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Empresas em Crise II - O Instituto da Falência - Prof Carlos Portugal

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Prévia do material em texto

DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [0] 
 
 
 
DCO0512-54 
Empresas em Crise II: 
O Instituto da Falência 
Prof. Carlos Portugal Gouvêa 
 
Anotações de Aula 
 2013.1 
Compilação Jorge, Thalis, Denise e Melissa 
 
PARCIALMENTE REVISADO 
USE POR SUA CONTA E RISCO 
 
Anotações de aula são sempre sujeitas a erros. 
O conteúdo deste arquivo pode não coincidir com as informações 
passadas pelo professor durante a aula. 
Consulte doutrina. 
Este arquivo foi dimensionado para leitura em smartphones, 
com tamanhos de fonte e de página inadequados para impressão em papel A4. 
Configure seu Adobe Reader para imprimir duas páginas por folha, 
com papel em posição paisagem (landscape). Caso sua impressora seja do tipo 
frente-e-verso, configure-a para imprimir com borda curta. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [1] 
 
Sumário 
 
28/02 – A falência na nova lei: noções gerais .............................................. 2 
07/03 – Objetivos e princípios da nova Lei de Falências ............................ 6 
14/03 – Estado de insolvência ................................................................... 16 
21/03 – Decretação da falência .................................................................. 25 
28/03 – Feriado .......................................................................................... 38 
04/04 – Classificação dos créditos na falência .......................................... 38 
11/04 – Efeitos da decretação da falência: pessoa e bens do devedor ....... 51 
18/04 – Efeitos da decretação da falência: obrigações e contratos ........... 68 
25/04 – Ineficácia e revogação dos atos praticados antes da falência ....... 81 
02/05 – Pedido de restituição .................................................................... 88 
09/05 – Realização do ativo e pagamento dos credores .......................... 101 
16/05 – Encerramento da falência e extinção das obrigações do falido .. 116 
23/05 – Crimes falimentares e procedimento penal ................................ 123 
30/05 – Feriado ........................................................................................ 134 
06/06 – Recuperação extrajudicial e outros casos ................................... 135 
 
 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [2] 
 
28/02 – A falência na nova lei: noções gerais 
Anotações: Jorge e Thalis. 
[Monitora Helena] 
Textos disponíveis no moodle. 
Avaliação: Seminário peso 3, prova final peso 7. 
Orientações sobre seminário. Colocar no Moodle assim que terminar de 
redigir, antes mesmo de enviar. Uma folha, pontos principais. 
[Professor Portugal] 
Um dos objetivos do curso é entender como o judiciário paulista interpreta 
aspectos importantes da legislação. 
Também interpretar o direito de forma diferente do que se está 
acostumado; como é implementado, na prática; como o judiciário e os 
empresários interpretam esse direito. 
Falência é essencial para entender o direito empresarial. Regime extremo, 
tem impacto nas condutas dos empresários: “adotem boas práticas”. 
Também permite ao empresário um novo comJeço – do ponto de vista 
psicológico, marca uma nova era - capitalismo. No outro extremo, 
escravidão por dívida; se a atividade empresarial não tivesse êxito, o 
empreendedor poderia ser submetido à escravidão. 
Falência talvez seja o principal mecanismo de proteção institucional do 
empresário. O risco empresarial é algo desejável. O próprio sistema 
constrói proteções para aqueles que querem assumir riscos. Institutos que 
surgem: falência e responsabilidade limitada. Protegem a classe social 
burguesa para que possam assumir riscos cada vez maiores. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [3] 
 
Ninguém investiria numa siderúrgica se todo o seu patrimônio e bem estar 
estivesse em risco no caso de insucesso. Previsibilidade do risco 
assumido. 
A falência é um recurso para criar certa previsibilidade dentro do 
funcionamento do sistema econômico. 
Realocação de recursos [perdi trecho]. A falência trata de bens que não 
podem mais ser reorganizados para a continuidade da atividade; por isso 
seu valor também é mais baixo. 
O texto de Biolchi (leitura obrigatória) demonstra a importância do 
instituto da falência, dada pelo sistema política. “Legislação anterior era 
muito antiga”. De fato; mas isso não é sinônimo de legislação ruim. Na 
maior parte dos países, há uma tendência da legislação ser antiga. No 
direito comercial (Ascarelli), há um processo cumulativo. Autor utiliza 
como um argumento bastante em si o fato da legislação ser antiga. 
“Legislação anterior era antiga e desconectada da realidade brasileira”. 
Professor sugere tentar ler o texto e identificar os elementos que o autor 
traz como “realidade brasileira”. De onde ele os traz? Autor fala das 
“viagens que fez”. Realidade que mais parece com as viagens dos 
portugueses nos séculos 15 e 16. O discurso é antiquado. 
Deve-se olhar a lei de forma crítica, não importa se é nova ou antiga. 
Quando se estuda a lei de falências, é muito difícil retirar dela a influência 
estrangeira. A reforma das legislações (América Latina e Leste Europeu) 
de falência era um ponto importante na agenda neoliberal (Consenso de 
Washington). Preocupação do Banco Mundial. Desde o Consenso de 
Washington, já havia preocupação com a Lei de Falências. A preocupação 
com regulação de mercado de capitais, com reforma de estruturas 
societárias, foi menor que a preocupação com a Lei de Falências. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [4] 
 
Na prática, uma boa lei de falências é muito importante para a atividade 
bancária. 
Biolchi1 foi relator do projeto da lei de falências. Perceber como o autor 
trata do assunto de forma tangente. Para o Relator, deve haver 
coordenação entre capital e trabalho. O fato de a Lei de Falências ser 
voltada para a proteção da empresa reverteria como benefício para os 
trabalhadores. 
Mecanismo de proteção da concorrência. Se a Lei de Falências foi 
agressiva, pode haver efeito negativo na competição entre empresas. As 
pessoas podem ter mais medo de assumir riscos e desafiar grandes 
empresas. 
Uma boa lei de falências pode evitar um ambiente empresarial predatório, 
em que um tente levar o outro à falência. 
Outro argumento utilizado é o da redução dos juros na economia. Debate 
público importante desde a década passada. Como reduzir? Fato: caiu a 
inflação. Juros altos são desestímulo ao investimento na economia 
(emprestar ao governo dá mais dinheiro). 
Lei de falências teve impacto na redução de juros? O que ela poderia fazer 
para reduzir? No aspecto central, a lei atenderia (art. 86, II) aos desejos do 
Banco Mundial. Créditos com garantia real: não são necessariamente 
bancários, mas por costume, estes costumam ser bancários. Em nenhum 
momento o autor fala em banco ou instituição financeira, embora tenham 
sido centrais (lobby) para a instituição da lei. 
 
1
 Osvaldo Biolchi. Foi deputado federal do RS, pelo PTB de 1995 a 2003 e pelo PMDB, 
de 2003 a 2010. Morreu em 20/12/2012. Cf. 
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/rs-ex-deputado-federal-osvaldo-biolchi-morre-
em-carazinho,324459cadb8bb310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [5] 
 
A forma como o judiciário reage incorpora muitos dos elementos 
históricos ligados à consolidação da legislação. 
[Fim da aula] 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [6] 
 
07/03 – Objetivos e princípios da nova Lei de Falências 
Aula do Desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças, Desembargador 
do TJSP, (Câmara Reservada deDireito Empresarial e 29ª Câmara de 
Direito Privado). 
Anotações: Jorge. 
Falência e recuperação: falamos em concurso de credores. Um dos 
maiores livros: Alfredo Buzaid. Melhor obra sobre concurso de credores. 
Quando o devedor, em termos de presunção relativa, não tem patrimônio 
para honrar todos os seus compromissos, todos os credores são chamados 
para um único juízo, para que aquela massa seja alienada e o produto 
dividido proporcionalmente. 
Art. 748 e ss. do CPC: concurso civil de credores. “Falência civil”, 
advogados não gostam. Nunca é utilizado. Desembargador diz que só viu 
duas vezes em 32 anos. 
Análise etimológica. Falir: latim fallere, que significa enganar, falsear. 
Direito canônico: aquele que falta com a palavra pactuada2. Outra palavra 
utilizada: “quebra”, como sinônimo da falência. Vem das origens do 
direito comercial, em que as corporações de ofício quebravam a bancada 
onde o comerciante exercia suas atividades. Quebra é termo técnico, não é 
vulgar, como leigos podem pensar. Bancarotta, no italiano. 
 
