselho de sentença. O juiz deve advertir os 
jurados que irá realizar o sorteio, lembrando-os das hipóteses de impedimento, etc. O 
jurado sorteado se levanta e se apresenta às partes. As partes irão dizer se concordam com o 
jurado – é o único momento em que a defesa se manifesta antes da acusação. Cada uma das 
partes pode fazer três recusas injustificadas (recusas peremptórias), e demais recusas 
justificadas, baseadas nas hipóteses de isenção, de impedimento, etc. (Para maior 
esclarecimento do que será explicado abaixo ver tabela dos slides do Zili sobre sorteio). 
(a) Um réu com um defensor: se o defensor rejeitar o jurado, a acusação sequer é ouvida, 
o jurado é automaticamente excluído. Se a defesa aceita, e a acusação recusa, o jurado é 
excluído. O jurado somente é aceito se tanto defesa e acusação aceitarem. 
(b) Vários réus com vários defensores: se o primeiro defensor recusa o jurado, ele já é 
automaticamente excluído. Se o primeiro defensor aceita, e o segundo recusa, o jurado já 
é excluído sem ouvir a acusação. Se todos os defensores aceitam e a acusação recusa, o 
jurado é excluído. Quando todos aceitam, o jurado fará parte do conselho de sentença. 
(c) Quando forem várias partes e sucessivas recusas que inviabilizam a formação do 
conselho de sentença (pode-se chegar a uma situação que não há jurados suficientes): 
nesse caso, o julgamento será cindindo, será separado na hipótese de pluralidade de réus 
com pluralidade de defensores. Serão designadas novas datas, uma para cada réu. 
Preferência para o julgamento do autor do crime (art. 469, §2º), em coautoria segue a 
ordem de preferência do art. 429, CPP. 
 
4) Formação do conselho: 
(a) tomada do juramento individual (art. 472); 
5 
 
(b) entrega de cópia da pronúncia, das decisões posteriores e o relatório feito pelo juiz 
quando está preparando o julgamento (art. 472); 
(c) uma vez escolhidos, eles se torna incomunicáveis (não podem ter contato externo, com 
outras pessoas fora do tribunal do júri) e são proibidos de manifestar sua opinião entre eles 
(diferente do sistema americano), eles devem formar sua opinião individualmente (adotamos 
o modelo de formação de convicção íntima). 
 
 
Aula 15/08 
5) Instrução do plenário 
(a) Testemunhas do juízo 
(b) Testemunhas da acusação e defesa 
As perguntas dos advogados são feitas diretamente, mas o juiz exerce um poder fiscalizatório 
e pode indeferir perguntas. 
As perguntas dos jurados são feitas através do juiz presidente. Isso porque os jurados são 
juízes leigos, e a formulação de suas perguntas pode indicar uma opinião do júri sobre o caso, o que 
pode eivar de nulidade todo o procedimento. É uma questão delicada, em que os juízes têm 
geralmente muita cautela. 
(c) Acareações 
(d) Esclarecimentos dos peritos (art.422 c/c art. 159, §5º) 
(e) Interrogatório (art. 474): É meio de exercício de auto defesa. É realizado em plenário, 
caso o réu tenha comparecido a sessão de julgamento. 
Deve-se resguardar o direito do acusado de entrevista com o seu defensor antes de começar 
o interrogatório. 
O acusado não está obrigado a responder às perguntas, e pode manter-se em silêncio. 
Porém, é uma questão um pouco problemática, porque são os jurados que irão avaliar o 
interrogatório. Nesse ponto, é preciso orientar bem os jurados para que não avaliem negativamente 
se o acusado ficar em silêncio e não responder. 
Existem duas partes do interrogatório: (i) indagações pessoas sobre a vida familiar, etc., trata-
se da qualificação do acusado; (ii) perguntas relacionadas à imputação. 
É conduzido pelo juiz presidente, e ao fim de suas perguntas, ele concede oportunidade para 
que os jurados façam suas perguntas, as quais, na verdade, serão feitas por intermédio do juiz 
presidente. Depois, a acusação faz perguntas (MP ou querelante), depois o assistente de acusação e, 
por fim, a defesa. 
No caso de vários réus com vários defensores – os advogados do réu que não está sendo 
interrogado podem formular perguntas. Nesse caso, o juiz deve ser maleável, e a ordem de suas 
perguntas deve ser, pelo menos, antes das perguntas da defesa, para permitir a ampla defesa do 
acusado. 
 
Uso de algemas (art. 474, §3º e Súmula Vinculante nº 11): Deve haver decisão do juiz 
devidamente fundamentada em um dos casos da súmula vinculante nº 11 antes de permitir o uso de 
algemas. Se ele for algemado sem decisão, o julgamento pode ser considerado nulo. Esse 
determinação adveio porque alguns tribunais superiores vinham anulando algumas sessões porque o 
6 
 
réu teria ficado algemado durante toda a sessão. Um dos motivos para tal é para proteger a 
convicção dos jurados – por serem juízes leigos, seriam mais suscetíveis de certas impressões, os 
jurados poderiam ser influenciados por tal imagem. Tal matéria foi então regulamentada. 
Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e do Estado – 
Nulidades. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a 
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da 
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado. 
 
Observações: 
1 – Princípio da comunhão das provas: a partir do momento que a parte arrola determinada 
testemunhas, essa testemunha passa a ser de interesse comum, e não somente da parte que a 
arrolou. Como consequência, se a parte que arrolou a testemunha desiste da sua oitiva, a sua 
desistência só produzirá efeitos se a outra parte também concordar. Se não concordar, a 
testemunha será ouvida. 
2 – Embora a produção da prova esteja concentrada na instrução em plenário, nada impede 
que duranteos debates, as partes requeiram a reinquirição de testemunhas já ouvidas (art. 476, §4º), 
quando, por exemplo, os debates suscitam pontos controvertidos, para os quais é necessário ouvir 
novamente a testemunha. Nesse caso, após os depoimentos das testemunhas, elas não são 
dispensadas, e ficam aguardando durante a sessão de julgamento, diante da possibilidade de 
reinquiri-las. 
3 – É possível a leitura de peças no plenário, como por exemplo, as testemunhas ouvidas no 
âmbito de carta precatória, ou então as provas já realizadas por serem cautelares. 
 
(d) Debates em plenário 
As partes devem manifestar sua tese e uma síntese de seus argumentos. É o momento em 
que os jurados devem ser convencidos. 
Tempo previsto: 1:30h para a acusação (envolve o acusador principal e o assistente de 
acusação) e 1:30h para defesa (art. 477). 
Limites dos fundamentos da sustentação: a decisão de pronúncia. Ou seja, o acusador pode 
até suscitar uma situação menos gravosa do que a determinada na pronúncia, mas não pode suscitar 
uma decisão mais grave. Inclusive, o MP, como custos legis, pode até requerer a absolvição do réu, 
inobstante a decisão de pronúncia. 
Há a possibilidade que o acusador suscite questões agravantes (reforma de 2008). Isso é 
permitido porque tais questões não serão decidas pelos jurados, mas sim pelo juiz em eventual 
dosimetria da pena. Mas há grandes controvérsias sobre tal questão na doutrina. 
Os acusados não podem dormir, sob pena de nulidade do julgamento (é sério, tem decisões 
do STF sobre isso). 
Réplica: 1h para cada. Se não houve réplica, não haverá tréplica. 
Com o encerramento da fala da defesa, o juiz deve indagar se o acusador fará réplica, se a 
resposta for não, encerram-se os debates. Mas essa resposta do acusador deve ser simplesmente 
“não”, pois se fizer posterior considerações, poderá considerar aquilo como réplica, por exemplo 
7 
 
“não, porque as provas e os debates foram suficientes para provar a culpa do acusado”. Há 
jurisprudência que indica isso como réplica, devendo então haver tréplica. 
Vários acusados: o tempo fica acrescido de mais uma hora para a acusação e para a defesa, 
cada uma passa a ter 2h30. É o tempo máximo, ainda que hajam vários defensores para os vários 
réus. Eles deverão dividir o tempo entre eles, e se não houve consenso, o juiz que decide. O 
período de réplica e tréplica também dobra, passando a ser de 2h. 
 
