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Recursos em Espécie - Prof Orestes Laspro

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DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
1 
 
Recursos 
Princípios 
Duplo grau de jurisdição (nem todos recursos possuem tal característica); Taxatividade; Unirrecorribilidade; 
Fungibilidade (dúvida; inexistência de erro grosseiro, irrelevância do prazo do recurso próprio); 
Dialeticidade; Voluntariedade; Proibição da reformatio in pejus; Consumação, Complementariedade. 
Disposições gerais 
A) De modo geral, temos que os recursos são os meios utilizados para impugnar – ir contra, discordar do 
conteúdo das decisões a fim de reformá-las ou anulá-las. Os recursos são oponíveis contra: 
 I) decisões interlocutórias: conforme art. 162, § 2º, CPC, decidem questão incidente, sem dar uma solução 
final, de mérito, à lide proposta em juízo (característica da sentença). Isso pode envolver, por exemplo, uma 
questão incidente, isto é, pendência que deve ser examinada como pressuposto para que o pedido (questão 
principal) seja concedido. Ex.: decisões liminares; deferimento ou não de produção de provas; decisões de 
sobrestamento; julgamento de exceções. 
II) sentenças: são atos do juiz que implicam nas situações previstas nos arts. 267 (terminativas, põem 
termo à fase de conhecimento sem resolução de mérito) e 269 (definitivas, findam a fase de cognitiva com 
provimento sobre o mérito), CPC. 
B) O recurso pode ser interposto pela parte vencida (sucumbente), bem como pelo terceiro prejudicado, 
desde que demonstre o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica 
submetida à apreciação judicial. O recorrente pode desistir (após a interposição do recurso, ≠ da renúncia 
que é anterior à interposição) do recurso a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes 
(art. 502, CPC). 
C) O prazo para a interposição do recurso é contado da data da leitura da sentença em audiência, da 
intimação das partes, ou da publicação do acórdão no órgão oficial (art. 506, CPC). 
Prazo (interposição e resposta) Espécie de recurso 
15 dias 
(art. 508 CPC) 
Apelação 
Embargos infringentes 
Recurso ordinário* 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
2 
 
Recurso especial* 
Recurso extraordinário* 
Embargos divergentes* 
10 dias Agravos (exceto, no agravo regimental*, 
em o prazo é de apenas 5 dias) 
5 dias Embargos de declaração 
* recurso não dado em aula. 
D) Do efeito adesivo: é um modo de interposição de alguns recursos (apelação embargos infringentes, 
especial e extraordinário- art. 500, II do CPC), uma adesão à própria oportunidade recursal da parte 
contrária, em mesmo não é um recurso (art. 500, CPC). é cabível no caso de sucumbência recíproca, caso 
apenas uma das partes, num primeiro momento, recorra. Então, a parte contrária (recorrida) poderá, no prazo 
das contrarrazões também apresentar seu recurso adesivo, que terá a mesma estrutura do recuso principal ou 
independente, inclusive no que tange ao preparo, se o caso impuser seu recolhimento. 
O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal ou independente, isto é, apenas será julgado no 
mérito se o recurso principal também o for, Art. 500, III do CPC. 
06.08.2012 - Aula 1 
Modalidades de recursos: 
1)Embargos de declaração (ED) artigo 535 CPC: 
 Os ED são, de fato, um recurso? A razão da indagação é bastante simples: a princípio, os ED não têm 
a finalidade de anular ou de reformar. 
 É evidente que, em algumas circunstâncias, o provimento dos ED só pode levar a uma reforma ou a 
uma anulação, mas não é seu objetivo específico. Por não ter esse objetivo é que surge a indagação: pode ser 
considerado um recurso? 
 A resposta a esta indagação surge em razão do princípio taxatividade. No sistema processual 
brasileiro, somente deve ser considerado como recurso aquele meio de impugnação como tal denominado 
pela lei. Ou seja, não há um conceito universal do que seja recurso pelo qual se possa analisar se um meio de 
impugnação é, de fato, um recurso; na verdade, pelos recursos do sistema chega-se ao conceito de recurso. 
Temos que verificar quais os tipos de recursos que temos e, a partir daí, tomar os conceitos. No caso dos ED, 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
3 
 
não há dúvida alguma que eles devam ser considerados recurso, pois constam no rol de recursos, art. 496, 
CPC. 
 Finalidade: Os ED servem eles para aclarar ou complementar uma decisão. 
 Objeto dos ED: são cabíveis em face sentenças ou de acórdãos. Acontece que se nós interpretarmos 
literalmente essa expressão, chegaremos a um aparente conflito, pelo menos lógico, do sistema. 
 Quando falamos em sentença, a nossa ideia é daquele ato do juiz que extingue o processo sem exame 
de mérito em 1º grau de jurisdição ou aquele ato que se enquadra nas hipóteses do art. 269, CPC. Numa 
linha bastante simplista, poderíamos dizer que em 1º grau de jurisdição os atos de cunho decisório ou são 
sentenças ou são decisões interlocutórias. A conclusão a que se chega é: o CPC automaticamente estaria 
excluindo as decisões interlocutórias quando fala que cabem Embargos em sentença. Em contrapartida, no 
Tribunal, em que a decisão colegiada, chamadas acórdão, pode ter natureza de sentença, mas também de 
decisão interlocutória. A finalidade dos Embargos é aclarar ou complementar uma decisão. Aí viria a 
indagação, numa interpretação literal, se o vício ocorre em 1º grau, será sanado por haver sentença; se ocorre 
em 2º grau, seria por acórdão com natureza de decisão interlocutória ou de sentença. Com as sucessivas 
reformas do CPC, cada vez mais temos decisões em 2º grau prolatadas pelo Relator. Sua decisão, 
obviamente, pode ter natureza de sentença ou caráter interlocutório, mas jamais se enquadra no conceito de 
acórdão. 
 Por essa razão é que a doutrina praticamente se pacificou no sentido de que são admissíveis 
Embargos de Declaração contra qualquer ato de natureza decisória. Ou seja, pouco importa se é uma 
sentença ou uma decisão interlocutória, ou se se trata de acórdão ou de decisão monocrática, desde que o ato 
jurisdicional tenha natureza de decisão, é cabível a interposição de Embargos de Declaração. 
 Mas, como ficaria a unirrecorribilidade ou a unicidade recursal nesse caso? A solução é dar a ela uma 
interpretação não literal, no sentido de que a unicidade significa termos para cada decisão um único recurso 
com uma determinada finalidade, objetivo. Se tenho uma sentença, se ela contém vícios, o recurso é 
Embargos de Declaração; se não precisa ser aclarada, mas o que se busca é anular ou reformar a decisão, o 
recurso cabível seria a Apelação. 
 A interposição dos Embargos Declaratórios interrompe ou suspende o prazo para interposição 
de outro recurso? Pelo CPC, a interposição interrompe, isto é, se tenho sentença de 1º grau, a parte 
embarga, quando do julgamento dos Embargos, a parte terá 15 dias para apelar. No Juizado Especial, 
suspende, pois há lei específica tratando do tema, que fala em suspender. Então, correria pela diferença. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
4 
 