2
 Para Sérgio Campinho, “o vocábulo falência deriva do verbo fala, do latim fallere, que 
exprime a idéia de faltar com o prometido, identificando-se, outrossim, com o verbo 
enganar. Significa, pois, falha, omissão, traduzindo a falta do cumprimento daquilo que 
foi assumido.” CAMPINHO, Sérgio. Falência e recuperação de empresa: o novo regime 
da insolvência empresarial, 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2012, p. 3. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [7] 
 
Insolvência, situação de fato, em que alguém tem patrimônio avaliado em 
valor insuficiente para pagamento das obrigações3. Na contabilidade: ativo 
negativo. 
Calças diz que falência não é o mesmo que insolvência, ao contrário de 
alguns doutrinadores. Calças diz que há uma insolvência presumida. 
A lei de falências, tanto antiga quanto a nova, não fala em insolvência. 
Fala que se considera falido aquele que, sem motivação, não paga no 
vencimento. Não pagar no vencimento não é ser insolvente, é ser 
impontual. O legislador elege alguns fatos da vida do empresário para 
fazer eclodir a presunção relativa de insolvência. Pode ser comprovado o 
contrário. 
LF-05
4
, art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) 
salários-mínimos na data do pedido de falência; 
Único meio de prova, admitido pela Lei para comprovar a 
impontualidade, é o PROTESTO. Mas o protesto não é exigido nas 
hipóteses dos incisos II e III. 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e 
não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
 
3
 Segundo Sérgio Campinho: “a palavra falência, sob o ponto de vista jurídico, passou a 
exprimir a impossibilidade de o devedor arcar com a satisfação de seus débitos, dado a 
impotência de seu patrimônio para a geração dos recursos e meios necessários aos 
pagamentos devidos.” Ibid., p. 3. 
4
 Nestas anotações de aula, utilizaremos a abreviatura adotada pelo STJ para identificar a 
Lei de Recuperação Judicial e Falências: “LF-05”. Procura-se, com isto, evitar 
confusões com a “LRF” (Lei Complementar nº 101/2000 – Lei da Responsabilidade 
Fiscal). A propósito, o STF utiliza a notação “LF-2005” – preferimos a notação do STJ, 
por mera comodidade. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [8] 
 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de 
plano de recuperação judicial: (...) 
E se o protesto não for completo? Por exemplo, a súmula 361 do STJ5 diz 
que, sem intimação pessoal, não há comprovação do inadimplemento. 
Não adianta argumentar, numa ação de falência, que o patrimônio é 
suficiente para o adimplemento – porque a solvência não está em 
questão. A única forma é o depósito; ou, se provar que há relevante razão 
de direito, cujas hipóteses estão no artigo 96: 
LF-05, art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do 
caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: 
I – falsidade de título; 
II – prescrição; 
III – nulidade de obrigação ou de título; 
IV – pagamento da dívida; 
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não 
legitime a cobrança de título; 
VI – vício em protesto ou em seu instrumento; 
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da 
contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos 
antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do 
Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova 
de exercício posterior ao ato registrado. 
 
5
 Súmula 361 do STJ: “A notificação do protesto, para requerimento de falência da 
empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu.” (10/09/2008 - DJe 
22/09/2008). 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [9] 
 
§ 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após 
liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da 
morte do devedor. 
§ 2o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não 
obstam a decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não 
atingidas pelas defesas em montante que supere o limite previsto 
naquele dispositivo. 
A falência só pode ser fundada num título executivo. Calças entende que 
ser trata, então, de uma execução. Portanto, necessita de citação pessoal. 
Concorda que a questão é polêmica. 
LF-05, art. 94, II – executado por qualquer quantia líquida, não 
paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro 
do prazo legal; 
Inciso II: execução frustrada ou tríplice [inexecução???]. Na redação 
antiga do CPC, havia três opções – pagar (com juros, honorários, e 
atualização); oferecer bens à penhora ou depositar o valor. Depositar não é 
o mesmo que pagar, é a garantia do juízo para discutir. 
Neste inciso, o fundamento do pedido de falência é a frustração da 
execução, por isso, não precisa de protesto!!! Cai sempre em concurso. 
O §3º, entretanto, causou discussões. 
§ 3
o
 Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de 
falência será instruído com os títulos executivos na forma do 
parágrafo único do art. 9
o
 desta Lei, acompanhados, em qualquer 
caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar 
nos termos da legislação específica. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [10] 
 
Na Câmara a qual pertence Calças, não há mais controvérsia (assunto 
sumulado)6. Antigamente, havia livro especial para protesto falimentar e 
outro para o protesto comum. Um dos livros foi abolido. Qual a diferença 
entre livros? Nenhuma. A única diferença é que é um protesto comum 
(protesto cambial), para provar impontualidade; não faz sentido nova 
formalidade e nova despesa para mais outro protesto. 
Sentença também pode ensejar decretação de falência. A sentença deve ser 
protestada. Sentença é título executivo (só que judicial). Normalmente, a 
falência é decretada com base num título extrajudicial. Basta protestar a 
sentença, que o título poderá fundamentar a falência. 
Instrumento particular de confissão de dívida também pode dar causa à 
falência. Basta protestar. 
Súmula 361 do STJ exige identificação da pessoa que a recebeu. Calças 
não concorda, mas a segue – explica que não há previsão legal. 
A quebra é irreversível. 
Como se prova frustração da execução: CERTIDÃO DE OBJETO E PÉ. 
LF-05, art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
(...) 
III – pratica qualquer dos seguintesatos, exceto se fizer parte de 
plano de recuperação judicial: 
 a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão 
de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
 b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo 
de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou 
 
6
 Súmula 41 da câmara reservada de Direito Empresarial: “O protesto comum dispensa o 
especial para o requerimento de falência.” 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [11] 
 
alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou 
não; 
 c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes 
para solver seu passivo; 
 d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o 
objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar 
credor; 
 e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída 
anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes 
para saldar seu passivo; 
 f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos 
suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou 
tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu 
principal estabelecimento; 
 g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida 
no plano de recuperação judicial. 
§ 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o 
limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do 
caput deste artigo. 
§ 2o Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os 
créditos que nela não se possam reclamar. 
§ 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de 
falência será instruído com os títulos executivos na forma do 
parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, em qualquer 
caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar 
nos termos da legislação específica. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [12] 
 
§ 4o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de 
falência será instruído com certidão expedida pelo juízo em que se 
processa a execução. 
§ 5o Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de 
falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as 
provas que houver e especificando-se as que serão produzidas. 
 