Observações 
1 – Possibilidade de inovação da tréplica: qual a matéria pode ser suscitada na tréplica? A 
defesa pode inovar sua defesa, ela não estaria adstrita aos termos da acusação. Antes não se permitia 
isso porque se ela inovasse na tréplica, a acusação não teria oportunidade de se defender. Porém, a 
possibilidade de inovar foi considerada como um exercício de plenitude de defesa. 
2 – Apartes: intervenções feitas pela parte contrária durante a exposição da parte contrária. 
Antes da reforma de 2008 não havia qualquer regulamentação a respeito e era uma bagunça, 
havendo vários casos de anulação da sessão pelo excesso de apartes que inviabilizaram a exposição 
da parte. Hoje em dia há o art. 497, XII. 
3 – Proibição de leitura de documento novo (art. 479, CPP). Qualquer documento novo 
deverá ser juntado aos autos em até três dias antes da sessão de julgamento, para permitir o 
exercício do contraditório. Porém, isso não abrange a leitura de doutrina e jurisprudência. 
4 – Determinados argumentos são proibidos de serem invocados (reforma de 2008) (art. 478, 
CPP). Busca-se evitar uma má-impressão por parte dos jurados, que são juízes leigos. São 
argumentos que tem forte carga de persuasão, mas cuja força probatória não é relevante. Por 
exemplo: referir-se a decisão de pronúncia como se fosse um argumento de autoridade (“tanto o 
acusado deve ser condenado, que foi pronunciado” / “o réu é culpado, tanto que a decisão de 
pronúncia foi confirmada pelo TJ, por unanimidade”); uso de algema (“o uso de algemas é 
excepcional, e nesse caso o réu está algemado, o que indica que ele é culpado, porque ele é muito 
perigoso”); silêncio do acusado (“ele permaneceu em silêncio, o que indica que ele é culpado”); 
ausência de interrogatório, é possível que haja sessão sem a presença do acusado, mas a acusação 
não pode referir-se a isso (“tanto ele é acusado que sequer compareceu a audiência”). 
 
6) Indagação dos jurados 
O juiz indaga se os jurados já estão aptos a decidir, ou se precisam de algum esclarecimento. 
Se precisarem de esclarecimento, o que é momento de cautela para que o jurado não expresse sua 
opinião sobre o procedimento. 
Muitas das dúvidas podem ensejar a produção de nova prova. Se ela puder ser produzida em 
plenário, suspende-se a sessão e ela é produzida. Se não puder ser produzida em plenário, haverá 
dissolução do conselho, e será marcada nova sessão (art. 481, CPP). 
 
7) Formulação de quesitos 
Após os esclarecimentos, há a leitura dos quesitos. 
São perguntas formuladas pelo juiz para que os jurados a respondam. Após a leitura dos 
quesitos, indaga se as partes tem alguma duvida ou impugnação. Se não houver, os jurados 
encaminham-se a sala especial onde será realizada a votação. 
8 
 
Como são elaborados os quesitos (art. 482): Elementos que devem ser considerados: (i) 
Decisão de pronúncia e decisões posteriores, como as que confirmam a pronúncia, ou para adequar 
a pronúncia aos fatos; (ii) interrogatório ao acusado; e (iii) alegações feitas pelas partes durante os 
debates. 
Os quesitos devem ser redigidos de forma simples e objetiva, que demandem respostas 
objetivas (“sim” ou “não”). 
Os quesitos devem ser elaborados em séries: uma série para cada crime; se forem vários réus, 
uma série para cada réu (art. 483, §6º). 
Sequência dos quesitos: 
(a) Materialidade do fato: primeiro sobre o fato (“Houve ferimentos?”), depois sobre a 
causalidade (“os ferimentos foram a causa da morte da vítima”?). Há doutrinadores que 
afirma que esse quesito deveria ser um só, como Badaró. 
(b) Autoria e participação 
(c) Se o jurado absolve ou não o acusado (novidade de 2008): a forma é prestabelecida em 
lei “os jurados absolvem o acusado?”, e abrange todas as teses defensivas. No modelo 
anterior, todas as teses defensivas deveriam ser quisitadas. 
(d) Causa de diminuição de pena 
(e) Qualificadoras ou causa de aumento: estas devem estar previstas na pronúncia ou 
decisões posteriores. 
Observações: a defesa não precisa suscitar atenuantes, cabe ao juiz avaliar se há a 
presença de agravantes ou atenuantes (art. 492, I, a, CPP). 
 
Sala secreta: estão presentes os jurados, o juiz presidindo, e acompanhado por assistentes, 
pelos defensores e pela acusação (e assistente). O juiz elabora o quesito, e passa uma urna para os 
jurados depositarem seu voto relativo à este quesito. Depois passa uma outra urna para depositar as 
cédulas inválidas. Antes era preciso contabilizar os votos válidos, e depois conferir com os inválidos 
(se houvesse 7 “sim” na urna válida, deveria haver 7 “não” na urna inválida). Mas hoje, o juiz, 
atingindo a maioria, pára de contar os votos. 
Se houver contradição nas respostas, por exemplo, consideram que o homicídio foi realizado 
por motivo louvável (relevante valor moral), e depois reconhecem que foi também por motivo 
torpe – o juiz deve esclarecer as perguntas e realizar nova votação. 
 Depois do fim da votação, o juiz irá dosar a pena. Elaborada a sentença, o juiz a lê em 
plenário, momento em que o julgamento se torna público. 
 
 
ORGANOGRAMAS – RESUMÃO TRIBUNAL DO JÚRI 
9 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
Processo Penal IV – 22/08/2012 
 
Sentença Penal 
O tratamento das decisões penais carece de uma melhor sistematização por parte do legislador. 
Isso é perfeitamente detectável quando examinamos alguns artigos do CPP, como o artigo 800, o 
artigo 593 e o artigo 581. 
Segundo o artigo 593, caberia apelação das decisões definitivas ou com força de definitivas. No 
que diz respeito ao artigo 581, o recurso em sentido estritocaberia da decisão, do despacho ou da 
sentença. Com a análise desses dispositivos, percebemos uma terminologia vacilante. Há uma 
dificuldade de se compreender o sistema recursal no processo penal, porque ele está muito distante 
da racionalidade do processo civil. 
Há muito tempo a doutrina procura concentrar os seus esforços na tentativa de estabelecer uma 
sistematização das decisões ou dos tipos de decisões. Essa sistematização não encontra um respaldo 
absoluto no CCP. Mas ela reflete inclusive as propostas de alteração do CPP. 
De comum, as sentenças põem fim ao processo ou pelo menos tem essa força potencial. 
 
1) Sentença definitiva (com julgamento de mérito) 
 
(a) Definitiva em sentido estrito 
Procedência ou improcedência da pretensão punitiva. É o julgamento da pretensão punitiva 
do Estado. Aqui estamos em um contexto de ação penal condenatória. A sentença que é proferida 
pelo Estado juiz enfrenta a pretensão punitiva, afirmando se ela é procedente ou não. 
 (a.1) Condenatória: juiz julga procedente a pretensão punitiva. 
 (a.2) Absolutória: juiz julga improcedente a pretensão punitiva. 
(i) Própria: As absolutórias próprias, em razão do momento em que é proferida, 
pode ser uma absolutória própria sumária (ex.: absolutória proferida ao término da 
1ª fase do procedimento do júri) ou absolutória própria final. 
(ii) Imprópria: artigo 26, caput do CPP (inimputabilidade penal em decorrência 
de doença mental). De acordo com esse dispositivo, o sujeito não está sujeito a 
pena, mas a uma medida de segurança. Quando julgamentos um caso em que um 
inimputável praticou uma conduta criminal, a sentença a ser proferida não será 
condenatória em razão da inimputabilidade. Nesse caso, a sentença é absolutória. 
11 
 
Mas essa sentença não é absolutória própria, pois vem acompanhada de uma 
medida de segurança. Essa medida busca resguardar a sociedade de uma 
periculosidade. É um tipo de sanção, mas não tem a mesma característica da pena. 
A medida de segurança não está calcada em juízo de culpabilidade, mas de 
periculosidade. 
 
(b) Definitiva em sentido lato. 
Aqui não se está julgando a procedência ou improcedência da pretensão punitiva. Aqui essa 
decisão toca o direito de punir do Estado, mas não o de procedência ou improcedência da 
pretensão punitiva. 
EX 01: Extinção da punibilidade – O Estado não tem o direito de punir. Encerramos o 
processo. A decisão toca o direito de punir, mas não fala se ele é procedente ou não. Por isso não é 
adequada a inserção do legislador de 2008 da sentença de extinção de punibilidade no contexto da 
absolvição sumária. Isso porque essa sentença apenas declara extinta a punibilidade. 
EX 02: Sentença proferida no contexto do HC ou da revisão criminal. A revisão criminal não 
é ação condenatória, mas impugnativa. O seu objetivo não é por em discussão a pretensão punitiva 
do Estado. Ela visa desconstituir a sentença condenatória transitada em julgado e os seus efeitos. É 
esse o objetivo. Então neste caso a sentença proferida na revisão criminal poderá anular a sentença 
anterior e poderá inclusive absolver o condenado. 
 
2) Terminativa 
Sem julgamento de mérito. EX: Sentença que rejeita a denúncia ou queixa por 
reconhecimento de falta de justa causa. 
 