Resumindo: Ou seja, proferida a sentença, os embargos de declaração tempestivos interrompem o prazo para 
apelação: 
- sentença publicada (ato de autoridade do Estado), abre-se prazo de: 
 � 5 dias para a oposição de embargos de declaração 
 � 15 dias para apelação 
 O dies a quo é o da intimação da decisão (no exemplo acima, da sentença) – o termo inicial para 
ambos os prazos (embargos declaratórios e apelação) é o mesmo: 1° dia após a publicação da sentença. 
Julgados os embargos e publicada a respectiva sentença, recomeça a contagem do prazo de apelação. 
#Diferentemente, nos Juizados Especiais Cíveis, os embargos (prazo de 5 dias) não interrompem o 
prazo de 10 dias para a interposição do recurso inominado, mas apenas o suspendem (ou seja, a contagem do 
prazo para o recursoinominado não inicia novamente do zero, mas de onde havia parado). 
 A interposição dos ED suspende os efeitos da decisão? O CPC não trata do tema. Há, portanto, 
duas correntes: 
i) parte da doutrina diz que, como o CPC não regulamenta a matéria, nós devemos entender que todo o 
recurso têm efeito suspensivo e, portanto os Embargos suspendem a decisão. 
II) Outra parte da doutrina diz que tal situação não se aplica, pois não há regra geral que diz que a todos os 
recursos cabe efeito suspensivo. Para esta corrente, os Embargos de Declaração suspendem ou não os efeitos 
de uma determinada decisão, dependendo da natureza do recurso principal contra aquela decisão. 
13.8.2012 - Aula 2 
 Uma outra questão interessante que surge, ainda prosseguindo nos efeitos, refere-se ao efeito 
devolutivo, isto é, os embargos de declaração possibilitam ao órgão julgador sanar eventual omissão, 
obscuridade ou contradição, mas dentro dos limites da devolutividade., ou seja, partindo de uma sentença, os 
ED permitem ao julgador a revisão de sua decisão, mas nos limites dos embargos. 
 Principalmente quando se trata de uma decisão interlocutória de 1º grau, os embargos declaratórios 
podem se constituir num vetor para o julgador eventualmente modificar sua decisão ou alterá-la, mas porque 
o julgador pode reexaminar a questão, pois os embargos serviram de instrumento para voltar ao órgão 
julgador. Lembremos que a decisão interlocutória não preclui para o próprio julgador. 
 Em razão da devolutividade, pode ocorrer a aparente reformatio in pejus. Nosso sistema processual 
não permite a reformatio in pejus no recurso. Mas no caso dos ED é possível termos aparente reforma. Isto 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
5 
 
significa dizer que muitas vezes o resultado em concreto da decisão dos ED pode ser prejudicial ao 
embargante, mas não porque o juiz, ao julgar os embargos, tinha o poder de reformar para pior a situação do 
embargante, mas porque, como o objetivo dos ED é sanar eventual vício, ao sanar o vício, o embargante 
pode estar diante de situação pior do que tinha anteriormente. 
 Portanto, no caso do ED, é possível realmente reformatio in pejus. Mas, a reformatio in pejus não 
pode se dá quanto à devolutividade, mas sim no efeito translativo, e quem interpuser pode sai pior do que 
entrou, porque o resultado em concreto da decisão judicial pode agravar a situação do embargante, não 
porque o juiz ao julgar os ED tenha poder para tanto (reformar para pior) mas, porque pode sanar vício que, 
indiretamente, prejudique o embargante. 
 Ex. autor embarga em face do réu, que alegou decadência. O autor embarga e afirma que a decisão 
foi boa, todavia o juiz esqueceu-se de sanar a omissão (decadência). Neste caso, se o juiz julgar 
improcedente a demanda, a situação torna-se desfavorável ao autor. 
 O CPC estabelece três hipóteses, fundamentos, para a interposição dos ED, art. 535 CPC (omissão, 
contradição e obscuridade). 
1. Omissão –ED são cabíveis sempre que a decisão deixar de examinar questão a respeito da 
qual tinha que se pronunciar. Ou seja, a omissão pode atingir os fundamentos do pedido ou o 
próprio pedido. Se a parte formulou vários pedidos ou vários requerimentos e o juiz deixou 
de apreciar algum deles, estamos diante de uma omissão. 
 Há omissão não simplesmente quando o juiz deixa de apreciar, mas quando ele tinha que 
apreciar e não o fez. 
O julgador não é obrigado a examinar cada ponto que foi alegado pela parte ou cada pedido 
que ela formulou. Ele é obrigado a examinar os pontos que são essenciais à formação da sua 
decisão ou da sua convicção. Para sabermos se aquilo que o juiz deixou de apreciar se trata de 
omissão, a melhor pergunta seria: aquilo que foi omitido, se não fosse, mudaria a decisão? 
Em caso negativo, não houve omissão. Isso pode ocorrer tanto numa sentença como pode 
ocorrer numa decisão interlocutória. 
Ex. “X” tem que pagar a quantia de R$ 10.000 pelos motivos A e B, a análise de apenas um 
dos motivos já é suficiente. Para saber se um fundamento deixou de ser apreciado e se isso se 
enquadra no conceito de omissão a pergunta que se faz é se análise de tal ponto foi essencial 
2. Contradição – Com relação aos ED, só se pode dizer que há contradição quando, dentro da 
mesma decisão, existirem duas ou mais proposições incompatíveis entre si. Ou seja, a ideia 
de contradição é uma ideia restrita: examina-se a decisão do juiz e se essa decisão traz duas 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
6 
 
ou mais afirmações que não possam coexistir, inconciliáveis entre si, haverá contradição. 
Existe uma tendência a uma certa mobilidade ou liberalidade dos embargos declaratórios em 
situações de flagrante equívoco. A jurisprudência tem admitido uma elasticidade dos 
embargos sob o argumento de contradição fora dos limites da contradição nas situações de 
inequívoco erro. 
3. 
Obscuridade – A sentença deve ser clara e precisa. Os requisitos da clareza e da precisão não 
são atributos só da sentença, mas de qualquer decisão judicial. A ausência de clareza e/ou de 
precisão torna a decisão obscura, portanto passível de embargos declaratórios. O importante é 
que só é passível de ED a decisão que, objetivamente, é obscura e não subjetivamente, pois 
se o problema for subjetivo, nós estaríamos diante do fenômeno da dúvida e não da 
obscuridade, e não se admitem ED em casos de dúvida. A distância entre a subjetividade e a 
objetividade é uma distância muito sutil. 
Antes de 1994, cabia hipótese de interposição de embargos de declaração por dúvida, mas 
dúvida é estado de espírito, e não defeito de sentença1. Entretanto, no âmbito dos Juizados (O 
art. 48, caput, da lei 9.099/1995), admite-se ED por dúvida. A justificativa oficial é como a parte 
muitas vezes não vem representada por advogado, isto justificaria a oposição de ED por dúvida. 
 
Resumindo: 
 ED geram duplo exame, mas não geram duplo grau (o duplo grau presume a existência de dois 
órgãos jurisdicionais). 
grau = efeito devolutivo � ad quem 
Duplo 
 exame = efeito regressivo � a quo 
 
 
1
 Cf. Moreira, José Carlos Barbosa, Comentários ao novo Código de Processo Civil, lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, vol. V: 
arts. 476 a 565, Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 551: “Não se concebe que exista dúvida num acórdão, nem em qualquer outra 
decisão judicial: se o órgão decidiu, neste ou naquele sentido, há de ter por força superado as dúvidas que possivelmente se 
manifestaram no espírito do julgador, ou dos julgadores, ou de algum deles; e, ainda a admitir-se que a incerteza não haja 
dissipado de todo, esse fenômeno psicológico não tem qualquer relevância jurídica. [...] A dúvida que pode ocorrer estará em 
quem, ouvindo ou lendo o teor da decisão, não logre a apreender-lhe bem o sentido. Mas isso acontecerá quando o órgão judicial 
não haja expressado em termos inequívocos o seu pensamento. Logo, a dúvida será uma conseqüência da obscuridade ou da 
contradição que se observe no julgado”. 
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7 
 