Foro competente. 
Sempre foi debatido em falências e em recuperações judiciais. 
Lei 11.101 é lei de ordem pública e especial. Só se aplica a um 
determinado tipo jurídico de pessoas: artigo 1º. 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação 
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, 
doravante referidos simplesmente como devedor. 
Nos EUA, existe concordata, autofalência, a quem não é empresário. Não 
é o caso brasileiro, aqui, só empresário, sociedade empresária ou a nova 
EIRELI. 
Qualquer pessoa (natural ou jurídica) pode entrar com pedido de falência. 
Para alguns credores, a lei faz algumas exigências. Se o requerente for 
empresário, tem que comprovar na petição inicial a inscrição na junta 
comercial. Se não for empresário, não pode. 
EIRELI é pessoa jurídica? Diz-se: “pessoa natural nasce de parto, pessoa 
jurídica nasce da lei. Então EIRELI é pessoa jurídica.” Calças rebate. 
É inscrito no CNPJ, e o fundamento para a inscrição está no regulamento 
do IR, que o equipara a pessoa jurídica (critica a terminologia utilizada – 
“firma individual” não é empresa, tecnicamente, firma é a 
ASSINATURA). Só pode ser equiparado a algo, aquilo que não é esse 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [13] 
 
algo7. Portanto, EIRELI é pessoa natural8, equiparado à PJ só para fins de 
IR. 
Mesmo assim, se a EIRELI quebrar, só podem ser arrecadados os bens 
afetados à atividade empresarial, e só porque agora há cisão e 
autonomia patrimonial9. 
Sócio é empresário só do ponto de vista [...perdi]. Por exemplo, Antonio 
Ermírio NÃO é empresário, tecnicamente. Se entrasse uma petição 
pedindo a falência do empresário Antonio Ermírio, deveria ser 
imediatamente indeferida, porque certamente ele não é empresário 
individual; ele pode ser controlador, mas empresário individual não pode 
ser. 
O controlador não é pessoa jurídica; falido ele não é. Edemar Cid Moreira 
não pode ser considerado falido, porque ele é controlador. Não quer dizer 
que não vai sofrer sanções, mas falido não é. 
Mesmo o sócio de responsabilidade ilimitada não pode ter a falência 
decretada por si só. A lei diz apenas que a ele serão estendidos os efeitos 
da falência da sociedade empresária. 
 
7
 Raciocínio: se é equiparado a PJ, então não pode ser PJ – fosse PJ, não haveria porque 
equiparar. 
8
 Na aula de 14/03, o professor Carlos Portugal afirma que a EIRELI é empresa, embora 
esteja no capítulo do empresário individual do CC02 (art. 980-A, incluído pela Lei nº 
12.441/2011). 
9
 “A pessoa natural que exerce individualmente a mercancia dispõe de um único 
patrimônio com o qual responde pelas dívidas presentes e futuras. Nessa situação, não 
tendo o recorrente constituído empresa sob a forma individual de responsabilidade 
limitada EIRELI, possui uma única personalidade, respondendo ilimitadamente pelas 
obrigações assumidas no exercício empresarial.” Voto do Des. Ricardo Negrão, no 
Agravo de Instrumento nº 0212861-54.2011.8.26.0000 (Câmara Reservada de Direito 
Empresarial do TJSP, julg. 14 fev. 2012): 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [14] 
 
“A falência não pode ser usada como ação de cobrança”. Calças considera 
essa afirmação um grande equívoco. Cita que antigo professor da casa 
contestava: “se não é ação de cobrança, então falência é o quê?” 
Advogados usavam a falência por seu efeito draconiano, o devedor que 
tem bens tende a correr atrás do prejuízo, porque a publicação em jornais 
de grande circulação representará imediato corte de acesso ao mercado de 
crédito. Mas Calças entende que cabe ao advogado escolher o 
procedimento, se preferir falência e for cabível, não é o judiciário quem 
deve escolher. 
[Arts. 19 e 20 da lei 79... preveem a litigância de má fé.]10 
Ministério Público 
Presidência da República vetou artigo 4º, que previa a participação do MP. 
No processo de falência, o MP só tem que começar a participar depois que 
for decretada a falência. Na fase pré-falimentar (produção de provas etc.) 
ele não precisa participar. 
Com a sentença positiva de falência (art. 99), é que se inicia o processo de 
execução concursal. Sentença de falência é de natureza CONSTITUTIVA, 
não é declaratória. 
Só faz sentido a intervenção do MP quando se abre o concurso de 
credores, porque é do interesse da comunidade empresarial, entrando 
como custus legis, também devendo apurar qualquer conduta que possa se 
configurar em crimes falimentares. 
O juiz do cível continua competente para a apuração dos crimes 
falimentares. Art. 183 da Lei de Recuperação Judicial: 
 
10
 Não foi possível confirmar a informação. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [15] 
 
LF-05, art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha 
sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou 
homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação 
penal pelos crimes previstos nesta Lei. 
Satiro e outros defendem que a competência é do juiz criminal. Calças 
explica que o entendimento do TJ é que a atribuição de competências é 
matéria de organização judiciária, definida pelo TJSP. Entendimento 
confirmado pelo STF. 
[Fim da aula] 
DCO0512-54 – Empresasem Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [16] 
 
14/03 – Estado de insolvência 
Prof. Carlos Portugal 
Anotações: Jorge e Thalis. 
A nova lei tentou superar um problema da legislação anterior, que era 
formalista. Condições impostas eram excessivamente formais; era um 
mecanismo de cobrança, um processo de cobrança – forma de induzir o 
devedor a cumprir suas obrigações. Era um jogo de ameaças. 
Também uma ameaça ao credor, que receberia menos. Mas do ponto de 
vista do devedor, as consequências seriam mais gravosas. 
Da cobrança à preservação da empresa. 
Nova lei tentou utilizar critérios econômicos. Legislador embutiu em todo 
o seu texto o princípio da preservação da empresa – a falência seria a 
exceção, não a regra. 
Uma das razões para a redução no número de decretações de falência seja, 
talvez, a alteração no critério, passando do formal ao econômico. 
Critérios da lei: art. 94: Impontualidade e falta de liquidez. 
Falta de liquidez é a falta de recursos para pagar seus compromissos num 
dado momento. Qualquer empresa pode ter momentos de iliquidez por 
inúmeros motivos. Ex.: crise econômica que reduz crédito no mercado, e a 
empresa acaba atrasando pagamentos em razão de não ter mais acesso a 
um crédito ao qual recorreria usualmente, em situação de normalidade. 
Falta de liquidez não significa necessariamente que a atividade seja 
inviável. 
Processo de falência muda a perspectiva pela qual o mercado enxerga 
aquela empresa; poderá perder valor e aumentar ainda mais a dificuldade 
de obter créditos. Os próprios ativos seriam desvalorizados. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [17] 
 
Professor critica o excessivo poder que uma pessoa tinha para determinar, 
sozinha, se uma empresa entraria ou não em falência. 
Cita caso da Rede Globo, que tinha uma dominação substancial do 
mercado de rede aberta. Investimentos maciços na Net Serviços (TV a 
cabo), com financiamento externo. Brasil atravessou momento de crise, 
fuga de capitais e alta desvalorização do Real. Em determinado momento, 
renda não era mais suficiente para honrar pontualmente os compromissos 
internacionais. Naquele momento, um credor poderia protestar títulos 
atrasados e, eventualmente, levar à falência da Rede Globo. 
Para grande parte das pessoas, a Rede Globo faz parte de seu dia-a-dia. 
Baseia-se numa relação de confiança entre a Rede Globo e seus 
telespectadores. Também uma confiança de que ela poderia pagar seus 
fornecedores, seus empregados, atores, técnicos etc. 
Se houvesse quebra na relação de confiança em função da decretação de 
falência, muito provavelmente os credores não poderiam receber seus 
créditos, porque os ativos são pouco valiosos em relação aos recursos 
provenientes da produção de conteúdo. 
Globo conseguiu fazer um processo de recuperação judicial privado. 
Ganhou redução na dívida total. 
Mesmo para empresas cujos ativos são mais materiais que imateriais, a 
quebra de confiança significaria a redução de seu valor. Mesmo para 
mineradoras ou outras empresas que contam ativos mais valorosos, 
professor destaca que o acordo, a preservação da empresa pode ser mais 
rentável socialmente. Não houve quebra radical do modelo anterior, mas 
uma visão mais econômica do cenário como um todo. 
A impontualidade não é mais vista do ponto de vista formal: não se olha 
apenas se pagou na data ou não; mas toda a empresa, se ela pode vir a 
pagar. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [18] 
 