3) Decisão interlocutória. 
São atos judiciais decisórios proferidos ao longo da marcha processual. Por essa proposta de 
sistematização, teríamos dois tipos de decisão interlocutórias: 
(a) Simples: decidem questão incidente de natureza processual. Ex: Prisão Preventiva. 
Elas são denominadas simples porque a questão decidida é exclusivamente processual. A matéria 
envolvida por esse ato decisório toca especificamente uma matéria de natureza processual. E aí 
temos múltiplos exemplos: prisão temporária; decisão que converte a prisão em flagrante em prisão 
preventiva. Ainda no mesmo contexto, uma decisão que decreta uma medida cautelar pessoal 
diferente da prisão pode ser apontada como exemplo. Outra decisão interlocutória seria aquela que 
determina a ilicitude de uma prova e o seu desentranhamento. 
(b) Mistas: decidem o mérito de questão incidente. Ex: Livramento condicional. 
Nas decisões mistas, a questão incidental também toca ao direito penal material. No curso do 
processo de execução, o juiz profere várias decisões interlocutórias incidentais e que tocam o 
próprio direito penal. Todas as questões que envolveram quantidade de penal, regime prisional, 
forma de cumprimento da pena e etc são questões que tocam o direito penal. Quando o juiz 
concede o livramento condicional, o juiz decide uma questão incidental mista. 
 
4) Despachos 
12 
 
Movimentação do processo com nenhum ou mínimo conteúdo decisório. Os despachos 
estão inseridos naquela ideia de que o processo deve ter um impulso oficial, tendo em vista o 
objetivo de proferir sentença. Ex: Juiz determina a citação do réu. Outro exemplo seria quando o 
juiz concede oportunidade para uma das partes se manifestar a respeito de documentos juntados 
pela parte contrária. Ex: Designação de audiência de suspensão condicional do processo. 
 
Classificação das sentenças 
(i) Quanto à natureza do provimento: 
Declaratória: existência ou inexistência de relação ou situação jurídica. EX.: Concessão de 
habeas corpus, extinção da punibilidade (declara que o Estado não pode mais exercer o poder-dever 
punitivo). Absolutória: pode ter um conteúdo declaratório ao declarar a improcedência da ação 
penal. 
Desconstitutiva/Constitutiva – Modifica ou estabelece uma nova situação jurídica. EX.: Revisão 
criminal. Absolutória (réu foi absolvido, ele estava preso cautelarmente e foi posto agora em 
liberdade. Além disso, foram restituídos álbuns objetos alvo de apreensão. Assim, além de 
absolutória, essa sentença desconstitui uma situação jurídica). 
Condenatória – Afirma a procedência da pretensão punitiva e fixa a sanção penal 
correspondente. Essa sentença necessariamente vem acompanhada da sanção penal. Além de uma 
dimensão declaratória, onde o juiz reconhece o cometimento de uma prática criminosa, essa 
sentença necessariamente vem acompanhada pela determinação da penal. 
 
(ii) Quanto ao aspecto subjetivo. 
Simples: Proferida por órgão monocrático. 
Plúrima: Órgãos colegiados homogênios – decisão de um recurso por turma, câmaras ou seções. 
EX: Sentença julgadas pelos Tribunais. Sentença da Lei 12.694 – julgamento de crimes de 
organização criminosa. 
Complexa: Proferida por julgadores de natureza diversa – sentença do tribunal do juri. É 
proferida por mais de uma pessoa, mas a função dessas pessoas não é a mesma. Não estamos 
falando dos atos decisórios proferidos na primeira fase, mas do ato decisório final. Aquela sentença 
é proferida em razão da convergência de dois órgãos: o conselho de sentença, que enfrenta as 
questões relacionadas ao mérito. E o juiz presidente do tribunal do júri, que deve definir a pena 
correspondente ou, no caso de absolvição, proclamar a absolvição. 
 
Requisitos da sentença (art. 381, CPP). 
A sentença deve ser divida em três partes: relatório, motivação e dispositivo. 
(i) Relatório: é considerada a história relevante do processo. Qual é o objetivo? O legislador 
entende que ao apresentar o relatório nós teríamos uma declaração inequívoca de que o juiz teria 
tido acesso a todas as informações dos autos. Antigamente a ausência de relatório era tida como 
uma forma de nulidade absoluta. Hoje encontramos julgados que falam em nulidade relativa. Por 
isso, precisaríamos demonstrar o prejuízo. 
Há dois casos em que o legislador dispensa a presença do relatório: (a) JECrim (art. 81, §3, Lei 
9.099/95) – A ideia é de agilidade, mas sobretudo de informalidade que deve permear o 
13 
 
procedimento do JECrim. O legislador afasta a necessidade de apresentação de relatório. (b) Sessão 
plenária do Tribunal do Júri (art. 492, CPP). Qual é a lógica para essa dispensabilidade? Porque o 
juiz já elaborou um relatório até a sessão. E porque da sessão da tribunaldo juri será lavrada uma 
ata circunstanciada indicando tudo o que ocorreu na sessão plenária. Por isso, não há necessidade 
de o juiz elaborar um relatório. 
(ii) Motivação: é no âmbito da motivação que o juiz vai apresentar as suas razões para julgar. É 
um discurso justificativo, na qual são expostos fundamentos fáticos e jurídicos relacionados com a 
imputação. 
É uma garantia constitucional (art. 93, IX, CF) – explicitação das razões da atuação estatal, 
devido processo (art. 5º, LXI, CF). O parágrafo 2º do art. 5 proclama que o rol de direitos e 
garantias fundamentais não excluem outros direitos implícitos ou decorrente de outras normas da 
CF ou de tratados internacionais. Essa seria a hipótese do artigo 93, IX. 
Sentença sem motivação é nula. O prejuízo não precisa ser demonstrado. Por isso fala-se em 
nulidade absoluta, não em nulidade relativa. 
Será que o juiz pode usar argumentação ou motivação “per relationem”? É aquele que ele se 
refere a decisão de outrem como substrato para a sua própria decisão. Ex: Acolho em totun as 
razões do MP, que servem como razão de decidir. No âmbito doutrinário, há quase unanimidade 
em entender que esse tipo de fundamentação é inviável e inadmissível. Apesar disso, o STJ já 
afirmou que é possível essa fundamentação. 
Obs. Tribunal do Júri – Os jurados não precisam justificar porque condenam, nem indicar o 
porque está absolvendo. É uma sentença em que o juiz simplesmente vai invocar os vereditos do 
juiz. O juiz não pode fazer isso porque existe a soberania dos vereditos. Ele apenas vai indicar os 
parâmetros da pena. 
(iii) Dispositivo: A ausência de dispositivo, segundo Ada, Scarance e Magalhães, tornaria a 
sentença inexistente. A maioria da doutrina, por sua vez, entende que a sentença é nula. 
 
MOTIVAÇÃO 
(a) Absolutória: o juiz deve indicar o fundamento para a absolvição (art. 386, CPP). Isso tem 
importantes efeitos no âmbito das ações civis. Uma vez expedida decisão absolutória, o juiz deve 
expedir alvará de soltura e providenciar a cessação das medidas cautelares. No caso de absolutória 
imprópria, ele deve indicar a medida de segurança aplicável. 
(a.1) Sumária – julgamento antecipado – desnecessidade de realização da atividade instrutória 
(art. 397 do CPP). Esse julgamento antecipado somente ocorre em favor do réu. 
Obs.: Procedimento do tribunal do júri – art. 415 do CPP – Essa absolvição sumária já 
existia. As mudanças ocorreram quanto aos seus requisitos. A absolvição do artigo 397 é um 
exemplo claro de absolvição sumária, é impeditiva da atividade instrutória. A decisão do artigo 
415, prolatada ao término da primeira fase e depois de uma atividade instrutória. Ela é 
impeditiva do julgamento do tribunal do júri. 
(a.2) “Final” - É a absolvição proferida ao término da marcha processual. O juiz de 1º grau 
esgota a sua atividade jurisdicional (art. 386 do CPP). 
i. Estar provada a inexistência de fato: fato naturalístico (material) – certeza quanto à 
inocorrência. 
14 
 
ii. Não haver prova da existência do fato: situação de dúvida quanto à inexistência do 
fato. 
iii. Não constituir o fato infração penal: fato naturalístico existe, porém não guarda 
adequação típica. 
iv. Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal (Lei 11.690, de 
09.06.2008): certeza quanto ao não envolvimento do réu no fato. Há provas de que o fato 
ocorreu. O fato é ilícito. Está provado que o réu não foi agente ou partícipe dessa agressão. 
v. Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração: fato material existe. 
Adequação penal típica. Mas há dúvida de que se o réu concorreu. Não estou dizendo que 
ele não concorreu. Estou dizendo que há dúvidas se ele concorreu ou não. 
vi. Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (juízo de 
certeza) ou mesmo se houver fundado dúvida sobre sua existência (dúvida). 
vii. Não existir prova suficiente para a condenação. É a hipótese consagratória do 
princípio do in dubio pro reu. Para condenar é preciso ter certeza dos termos da condenação. 
Quando há dúvida, não é possível proferir sentença condenatória. 
 