O efeito regressivo (duplo exame) dos embargos declaratórios dá-se por meio do reexame pelo mesmo órgão 
jurisdicional (mesmo juízo), ao passo que o efeito devolutivo implica o reexame por outro órgão 
jurisdicional. 
20.8.2012 - Aula 3 
Procedimento dos ED 
 Os ED são interpostos no prazo de 5 dias e, a rigor, são imediatamente levados a julgamento. A 
primeira pergunta que surge é: os ED estão sujeitos ao contraditório? Isto é, deve o julgador ouvir o 
embargado antes de julgar os ED? A princípio, a resposta é negativa. Mas a jurisprudência, principalmente 
dos tribunais superiores, caminha no sentido de que, sempre que os ED tiverem caráter infringente, a parte 
contrária deverá ser ouvida. Os ED não teriam condãode restaurar a decisão, mas de sanar o vício. Nas 
situações em que os ED possam mudar a decisão, a jurisprudência tem o entendimento de que deva ser dado 
espaço para o contraditório. 
 Outra questão: quem julga os ED? A regra é que eles devam ser julgados pelo mesmo órgão prolator 
da decisão embargada: juiz ou turma recursal, ou seja, não necessariamente pelos mesmos componentes, 
mas pelo mesmo órgão julgador da decisão embargada. Uma pergunta interessante que surge é se os ED 
podem ser julgados só pelo Relator? Particularmente, entendemos que não, pois é da essência dos Embargos 
Declaratórios o exame pelo colegiado. A posição jurisprudencial e O professor entendem que não, porque é 
da essência dos ED, mas há 2 ou 3 decisões do STJ em sentido contrário. (o professor acredita que outro 
entendimento cairia em algo como “ aceitar a ideia que é veiculada no caput, mas não a do parágrafo”...). 
Efeitos protelatórios do ED: 
 É muito freqüente a utilização de embargos para fins protelatórios, dado seu efeito interruptivo. Nos 
termos do art. 538, parágrafo único, CPC, se os embargos são protelatórios, o embargante é cominado com 
pena de litigância de má-fé (até 1% valor da causa). No caso de reincidência, a segunda multa será de até 
10% e, enquanto não for recolhido, não se pode recorrer. A multa poderá (deverá) ser imposta de ofício 
(sempre fundamentadamente, observa Barbosa Moreira2). 
 A tempestividade dos embargos nada tem a ver com o fato de serem eles protelatórios, pois a 
consequência dos embargos intempestivos é não-interrupção do prazo do recurso seguinte, enquanto a 
consequência dos embargos protelatórios é a aplicação de multa. 
 
2
 Comentários ao novo Código de Processo Civil..., p. 569. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
8 
 
A Justiça do Trabalho tem entendido que se os embargos são protelatórios, além da multa, eles perdem o seu 
efeito interruptivo (o que, na visão do professor, é incorreto, pois não pode haver mais de uma punição para 
o mesmo fato: a lei já prevê uma sanção – multa). 
A Fazenda Pública e o MP estariam dispensados do pagamento da multa? Legalmente há previsão de 
credibilidade dos atos estatais (consoante o princípio da moralidade, eles atuam no processo sempre de 
maneira proba). Não é porque defendem o interesse público que se permite-lhes precederem de má-fé. Na 
prática são os litigantes que mais recebem multa. 
2)Agravo: 
 É cabível contra decisão interlocutória de 1° grau (diferente do agravo da não admissibilidade de 
recurso especial). Despachos não admitem agravo (Ex: quando o juiz marca a data da audiência, isso é um 
simples despacho, não cabendo agravo). 
 Exemplos de decisões interlocutórias: i) deferimento de produção de prova testemunhal (é uma 
decisão interlocutória que pode causar prejuízo, em potencial, pois pode ser que a testemunha não 
testemunhasse em favor da parte, por isso o prejuízo é em potencial); ii) deferimento de antecipação de 
tutela (ex: uma empresa processa a outra porque esta está violando sua patente e por isso pede que todos os 
produtos postos a venda pela segunda sejam recolhido, a antecipação de tutela para que a empresa pare de 
vender e recolha os seus produtos a venda, sob multa diária – esse é um caso de antecipação de tutela, pois 
os prejuízos podem ser irreparáveis ou de difícil reparação) –Ou seja, a decisão interlocutória pode causar 
um prejuízo real/concreto, como pode ser um prejuízo potencial. Só há o interesse recursal para interpor 
agravo se a decisão interlocutória causar um prejuízo (seja potencial, seja real) 
 Prazo para interposição de agravo: 10 dias. 
Exceções: 
• se no processo existir um litisconsórcio com procuradores diferentes, o prazo será contado em dobro. 
A jurisprudência entende que é preciso que a parte peça esse prazo em dobro. 
• a fazenda pública e o MP têm prazos em dobro para recorrer. 
 
 Sob a denominação agravo, há vários recursos no CPC e com finalidades distintas. Vamos ver o 
agravo contra decisão interlocutória de 1º grau de jurisdição. 
O CPC, ao tratar do agravo, observa duas modalidades de processamento do recurso: o agravo de 
instrumento (AI) e o agravo retido (AR), sendo que este último pode ser escrito ou oral. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
9 
 
 O CPC, na sua origem, até o início dos anos 2000, dizia que o agravo contra decisão de 1º grau 
poderia ser de instrumento ou retido e a opção entre uma ou outra figura ficaria a critério do recorrente. 
Seria quase como uma opção recursal do agravante. Naturalmente, há casos em que o agravo retido seria 
totalmente inútil, como na situação da decisão que não admite apelação. Paulatinamente, a legislação foi 
sendo modificada e o âmbito de cabimento do agravo de instrumento e do agravo retido passou a ser 
delimitado. 
 Hoje, há uma rígida delimitação no âmbito de cabimento dos dois: o agravo de instrumento (AI) é 
admissível em duas situações: 
(1) quando há um risco de dano irreparável ou de difícil reparação ou 
(2) quando o agravo retido, sendo interposto, faleceria por falta de interesse. 
 Fora dessas situações, o recurso cabível é o agravo retido (AR). 
Pelo CPC, no caso de interposição de agravo de instrumento no lugar de agravo retido, o relator pode 
converter o agravo de instrumento em retido. Mas, pode o relator deixar de converter? A resposta parece ser 
negativa. O relator tem que converter o agravo de instrumento em retido. Para o professor não cabe 
discricionariedade, a lei determina qual a modalidade de agravo. Para o professor o relator não pode dizer 
que entende ser AR e aceitar o processamento só para que não lhe encham o saco... Evidentemente, cabe a 
quem decidir? Ao relator. E portanto, se ele determina o processamento do recurso na modalidade de 
instrumento ao invés de retido, pressupõe-se que ele esteja entendendo que a hipótese se enquadra no agravo 
de instrumento e não no agravo retido. 
 Em situação oposta, se o relator converte o agravo de instrumento em agravo retido quando não 
deveria, ele manda o agravo para o juízo de 1º grau. O CPC diz que o reexame da decisão do relator deverá 
ser feita quando do julgamento do agravo retido, em preliminar do julgamento da apelação. Pergunta: se 
não cabe recurso, já que a matéria será reapreciada, qual a solução? Para o professor como não cabe recurso 
previsto para evitar o dano, e há demora na decisão (tornando a decisão inútil), abre-se a via do mandado de 
segurança. Em alguns tribunais, o regimento interno diz que cabe agravo de qualquer decisão de relator, o 
chamado agravo regimental. Nesses tribunais, contra decisão do relator caberia agravo regimental. Art. 557, 
§ 1° questionamento: é possível criar agravo por meio de regimento? A intenção da lei é acabar com as 
infinitas interposições de agravo sobre agravo. Ex. art.527,§U,II: 
 AI → AR (autos remetidos ao juiz de 1°, AR julgado em preliminar da apelação) 
 relator (decisão irrecorrível?) 
 
