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Carboidratos PROFª. ESP. JAMYLA CRUZ IBIAPINA Introdução: Carboidratos abrangem uma dos maiores grupos de compostos orgânicos encontrados na natureza e juntamente com as proteínas formam os constituintes principais dos organismos vivos, além de serem a mais abundante e econômica fonte de energia para o homem. Os carboidratos constituem mais de 90% da matéria seca das plantas. Logo, são abundantes, amplamente disponíveis e de baixo custo. Os carboidratos são componentes frequentes dos alimentos, podendo tanto ser componentes naturais como adicionados como ingredientes. Eles são encontrados em diversos produtos, sendo consumidos em grande quantidade. Apresentam muitas estruturas moleculares, tamanhos e configurações diferentes, com varias propriedades físicas e químicas, diferindo, ainda, em seus efeitos fisiológicos no corpo humano. Representam as primeiras substâncias orgânicas formadas na natureza, graças à fotossíntese das plantas e quimiossíntese das bactérias. Podemos representar o processo pela equação simplificada: H2O + CO2 + luz C6(H2O)6 + O2 Nomenclatura: A designação,o “carboidratos” foi dada inicialmente a estes compostos, por se acreditar que eles eram na realidade hidratos de carbono, c6omo por exemplo glucose: C6H12O6 ; sacarose: C12H22O11; ou ainda amido ou celulose: C6H10O6. No entanto, com base neste conceito, um grande número de carboidratos não seriam “hidratos de carbono”, como os polióis ou desoxiaçúcares, enquanto outros compostos, como o ácido acético, poderia ser considerado como tal. Classificação: Os carboidratos são classificados em mono, oligo e polissacarídeos. Monossacarídeos são compostos que não podem ser hidrolisados a compostos mais simples, e como exemplo podemos citar a glucose e a frutose. Embora não seja possível uma separação nítida entre oligo e polissacarídios, podemos considerar como oligossacarídios, os carboidratos de cuja hidrólise total resultem até dez unidades de monossacarídios, como por exemplo a sacarose que é um dissacarídio. Polímeros de alto peso molecular, formados por um grande número de monossacarídios, são denominados polissacarídios. Podem ser divididos em três classes principais de acordo com o número de monômeros (moléculas fundamentais) e ligações glicosídicas. Classificação Monossacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos 2-10 unid de mono > 10 unid de mono Monossacarídios: São carboidratos mais simples, que não podem ser hidrolisados a açúcares de menor peso molecular. São classificados como aldoses e cetoses , no caso de serem poli-hidro- xialdeídos ou poli-hidroxicetonas respectivamente, e tanto as aldoses quanto as cetonas são subdivididas em trioses, tetroses, pentoses, hexoses etc., de acordo com o número de carbonos na cadeia. Na natureza são encontrados com maior frequência, tanto na forma livre como fazendo parte de moléculas de oligo e polissacarídeos, aldoses com seis átomos de carbono na cadeia, denominadas aldo-hexoses (ex. glucose, galactose), seguidas de aldoses com cinco átomos de carbono denominadas aldopentoses (ex. xilose, arabinose). Entre as cetoses, a única amplamente distribuída na natureza é a frutose, uma cetohexose. MONOSSACARÍDEOS São as menores unidades estruturais dos carboidratos; Consistem somente de uma unidade de poliidroxialdeídos ou cetonas, as quais podem ter de três a sete átomos de carbono. MONOSSACARÍDEOS Devido à alta polaridade, são sólidos cristalinos em temperatura ambiente, solúveis em água e insolúveis em solventes não polares; Os monossacarídeos apresentam isomeria óptica; D - desvia para a direita a luz polarizada, sendo chamado de destrógiro; L – desvia para a esquerda e é chamado de levógiro. MONOSSACARÍDEOS