Sentença absolutória própria – improcedência da pretensão punitiva estatal – variação do grau 
absolutório – qual é o ''grau'' ou natureza dessa absolvição? 
Sentença absolutória imprópria – é uma situação configurada de doença mental. Há certeza 
quanto à absoluta incapacidade de compreensão e de autodeterminação. Há certeza de 
inimputabilidade decorrente de doença menta. É improcedente a pretensão punitiva estatal. Mas é 
acompanhada por uma medida de segurança. 
 
(b) Condenatória: o juiz deve indicar o valor mínimo para futura reparação dos danos (art. 
387, IV). Essa previsão está cercada de polêmicas, mas há unanimidade de que isso só pode estar na 
sentença se o acusador formulou requerimento nesse sentido. Somente assim estaria garantido o 
contraditório e a ampla defesa. 
No âmbito da sentença condenatória, o juiz deve enfrentar a possibilidade de decretação ou 
cessação da prisão cautelar. Além disso, há diversos outros atos que podem ser determinados nesta 
sentença. Exemplo disso é o perdimento de bens relacionados com o tráfico (art. 63 da lei 
11.363/2006). 
i. Fundamento fático e jurídico: reconstrução fática (valoração probatória) e 
procedimento de adequação penal típica do fato revelado. O juiz deve enfrentar as teses 
arguidas pelas partes. Isso está inserido em uma primeira parte, chamada de fundamentação 
(que deve ser fática e jurídica). 
ii. Individualização da pena – O segundo momento da motivação é a individualização da 
pena. A individualização tem por base um método trifásico. (1º) circunstâncias judiciais (art. 
59 CP); (2º) Agravantes/atenuantes (art. 61/67 do CP); (3º) Causas de amento/diminuição. 
Além dessas três fases, o juiz deve avaliar também os seguintes aspectos: (4º) Regime 
prisional (art. 33, CP); (5º) Substituição da pena privativa por multa (Art. 60, §2º, CP); (6º) 
Substituição da pena privativa por restritiva de direitos (Art. 44, CP); (7º) Concessão do 
sursis (suspensão da execução da pena privativa de liberdade) (Art. 77, CP). 
 
15 
 
Aula 29.08 
Coisa Julgada 
 
Justiça x Paz Social 
Justiça – aprimoramento da decisão mediante a possibilidade de reexame, aproximação do 
provimento jurisdicional à realidade. 
Paz social – encerramento do litígio – solução do conflito mediante a imutabilidade do comando 
decisório – estabilidade das relações jurídicas – segurança jurídica. Não interessa a perpetuação do 
conflito, pois ela é fomentadora de instabilidade. Daí a ideia de que o conflito deve em algum 
momento se estabilizar, ainda que ela não seja a mais justa ou a mais correta. 
“a sentença definitiva, não mais sujeita a reexames recursais, transforma a res judicanda em res 
judicata, e a vontade concreta da lei especial entre as partes, no tocante ao conflito jurisdicionalmente 
decidido e solucionado” Frederico Marques. 
A coisa julgada empresta à sentença, empresta ao comando que provém da sentença, o valor da 
imutabilidade. A questão está definitivamente decidida para aquelas partes que estavam em conflito. 
As decisões estão sujeitas a reexames, mas chega um momento que a decisão será definitiva. 
 
Coisa julgada formal: relacionada ao processo, uma estabilidade processual. Haverá um 
momento que não será mais possível a discussão da decisão. Tem efeitos intraprocessual – 
esgotamento de todas as vias recursais. 
Coisa julgada material: extrapola os limites do processo, atingindo a vida das pessoas. Dimensão 
extraprocessual – impossibilidade das partes reabrirem um novo processo, uma vez que no 
processo anterior a questão já foi definitivamente decidida. 
Portanto, a imutabilidade tem uma projeção interna (impossibilidade de novo exame naquele 
processo) e externa (impossibilidade de novo processo sobre o mesmo litígio). 
A coisa julgada material sé pressuposto da coisa julgada formal. 
 
Preclusão x Coisa julgada 
 
Preclusão: fato impeditivo que assegurao andamento da marca processual e impede o 
retrocesso. Perda de faculdade ou direito processual em face do seu não-exercício. Efeitos 
intraprocessuais. 
Não podemos sempre associar a ideia de preclusão com imutabilidade. 
Coisa julgada: é mais forte que a preclusão, é a imutabilidade do comando decisório do juiz. 
Efeito do esgotamento ou do não-exercício das vias impugnativas. 
A única associação que poderia ser feita entre coisa julgada e preclusão é que a coisa julgada 
forma seria a preclusão máxima. 
 
Preclusão Coisa julgada 
16 
 
Fato impeditivo que assegura o avanço da marcha processual 
e impede o retrocesso (objetivo). 
Imutabilidade do comando decisório 
proferido pelo Estado-Juiz. 
Perda da faculdade ou direito processual em face de seu não 
exercício ou exercício (subjetiva). EX: Qual é o momento 
processal para apresentar o rol de testemunhas? Na 
apresentação da denúncia ou queixa. EX 2 – Decisão de 
pronúncia – Está sujeita a recursos. Ou as partes se 
contentam com a decisão e não há qualquer recurso ou as 
partes apresentam impugnação. 
Podemos ter preclusão quer pela omissão ou pelo 
esgotamento das vias recursais. No que se refere a 
admissibilidade da acusação, a questão está preclusa. No 
que se refere ao reconhecimento dos elementos mínimos 
para submeter aquele caso ao julgamento do tribunal do 
juri, a questão está preclusa. 
Nada impede que após a preclusão da decisão de pronúncia 
o conteúdo seja alterado. Ex.: Algum foi acusado por 
tentativa de homicídio. A vítima falece depois da decisão. 
Agora ele será processado por homicídio e, portanto, o teor 
da decisão pode ser alterado. Assim, a preclusão nem 
sempre significa imutabilidade da decisão. 
Efeito do esgotamento ou do não 
exercício das vias impugnativas. 
Efeitos intraprocessuais. “suma preclusão” (Miguel Fenech) – 
coisa julgada formal. 
 
 
Eficácia natural da sentença x Coisa julgada 
Desenvolvida por Liebman. 
A ideia de eficácia natural da sentença está associada a uma ideia de legitimidade do ato 
decisório do juiz. Assim, a sentença sempre contém uma eficácia natural. Há uma presunção de 
legitimidade dos atos decisórios, como fruto de um ato de poder. 
Essa ideia não pode ser confundida com coisa julgada, pois está é limitada às partes que 
litigaram, enquanto a eficácia natural atinge a todos. 
 
Choque de valores: Justiça x Paz social 
A justiça relaciona-se ao aprimoramento da decisão mediante a possibilidade de reexame. 
Paz social é relacionada ao encerramento do litígio mediante a imutabilidade do comando 
decisório. 
Quando a justiça (=reexame constante da decisão) deve prevalecer sobre a paz social? A 
preservação da liberdade pode justificar a prevalência do reexame sobre a imutabilidade. 
Condenação transitada em julgada, mas surgem provas que tragam um benefício ao réu. 
17 
 
E o contrário, quando a paz social prevalece sobre a justiça? Sentença absolutória transitada em 
julgada, será definitiva mesmo se for injusta. Se descobrirem provas novas que demonstrem a 
culpabilidade do réu, não poderá haver reexame da sentença absolutória. 
Ou seja, no Processo Penal, o valor liberdade é essencial para averiguar a relação entre justiça e 
paz social. 
A justiça prevalece quando a imutabilidade ferir a liberdade. A paz social (imutabilidade) 
prevalece também quando estiver em jogo a liberdade. 
Revisão criminal: art. 621, CPP. 
 
Medidas de segurança: casos em que a imutabilidade não atua na hipótese de absolvição 
imprópria – sentença absolutória que impõe medida de segurança. Há quem defenda de revisão 
dessa sentença, pois além de absolutória, é acompanhada de uma medida restritiva. Porém, há muita 
controvérsia na doutrina. 
Questão dos limites dessa revisão – há quem defenda que essa revisão não poderia levar a 
condenação dessa pessoa. Seria uma revisão restrita, tão somente relacionada a imposição da 
medida de segurança. 
Há quem diga que a periculosidade não é dada somente pelo fato de ele ser inimputável, mas 
também por ter sido considerado culpado de um crime. 
 
Crimes internacionais: definidos pelo Estatuto de Roma – crimes contra a humanidade; 
genocídio; agressão; crimes de guerra. Trata-se de uma ordem penal internacional. 
O Tribunal Penal Internacional, competente para julgar esses crimes, pode desconsiderar 
sentenças absolutórias nacionais quando foram proferidas com o claro objetivo de assegurar a 
impunidade do criminoso. Nesse caso, admite-se a relatividade da coisa julgada. 
 
Art. 5º, XL, CF – irretroatividade da lei. 
Art. 2º, §ún., CP. 
Súmula 611, STF. 
 