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27.08.2012 - Aula 4 
Efeitos do Agravo: (art 527) 
• Efeito devolutivo – a decisão de primeiro grau, embora tenha sido atacada, continua valendo, 
continua sendo executada (ex: se o juiz dar antecipação de tutela, ela continua valendo, tendo 
eficácia), mas há um recurso pendente que vai discutir essa decisão. 
• Efeito suspensivo – deve ser pedido. Suspende a eficácia, a exequibilidade da decisão de primeiro 
grau. Ex: o juiz de primeiro grau deu uma liminar para que as atividades da empresa fossem 
paralisadas, desse modo se a empresa contestar essa liminar, ele pode entrar com agravo pedindo o 
efeito suspensivo. Se o desembargador receber o agravo no seu efeito suspensivo, ele mandaque o 
juiz recolha a ordem. É preciso que a parte demonstre que há um prejuízo imediato ou potencial, e, 
no mais das vezes, é preciso que esse prejuízo é irreparável ou de difícil reparação. Ex: no caso de o 
juiz mandar a empresa suspender as suas atividades, o prejuízo que é sofrido pela empresa pode ser 
irreparável. 
• Efeito ativo – quando o juiz de primeiro grau nega alguma coisa, e a parte, por meio do agravo, 
requer a concessão de tal coisa. O efeito ativo do agravo nada mais é do que antecipação de tutela 
recursal. Arts. 527, III c/c 273. 
Processamento: 
Depois que a parte entra com agravo, é preciso despachar o agravo, diretamente com o 
desembargador. É preciso pedir uma audiência com o desembargador. 
O desembargador pode receber o agravo sem o efeito suspensivo, mas apenas no seu efeito 
devolutivo, justificando porque ele não recebeu o agravo no seu efeito suspensivo (pois não viu urgência e 
nem prejuízo na interposição do agravo). Mas ele pode transformar o agravo de instrumento em agravo 
retido (art. 527, II), devolvendo os autos ao juiz de primeiro grau de jurisdição. Isso acontece quando o 
desembargador não enxerga urgência ou prejuízo na interposição do agravo. 
*Art. 527, § único – v. no CPC. Quando um desembargador converte um agravo de instrumento em 
agravo retido, ou quando ele não dá o efeito suspensivo ao agravo, essa decisão do desembargador é 
irrecorrível. Nesse caso, só é possível entrar com MS contra essa decisão do desembargador. O 
competente para julgar esse MS é o presidente da seção de direito público ou de direito privado. Se ele 
negar, cabe MS ao STJ e, por fim, ao STF. 
*Art. 526 – compete ao agravante, no prazo de 3 dias, apresentar ao juiz de primeiro grau que 
proferiu a decisão cópias do agravo interposto, sob pena de o recurso não ser conhecido. Ou seja, é uma 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
11 
 
condição de admissibilidade do mérito desse recurso. (Obs: há uma diferença entre não conhecer o recurso e 
negar provimento ao recurso). Isso permite que a outra parte faça as contra-razões sem precisar ir ao 
tribunal. O juiz pode manter ou reformar a sua decisão (se o juiz reformar a sua decisão, isso chama-se juízo 
de retratação). 
*OBS: Se o juiz se retratar, o seu recurso será considerado prejudicado, pois faltará interesse de agir 
recursal. 
*OBS2: A ausência de cumprimento do art. 526 precisa ser alegada pela outra parte. Se a outra parte não 
alegar o descumprimento, esquece-se a regra do 526. Mas isso não é um entendimento pacífico, pois há uma 
tendência em dizer que a condição de admissibilidade de recurso é matéria de ordem pública, e, por isso, o 
Tribunal pode conhecer de ofício, mesmo a outra parte não tendo alegado nas contra-razões. Mas como o 
Tribunal vai ficar sabendo de ofício se a parte respeitou ou não o art. 526? Pq o juiz de primeiro grau presta 
informações ao Tribunal dos motivos da sua decisão (art. 527, IV), e, quando o Tribunal pede-lhe 
informações, ele pode falar que não sabia da interposição do agravo contra a sua decisão, uma vez que a 
parte não lhe enviou cópia do agravo interposto. Mas apesar de essa segunda corrente, o código fala que o 
descumprimento do art. 526 deve ser arguido e provado pela outra parte. 
Quando o recurso chega a um tribunal, ele é distribuído para uma turma. Essa turma, que é composta 
por 3 desembargadores, comporá ou a seção de direito público ou a seção de direito privado. Cada uma 
dessas turmas vai ser sorteada para receber cada um dos recursos que chega ao tribunal. Ao chegar a um 
turma, faz-se um novo sorteio, para a escolha, dentro dos 3 desembargadores, do relator. O relator dá o voto 
condutor, que é o voto mais importante, que vai ser seguido ou não. É esse relator que vai converter o 
agravo de instrumento em agravo retido, vai conceder a liminar, vai receber ou não o recurso. 
Supondo que o relator conheceu o agravo e deu a liminar. O próximo passo é enviar o agravo para a 
mesa de julgamento, quando dirá se dará ou negará provimento ao agravo. Isso é feito na sessão de 
julgamento, perante os demais componentes da turma. Será marcado um dia para a realização do julgamento 
do agravo. Os outros componentes da turma dirão se acompanham ou não o voto do relator (mesmo sem 
terem visto os autos, é o relator que vai lhes relatar o caso). 
A – Agravo retido (AR) 
AR, art. 523 do CPC – deve ser interposto contra as decisões interlocutórias que não produzem 
prejuízo ou que não provocam prejuízo imediato. 
O prejuízo não é financeiro, mas sim processual. O prejuízo processual é uma quebra de expectativas 
(quando se quer vencer uma demanda judicial, é preciso de expectativas e ver essas expectativas 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
12 
 
concretizadas, assim, quando a parte vê suas expectativas quebradas, há uma redução da chance de vencer). 
Ex: quando o juiz indefere a produção de uma prova pericial; o indeferimento de uma testemunha. Essas 
decisões provocam ma prejuízo apenas em potencial. 
Não se pode interpor agravo retido nas decisões que causam um prejuízo imediato ou concreto, pois 
falta interesse de agir na interposição do agravo retido, uma vez que esse recurso não é apto a evitar ou 
reverter esse prejuízo. Ou seja, esse recurso só pode ser usado quando não há um prejuízo (concreto ou 
imediato). Assim, por exemplo, se o objeto a ser periciado corre risco de deteriorização, há uma urgência 
(prejuízo iminente) e, nesse caso, não cabe agravo retido, mas agravo de instrumento. 
O agravo retido não é interposto no tribunal, mas perante o próprio juiz que proferiu a decisão, só 
será julgado pelo tribunal depois de muito tempo, quando houver recurso de apelação da decisão. Se o 
julgamento não é imediato, não há nenhuma urgência na interposição de tal recurso (por isso ele não é 
cabível quando há o risco de um prejuízo imediato). 
O juiz recebe o agravo, se pronuncia (diz que não vai voltar a atrás) e intima a outra parte para que 
ela se manifeste sobre o agravo, e ele fica retido (em apenso no processo). É obrigatório que o agravo retido 
seja referido na preliminar da apelação. Se não houver tal menção, o Tribunal não julga o agravo retido. Ou 
seja, nas preliminares da apelação, cabe à parte arguir, ressuscitar o agravo retido. 
Na lógica do sistema, cabe agravo contra as decisões interlocutórias. O agravo será de instrumento 
quando houver urgência, prejuízo potencial/efetivo. O agravo será retido quando não houver urgência. 
Em razões de apelação ou nas contrarrazões, o agravo retido deve ser suscitado. Assim, mesmo que a 
parte seja vencedora, ela pode, quando for intimada a apresentar as contrarrazões da apelação da outra parte 
e caso essa apelação tenha sido conhecida, suscitar o seu agravo retido. Se não houver apelação, o agravo 
retido não será conhecido. Na prática existe uma guerra entre os advogados e os juízes. Para os advogados, 
tudo é agravo de instrumento. Para os juízes, tudo é agravo retido. Os Tribunais têm sido flexível na noção 
de prejuízo. Ou seja, no agravo retido está presente o princípio da eventualidade (pois ele só será conhecido 
se houver apelação e esta for conhecida). 
Caso o Tribunal de provimento ao agravo retido, ele devolve os autos para a primeira instância, para 
que se cumpra (ex: realize a prova pericial), ou então ele manda uma questão de ordem para que o juiz de 
primeiro grau cumpra (realize a perícia). Mas de qualquer modo, o Tribunal pode realizar a perícia, cumprir 
o concedido no agravo retido. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
13 
 