D-gliceraldeído D-eritrose D-treose D-ribose D-arabinose D-allose D-xilose D-lixose D-manose D-glicose D-altrose D-gulose D-idose D-galactose D-talose triose hexoses pentoses tetroses Galactose MONOSSACARÍDEOS Propriedades e reações: Sendo a D-glucose e a D-frutose respectivamente a aldose e a cetose mais abundantes na natureza, usaremos como exemplos típicos para as reações de monossacarídios. Açúcares são geralmente sólidos cristalinos, incolores e têm sabor doce. São compostos naturais, com sabor doce, mais conhecidos, e entre eles a sacarose é talvez o adoçante mais antigo a ser utilizado e relatado. São facilmente solúveis em água, e suas soluções são oticamente ativas. Propriedades e reações: Reduzem facilmente soluções alacalinas de Cu 2+ a Cu 1+ (reação de Fehling) e soluções amoniacais de Ag+ à prata metálica (reação de Tollens). São reduzidos com amálgama de sódio em meio fracamente ácido ou hidreto de boro e sódio ou ainda com hidrogênio sob pressão em presença de níquel de Raney, a poliois. Oxidação com oxidantes brandos, como água de bromo leva á formação de ácidos glicônicos, e com oxida mais enérgicos à ácidos glicáricos. Cetose não reagem com oxidantes brandos, mas em presença de oxidantes enérgicos sofrem rompimento da cadeia com formação de dois ácidos dicarboxílicos. Reações com aminas: Monossacarídios reagem com hidroxilamina e aminas, com formação, de oximas e iminas (base de Shiff). Entretanto, a não ser em condições de reação muito especiais, a base de Schiff formada não é estável, sofrendo um rearranjo catalisado por ácido- base, denominado rearranjo de Amadori. Reações com aminas: As cetoses sofrem rearranjo semelhante, transformando-se por reação com aminas em 2-desoxiaminoaldoses, e neste caso o rearranjo é denominado rearranjo de Heyns. Esses rearranjos são de extrema importância para a tecnologia dos alimentos, uma vez que essas reações também acontecem entre os açúcares redutores e os aminoácidos ou as proteínas existentes nos alimentos. Os compostos formados a partir dos rearranjos de Amadori e Heyns dão início a uma série de reações que conduzem finalmente À formação de compostos escuros denominados melanoidinas importantes na produção de cor em alimentos. Alguns dos intermediários formados nessas reações são responsáveis pela formação de aromas. É a reação de escurecimento não enzimático, denominada reação de Maillard. Reação com fenil-hidrazina: Açúcares são compostos dificilmente obtidos puros na forma cristalina, e seus pontos de fusão, na maioria das vezes, não são bem definidos. Em 1884 Emil Fischer introduziu a fenil-hidrazina como meio de identificação desses compostos, uma vez que as osazonas formadas são compostos bem cristalizados e em geral de forma cristalina bem definida. A formação de osazonas é útil, não só na identificação de carboidratos, mas também na determinação da configuração desses compostos, uma vez que açúcares que diferem apenas na configuração dos dois primeiros átomos de carbono dão origem a osazonas idênticas. A reação com fenil-hidrazina é útil na transformação de aldoses em cetoses com o mesmo número de átomos de carbono na cadeia. Reação com periodato: A reação com periodato tem grande importância na confirmação da estrutura de carboidratos. Os produtos formados podem ser facilmente determinados quantitativamente por titulação do ácido fórmico ou pela reação do formaldeído com dimedona que leva À formação de um composto sólido, bem cristalizado. Ação de ácidos: Açúcares, quando aquecidos em soluções ácidas mesmo diluídas, sofrem desidratação, por um mecanismo que envolve enolização e eliminação alílica (B- eliminação) com formação de um furaldeido como produto final. Ação de álcalis: Em 1895, foi observado que soluçõesfracamente