Também não se verifica a liquidez (caixa) da empresa, seu patrimônio 
líquido. Avalia-se a empresa pela capacidade de geração de receitas 
futuras. É uma perspectiva muito mais econômica do valor de uma 
empresa. 
Legislador pensou: sistema antigo (impontualidade) é imperfeito – cria 
muitas situações em que uma pessoa pode levar à decretação de falência; 
por outro, um critério exclusivamente econômico se torna muito difícil de 
aplicar – uma análise errada, pelo juiz, poderia impor perdas àqueles que 
se relacionam com a empresa. 
O juiz também precisa de critérios econômicos e objetivos para poder 
avaliar a situação. 
Relevante razão de direito e limite mínimo de 40 salários mínimos. 
Lei 11.101/2005, art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) 
salários-mínimos na data do pedido de falência; 
Não existia esse parâmetro, “relevante razão de direito”: visa evitar que o 
pedido de decretação da falência fosse utilizado com outras finalidades. 
Valor de 40 salários-mínimos também serve de baliza para evitar que a 
falência fosse pedida por motivos considerados pouco relevantes. Por 
outro lado, 40 salários-mínimos podem ser atingidos juntando-se vários 
títulos. 
O critério na legislação brasileira não é a insolvência, mas a 
impontualidade. A transição da lei anterior para a nova não foi radical. 
“Insolvência surge da relação recuperação x falência (preservação)” 
“Insolvência x Deficiência Patrimonial x Iliquidez” 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [19] 
 
“Preservação x Segurança de Crédito x Pontualidade” 
Conceito de insolvência entra na nossa legislação. Outro conceito que 
entra: deficiência patrimonial. Situação circunstancial – naquele momento, 
não poderia honrar. 
O argumento por trás da decretação da falência é a impossibilidade de 
modificação da situação de insolvência. 
Por trás dos conceitos, estão presentes valores. 
CONCEITO VALOR 
Insolvência Preservação 
Deficiência patrimonial Segurança de crédito 
Iliquidez Pontualidade 
 
INSOLVÊNCIA FORMAL/LEGAL 
I – obrigação líquida materializada em título protestado11. 
As defesas para esta situação estão no art. 9612. Estas defesas seriam as 
únicas que poderiam ser apresentadas? Professor parece entender que não, 
 
11
 LF-05, art. 94, I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação 
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
12
 LF-05, art. 96. “(...) não será decretada se o requerido provar: I – falsidade de título; 
II – prescrição; III – nulidade de obrigação ou de título; IV – pagamento da dívida; V – 
qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de 
título; VI – vício em protesto ou em seu instrumento; VII – apresentação de pedido de 
recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta 
Lei; VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido 
de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual 
não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. (...) 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [20] 
 
mas explica que a jurisprudência tem seguido tendência de rol taxativo, 
não considerando defesas com base em argumentos econômicos. 
II – não paga execução e não indica bens à penhora13; 
Para este caso, não existe exceção. Se foi a protesto, passou por execução, 
já houve apreciação de um juiz. Critério nitidamente formal. 
Inciso III – atos ruinosos (fraude a credores) e crise econômico-
financeira. 
LF-05, art. 94, III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se 
fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação 
precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou 
fraudulento para realizar pagamentos; 
 b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo 
de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simuladoou 
alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou 
não; 
 c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes 
para solver seu passivo; 
 d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o 
objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar 
credor; 
 e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída 
anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes 
para saldar seu passivo; 
 
13
 LF-05, art. 94, II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e 
não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [21] 
 
 f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos 
suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou 
tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu 
principal estabelecimento; 
 g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida 
no plano de recuperação judicial. 
De certa forma, trata-se de um conceito mais econômico, uma indicação 
de que a empresa está tentando desviar bens. Eventualmente, o resultado 
pode ser a decretação de falência da empresa. 
Outro elemento é o descumprimento do plano de recuperação. É um pacto, 
inclui série de obrigações. Seu descumprimento é um critério formal 
(basta descumprir), mas a construção do plano é um processo político, 
negociado entre credores e devedora, já incorpora modelos menos formais 
que o modelo anterior. 
Insolvência de quem? 
Aspecto importante. Artigo 1º prevê aplicação da lei ao empresário 
individual e sociedade empresária. 
LF-05, art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a 
recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade 
empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. 
Empresário individual não tem responsabilidade limitada, embora ele 
possa indicar o patrimônio que está afetado à atividade empresarial. Há 
uma confusão entre a pessoa física e a empresa. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [22] 
 
Na sociedade empresária, na prática, só se utilizam para constituí-las as 
modalidades de sociedades por ações e as limitadas. Vide também art. 96, 
§1º: única exceção – S.A. liquidada14. 
EIRELI. Separação entre empresa e empresário. Apesar de estar dentro do 
CC02, no capítulo do empresário, chama-se EMPRESA individual. Não é 
nem sociedade, nem empresário. Ela deveria ser incorporada pelo caput 
do artigo 1º? Não está nas exceções expressas da lei. Interpretação mais 
aberta permite dizer que, se a EIRELI for submetida a um processo de 
falência, a princípio, somente o patrimônio afetado à atividade econômica 
a empresa estaria submetida à falência. 
CC02, art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade 
limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade 
do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 
100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído 
pela Lei nº 12.441, de 2011) 
(...) 
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, 
no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. 
(Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) 
Responsabilidade de sócios. Controladores. Desconsideração e confusão 
patrimonial. Teorias não previstas na lei de falências são utilizadas para a 
responsabilização de sócios e controladores. 
[Fim da aula] 
 
14
 LF-05, art. 96, §1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após 
liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [23] 
 
SEMINÁRIO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Recurso Ordinário em 
Mandado de Segurança n.º 14.168 – SP (2001/0192490-4), Rel. Min. 
Nancy Andrighi. 
PONTOS RELEVANTES15: 
1. Descrever a questão da desconsideração da personalidade jurídica. 
2. Há necessidade de haver abuso, fraude ou má-fé para a 
desconsideração da personalidade jurídica? Vide decisão citada no 
Acórdão (REsp 211.619/SP). 
EMENTA: 
Processo civil. Recurso ordinário em mandado de segurança. 
Falência. 
Grupo de sociedades. Estrutura meramente formal. Administração 
sob unidade gerencial, laboral e patrimonial. Desconsideração da 
personalidade jurídica da falida. Extensão do decreto falencial às 
demais sociedades do grupo. Possibilidade. Terceiros alcançados 
pelos efeitos da falência. Legitimidade recursal. 
- Pertencendo a falida a grupo de sociedades sob o mesmo controle e 
com estrutura meramente formal, o que ocorre quando as diversas 
pessoas jurídicas do grupo exercem suas atividades sob unidade 
gerencial, laboral e patrimonial, é legítima a desconsideração da 
personalidade jurídica da falida para que os efeitos do decreto 
falencial alcancem as demais sociedades do grupo. 
- Impedir a desconsideração da personalidade jurídica nesta hipótese 
implica prestigiar a fraude à lei ou contra credores. 
 