A principal vantagem do agravo retido é evitar a preclusão. A preclusão é a perda de uma faculdade 
processual, de modo que se a parte não entra com agravo retido no prazo adequado, há a perda de uma 
faculdade processual. 
 Quando o AR é escrito, é interposto no prazode 10 dias no juízo a quo, enquanto que se for 
oral, será apresentado na própria audiência. Como qualquer recurso, aplica-se a regra da dialeticidade: a 
parte tem que apresentar as razões recursais. Além disso, outro ponto importante é que esse agravo está 
isento do pagamento de custas. 
 Interposto o agravo, a parte contrária deverá ser ouvida. 
Se o agravo for escrito, a parte contrária apresenta contrarrazões no prazo de 10 dias. Se oral, a parte 
contrária deverá apresentar contrarrazões na própria audiência3. 
 Imaginemos que a parte interpôs agravo retido. Da leitura do agravo, o juiz entende que o agravante 
tem razão e deve reconsiderar a decisão agravada. O juiz só poderá reformar sua decisão após a oitiva da 
prova contrária ou poderia se retratar de plano? Embora o argumento possa se dar no sentido da oitiva, é 
evidente que o juiz poderia reconsiderar, pois ao fazer isso, o juiz estaria gerando gravame para a parte 
contrária. Para esta nascerá o direito de agravar. Além disso, o agravo é de decisões interlocutórias. A maior 
parte delas tem cunho processual, não precluindo para o julgador. 
 
3
 Agravo em audiência (art523, §3º) * Obs: modalidade não dada em aula, aqui disposta a título de curiosidade: 
O legislador, por motivos de economia e celeridade processual, determinou (é obrigatório) que as decisões proferidas em audiência, só podem ser agravadas na 
forma oral, imediatamente no momento em que a decisão é proferida. Isso confere um aspecto dinâmico ao recurso de agravo, e ao mesmo tempo, exige uma 
atenção aos advogados e promotores que estejam atuando no processo. A ausência de agravo leva à preclusão imediata. 
Dificilmente o juiz vai proferir decisões importantes na audiência. Ele pode deixar de ouvir uma testemunha, deixar de remarcar a audiência. Assim, dificilmente 
necessitamos opor agravo em audiência. 
Se o juiz, por exemplo, deixar de ouvir uma testemunha, deve-se analisar na hora se a testemunha é importante. Assim, se ela for importante, a parte deve opor 
agravo imediato (deve falar para o juiz na hora que está opondo agravo daquela decisão do juiz). Se não se fizer isso, a audiência prossegue normalmente, e há a 
preclusão do direito de agravar a decisão. 
Ou seja, o prazo para interpor esse agravo é de alguns segundos (após proferida a decisão do juiz). É o prazo mais curto no processo civil. 
Se o juiz profere uma decisão que produz consequências imediatas na vida do réu (ex: o juiz na audiência decreta a quebra do sigilo bancário do réu), não há um 
recurso apropriado na lei, pois para o agravo retido faltará interesse recursal, e a lei não prevê agravo de instrumento para essa hipótese. 
OBS: A terminologia agravo é muito utilizada em várias passagens do CPC. Ex: agravo interno – é apenas um apelido dado ao agravo previsto no art. 557, §1º. O 
caput do art 557 prevê que o relator julgue sozinho, sem enviar o recurso para ser julgado pela turma (decisão monocrática) quando a decisão que for recorrida 
estiver de acordo coma jurisprudência dominante ou estiver de acordo com as súmulas dos tribunais superiores. Esse artigo está relacionado com a celeridade e 
economia processual. Mas o §1º prevê um recurso contra essa decisão monocrática, para forçar o julgamento pela turma. Esse recurso é o chamado agravo 
interno. 
OBS2: Agravo regimental – é aquele que está previsto no regimento interno de cada um dos tribunais. Eles servem apenas para atacar liminares. Se uma liminar 
foi dada erroneamente ou não foi dada, cabe o agravo regimental para o pleno do tribunal e esse agravo não pode versar sobre o mérito, mas apenas sobre a 
necessidade de uma liminar. Não há sustentação oral no agravo regimental, assim como não sustentação oral em nenhum agravo. 
Nos embargos infringentes (art 530) também cabe agravo (art 532) da decisão que não admite os embargos infringentes. Os embargos infringentes é um recurso 
que se destina a valorizar o voto vencido no tribunal. Ele tenta uniformizar o entendimento daquela turma. 
 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
14 
 
 Outro detalhe importante é que o CPC estabelece que para o Tribunal conhecer do agravo retido é 
necessário que a parte, na apelação ou nas contrarrazões, expressamente requeira o julgamento do agravo. A 
lei, então, cria um outro requisito de admissibilidade do agravo retido. Este agravo será julgado como 
preliminar de apelação. Se a parte não ratifica o agravo na interposição da apelação ou nas contrarrazões 
significa que a parte renunciou do agravo retido. 
 Quando o CPC diz que o AR será examinado como preliminar de apelação, a interpretação do 
dispositivo no sentido literal significaria dizer que em toda hipótese primeiro se julgaria o agravo retido e 
depois a apelação. 
No entanto, o CPC traz um artigo, que aparentemente é plenamente aplicável à relação agravo 
retido/apelação (art. 249, § 2º: não se reconhece nulidade no mérito se puder julgar favoravelmente à parte 
que se beneficia da nulidade). Nessas circunstâncias, não pode o Tribunal simplesmente julgar o AR 
esquecendo-se da apelação. São circunstâncias em que apelo e AR devem ser julgados simultaneamente. 
Ex. na primeira instancia “X” perde, e tinha agravado e ratificado o recurso. Em segunda instancia o TJ 
considera que há nulidade mas, no mérito, a decisão deve ser favorável ao agravante. Isso remete à situação 
de que a apelação e o AR devem ser julgados conjuntamente porque o provimento do AR implicaria negar 
provimento, anular a sentença. É desnecessário que se tenha dois julgamentos. 
Resumindo: 
AR escrito: prazo de 10 dias perante juízo a quo para interposição e contrarrazões. 
AR oral: feito em audiência, 
 isento de custas. 
Para que o tribunal reconheça o AR é preciso que a parte na apelação ou nas contra-
razões, expressamente, requeira (demonstração de interesse) o julgamento do AR 
(ratificação), o qual será julgado como preliminar de apelação. 
Ou seja, quando o tribunal for julgar a apelação, preliminarmente será julgado o AR 
entender-se-á que a parte desistiu do recurso. 
 
B – Agravo de Instrumento (AI) 
 O agravo de instrumento é interposto diretamente perante o Tribunal. Ele também se submete à regra 
da dialeticidade. Denomina-se agravo de instrumento, pois a demanda prosseguirá em 1º grau de jurisdição e 
os autos de agravo correrão em 2º grau. Deve-se instruir o agravo com peças do processo em 1º grau de 
jurisdição. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
15 
 