alcalinas de D-glucose continham depois de algum tempo D-manose e D-frutose em equilíbrio com o açúcar original. Essa reação, de aplicação geral, se dá também inicialmente como no caso de reação em meio ácido, pela formação de um intermediário enólico. Metilação e acetilação: Os grupos hidroxílicos dos carboidratos podem ser facilmente metilados ou acetilados pelos métodos usuais de alquilação e acilação. Estas reações são de grande importância na determinação do tamanho do anel de monossacarídio na forma cíclica e consequentemente também na determinação da estrutura química de oligo e polissacarídios. Nomenclatura dos monossacarídios: A nomenclatura dos monossacrídios na forma cíclica é feita substituindo- se a sílaba se do nome do açúcar na forma acíclica, pela terminação piranose para os anéis de seis membros e furanose para os de cinco membros. As letras gregas x e β devem sempre preceder o nome do açúcar, indicando a configuração do carbono anomérico. Exemplos: D-glucose X-D-glucopiranose Anel de seis membros Β-D-glucopiranose X-D-glucofuranose Anel de cinco membros Β-D- glucofuranose D-frutose X-D-frutopiranose Anel de seis membros Β-D-frutopiranose X-D-frutofuranose Anel de cinco membros Β-D- frutofuranose D-xilose X-D-xilopiranose Anel de seis membros Β-D-xilopiranose X-D-xilofuranose Anel de cinco membros Β-D- xilofuranose Glicosídios: A reação de açúcares com álcoois, catalisada por ácidos, como visto anteriormente se dá de maneira diversa da reação de formação de acetais. No caso dos açúcares a reação se dá na proporção de 1:1 (açúcar:álcool) com formação, por um mecanismo de substituição nucleofílica, de dois compostos anômeros.Ex: X-D –glucopiranose Me-x-D-glucopiranosídio Me-B-D-glucopiranosídio A parte não glicosídica do composto (neste caso o grupo metílico) é denominada aglicona. Glicosídios: Na natureza, glucose e frutose, bem como outros açúcares menos conhecidos como ramnose e rutinose, são encontrados com bastante frequência na forma de glicosídios. Pertencem aos glicosídios compostos importantes em alimentos como taninos e flavonoides, nos quais a aglicona é sempre um composto fenólico. 1.Reações de monossacarídeos: Todas as moléculas de carboidratos possuem hidroxilas livres para reagir. Os monossacarídeos simples e muitas outras moléculas de carboidratos de baixa massa molecular também possuem grupos carbonila disponíveis para reação. A formação de anéis piranosídicos e furanosídicos e glicosídeos já foi descrita. 1.1 Oxidação a ácidos aldônicos e a aldonolactonas: As aldoses são facilmente oxidáveis a ácidos aldônicos pela oxidação do grupo aldeído a um grupo carboxil/carboxilato. Essa reação costuma ser usada para a determinação quantitativa dos açúcares. A oxidação da D-glicose ácido D-glicônico . Constituinte natural de suco de frutas e do mel. Acidulante de alimentos de grande qualidade por conferir acidificação lenta e sabor suave. Usado em carnes e produtos lácteos e, particularmente, em massas refrigeradas como fermento químico. 1.2 Redução dos grupos carbonila: A hidrogenação é a adição de hidrogênio a uma ligação dupla. Quando aplicada a carboidratos, ela promove a adição de hidrogênio À dupla ligação entre átomo de oxigênio e o átomo de carbono, do grupo carbonila de uma aldose ou de uma cetose. D-glicose + H D-glicitol = sorbitol Bastante difundido na natureza, estando principalmente nas algas e frutas. Presente em pequenas quantidades nos alimentos. Apresenta metade do poder adoçante da sacarose, sendo vendido como xarope e em cristais, e usado como umectante, ou seja, uma substância que permite a manutenção/retenção de umidade nos produtos. 