Condenação criminal – pronunciamento rebus sic stantibus: durante a execução criminal deve-se 
adequar o cumprimento da sanção penal às novas realidades do próprio condenado. A condenção 
continua, não há violação a coisa julgada, há apenas adequação. 
A execução criminal esta informada por outros princípios, ligados a própria natureza do direito 
penal, se assegurar o cumprimento do comando condenatório e permitir a reitegração do 
condenado, ou seja, a execução criminal se volta para o futuro. A ideia de progressão de regime 
não é revisão da sentença condenatório, mas sim processo que visa a reintegração do condenado. 
Art. 1º, segunda parte, Lei 7210/84 (Lei de Execuções Penais). 
 
Decisões terminativas 
Encerram o processo e impedem o exercício do poder-dever punitivo. É decisão sobre o mérito. 
18 
 
Também traz o manto da imutabilidade. 
Exemplo – extinção da punibilidade. 
Extinção de punibilidade pautada na morte do agente. Porém, depois descobre-se que a certidão 
de óbito era falsa? Art. 107, CP. 
 Há muita controvérsia, há quem afirme que não poderia haver revisão de decisões que de 
qualquer forma firam a liberdade. Porém, há quem afirme que, por seu calcada em documento 
falso, não se operaria a coisa julgada. 
O STF já decidiu pela revogação de decisão, afirmando que não se operaria a coisa julgada. Não 
seria possível a pessoa se beneficiar com ato ilícito. 
 
Arquivamento de inquérito policial. Há quem considere que seja mero despacho, e não decisão 
terminativa. 
Promovido o arquivamento por considerar aquela conduta atípica, e o juiz acolheu a 
manifestação ministerial, e determina o arquivamento por atipicidade. Posteriormente, são colhidas 
novas circunstâncias que demonstram a tipicidade. Art. 18, CPP: novas provas podem reabrir o 
inquérito. 
Porém, após a reforma de 2008, a atipicidade é hipótese de absolvição sumária. Embora a 
decisão de arquivamento não seja formalmente uma decisão de absolvição sumária, tem o mesmo 
teor. 
O STF se manifestou afirmando não ser possível desarquivar o inquérito policial. “se o fato está 
suficientemente apurado e o Juiz e o promotor concordam que o fato não constituiu crime”. A 
questão aqui é que, apesar de ainda não ter uma ação penal, juiz e promotor adentram ao próprio 
mérito da questão. 
 
Coisa julgada: limites subjetivos 
Há muita controvérsia sobre o tema. 
Aspecto subjetivo: imutabilidade do comando é restrita as sujeitos do processo. Quem não foi 
parte no processo penal não pode ser submetida aos efeitos da coisa julgada. 
Mas seus efeitos não podem ultrapassar esse limite? 
Concurso de agentes – crime realizado por várias pessoas, mas por enquanto somente uma 
pessoa está sendo processada. A pessoa é absolvida pelo o juiz ter considerado o fato inexistente. 
Posteriormente são processadas os outros agentes. De acordo com a prof. Ada Pellegrini, elas 
poderiam ser processadas, pois não foram atingidas pela coisa julgada. 
Há quem entenda, porém, que a ação poderia ser rejeitada liminarmente por ausência de 
interesse de agir por já ter havido decisão que entender ser o fato inexistente. 
 
Título executivo judicial (sentença) poderia ser executado para obter responsabilização civil em 
face de outras pessoas que não participaram do processo penal? Por exemplo, o empregado é 
condenado, mas não tem dinheiro, é possível executar o empregador? No entendimentode Ada 
Pellegrini, não, pois o empregador não participou do processo. 
19 
 
 
Limites objetivos 
Sentença condenatória aprecia um fato narrado, sob o qual haverá um pronunciamento judicial. 
Quais os limites dessa coisa julgada sob o aspecto objetivo? 
O prof. Vicente Greco entende que a coisa julgada se circunscreve ao fato principal narrado 
pelo MP. O núcleo da infração somente é relevante, e não os elementos acidentais. 
 
Mas e na hipótese de concurso material de crimes: vários crimes de furto, mas processado por 
apenas um deles. Seria impossível analisar os outros crimes de furto? Não, a coisa julgada se cinge 
apenas àquele crime de furto específico, podendo ser processado posteriormente pelos demais. 
Concurso formal – uma única ação, dois ou mais crimes. Há entendimento que nesse aspecto, se 
foi processado por um dos crimes apenas, ele poderia ser processado e julgado pelo outro. Mas há 
quem entende que não poderia haver outro julgamento se já houve coisa julgada (mesmo contexto 
da ação já julgada). 
Crime continuado – várias ações delituosas que, por ficção jurídica, são tratadas como um único 
crime, por proximidade temporal, por terem sido executadas em circunstâncias semelhantes. Se 
apenas parte desses crimes foram processados e julgados, depois apura-se que haveria outra parcela 
de crime. Se já foi apreciado o “todo”, não seria possível reabrir a discussão sobre uma parcela nova 
desse todo. 
Crime permanente – crime cuja execução se prolonga no tempo (ex. sequestro). Sequestro que 
começou em fevereiro e é acusado afirmando que terminou em maio. A pessoa é absolvida. Depois 
descobre que o sequestro durou até julho. Não poderá reabrir a discussão, a unicidade do crime de 
sequestro prevalece. 
Crime habitual – várias ações que denotam um hábito. Processo e julgado por curandorismo, 
acusado dessa prática durante todo o ano de 2011. É julgado e absolvido. Em 2012 ele continua. É 
possível iniciar um novo processo, pois são fatos novos. O crime habitual é caracterizado por 
vários fatos que revelam um hábito, não há uma unicidade como no crime permanente. 
 
 
Aula 12.09 
Nulidades 
Trata da relação entre tipo penal e tipo processual previsto na lei, e o ato processual realizado. 
Exemplo: Citação. A citação é um dos atos de comunicação mais importante. Para tanto, o 
legislador fixa uma série de requisitos para que a citação seja válida. Isso tudo compreende um 
modelo processual típico, formatado pelo legislador. A expectativa é que o ato processual que vai 
ser formulado ao longo da marcha processual corresponda integralmente ao tipo processual 
previsto pelo legislador. Quando há esse perfeito encaixe, a correspondência é plena, ou seja, o ato 
realizou todos os elementos do tipo penal. Essa situação concretiza as expectativas do legislador 
processual. 
Os problemas se iniciam quando o ato processual é realizado, porém, sem preencher todos os 
requisitos previstos para o tipo processual. É nesse momento de inadequação entre o ato processual 
concretizado que começam os nossos problemas. 
20 
 
 
Inadequação do ato processual: 
A) Descumprimento de exigências mínimas: é questão de inexistência. Ex.: Sentença preferida 
por quem não é juiz. 
B) Cumprimento de exigências mínimas, mas com desconformidades graves: é questão de 
invalidade. Pode ser uma nulidade absoluta ou relativa. Gera efeitos até a decisão judicial que a 
declara. 
C) Desconformidade mínima: trata-se de mera irregularidade. Não são desconformidades 
relevantes. O ato processual não preencheu todos os requisitos previstos, o encaixe não é perfeito, 
no entanto essas exigências não são sérias. O problema aqui é de mera irregularidade, não de 
validade ou existência. 
Assim, percebemos que pode haver três graus de desconformidade. Estamos falando em um 
procedimento de adequação processual entre um ato e um tipo processual. Muitas vezes acabamos 
associando o tipo processual àquilo que está previsto no CPP. Isso não está integralmente correto. 
Quando pensamos em um processo constitucionalizado, percebemos que não podemos nos 
restringir ao âmbito da legislação processual. 
 
Atipicidade processual: 
A) Constitucional: violação às garantias processuais constitucionais. A consequência jurídica é a 
inexistência ou absolutamente inválido, isto é, nulo. 
B) Processual propriamente dita: a violação à legislação processual acarreta, geralmente, vício de 
invalidade ou irregularidade (mas não inexistência). 
Há um momento de realização do ato processual. Nesse momento, deveremos realizar aquele 
movimento de adequação típico processual. A partir daí, dependendo da conclusão, teremos um 
problema de inexistência ou invalidade. 
 
Invalidade 
Podem ser de dois tipos: absoluta ou relativa. O que diferencia uma da outra? A diferença está 
no interesse tutelado pelo modelo processual. Se o interesse envolvido é o interesse de ordem 
pública, então dizemos que o vício é de caráter absoluto. São aqueles interesses que tocam os 
sujeitos envolvidos no processo, mas para além das partes aqueles interesses são ainda maiores, 
direcionados a todo e qualquer pessoa. 
Ex.: Norma foi criada para resguardar a ampla defesa. Ato não cumpriu toda a adequação típica. 
O interesse nessa norma é público. Existe o interesse da parte, mas o interesse de ordem pública é 
maior. Quando há esse problema de inadequação processual, a invalidade ou nulidade é de caráter 
absoluto. 
Por outro lado, teremos nulidades relativas. E por que são assim denominadas? Porque a norma 
processual que foi desrespeitada procurava tutelar um interesse privado, particular. Era o interesse 
que envolve os sujeitos daquela relação processual. Não é possível extrapolar aquela relação 
processual. 
 