 Em relação às peças, o CPC, nitidamente, divide-as em dois grandes grupos. O primeiro são 
as peças obrigatórias (se não juntadas, o agravo não é conhecido, pois não se dá para fazer juízo de 
admissibilidade). As peças são: cópia da decisão agravada, certidão de intimação, procurações do agravante 
e do agravado. O professo ressalta que, todavia, na maioria dos casos apenas tais peças são insuficientes para 
o conhecimento do julgador. Seriam peças não essenciais, mas relevantes, se ausentes ter-se-ia o não 
conhecimento, agravo improvido. 
 Mas outros documentos podem fazer cópia da alegação do agravante, peças necessárias para o 
julgamento do agravo. Se elas não estiverem presentes, o caso não é de não conhecimento do agravo, mas de 
não provimento. Pegadinha: pelo art. 525, parece que se o agravante juntar as cópias obrigatórias que 
constam no inciso I do art 525 o recurso já será conhecido. Mas o tribunal pode alegar que não é possível 
conhecer do recurso se não forem juntadas as demais cópias úteis para conhecer o recurso (ex: o tribunal 
pode alegar que não é possível conhecer o recurso se não for juntada cópia da peça que pediu a produção da 
prova pericial). Assim, se o tribunal entender que as peças facultativas eram importantes para conhecer o 
recurso e não conhecer o recurso por falta de juntada de uma peça facultativapode ser que o prazo para 
interposição de recurso já tenha se esgotado. Por isso os advogados mais precavidos juntam cópia de todo o 
processo. 
 Interposto o agravo, será imediatamente distribuído ao relator. 
 O sistema processual tem aumentado consideravelmente os poderes do relator. 
i)Antes de o agravo ser julgado pelo colegiado, o relator pode converter o agravo de instrumento em agravo 
retido; 
 ii) ou, o relator pode não conhecer do agravo, por falta de peça essencial, intempestividade, não pagamento 
de custas (deserção), por exemplo (o agravo não passou pelo juízo de admissibilidade); 
iii) o relator pode conceder uma tutela de urgência (efeito suspensivo ou efeito ativo do agravo). 
Normalmente o agravo não suspende a decisão agravada. Se houver risco ou suspeita de dano, o relator pode 
suspender o processo principal. Além disso, temos o efeito ativo, que pode ser concedido quando o juiz nega 
algo pedido em 1º grau. 
iv) o relator pode requisitar informações ao juiz de 1º grau, se entender que, apesar dos documentos juntados 
refletirem o ocorrido nos autos, o relator deseja que o juiz esclareça o porquê de sua decisão. 
v) o relator pode tomar é ouvir a parte agravada e, se for o caso, mandar encaminhar o agravo ao Ministério 
Público para parecer. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
16 
 
 Da interposição do AI perante TJ, o agravante tem 3 dias para comprovar a interposição no juízo de 
1ª instância. Se o agravante deixar de fazê-lo e o agravado, em contraminuta, alegar a falta do agravante, o 
recurso não será conhecido. 
 Após, o agravo será julgado pelo colegiado, salvo a hipótese do art. 557, CPC: o relator pode negar, 
dar provimento ao Agravo sem ouvir o agravado? É aplicável ao agravo apenas depois que o agravado 
proceda ao contraditório, especialmente, para dar provimento ao agravo. 
 O art. 528, CPC traz uma regra extremamente interessante: em prazo não superior a 30 dias após a 
intimação do agravado, o relator pedirá dia para julgamento. O CPC não elencou as consequências pelo não 
cumprimento do prazo. 
Outro detalhe importante: a parte agravou e comunicou em 3 dias seu agravo. Supondo que o juiz se 
retrate, o agravo será julgado prejudicado. O autor ora agravado está prejudicado pela decisão de 1º grau. 
Portanto, poderá agravar da nova decisão. 
Resumindo: 
AI: 1) interposição perante o TJ; 
 2) distribuição ao relator, o CPC lhe confere larga margem de atuação: 
 i)conversão de AI em AR; 
 ii)possibilidade de não conhecer do agravo intempestivo, sem pagamento de 
custas; 
 iii)a concessão de tutela de urgência: 
efeito suspensivo__________efeito ativo do agravo substitutivo 
 Negar tutela não gera efeito quando a parte recorre de 
decisão que negue tutela 
 de urgência. Por isso a designação de 
efeito ativo. 
 iv) poder de requisitar informações ao juízo de 1° 
 v) mandar ouvir o agravado e se possível encaminhar ao MP apreciar. 
 Agravante tem 3 dias para informar o juízo de 1° grau da existência de AI (requisito 
de admissibilidade), caso contrário, se o agravado arguir da inexistência desta comunicação 
nas suas contrarrazões, o agravo não será provido. 
 
 
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17 
 
10.09.2012 - Aula 5 
Apelação 
 O recurso de apelação é importante porque nele está a expectativa de vitória da demanda. É a partir 
do resultado do recurso de apelação que alguém vai sair derrotado ou vitorioso da ação. É isso que faz do 
recurso de apelação um recurso muito importante. Quem está derrotado pode ser tornar vencedor pelo 
recurso de apelação. Ou seja, a apelação consegue alterar o resultado material da decisão. 
Ao contrário do recurso de agravo, que versa de questões processuais, no recurso de apelação se está 
tratando do direito material. Nós temos algumas situações de quase exceção, pois a decisão que julga 
liquidação tem natureza de sentença; apesar disso, o CPC diz que o recurso cabível é agravo de instrumento. 
É o recurso mais complexo e mais importante do sistema recursal. Ele só pode ser interposto 
contra a sentença , pouco importando se a decisão é de mérito ou não 
Mas o que se entende por sentença? Das decisões interlocutórias cabe agravo, e da sentença cabe 
apelação. Não se pode trocar uma coisa pela outra, não se admite a fungibilidade entre esses recursos. 
Art. 162, §1º - a lei define o conceito de sentença. Mas para efeitos recursais essa definição legal não 
serve, pois se o processo não acabou ainda, não é possível apelar (ex: o juiz, no meio do processo, exclui um 
dos réus do processo, pois entende que ele não é parte legitima, mas continua o processo com relação aos 
demais réus. O autor ainda não pode apelar, pois o processo não terminou ainda. Nesse caso, o recurso 
cabível é o agravo, será agravo de instrumento se se conseguir provar a urgência de manter esse réu no 
processo e será retido se não houver urgência de manter o réu no processo). Apenas depois da sentença final 
que der fim ao processo é que vai caber apelação. 
Desse modo, voltamos à regra anterior à alteração do art 162, §1º. Ou seja, se a decisão põe fim ao 
processo, cabe apelação. Se a decisão não põe fim ao processo, só cabe agravo. O recurso de apelação é 
interposto perante o juiz de primeiro grau (contra decisão que põe fim ao processo). 
O recurso de apelação é formado por duas petições: petição de interposição e razões recursais (art 
514). Parte da jurisprudência (minoritária) exige uma inovação na argumentação das razões recursais (ou 
seja, para essa corrente jurisprudencial não basta colocar os mesmos argumentos apresentados da PI e na 
contestação). Por isso, é bom sempre trazer argumentos novos na razões recursais. Obs: a inovação que se 
está falando aqui é sobre teses, argumentos, mas não se admite a introdução de fatos novos nas razões 
recursais. 
Efeitos: 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
18 
 
Suspensivo: 
O recurso de apelação normalmente terá efeito suspensivo (art 520). Isso significa que a sentença somente 
poderá ser executada, depois que a apelação for julgada. Ou seja, a regra regal no CPC é que a apelação tem 
efeito suspensivo, o que significa dizer que quando a parte interpõe a apelação, a regra geral é que naquilo 
que a parte apelou, a sentença não gerará efeitos até o julgamento da apelação. Na parte não apelada, 
ocorreu preclusão e aquela parte da sentença não recorrida pode ser definitivamente executada. A regra do 
efeito suspensivo é geral, mas não é regra absoluta. Isto significa que, no CPC e na legislação extravagante, 
nós encontramos vários casos em que a apelação não tem efeito suspensivo e que, portanto, a parte 
vencedora poderá dar início à fase de cumprimento. Evidentemente, a execução será provisória. 
Apenas em 6 hipóteses esse efeito suspensivo não estará presente, que estão nos incisos do art. 520. 
Mas, atenção, esse rol do art 520 não é taxativo (ex: a apelação do mandado de segurança não tem efeito 
suspensivo). As exceções ao recebimento no efeito suspensivo estão elencadas no art. 520, CPC: 
1homologação de divisão ou de demarcação; 
2condenação à prestação de alimentos; 
3decisão de processo cautelar; 
 4rejeição liminar de embargos à execução ou julgamento dos mesmos 
5embargos como improcedentes; 
6julgamento procedente de pedido de instituição de arbitragem; 
7confirmação da antecipação dos efeitos da tutela. 
 