15
 Gentilmente repassados por Bruno Becker. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [24] 
 
- A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica 
dispensa a propositura de ação autônoma para tal. Verificados os 
pressupostos de sua incidência, poderá o Juiz, incidentemente no 
próprio processo de execução (singular ou coletiva), levantar o véu 
da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os 
bens particulares de seus sócios, de forma a impedir a concretização 
de fraude à lei ou contra terceiros. 
- Os terceiros alcançados pela desconsideração da personalidade 
jurídica da falida estão legitimados a interpor, perante o próprio 
Juízo Falimentar, os recursos tidos por cabíveis, visando à defesa de 
seus direitos. 
(RMS 14168/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 30/04/2002, DJ 05/08/2002, p. 323) 
Ideia do seminário: estabelecer um diálogo. 
Direito societário. Sistema de registro, que é pouco utilizado. 
Lei 11941/2009. Grupo econômico – empresas capazes de influenciar 
umas às outras. 
Em relação ao processo de falência deve haver um cuidado maior com as 
intimações? É uma questão lançada pelo Desembargador Pereira Calças. 
Controle está ligado à ideia de dirigir aquela sociedade. 
Art. 50 do CC 2002 – desconsideração da personalidade jurídica. 
 “unidade gerencial, laboral e patrimonial” - termo do acórdão. 
Professor chama atenção para o fato de que a mudança da lei não se reflete 
de início na jurisprudência. 
Comentário do professor: conceito de grupo varia em cada ramo do 
direito. Cita LSA. (...) 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [25] 
 
21/03 – Decretação da falência 
Prof. Carlos Portugal 
Anotações: THALIS. Revisão parcial e complementos: Jorge. 
O devedor pode pedir autofalência. Um empresário responsável é 
responsável em todos os momentos. A falência é uma alternativa. A Lei 
de Falências não deve apresentar um caráter punitivo da falência. A 
redução do aspecto positivo da falência não é ideológica, no sentido do 
absolutismo penal. De certa forma, voltamos ao início do processo 
falimentar. Por isso é importante saber quem pode passar pelo processo de 
falência. 
LF-05, art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta 
Lei; 
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o 
inventariante; 
Os outros agentes que podem pedir a falência são os sucessores. No caso 
de sucessores, falamos de sucessores doempresário individual. Questão 
que se coloca é como se dá a sucessão da EIRELI. No caso de o 
empresário ter 3 filhos, como ficaria? Provavelmente teria que ser 
transformada em uma sociedade16. 
 
16
 De acordo com o §6º do artigo 980-A do CC02, “aplicam-se à empresa individual de 
responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades 
limitadas.” Dispõe o artigo 1.053 que “a sociedade limitada rege-se, nas omissões deste 
Capítulo, pelas normas da sociedade simples.” A sociedade simples, por sua vez, está 
organizada no Capítulo I do CC02, sendo que o art. 1.028 dispõe que “no caso de morte 
de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: I - se o contrato dispuser diferentemente; II - se 
os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; III - se, por acordo com 
os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.”. Na EIRELI não há outros 
sócios – ou rola substituição, ou a quota é liquidada. Complicado... 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [26] 
 
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato 
constitutivo da sociedade; 
Os acionistas (ou cotistas) podem pedir a falência. Além deles, o credor 
pode pedir a falência da empresa. O art. 94 menciona o não pagamento de 
qualquer prestação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados acima de 40 salários-mínimos. 
IV – qualquer credor. 
§ 1
o
 O credor empresário apresentará certidão do Registro Público 
de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. 
§ 2
o
 O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução 
relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 
101 desta Lei. 
Um caso menos óbvio com relação a isso é a possibilidade de o próprio 
juiz decretar a falência. 
Talvez lendo Campinho percebe-se uma posição mais restritiva com 
relação ao juiz pedir a falência. O juiz é visto praticamente numa 
perspectiva civilista, como mero aplicador da lei. No nosso direito, as 
situações em que o juiz pode pedir a falência encontram-se basicamente 
nos arts. 72 e 73. 
LF-05, art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte 
pelo pedido de recuperação judicial com base no plano especial 
disciplinado nesta Seção, não será convocada assembléia-geral de 
credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a 
recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei. 
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de 
recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver 
 
 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [27] 
 
objeções, nos termos do art. 55 desta Lei, de credores titulares de 
mais da metade dos créditos descritos no inciso I do caput do art. 71 
desta Lei. 
CAPÍTULO IV 
DA CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM 
FALÊNCIA 
LF-05, art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de 
recuperação judicial: 
I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 
42 desta Lei; 
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no 
prazo do art. 53 desta Lei; 
III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos 
termos do § 4
o
 do art. 56 desta Lei; 
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano 
de recuperação, na forma do § 1
o
 do art. 61 desta Lei. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da 
falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação 
judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, 
ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta 
Lei. 
Campinho comenta que a forma como a lei trata da insolvência é falar da 
crise da empresa. A insolvência vem justamente nesse meio entre fazer a 
recuperação e entrar em falência. Se a empresa sofre, por exemplo, uma 
crise de liquidez, o processo adequado não é a falência, mas a recuperação 
judicial. Se impossível a preservação da empresa, nesses casos, a própria 
lei dá indícios para que o juiz transforme os processos de recuperação em 
falência. Ex.: quando o devedor não apresentar um plano de recuperação 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [28] 
 
judicial. Não se pode dizer, nesse caso, que o devedor é simplesmente 
negligente. 
O art. 75 praticamente nos dá o conceito da falência: 
LF-05, art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de 
suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos 
bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da 
empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da 
celeridade e da economia processual. 
Quando estudamos a recuperação judicial, percebemos que ela 
representava uma divisão de poderes da empresa. Na falência, a 
administração anterior da sociedade é totalmente excluída sobre as 
decisões de futuro da empresa. Outro elemento é o descumprimento de 
qualquer obrigação presente no plano de recuperação judicial. Ele é 
praticamente um contrato entre as partes. Outro elemento seria, por 
exemplo, a rejeição do plano de recuperação judicial pelos credores. 
Administradores não conseguiram convencer os credores de que a 
recuperação da empresa é viável pelo meio sugerido. 
Outro aspecto interessante é entender o procedimento até a decretação da 
falência. Um aspecto é a citação do devedor (quando não for ele próprio 
a pedir). Calças entende que a citação por hora certa não seria admissível 
em processo falimentar. Professor diz que não há base legal. A lei diz 
somente que o devedor deve ser citado e apresentar resposta em 10 dias. 
LF-05, art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no 
prazo de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do 
art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, 
depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de 
correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [29] 
 
a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de 
falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor. 
Os argumentos mais utilizados pelo devedor são aqueles do art. 96 
(prescrição, nulidade do título). Existe previsão de defesas na lei, mas são 
vícios verificáveis em qualquer título de cobrança. 
Quais seriam as relevantes razões de direito do inciso I do art. 94? Seriam 
aquelas do art. 96. A possibilidade de se incorporarem outros elementos 
está na “integração” da Lei 11.101/05 e do CC02. Poderiam ser utilizados 
outros tipos de defesa (argumentos baseados na boa-fé, na teoria da 
imprevisão, etc.). Outra defesa, interessante para o professor, é a baseada 
no pedido de recuperação judicial. Professor entende que o círculo é 
fechado, restringindo a falência somente aos casos de insolvência 
absoluta. Deve haver o convencimento dos credores de que a 
recuperação judicial é preferível à falência. 
Aparentemente, o sistema da lei é que a possibilidade do pedido de 
recuperação judicial funcione como uma negociação prévia com os 
credores. 
De uma certa forma, a nova lei apresenta um meio mais racional. 
Há um processo de agência inerente ao processo falimentar. Favorecer um 
único credor pode significar “prejuízo” aos demais credores. Pode haver 
um prejuízo maior (trabalhadores, investidores, etc.). 
Possibilidade de pedido de recuperação é que faz com que, na prática, a 
legislação incorpore uma lógica econômica. Na verdade, ela não será 
interpretada pelo juiz, mas pelos credores. 
Uma alternativa seria o depósitoelisivo (parágrafo único do art. 98). Ele 
não é o pagamento simples do próprio título, mas serve para evitar o 
processo de falência. A empresa fará o depósito quando existir risco de o 
juiz decretar a falência diante das teses arguidas. O depósito seria, por 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [30] 
 