21 
 
Invalidade Declaração judicial de nulidade 
Atipicidade com o modelo constitucional-
processual ou apenas processual. 
Observância da instrumentalidade das formas 
Absoluta – interesse de ordem pública 
Relativa – interesse de ordem privada Princípio do interesse 
 
Existe um tempo entre a prática do ato e a declaração judicial de sua nulidade. Mais do que esse 
tempo, a relação não é automática. Não basta identificarmos a ocorrência de uma nulidade para que 
necessariamente o juiz declare judicialmente a ocorrência da nulidade. Mesmo nesses casos, é 
possível que o juiz não declare a nulidade do ato, desde que a finalidade tenha sido atingida. 
EX.: Ato processual atípico. Modelo desenhado para preservar o interesse de ordem pública. 
Nulidade absoluta. A despeito da atipicidade e do interesse público, não houve nenhum prejuízo às 
partes. Então não será declarada a nulidade do ato. 
Muitos autores fazem uma correlação que não é correta, qual seja, verificada a nulidade absoluta 
o ato deve ser declarado, obrigatoriamente, nulo. Existe sim a possibilidade de, mesmo diante de 
uma nulidade absoluta, aquele ato não ser declarado nulo, se não houver prejuízo das partes. 
Outra coisa é o princípio do interesse, restrito às nulidades relativas. Aqui é a ideia de que 
ninguém pode provocar a nulidade cujo reconhecimento só interessa a parte contrária ou que ela 
mesma provou. Veja que o princípio do interesse está restrito às partes e, portanto, dentro do 
campo da nulidade relativa. 
 
Princípio da instrumentalidade das formas 
É o princípio que visa reforçar a finalidade que se pretende alcançar com a realização de um ato 
processual, muito mais do que a sua forma. Não é o abandono total e absoluto da forma, mas é um 
princípio que não dá preferência à forma. O que importa é o fim para o qual foi instituído o ato – 
se o fim foi atingido não há que se declarar a nulidade. 
Ex. 01: Sentença sem relatório – juiz enfrentou todas as teses. Qual é a finalidade? Trazer a ideia 
de que o juiz de fato teve contato com todos os elementos probatórios e, sobretudo, que ele teve 
conhecimento de todas as teses arguidas; 
Ex.02: ausência de intimação das partes para a audiência, mas todos comparecem. 
Art.65 da Lei 9.099/95 - “Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as 
finalidades para as quais forem realizados” = consagração normativa do princípio da 
instrumentalidade das formas. 
 
Princípio do prejuízo 
Não se declara a nulidade se não decorreu prejuízo. A ideia que a nulidade, para ser 
judicialmente declarada, depende sempre da ocorrência de prejuízo. 
Art. 563 e 566 do CPP. 
 
Relação íntima entre instrumentalidade das formas e prejuízo: 
22 
 
Nulidade absoluta: o prejuízo de presume, exatamente porque o interesse é de ordem pública. 
Cabe ao juiz afastar a nulidade demonstrando que não houve prejuízo. 
Nulidade relativa: o prejuízo não é presumido. A parte interessada tem que demonstrar a 
ocorrência do prejuízo. 
Ou seja, não é porque o prejuízo é presumido que SEMPRE haverá declaração de nulidade. Não 
é porque prejuízo deve ser nulidade que a nulidade relativa será menos aplicada. 
A questão aqui é meramente de ônus de prova. Na nulidade absoluta, existe a presunção do 
prejuízo. Cabe a ele demonstrar que não ocorreu o prejuízo. Se ele de fato demonstrar que não 
ocorreu prejuízo, ele não declarará a nulidade. 
Diferente é o que ocorre na nulidade relativa. Como não existe a presunção do prejuízo, a parte 
afetada deve demonstrar que ocorreu o prejuízo. Se comprovado, o juiz deve declarar a nulidade. 
 
Princípio da causalidade 
Ao declarar a nulidade do ato, o juiz também deve declarar quais atos foram contaminados por 
aquela nulidade (art. 573, §1º, CPP). 
Ex.: Nulidade absoluta na citação. Juiz não afasta a presunção de prejuízo. O tribunal reconhece 
a nulidade na citação. Da citação para a frente todos os atos estão cominados e são, portanto, nulos. 
Nulidade originária (ato nulo); nulidade derivada (ato contaminado). 
 
Princípio da conservação 
Os atos que são independentes não são contaminados. Ex.: Nulidade na oitiva de uma 
testemunha não implica nulidade de todas as demais. Testemunha seria ouvida por carta precatória. 
Se o juiz reconhece essa nulidade, ele não vai declarar a nulidade das demais provas orais 
produzidas. Diferente será a questão se for prolatada a sentença. O juiz vai declarar a nulidade 
daquela prova oral produzida e, eventualmente, da própria sentença, mas vamos manter aquelas 
outras provas. 
 
Princípio do interesse 
Ninguém pode invocar nulidade a que tiver dado causa (padrão ético-profissional). A parte não 
pode arguir nulidade que interesse apenas a parte contrária (interesse processual). Art. 565, CPP. 
Porque vincular esse princípio ao da nulidade relativa? Porque a nulidade relativa é aquela que 
toca apenas aos interesses das partes. 
*** O problema está em que o MP sempre tem o interesse de criar um título jurídico sem 
qualquer tipo de vício, imune a qualquer tipo de nulidade. Essa ideia de interesse deve ser avaliada 
de uma maneira mais ampla, mais complexa, pois ainda que o ato tenha atingido interesse direto da 
defesa, o MP poderia arguir a nulidade para evitar uma sentença que poderia ser revogada. 
Nulidade absoluta: pouco importa quem tenha provocado a nulidade ou quem beneficiará – juiz 
pode reconhecer de ofício. 
Nulidade relativa: vigora o princípio do interesse já que a é nulidade instituída em favor da parte. 
 
23 
 
Outros princípios 
Convalidação: aproveitamento, sempre que possível, da atividade processual atípica – quando a 
nulidade é sanada (Ar. 527, CPP). Sempre que for possível, vamos aproveitar um ato processual 
imperfeito. 
Permanência: ato nulo produz efeitos até que seja declarada a sua nulidade. 
Restrição à decretação da invalidade: declaração da nulidade depende da previsão de 
instrumento para vê-la declarada. Há momentos processuais e instrumentos processuais para arguir 
a nulidade. Ex.: Nulidade em que a parte pretende ver a nulidade sanada pelo TJ. O recurso é a 
apelação, via de regra em preliminar. 
 
Inexistência Nulidade Absoluta Nulidade Relativa 
Ausência de requisito essencial. os 
requisitos mínimos não foram 
preenchidos. 
Violação de forma que protege o 
interesse público. Ex.: Ampla 
defesa, juiz natural, etc. 
Violação de forma que protege o 
interesse privado. 
Inexistência jurídica, pois há 
existência material. 
Pode ser declarada de ofício (a 
qualquer momento do processo). 
Depende da provocação da parte 
interessada. 
Não poderia produzir efeitos, mas o 
produz até a declaração jurídica de 
inexistência. 
Insanáveis (não há que se falar em 
preclusão no âmbito de uma 
nulidade absoluta). 1 
Sanáveis (preclusão). Não pode ser 
reconhecida de ofício. Se a parte 
interessada não arguir, ou o MP 
como custos legis não pedir, preclui a 
nulidade de caráter relativo. 
 Princípio do prejuízo, da 
instrumentalidade das formas e da 
causalidade. 
Prejuízo é presumido: o juiz para 
não anular o ato deve afastar a 
imperfeição. 
Princípio da instrumentalidade das 
formas, da causalidade e do 
interesse. 
A parte precisa comprovar a 
imperfeição, não basta falar que o 
ato é irregular. 
 
Sistemas regulatórios da nulidade 
São mais modelos teóricos do que sistemas fechados: 
A) Supremacia da legalidade: qualquer imperfeição ou inadequação entre ato e modelo 
processual, gerará nulidade. É uma visão extrema da regularidade dos atos processuais. 
B) Taxatividade: pressupões uma descrição das situações de imperfeição que gerariam 
nulidades. São ordenamentos que estabelecem um rol de imperfeições processuais que, 
se verificadas, geram nulidade. É um rol taxativo. 
C) Gravidade: a nulidade se opera dependendo do grau de imperfeição. Quanto mais 
severa for a desconformidade do ato, tem-se a sua nulidade. 
 
1
 Qual a relevância de diferenciar inexistência de nulidade? O ato inexistente pode produzir efeitos até que se 
reconheça a inexistência. Porém, no caso do exemplo da sentença proferida por quem não é juiz, ela nunca 
poderá formar coisa julgada, a pessoa poderia inclusive ser processada novamente. 
24 
 
 
A legislação brasileira, porém, não adota nenhum desses sistema integralmente, mas sim, 
parte de cada um deles. 
Art. 564, CPP, estabelece um rol de nulidades, o qual, no entanto, não é taxativo (inciso IV 
do próprio artigo). 
Além disso, contata-se a adoção de diversos princípios relativos a nulidade, como o do 
prejuízo (art. 563, CPP – traz implícita a ideia de gravidade); do interesse (art. 565); da gravidade 
(art. 566); e há também um sistema de convalidação no nosso sistema (art. 572). 
Ou seja, o Brasil adota um modelo confuso, pouco preciso com relação ao regime de 
nulidades no processo penal. 
 