 Devolutivo: 
O efeito devolutivo nasce de um binômio: extensão e profundidade. A extensão significa que o 
apelo só devolve ao Tribunal aquilo que foi objeto do apelo, isto é, se a parte apelou de uma parte da 
sentença, só esta parte será objeto doapelo. A profundidade é a dimensão mais importante. Apesar de 
obrigatoriamente haver razões recursais e contrarrazões, o Tribunal, para formar sua convicção para julgar o 
apelo pode se valer de toda a matéria de fato e de direito, ainda que tal matéria não tenha sido alegada em 
apelação (art. 515, § 1º, CPC). 
 O juiz prolata uma sentença. Se esta for omissa em relação a algum ponto, o recurso cabível seria 
Embargos de Declaração. Mas vamos imaginar que a parte embargou e os embargos foram rejeitados ou que 
a parte percebeu a omissão no 6º dia. O sistema, expressamente, permite que a parte apele da sentença. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
19 
 
 Além disso, o § 2º do art. 515, CPC permite que o Tribunal julgue de acordo com todos os 
argumentos apresentados pelas partes, ainda que a sentença não tenha julgado com base em determinado 
argumento. 
17.9.2012 - Aula 6 
 Art. 515, § 3º, CPC - O juiz prolatou uma sentença e extinguiu o processo sem exame do mérito. O 
autor apelou. Veio o Tribunal e viu que não era caso de extinção de sentença. Mas o Tribunal viu que a 
matéria era exclusivamente de direito (não há controvérsia a respeito dos fatos) e que o processo está em 
condições de ser julgado (a causa não depende mais de provas), sem que haja violação de garantias 
processuais. 
 E mais: se já houve debate suficiente e a prova está debatida nos autos, não há necessidade dos autos 
subirem novamente ao Tribunal. Se houve extinção sem exame de mérito em 1º grau, o Tribunal verifica que 
está errado e os elementos nos autos são suficientes para o julgamento do mérito, sem que isso signifique 
atentado o devido processo legal, o Tribunal pode, desde logo, julgar a causa. 
 O Tribunal, antes de aplicar de ofício o art. 515, § 3º, CPC, deveria provocar a manifestação das 
partes a respeito, para evitar o efeito surpresa: o apelante não pediu, o réu não contra-razoou e vem o 
Tribunal e surge com esta surpresa. 
 Pelo art. 516, CPC, questões que a princípio o juiz deveria ter resolvido por decisão interlocutória e 
deixou de vê-las são devolvidas ao Tribunal. 
 Art. 517, CPC – Se a parte não pôde alegar fato em 1º grau, por força maior, poderá fazê-lo em 2º 
grau. A parte não pode inovar a causa em 2º grau. 
24.9.2012 - Aula 7 
Procedimento da Apelação: 
 O recurso de apelação deve ser interposto no prazo de 15 dias, contado a partir da intimação da 
sentença. A parte pode ser intimada da sentença de diversas maneiras: i) na própria audiência (quando o juiz 
resolve sentenciar); ii) pela imprensa, ou pelo diário da justiça eletrônico. O prazo conta-se excluindo o dia 
de começo e incluindo o dia final. Na intimação pela imprensa, considera-se publicado no dia seguinte. 
Assim, exclui-se o dia da publicação, não se conta o dia seguinte e, portanto, o prazo começa a ser contado 
no terceiro dia. 
Para apelar, segundo as regras estaduais, é preciso recolher 2% do valor da causa, e essa guia de 
recolhimento precisa acompanhar a apelação. Isso é preparar o recurso de apelação (art. 511). Se não houver 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
20 
 
o preparo da apelação, o recurso será julgado deserto. Apresentado o recurso e feito o preparo, esse recurso 
vai ser recebido pelo juiz de primeiro grau. A outra parte é intimada para apresentar as contrarrazões ao 
recurso (em obediência ao princípio do contraditório). 
 Antes do recurso ser julgado, deve-se verificar se ele é viável. O juiz fará um exame de 
admissibilidade do recurso interposto (art. 518). Esse artigo se aplica a todos os recursos, e não apenas à 
apelação (ou seja, sempre haverá um juízo de admissibilidade recursal). No caso do agravo, o juízo de 
admissibilidade não seria feito em primeiro grau, ele iria direto para o segundo grau. Mas, na apelação o 
juízo de admissibilidade é duplo: é o juiz de primeiro grau que vai fazer o juízo de admissibilidade, mas o 
tribunal pode rever esse juízo de admissibilidade (pois a apelação é um recurso dirigido ao tribunal). Ex: se 
o juiz de primeiro grau considerar o recurso de apelação intempestivo, quando o recurso vai para o tribunal, 
ele pode considerar o recurso tempestivo. Ou seja, o recurso passa pelo juízo de primeiro grau apenas por 
uma questão processual, mas o destinatário do recurso de apelação é o tribunal, sendo que ele pode rever o 
juízo de admissibilidade feito em 1º grau. Se o juiz negar o recurso de apelação (por falta de preparo ou por 
ser intempestivo, por exemplo) a parte que apelou vai ser intimada disso. Como se trata de uma decisão 
interlocutória cabe agravo de instrumento, o qual fará com que o recurso de apelação suba ao tribunal. Se o 
tribunal der provimento, o recurso sobe, se ele não der provimento ao agravo, o recurso não sobe. 
O juízo de admissibilidade recai sobre os pressupostos intrínsecos e extrínsecos. 
a) Pressupostos intrínsecos: 
cabimento, legitimação, interesse em recorrer, inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de 
recorrer (v. art. 518, § 1º, CPC – súmula impeditiva de recurso); pressupostos extrínsecos: tempestividade, 
regularidade formal e preparo. 
 -O cabimento diz respeito à existência no ordenamento de condição para se interpor a apelação. 
 -O legitimado é aquele que pode recorrer. 
 -Não tem interesse de recorrer a parte que ganhou no processo. 
 -A inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer. 
 -Tempestividade: o prazo é de 15 dias (ou 30 se houver vários réus representados por vários 
advogados). 
 -Regularidade formal – art. 515(?), CPC. 
DPC-0414 Recursos em espécie Professor Oreste Nestor de Souza Laspro 
21 
 