exemplo, para continuar a discutir o título. Onde há evidente falsidade do 
título, não é necessário fazer o depósito. Se imaginarmos uma empresa 
que esteja em processo de dificuldade de liquidez, ela pode solicitar um 
outro tipo de instrumento (ex.: cartas de fiança, seguros de depósito 
judicial, etc). 
Caso o devedor seja bem sucedido em sua defesa, eventualmente é 
possível pedir perdas e danos pelo pedido doloso de falência. 
LF-05, Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será 
condenado, na sentença que julgar improcedente o pedido, a 
indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de 
sentença. 
§ 1
o
 Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão 
solidariamente responsáveis aqueles que se conduziram na forma 
prevista no caput deste artigo. 
§ 2
o
 Por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar 
indenização dos responsáveis. 
Caso o devedor não seja bem sucedido nas defesas, ou não opte pelo 
pedido de recuperação judicial, o juiz decretaria a falência por uma 
sentença. Para o professor, há um caráter interlocutório. Na prática, é 
como se processo tivesse um momento pré-falimentar e falimentar 
propriamente dito. A própria lei reconhece o aspecto meio dual da 
sentença. No caso de rejeição do pedido de falência, cabe apelação. No 
caso de decretação, cabe agravo17. 
 
17
 Lógica processual civil: se o juiz indefere a petição inicial, o processo é extinto 
(melhor: nem começa), portanto o recurso cabível é a apelação. Por outro lado, se o juiz 
decreta a falência, inicia-se o processo falimentar – a decisão não é terminativa, portanto 
o recurso cabível é o agravo. E será de instrumento “quando se tratar de decisão 
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação”, conforme o caput do art. 
522 do CPC. Normalmente, considera-se que o teor da decisão que decreta a falência 
gerará lesão grave e de difícil reparação: caberia agravo de instrumento. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [31] 
 
LF-05, art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da 
sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. 
A sentença de decretação da falência tem características próprias. Se ela 
for denegar o pedido, ela vai justificar a rejeição do pedido. Se for 
decretar, ela é um passo no processo. 
Termo legal 
LF-05, art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre 
outras determinações: 
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes 
dos que forem a esse tempo seus administradores; 
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais 
de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de 
recuperação judicial ou do 1
o
 (primeiro) protesto por falta de 
pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que 
tenham sido cancelados; 
(...) 
Uma das decisões mais importantes é a definição do termo legal da 
falência. É um período que se conta olhando para trás, no qual 
determinados atos específicos serão declarados imediatamente ineficazes. 
Estão no art. 129 da Lei (pagamento de dívidas não vencidas ou qualquer 
meio extintivo de crédito, ainda que seja pelo próprio título). 
LF-05, art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou 
não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-
financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: 
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor 
dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de 
crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [32] 
 
Pagamento de dívida não vencida, em relação a alguns credores ela tinha, 
por exemplo, uma necessidade maior. O devedor abre o jogo para esse 
credor específico, posso ter um problema e buscar, por exemplo, adiantar 
pagamentos. Durante esse período, esses atos serão considerados 
ineficazes. A função é fazer com que os agentes no mercado verifiquem se 
os agentes com quem estão contratando encontram-se “saudáveis”. De 
certa forma, essa regra faz com que os agentes evitem comportamentos 
que, eventualmente, prejudiquem outros credores (confirmar). 
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do 
termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo 
contrato; 
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, 
dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; 
se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a 
massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca 
revogada; 
Concessão de quaisquer tipos de garantia real. Trata-se de privilégio no 
processo falimentar. Por exemplo: se eu entrar em processo falimentar, 
você será credor com garantia real (indica favorecimento). 
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da 
decretação da falência; 
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da 
decretação da falência; 
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o 
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse 
tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para 
solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não 
houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, 
judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos; 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [33] 
 
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade 
entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a 
imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver 
havido prenotação anterior. 
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo 
juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou 
incidentalmente no curso do processo. 
Voltando ao artigo 99... 
LF-05, art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre 
outras determinações: 
(...) 
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) 
dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, 
natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se 
encontrar nos autos, sob pena de desobediência; 
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o 
disposto no § 1
o
 do art. 7
o
 desta Lei; 
Outro aspecto formal: prazo para habilitação dos créditos. Prazo para que 
todos os credores façam sua habilitação de crédito. 
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o 
falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1
o
 e 2
o
 do art. 6
o
 
desta Lei;
 18
 
 
18
 Art. 6º: §1
o
 Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que 
demandar quantia ilíquida. §2
o
 É permitido pleitear, perante o administrador judicial, 
habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas 
as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8
o
 desta 
Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [34] 
 
Outro efeito importante é a ordem para a suspensão de ações e execuções. 
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposiçãoou oneração de 
bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial 
e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das 
atividades normais do devedor se autorizada a continuação 
provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo; 
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os 
interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva 
do falido ou de seus administradores quando requerida com 
fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei; 
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à 
anotação da falência no registro do devedor, para que conste a 
expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação 
de que trata o art. 102 desta Lei; 
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas 
funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem 
prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta 
Lei; 
Nomeação do administrador judicial. Na falência, há o afastamento dos 
administradores anteriores. A função do administrador judicial, na 
recuperação, era muito mais de guardião dos bens. 
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições 
públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e 
direitos do falido; 
 
crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em 
sentença. 
 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [35] 
 
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das 
atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos 
estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei; 
Decisão sobre a continuidade das operações que deverão funcionar 
provisoriamente. O juiz deverá verificar se aquela atividade, isoladamente, 
é lucrativa e pode ajudar a pagar os credores. Quando o juiz decide 
manter, ele praticamente passa ao administrador a função de administrar 
(não é meramente guardião de patrimônio). A escolha do administrador 
pode derivar justamente dessa decisão de manter determinadas unidades 
operando. A experiência na atividade pode influenciar na escolha. 
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da 
assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de 
Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê 
eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da 
decretação da falência; 
Convocação da Assembleia para eleger Comitê de Credores. No caso da 
falência existe uma transferência de poder para os credores. Já na sentença 
temos toda a estrutura da tomada de decisão que será utilizada no processo 
falimentar. A partir da entrada no processo de falência, não são necessários 
empresários. Agora, são necessárias pessoas que saibam lidar com o 
processo de liquidação da empresa. Professor ressalta que a exceção é o 
caso de continuidade de algumas unidades. 
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação 
por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e 
Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem 
conhecimento da falência. 
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a 
íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores. 
 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [36] 
 
Outra decisão que deve ser tomada é a indicação dos efeitos sobre os 
sócios de responsabilidade ilimitada. Esta previsão encontra-se no art. 81 
da Lei. A gente poderia entender que caso tivéssemos a desconsideração 
da personalidade jurídica, o que aconteceria com os sócios é torná-los 
sócios de responsabilidade ilimitada. O texto da lei atualmente só fala dos 
sócios de responsabilidade ilimitada. 
LF-05, art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com 
sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência 
destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em 
relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para 
apresentar contestação, se assim o desejarem. 
§ 1
o
 O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se 
retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há 
menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do 
arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido 
solvidas até a data da decretação da falência. 
§ 2
o
 As sociedades falidas serão representadas na falência por seus 
administradores ou liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, 
sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao 
falido. 
[Fim da aula] 
SEMINÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Agravo de 
Instrumento n.º 0114685-06.2012.8.26.0000, Voto 24.193 do Rel. 
Desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças. 
PONTOS RELEVANTES19: 
 