 
Aula 19/09 
 
Nulidades – Regulamentação processual 
Análise das hipóteses do art. 564, CPP. 
 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
I. Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz 
(a) Incompetência: regras determinadas para estabelecer uma medida da jurisdição. Pode ser 
absoluta (fixadas no plano constitucional – justiça federal, estadual, prerrogativas de foro, etc.) ou 
relativa (legislação infraconstitucional, por exemplo, local). Competências absolutas são 
determinadas por um interesse de ordem pública, mas também a competência relativa envolve 
interesse de ordem pública (por exemplo, local da ocorrência do crime, é o local que sofreu os 
maiores efeitos da prática delituosa, é o onde será mais fácil a coleta de provas, e há um interesse 
que aquele seja o local do processo penal). Ou seja, não há identificação total entre competência 
absoluta = nulidade absoluta; competência relativa = nulidade relativa. 
Assim, incompetência será sempre caso de nulidade absoluta, mas isso não significa que será 
decretada a nulidade. Por exemplo, em caso de incompetência relativa, há o fenômeno de 
prorrogação (se a nulidade não for arguida no momento certo, prorroga-se a competência), por isso 
alguns autores falam que competência relativa haveria nulidade relativa. Porém, a definição de 
nulidade absolutaou relativa passa pelo interesse protegido pela norma e, em ambos os casos, há 
interesse público. 
(b) Suspeição: também engloba as regras de impedimentos e incompatibilidade. Todos os 
atos praticados por juízes impedido ou suspeito, será nulo. Qual é o interesse do legislador em 
estabelecer o rol de situações de impedimento, suspeição? A finalidade é resguardar a 
imparcialidade do julgador, juiz equidistante das partes. Portanto, diz respeito a nulidade absoluta, 
pois a imparcialidade é atributo essencial do julgador (Ada Pellegrini). 
(c) Suborno: é um termo atécnico, pois não há referência a ela na legislação penal. O que se 
entende como suborno é a prática, pelo juiz, de atos que comprometem sua imparcialidade, como a 
corrupção passiva (art. 317, CP). Por envolver a imparcialidade, há nulidade absoluta. 
 
II. Por ilegitimidade de parte 
25 
 
Legitimidade é uma das condições da ação. Não há, aqui, problema de nulidade. Mas há já 
mecanismo para resolver a questão, que é a rejeição liminar da denúncia ou queixa (art. 395, II). O 
próprio legislador já decidiu como resolver a questão. 
E se a ilegitimidade for apurada após o recebimento da ação? O juízo inicial de 
admissibilidade já foi realizado, tendo havido o recebimento da denúncia. A questão não tem uma 
solução uniforme, seja na doutrina ou na jurisprudência. Há quem entenda que nesse caso a ação 
deveria ser extinta sem julgamento de mérito, com base em uma aplicação a posteriori do art. 395, 
II, CPC (entendimento minoritário). A posição majoritária é de declarar a nulidade de todo o 
processo, sendo necessário impetrar uma nova ação, desde o começo, desde que não tenha 
ocorrido a prescrição e decadência. 
Não há real diferença prática entre as duas hipóteses. 
 
III. Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
Não se trata de irregularidade da forma, mas ausência, falta, abstenção. 
 
(a) A denúncia ou queixa e a representação e, nos processos de contravenção penal, a 
portaria ou auto de prisão em flagrante. 
(i) Falta de denúncia ou queixa: em tese, se não há denúncia, não há ação penal, não há 
processo. Toca muito mais a questão de inexistência jurídica do que nulidade. Se admitir-se 
que seja nulidade, é absoluta. 
(ii) Ausência de representação: ações penais públicas condicionadas, cujo exercício 
depende de representação do ofendido. Embora o legislador faça referência apenas a 
representação, deve-se completar esse rol com as ações públicas condicionadas à requisição 
do Ministro da Justiça. É um problema que envolve condição de improcedibilidade, que 
levaria a hipótese de rejeição liminar da denúncia ou queixa. Porém, o art. 569 afirma que 
essa omissão poderia ser regularizada até o final do processo. Independe da possibilidade de 
sanatória, é uma hipótese de nulidade absoluta. 
(iii) Ausência de portaria ou auto de prisão em flagrante: na legislação de 1941, os 
processos de contravenções, a ação penal era intentada por portaria ou auto de prisão em 
flagrante (era o chamado o procedimento judicialiforme), porém, com a nova ordem 
constitucional, determinou-se que a ação penal pública só poderia ser intentada pelo MP. 
Portanto, as possibilidade de ajuizamento de ação que não pelo MP foram revogadas. Ou 
seja, essa parte do dispositivo foi revogado, pela revogação do procedimento judicialiforme. 
 
(b) Ausência do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o art. 167. 
As infrações que deixam vestígios tornam o exame de corpo de delito indispensável. Quando 
não for feito esse exame, o legislador entende haver nulidade. Porém, não se trata de nulidade, mas 
sim de prov. Dependendo do estágio processual essa questão será resolvida de forma distinta. 
Se o problema é ausência de prova, de materialidade, ao ser oferecida a ação, deveria o juiz 
rejeitá-la por ausência de justa causa. 
Se a ausência do corpo de delito for percebida após o recebimento de denúncia, a ausência 
de provas pode levar a uma absolvição sumária ou “final”. Portanto, não é um problema de 
nulidade, mas toca a temática da prova, que dependendo do momento processual terá um resultado. 
Embora haja a indispensabilidade de exame de corpo delito em delitos com vestígios, essa 
obrigatoriedade é abrandada pelo art. 167. Esse artigo dispõe que no desparecimento de vestígios, a 
prova poderá ser substituída por prova oral. 
26 
 
 
(c) Ausência de defensor ao réu presente, que não o tiver, ou ao ausente, e de curador ao 
menor de 21 anos 
O réu não possui réu constituído, devendo ser nomeado um defensor a ele. O réu ausente 
não trata de citação por edital e suspensão do processo, mas sim, no caso de realização de prova 
antecipação (art. 366, CPP), produção esta que deve ser produzida à luz do contraditório, e 
portanto, é necessária a nomeação de defensor. Ou a hipótese daquele que foi citado e não 
comparece, ainda assim é indispensável a nomeação de defensor. 
Esses casos estão relacionados à indispensabilidade da defesa técnica. Trata-se de real 
interesse de ordem pública - nulidade absoluta. 
E no caso de defensor presente, mas que exerce a defesa de maneira deficiente? Há 
controvérsia. Boa parte da doutrina entende que esse é um problema que também afeta a ampla 
defesa. Não basta a defesa técnica formal, ela tem que ser também substancial. A deficiência afeta a 
ampla defesa, e portanto, afeta interesse de ordem pública. 
Contudo, não é isso que a jurisprudência consagrou. A súmula 523 do STF impõe que a 
deficiência só será caso de nulidade caso haja prova de prejuízo pelo réu, ou seja, trata-se de 
nulidade relativa. 
A hipótese de nomeação de curador deve ser desconsiderada, pois reflete a legislação 
anterior, de que menores de 18 anos sempre requeriam a nomeação de curador, ao lado da 
nomeação de defesa técnica. Não há mais necessidade de nomeação de curador. 
 
(d) Ausência de intervenção do Ministério Público 
A primeira situação é aquela de ação penal ajuizada pelo MP (ação penal pública), se ele não 
intervém em todos os termos da ação por ele intentada, há hipótese de nulidade absoluta, pois a 
intervenção do MP reflete o interesse de ordem pública, pois o MP é quem catalisa a promoção do 
poder-dever punitivo da ação penal. 
A segunda situação é de ação ajuizada por particular (ação penal subsidiária), ainda assim o 
MP deverá intervir. Há entendimento que seria uma nulidade relativa, pois existe já outro titular da 
ação penal. 
 