 -Preparo – é o pagamento de custas para interposição. No Estado de São Paulo: 2% sobre o valor da 
causa, mais porte de remessa e retorno, no limite de R$ 55.000,00 para o primeiro e R$ 25,00 para cada 
volume. 
 b) Pressupostos intrínsecos: 
-cabimento (existência de previsão legal); 
-legitimação; interesse (possibilidade de que o recurso lhe traga situação mais benéfica); 
-inexistência de fato impeditivo ou extintivo (art. 518,§ 1°”sumula impeditiva de recurso- regra válida para 
todos os recursos). 
O recurso de apelação levará, fisicamente, os autos do processo para o TJ, onde será distribuído para 
uma das câmaras dos tribunal (ou de direito público ou de direito privado). Sorteia-se uma turma, dentro de 
uma das câmaras. Dentro de cada turma, sorteia-se um relator. Esse relator vai ler o processo, e vai proferir 
sua decisão. Depois ele vai por o recurso em julgamento (designando a data para a seção de julgamento). 
Quando for marcada a data, sairá um aviso às partes. 
As partes podem pedir sustentação oral. A sustentação oral só existe no recurso de apelação. Cada 
parte tem 10 minutos para reforçar os seus argumentos. 
Obs: se no processo que houve recurso de apelação já existir um agravo anterior, a apelação será destinada à 
mesma turma que julgou o agravo, por conta de regras regimentais do TJ de SP (e não por regra do CPC). 
Obs2: é proibido inovar no recurso de apelção, ou seja, deve-se fazer referencia aos mesmos fatos 
narrados na inicial ou na apelação, ou seja, não se admite a introdução de fato novo na apelação. A única a 
exceção é se esses fatos forem novos no curso do processo (art 462). Ou seja, a parte não pode alegar fatos 
que já existentes a época da interposição da inicial ou contestação. A doutrina é extremamente restritiva com 
relação a interpretação desse art, falando que o fato novo a que se refere o art. 462 é, na verdade, o mesmo 
fato que já foi alegado na inicial ou contestação que sofreu alguma modificação no curso do processo, ou 
seja, não se trata de um fato novo, mas sim de um mesmo fato que sofreu alguma modificação. 
No recurso de apelação, a parte não apresenta provas novas. No entanto, prova documental a 
jurisprudência admite, pois provasdocumentais podem ser apresentadas a qualquer momento no processo 
(não havendo preclusão). 
É possível tese jurídica nova no recurso de apelação. Ou seja, não se pode introduzir fatos novos, 
mas pode-se inovar na sua argumentação, na apresentação de novas teses argumentativas. O motivo disso é 
que o juiz conhece o direito, e ele não está adstrito a argumentação apresentada pelas partes (ele pode 
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decidir com fundamentação diversa da apresentada pelas partes). Por isso, se o juiz não está adstrito às teses 
apresentadas pelas partes, não há nenhum motivo que impeça às partes de apresentarem novas teses 
argumentativas. 
Após a análise dos pressupostos, o juiz intima a parte contrária para contrarrazões. O recorrido pode 
interpor recurso adesivo (art. 500, CPC). 
 O recurso cabível da decisão que não admite apelação ou a admite em um efeito é o agravo de 
instrumento. Duas situações especiais: 
(1) hipótese do art. 296, CPC, que tem procedimento diferenciado: no caso de apelação de decisão que 
indeferiu a inicial, o juiz pode reconsiderar a decisão em 48 horas e prosseguir o processo; 
(2) hipótese do art. 285-A, CPC, que diz que, sendo matéria exclusivamente de direito, o juiz pode julgar 
improcedente a demanda caso haja decisões iguais em juízo; se o lesado recorrer, o juiz pode reconsiderar a 
decisão em 5 dias. 
 Os autos são remetidos ao Tribunal. Chegando lá, serão autuados e distribuídos ao desembargador 
relator, responsável pela instrução do processo em 2º grau. 
 O recurso de apelação (também a ação rescisória e os embargos infringentes) terá também revisor: 
desembargador integrante da mesma câmara e que também profere voto. Exceção: indeferimento liminar da 
petição inicial, procedimento sumário e despejo por falta de pagamento. Essa é a regra do art. 551, § 3º, 
CPC. 
 A turma que vai julgar a apelação é composta por 3 desembargadores integrantes da mesma câmara. 
Porém, de acordo com o art. 557, CPC, o relator pode negar seguimento monocraticamente a recurso 
manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou jurisprudência 
dominante do próprio tribunal, do STF ou do tribunal superior. Essa disposição também veio no contexto de 
valorização dos precedentes → O art. 557, §1-A estabelece que o relator pode dar provimento 
monocraticamente a recurso dirigido contra decisão que contrarie súmula dominante do STF ou do STJ. 
 Dessas decisões cabem agravo, no prazo de 5 dias, para o órgão colegiado que deveria apreciar o 
recurso. 
 Depois da análise do relator e do revisor, designa-se dia para julgamento. A pauta dos feitos que 
serão julgados deverá ser publicada no Diário Oficial, com antecedência mínima de 48 horas. Os agravos de 
instrumento têm que ser julgados antes do recurso de apelação, ainda que na mesma sessão. 
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 No dia do julgamento, tanto apelante quanto apelado podem sustentar oralmente, no prazo 
improrrogável de 15 minutos. O presidente a sessão anuncia que o recurso será julgado, convida o 
advogado. O relator lê o relatório. O advogado faz a sustentação. Se qualquer dos desembargadores que 
deve proferir voto não se sentir habilitado a fazê-lo, pede vista dos autos e o feito é retirado de pauta. O 
desembargador tem 10 dias para analisar e devolver os autos. 
 O juízo de admissibilidade em 1º grau se repete em 2º grau. O recurso de apelação se submete a um 
duplo juízo de admissibilidade, tanto no juízo a quo, quanto no juízo ad quem. 
 Se o tribunal concluir pela admissibilidade do recurso, existem três desfechos para a sentença 
recorrida: ela pode ser i) anulada,ii) reformada ou iii) mantida. As questões preliminares são julgadas antes 
do mérito. O mérito pode vir a não ser conhecido, a depender do julgamento da preliminar. Essa é a 
disposição do art. 560, CPC. 
 Se a preliminar suscitada se referir a uma nulidade sanável, o tribunal pode converter o julgamento 
em diligência, determinando-se a remessa dos autos ao juízo de 1º grau para suprir o vício. 
 Se a sentença for anulada, reconhecendo-se que o juízo de 1º grau cometeu um error in procedendo, 
determina-se o retorno dos autos ao juízo de 1º grau, para que outra possa ser proferida. 
 Se o recurso for julgado no mérito, opera-se o fenômeno da substituição da sentença pelo acórdão, 
mesmo que a primeira tenha sido integralmente mantida. 
 Se somente parte da sentença tiver sido impugnada, então a substituição da sentença pelo acórdão 
será somente da parte devolvida ao conhecimento do tribunal, até porque o restante já transitou em julgado. 
 O resultado do julgamento corresponde à soma dos votos proferidos pelos integrantes da turma 
julgadora. O julgamento por maioria abre ensejo a embargos infringentes. A soma dos votos proferidos será 
reduzido a um acórdão, que é a sentença de 2º grau. Normalmente, quem elabora o acórdão é o relator. Mas, 
se vencido, um dos outros julgadores fará o voto. 
 O acórdão, necessariamente, deve ter ementa, para facilitar a localização por assunto do acórdão. As 
conclusões do acórdão têm, necessariamente, que ser publicadas no Diário Oficial. Na hipótese de o 
julgamento colegiado não conseguir chegar a um consenso, a solução será regimental. No TJSP, a solução se 
dá pelo voto médio. Julgado o recurso, o acórdão é publicado, abrindo-se prazo para eventuais outros 
recursos, inclusive embargos declaratórios. 
Resumindo: 
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Apelação: -art. 513-521 CPC cabível contra sentenças definitivas ou terminativas; 
 -Prazo: 15 dias a contar da intimação da sentença; 
 -Endereçada ao juízo de primeiro grau, q a recebe atribuindo-lhes o efeito; 
 -Pressupostos de admissibilidade: intrínsecos e extrínsecos; 
 -Em regra, o recebimento em 1° grau, possui: 
 efeitos devolutivo (reapreciação da decisão contrastada, comum a todos 
recursos), e 
 efeito suspensivo (impede a eficácia, efeitos da decisão recorrida). Em 
alguns casos art. 520, CPC (não taxativo) a lei autoriza o recebimento apenas na 
dimensão devolutiva, caso em que caberá execução provisória (art. 475, CPC); 
Contudo, o § U do art. 558 permite ao juiz (tanto ao sentenciante quanto ao relator) 
conceder, de ofício ou mediante requerimento, efeito suspensivo em apelação, ainda 
que diante de uma das hipóteses do art.520, desde que haja relevância do fundamento 
(possibilidade de existência do direito alegado- fumus boni iuris) e risco de lesão grave 
e de difícil reparação (periculum in mora); 
 efeito ativo (tutela antecipada recursal)*4: fundamento nos art. 273, 
461 e 461-A CPC, poderá ser concedido pelo relator ou pelo sentenciante sempre que a 
produção dos efeitos imediatos da decisão se mostrar consentânea com a efetividade da 
jurisdição. 
 - Não enseja retratação do sentenciante, salvo nas hipóteses dos art. 285-A 
(matéria unicamente de direito, e juízo apresentar precedentes idênticos, a citação pode 
ser dispensada e a sentença proferida reproduzindo o conteúdo de anterior decisão), §1° 
e 296 (possibilita retratação em até 48 hs, em caso de apelação contra sentença 
terminativa, em virtude de indeferimento da inicial), CPC 
 -Contrarrazões, 15 dias; possibilidade de juízo de 1° grau reexaminar o 
recebimento da apelação,se mantiver,remete os autos ao TJ. 
 
 
4
 Não dado em aula.

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