19
 Gentilmente repassados por Bruno Becker. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [37] 
 
1. Qual seria o interesse público da decretação da falência no caso em 
questão? 
2. O interesse da Assembleia de Credores não seria suficiente para 
continuar a recuperação judicial? 
3. Quais os requisitos para a convolação da recuperação judicial em 
falência? 
EMENTA: 
Agravo. Desistência do recurso não homologada. Situação concreta. 
Pedido formulado após a inclusão do recurso em pauta, três dias 
antes do julgamento, sem justificativa plausível. Interesse envolvido 
no julgamento do recurso não apenas do agravante, mas de toda a 
coletividade de credores da recuperanda e, em última análise, de toda 
a sociedade. Precedente do STJ. Recurso conhecido. 
Agravo. Recuperação judicial. Aprovação do plano e concessão da 
recuperação judicial. Decurso do prazo bienal da supervisão judicial. 
Sucessivas alterações do plano de recuperação e prorrogações do 
prazo para início dos pagamentos. Aprovação das sucessivas 
alterações do plano em Assembleia-Geral de Credores. Diversas 
oportunidades concedidas para a recuperação. Ausência de 
apresentação de proposta que efetivamente tenha o condão de 
recuperar a sociedade empresária. Caráter procrastinatório das 
modificações em prejuízo dos credores. Inadimplemento das 
obrigações previstas no plano. O princípio da preservação da 
empresa, pedra angular da Lei nº 11.101/2005, que decorre do 
princípio constitucional da função social da propriedade e dos meios 
de produção, denominado pela doutrina de "função social da 
empresa", não pode ser invocado para justificar de forma ampla, 
abstrata e ilimitada, a manutenção da empresa que, em recuperação 
judicial, ostensivamente, não cumpre as obrigações assumidas no 
plano de recuperação judicial. Verificado o inadimplemento das 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [38] 
 
obrigações pactuadas no plano de recuperação que se vencerem no 
biênio da supervisão judicial, o juiz, de ofício, deverá convolar a 
recuperação judicial em falência, independentemente de provocação 
dos credores, do administrador judicial ou do comitê de credores, se 
existente. A Assembleia-Geral de Credores só é reputada soberana 
para a aprovação do plano se este não violar os princípios gerais de 
direito, os princípios e regras da Constituição Federal e as regras de 
ordem pública da Lei nº 11.101/2005. Agravo provido para convolar 
a recuperação judicial em falência e decretar a quebra da agravada. 
 
28/03 – Feriado 
Semana Santa. 
 
04/04 – Classificação dos créditos na falência 
Prof. Carlos Portugal Gouvêa 
Anotações: Jorge. 
CLASSIFICAÇÃO. ART. 83. 
LF-05, art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à 
seguinte ordem: 
I – os créditosderivados da legislação do trabalho, limitados a 150 
(cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de 
acidentes de trabalho;
20
 
(...) 
 
20
 Vide §4o deste artigo: “Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados 
quirografários.” 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [39] 
 
Créditos derivados da legislação do trabalho. 
A lógica é distributiva. A regra limita a 150 salários-mínimos. Representa 
uma perda aos trabalhadores, mas considera razoável, pois o objetivo da 
regra é evitar proteger, desproporcionalmente, o presidente e diretores de 
empresas. Estes têm conhecimento da situação financeira da empresa. 
Poderíamos ter situação na qual, eventualmente, não teríamos dinheiro 
sequer para distribuir entre os empregados. Eventualmente, o presidente 
da empresa na distribuição poderia ter recursos 10 vezes maior. Ninguém 
melhor que o presidente, o diretor para saber sobre a empresa (não seria 
tomado de surpresa, ao contrário dos demais empregados). 
Representantes comerciais. Tentativa de evitar que se evitasse que as 
empresas utilizassem os representantes como mão-de-obra barata. Lei 
equipara aos empregados para fins de proteção. 
Art. 44 da Lei 4886/65 (Lei de Representação Comercial). Foi 
incorporada pela Lei 11.101/2005? 
Lei nº 4.886/1965, art. 44. No caso de falência do representado as 
importâncias por ele devidas ao representante comercial, 
relacionadas com a representação, inclusive comissões vencidas e 
vincendas, indenização e aviso prévio, serão considerados créditos da 
mesma natureza dos créditos trabalhistas. (Incluído pela Lei nº 8.420, 
de 8.5.1992) 
Parágrafo único. Prescreve em cinco anos a ação do representante 
comercial para pleitear a retribuição que lhe é devida e os demais 
direitos que lhe são garantidos por esta lei. (Incluído pela Lei nº 
8.420, de 8.5.1992) 
Do ponto de vista formal, não haveria razão para que não houvesse 
incorporação. A única questão é que a legislação mudou a ordem de 
preferência, já que eles seriam credores quirografários se assim não fosse. 
As pessoas jurídicas que atuam como representantes comerciais não 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [40] 
 
necessariamente estariam na mesma condição de hipossuficiência. Far-se-
ia uma interpretação teleológica, para diferenciar representantes pessoas 
físicas e representantes pessoas jurídicas desenvolvidas. Lembre-se, ainda, 
que os créditos dos trabalhadores têm natureza alimentar. 
Interpretação teleológica poderia justificar uma diferenciação entre 
representantes PF e representantes PJ. Talvez o limite de 150 SM já corrija 
também esta distorção. 
Créditos com garantia real. 
LF-05, art. 83, II - créditos com garantia real até o limite do valor do 
bem gravado;
21
 
Houve uma mudança. Em 2005, para o público em geral, passou a ser 
quase um consenso de que a redução de juros era um entrave ao 
crescimento econômico. Tais créditos sempre foram anteriores aos 
quirografários, mas eram inferiores aos tributários (por causa de 
disposição do CTN). Na época, havia crítica no sentido de que o bancos 
não se sentiriam confortáveis em emprestar, porque em caso de falência, 
teriam grande dificuldades para receber seus créditos. Risco muito 
elevado, juros mais altos. 
Outro elemento talvez mais importante. Quando o risco é muito alto, às 
vezes há a eliminação daquele mercado. Empresas não conseguem obter 
créditos de longo prazo com bancos comerciais. Só começaram a surgir 
empréstimos com mais de 5 anos nos últimos dois ou três anos; até pouco 
tempo, a maior parte dos empréstimos bancários consistia nos chamados 
 
21
 § 1o Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do 
bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, 
no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente 
considerado. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [41] 
 
créditos rotativos. Não era comum vermos empréstimos de bancos 
comerciais para investimentos. 
Decisão difícil e polêmica. Proteção aos bancos com créditos de garantia 
real significa desprivilegiar os créditos do Fisco. Seria um estímulo a 
fraudes fiscais, porque não teriam prioridade. Para tentar resolver o 
problema, experiência de outros países. A maior parte privilegia bancos 
nos créditos falimentares. Quase natural imaginar que o lobby dos bancos 
é forte na maioria dos países. Mas a prática em outros países demonstra 
que a inversão da ordem não tem estimulado a sonegação fiscal. No 
Brasil, houve um grande investimento no aparelho de arrecadação fiscal, 
qualquer efeito negativo que a lei poderia ter, aparentemente foi 
compensado com medidas administrativas do aparelho arrecadatório. Há 
recordes de arrecadação. 
Créditos tributários 
LF-05, art. 83, III - créditos tributários, independentemente da sua 
natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; 
A prioridade são os créditos propriamente ditos, acrescidos de juros e 
correção monetária. Multas não são créditos tributários22. Só os 
realmente tributários entram nessa classe. 
Créditos com privilégio especial 
LF-05, art. 83, IV - créditos com privilégio especial, a saber: 
a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 
2002; 
 