(e) Falta de citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, e os prazos concedidos 
à acusação e à defesa. 
(i) Ausência de citação: ato de comunicação de processo mais importante. É pressuposto 
de ampla defesa (informação para reação). Trata-se, portanto, de nulidade absoluta. 
Porém, o art. 570 complica as coisas. Trata de hipótese de ausência de citação que pode 
ser “sanada” (inobstante tratar-se de nulidade absoluta) se o acusado comparecer. Isso porque 
se o réu comparecer, significa que ele teve ciência de algum modo do processo. 
(ii) Ausência de interrogatório: é obrigatória a concessão da oportunidade, mas o réu não 
é obrigado a falar. Ou seja, se o réu está presente (se ele não é revel), o interrogatório é 
obrigatório. Se ele é revel, não é obrigatório conceder essa oportunidade. Ou seja, se o réu está 
presente e não é concedida essa oportunidade ao réu, viola-se o direito de defesa do réu 
(exercício de autodefesa). Trata-se, portanto, de nulidade absoluta. 
(iii) Ausência de concessão de prazos: se os prazos previstos de manifestação para a 
acusação e defesa, há violação ao contraditório e ampla defesa – nulidade absoluta. Ainda que 
não tenha sido concedido prazo, se atingiu-se a finalidade do ato (a parte se manifestou nos 
autos mesmo assim). Ou seja, ainda no caso de nulidade absoluta, é possível que ela não seja 
declarada, apesar de a força para que ela seja declarada é muito mais forte. 
27 
 
 
** É possível que uma sentença absolutória sane as nulidades ocorridas no 
processo. Masdependendo da sentença absolutória, ainda assim pode haver 
prejuízo. Se ele argui no processo que não participou do crime, e é absolvido por 
insuficiência probatória, há prejuízo. 
 
(f) Ausência de sentença de pronúncia, o libelo e a entrega de cópia do rol de testemunhas, 
nos processo do Tribunal de Júri. 
(i) Decisão de pronúncia: não se trata de sentença, é uma terminologia antiga. Em 
tese, é caso de inexistência, pois a decisão de pronúncia é o link indispensável entre a 
primeira e segunda fase do tribunal. Mas o legislador trata como nulidade. Se houver a 
continuidade da marcha processual, há nulidade absoluta. A omissão é declarada nula e 
todos os atos posteriores. 
(ii) O libelo não mais existe. Era uma peça acusatória. A fase de requerimento de 
diligências, após a decisão de pronúncia, ocupa o lugar do antigo libelo. 
 
(g) Ausência de intimação do réu para sessão do tribunal de júri, quando a lei não permitir o 
julgamento a revelia 
(i) Ausência de intimação: é ato de comunicação. Direito de informação, relaciona-se a 
ampla defesa. Nulidade absoluta. 
(ii) Réu solto deve ser intimado, se não comparece, o julgamento pode ser realizado 
(art. 457, CPP). A ausência do réu é interpretado como manifestação do direito ao silêncio. 
Se ele não é intimado, e por isso não comparece, há quem defenda que se o defensor é 
constituído, e na audiência falar que apesar de não ter sido intimado o réu ficou sabendo 
do processo, mas não quis comparecer, tudo bem, a audiência pode ser realizada. Porém, 
no caso de defensor dativo, isso não seria admitido. 
Réu preso – deve ser requisitado, se não é apresentado, o julgamento pode ser 
realizado com anuência do defensor (art. 457, §2º), há quem defenda que só o defensor 
constituído poderia dar essa anuência. 
 
(h) Ausência de intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos 
termos estabelecidos na lei. 
Não há mais libelo e contrariedade. Atualização interpretativa – o requerimento de diligência 
ocupou o lugar do libelo (art. 422). 
Não intimação das testemunhas – violação ao direito de produção de provas. Porém, o 
legislador trata isso como nulidade relativa (devem ser arguidas no tempo oportuno - art. 572, I, 
caso contrário, ocorre preclusão, e a nulidade está sanada), pois entende que isso compete ao 
interesse das partes, de ver a prova produzida, mesmo para aquelas arroladas em caráter de 
imprescindibilidade. 
 
 
Aula 26/09 
 
(i) A presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri 
É uma causa de nulidade absoluta. 
 
28 
 
(j) Sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade. 
Sorteio: critério que assegura a imparcialidade na formação do conselho – nulidade absoluta. 
Incomunicabilidade: reforça a imparcialidade e a formação livre da convicção do juiz leigo – 
interesse de ordem pública – nulidade absoluta. 
Incomunicabilidade interna: é a proibição dos jurados trocarem idéias ou impressões a 
respeito do julgamento que está sendo conduzido. É a ideia de preservar a convicção íntima do 
jurado, livre de qualquer tipo de consideração. É uma convicção íntima, pessoal, ainda que calcada 
nas provas apresentadas no julgamento. Os jurados podem falar sobre qualquer outro assunto, 
menos aqueles relacionados ao julgamento. 
Incomunicabilidade externa: os jurados não podem ter contato com nenhuma outra pessoa, 
garantindo-se que nenhuma pressão exterior venha a induzir ou direcionar a convicção dos jurados. 
O interesse aqui é evitar que esses juízes leigos, sujeito a uma maior pressão, sofra influência do que 
acontece fora da sessão de julgamento. Essa incomunicabilidade deve ser garantida durante toda a 
sessão de julgamento (mesmo que ela dure dias ou semanas). Por se tratar de proteção do interesse 
público, o desrespeito acarreta nulidade absoluta. 
 
(k) Os quesitos e as respectivas respostas 
A ausência de quesitos ou respostas inviabiliza a apuração da real vontade dos jurados: 
nulidade absoluta (obs. Súmula 156, TF). 
Art. 564, §único – deficiência de quesitos, contradição das respostas – inviabiliza a apuração 
da real vontade dos jurados: nulidade absoluta. 
Embora se tratar de assunto de ordem pública e, portanto, deveria ser nulidade absoluta, a 
jurisprudência dominante (ainda não é posicionamento unânime) entende que vícios nos quesitos 
seria uma nulidade relativa que deve ser alegada após a leitura dos quesitos em plenário (art. 484, 
caput). 
Eventual contradição das respostas dos quesitos: exemplo comum em que os jurados 
respondem afirmativamente que o crime teria sido cometido por relevante valor moral, e também 
respondem afirmativamente que foi cometido por motivo torpe. 
 
(l) Acusação e a defesa, na sessão de julgamento 
Não diz respeito a ausência de defesa ou acusação, mas sim a deficiência. 
No Tribunal do Júri impera não só a ampla defesa, mas a plenitude de defesa. Desse modo, 
uma defesa deficiente, contraditória, absurda, compromete a plenitude da defesa, havendo nesse 
caso uma nulidade absoluta. O juiz pode reconhecer de ofício, dissolvendo a sessão e marcando 
nova data de audiência. Se não foi reconhecido pelo juiz, poderá ser reconhecido pelo Tribunal em 
sede de apelação. 
 
(m) Sentença 
(i) Ausência de sentença, não foi proferida decisão sobre a causa. É hipótese de inexistência 
do próprio ato de julgar. Há uma nulidade absoluta e todos os atos posteriores estarão viciados. 
(ii) Deficiência da sentença. Pode se dar em vários níveis, como a falta de relatório. Nesse 
caso trata-se de ausência de enfrentamento de uma das teses arguidas. Por exemplo, uma das teses é 
de tentativa, não abordada pelo juiz. 
Não houve pronunciamento jurisdicional de uma matéria suscitada pela parte. É um 
problema que afeta as partes envolvidas, mas também de ordem pública: nulidade absoluta. 
29 
 
Essa nulidade depende de reconhecimento do grau de jurisdição superior, pois o juiz não irá 
declarar a nulidade de sua própria sentença. Pode-se entender que não houve nulidade porque não 
houve prejuízo, mas no caso da tentativa o prejuízo é evidente. 
É possível também que a sentença seja completada pela interposição de embargos de 
declaração. 
 
(n) O recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido 
Inadequação terminológica: não é adequado falar de recurso de ofício, mas sim reexame 
necessário ou duplo grau de jurisdição obrigatório. Algumas hipóteses específicas requerem tal 
reexame. Quando não opera esse reexame, a sentença não transita em julgado. 
São poucas as hipóteses que cabem reexame necessário, mas são todas uma decisão política, 
de rever decisões asseguradoras da liberdade: 
(a) Sentença de concessão de habeas corpus em primeiro grau (art. 574, I); 
(b) Absolvição sumária do Tribunal do Júri do antigo art. 411 do CPP – o art. 574, II tem 
redação compatível com a redação original do CPP, pois o procedimento do Tribunal 
de Júri foi reformado, com a reforma de 2008 não há mais previsão de absolvição 
sumária no art. 411, CPP – entendeu-se que houve uma revogação tácita desse inciso. 
(c) Concessão de reabilitação (art. 746) 
(d) Absolvição em processo contra economia popular ou contra a saúde pública ou 
quando houver arquivamento do inquérito policial (art. 7º da Lei 1521/1951). O ato 
que determina o arquivamento do inquérito policial sequer é considerado ato decisório, 
e portanto, não está sujeito a recurso, porém, deverá haver reexame necessário. 
A nulidade, no caso desse inciso não é do ato decisório em si, mas da certidão que atesta 
transito em julgado. É essa certidão que é nula. Súmula 423 do STF. Todos os atos posteriores 
também serão contaminados de nulidade. Seria uma nulidade absoluta. 
Se a parte interpõe recurso voluntário, não haverá trânsito em julgado, portanto não há 
problema. Além disso, a finalidade de reexame da decisão será atingida. 
 
(o) A intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos

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