22
 CTN, art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e 
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [42] 
 
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo 
disposição contrária desta Lei; 
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a 
coisa dada em garantia; 
O artigo 964 do Código Civil define: 
CC02, art. 964. Têm privilégio especial: 
I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e 
despesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação; 
II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; 
III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias 
ou úteis; 
IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou 
quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou 
serviços para a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento; 
V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e 
serviços à cultura, ou à colheita; 
VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios 
rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do 
ano corrente e do anterior; 
VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o 
autor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado 
contra aquele no contrato da edição; 
VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido 
com o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, 
ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus 
salários. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [43] 
 
Professor diz não conseguir identificar uma lógica especial e intrínseca 
nos créditos especiais. 
Parecem ser, talvez, alguns aspectos que têm interesse à atividade 
econômica, de forma geral, ou de credores que teriam situação de 
hipossuficiência em relação à empresa23. 
Créditos no qual havia a retenção da coisa. Ex.: penhor de títulos de 
crédito; algum tipo de cláusula de reserva de domínio. Em relação ao 
privilégio geral, o art. 67 da LF-05 também comenta a possibilidade de 
credores terem privilégiosno caso de empréstimos à empresa em 
recuperação judicial. 
Privilégio geral 
LF-05, art. 83, V – créditos com privilégio geral, a saber: 
a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 
2002; 
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo 
disposição contrária desta Lei; 
O Código Civil elenca os créditos com privilégio geral24: 
CC02, art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os 
bens do devedor: 
 
23
 CC02, art. 963. O privilégio especial só compreende os bens sujeitos, por expressa 
disposição de lei, ao pagamento do crédito que ele favorece; e o geral, todos os bens não 
sujeitos a crédito real nem a privilégio especial. 
24
 Lembrar que não é rol taxativo e a alínea “c” do artigo 83, V da LF-05 deixa claro que 
disposição expressa pode afastar o privilégio geral (ou conferir-lhe outra classificação). 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [44] 
 
I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do 
morto e o costume do lugar; 
Despesas com funeral são extraconcursais. Na própria LRE há disposição 
que diz que essas despesas são extraconcursais25. 
II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação 
e liquidação da massa; 
III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos 
filhos do devedor falecido, se foram moderadas; 
IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no 
semestre anterior à sua morte; 
V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido 
e sua família, no trimestre anterior ao falecimento; 
VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano 
corrente e no anterior; 
VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do 
devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida; 
VIII - os demais créditos de privilégio geral. 
Créditos quirografários 
LF-05, art. 83, VI – créditos quirografários, a saber: 
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos 
bens vinculados ao seu pagamento; 
 
25
 Não identificado o dispositivo. Talvez o professor faça referência a dispositivo 
genérico, como o art. 84, I e V. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [45] 
 
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que 
excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
São créditos residuais. Definição de crédito quirografário é tudo aquilo 
que não tem algum privilégio. 
Multas contratuais e penas pecuniárias 
LF-05, art. 83, VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias 
por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas 
tributárias; 
Vide §3º do mesmo artigo: 
§ 3o As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão 
atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude 
da falência. 
Créditos subordinados 
LF-05, art. 83, VIII – créditos subordinados, a saber: 
a) os assim previstos em lei ou em contrato; 
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo 
empregatício. 
Basicamente, créditos dos sócios, ou outros créditos assim previstos em 
contrato. 
CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS (art. 84) 
LF-05, art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão 
pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na 
ordem a seguir, os relativos a: [cinco incisos] 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [46] 
 
Remuneração do administrador e seus auxiliares 
LF-05, art. 84, I – remunerações devidas ao administrador judicial e 
seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou 
decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados 
após a decretação da falência; 
Valorização da posição do administrador judicial. Essencial para criar uma 
classe de pessoas capazes, com experiência e dedicadas à administração 
de massas falidas. Não é igual à administração de uma empresa em 
situação normal de funcionamento. 
Decisões às vezes peculiares. Por exemplo, perante a necessidade de 
escolher quais unidades devem ser mantidas e quais devem ser fechadas, o 
juiz precisará do auxílio do administrador judicial para decidir. 
Administrador é uma figura muito próxima do juiz. 
A certeza de que vai receber é importante para formar um corpo de 
administradores judiciais. Empresas poderiam ganhar reputação no 
mercado e desenvolver técnicas, que poderiam ser reproduzidas em outras 
recuperações judiciais. É algo desejável, que o mercado se desenvolva. 
Quantias fornecidas à massa pelos credores 
LF-05, art. 84, II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
Situação em que a crise é tão aguda que não há como pagar sequer os 
custos básicos, como a segurança dos ativos. Neste caso, os credores 
podem adiantar valores com a perspectiva de preservar os ativos que serão 
liquidados. Precisam ter a garantia de que vão receber de volta os valores, 
senão não vão participar. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [47] 
 
Despesas com arrecadação... 
LF-05, art. 84, III – despesas com arrecadação, administração, 
realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas 
do processo de falência; 
Aqui também cabe o exemplo com a segurança; mas, neste caso, os 
valores não são dados pelos credores à massa. 
Custas judiciais 
LF-05, art. 84, IV – custas judiciais relativas às ações e execuções 
em que a massa falida tenha sido vencida; 
Obrigações resultantes de atos jurídicos válidos... 
LF-05, art. 84, V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos 
praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 
desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a 
fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a 
ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 
Contratos realizados durante a recuperação judicial estão abaixo dos 
créditos decorrentes de atos durante a própria falência. 
CESSÃO DOS CRÉDITOS 
Possibilidade de mercado não só dos ativos, mas também dos créditos. Em 
última instância, formação de um mercado de créditos em torno do 
processo de falência. 
Fundos “abutres”: analisam créditos de empresas quebradas – legislação 
de um país, percentual de crédito em relação a toda a massa falida; a 
massa falida propriamente dita. Última análise da natureza do crédito para 
saber a possibilidade de reclassificação do crédito. Por exemplo, se uma 
garantia real não tenha vícios que possam reclassificar este crédito. 
DCO0512-54 – Empresas em Crise II: Falência (2013.1) – USE POR SUA CONTA E RISCO [48] 
 
Verificam as chances de conseguir recuperar os valores e compram o 
crédito com deságio. 
É positivo para economia existir este mercado? Agentes com 
conhecimentos, ativos financeiros e atuação dinâmica sobre créditos em 
processos falimentares teriam melhores condições de evitar que outros 
créditos sejam pagos mediante fraude, porque teriam condições de 
identificar sua ocorrência e de brigar para evitar que seus próprios créditos 
sejam preteridos. 
A existência desses fundos pode ter um efeito positivo, que é de 
saneamento do sistema. Os “fundos abutres”, assim, podem ter função 
importante. A atividade desses fundos abutres em relação à Argentina, por 
exemplo, pode ser péssima, mas por outro lado pode estimular outros 
governos a serem mais responsáveis, ao menos idealmente. Em relação 
aos fundos abutres não haveria muita assimetria de informação. 
A liquidação do Banco Cruzeiro do Sul. 
Em relação ao Brasil, professor diz que é necessário desenvolver uma 
classe de pessoas que conheçam as leis brasileiras. 
Na

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