1.2 Redução dos grupos carbonila: D-manose + H D-manitol Comercialmente obtido junto ao sorbitol pela hidrogenólise da sacarose. Ele é o produto da hidrogenação da D-frutose. Diferente do sorbitol, não é umectante. Em vez disso, ele cristaliza com facilidade, sendo apenas moderadamente solúvel e usado como cobertura não adesiva em doces. 1.2 Redução dos grupos carbonila: D-xilose + H D-Xilitol Seus cristais apresentam calor bastante negativo em soluções. O comportamento endotérmico da solução cristalina de xilitol produz uma sensação de refrescância na boca. Essa refrescância faz do xilitol um ingrediente preferencial em balas de menta e gomas de mascar sem açúcar. Seu poder adoçante é semelhante a sacarose. O xilitol não é cariogênico, pois não é metabolizado pela flora bacteriana da boca que produz a placa dentária. 1.3 ácidos urônicos: O átomo de carbono terminal de uma unidade monossacarídica de um oligo ou polissacarídeo pode ocorrer sob a forma oxidada (ácido carboxílico).A aldo-hexose com C-6, sob a forma de grupo ácido- carboxílico, é chamada de ácido urônico. O a ácido D-galacturônico é o principal componente da pectina. 1.4 Ésteres do grupo hidroxila: Acetatos, semiésteres de succinato e outros esteres de ácidos carbixílicos de carboidratos ocorrem na natureza. Eles são especialmente encontrados como componentes de polissacarídeos. Ex: amido da batata, amido do milho. Emulsificantes. 1.5 Éteres do grupo hidroxila: Não são tão comuns na natureza como os ésteres. Entretanto, os polissacarídeos são eterificados comercialmente para apresentarem propriedades modificadas e mais utéis. São exemplos de produtos, o metil, o sódio carboximetil, o hidroxipropil éter de celulose e hidroxipopil éteres de amido. Emulsificantes e detergentes não iônicos. 1.6 Escurecimento não enzimático: O escurecimento de alimentos sob aquecimento ou durante a estocagem se deve a reações químicas entre o açúcar redutor, principalmente a D-glicose, e um grupo amina primário. Reação de Maillard. Tipo de escurecimento mais rápido, catalisado por enzimas, o qual costuma ser observado em frutas e vegetais recém-cortados, como no caso maçã e batata. Escurecimento Enzimático Para evitar o escurecimento enzimático pode-se utilizar: O calor – a enzima é sensível ao calor acima de 50°C e completamente destruída a 80°C; Exclusão ou remoção dos substratos (oxigênio e compostos fenólicos) Sulfito – pode agravar alergias em asmáticos; Ácido cítrico, ácido ascórbico e ácido málico – redução de Ph o O sulfito é utilizado no controle do escurecimento de frutas e vegetais antes da secagem. o Pode interagir com a quinona, formando sulfoquinona, ou irreversivelmente inibir a enzima. o Problemas de corrosão e aparecimento de sabor estranho pode ocorrer, se utilizado em excesso. o Mesmo assim, sulfitos e/ou, ascorbatos são os mais utilizados no controle do escurecimento em operações de processamento de alimentos. Escurecimento Enzimático Escurecimento Enzimático o O ácido ascórbico e seus derivados, utilizados isoladamente ou em combinação com ácido cítrico, são muito empregados na prevenção do escurecimento oxidativo em sucos, antes da pasteurização. o A centrifugação e a filtração eliminam a possibilidade de escurecimento. o O produto final, embalado com o mínimo de espaço livre, mantém-se inalterado por diversas semanas em condições de refrigeração. Escurecimento NÃO Enzimático A intensidade das reações de escurecimento não enzimático em alimentos depende da quantidade e do tipo de carboidrato presente. É muito importante em alimentos Caramelização Reação de Maillard Oxidação de ácido ascórbico 1.7 Caramelização: O aquecimento de CH, em particular da sacarose e de açúcares redutores,em ausência de compostos nitrogenados, promove um complexo grupo de reações envolvidas na caramelização. O produto final caramelo, possui uma estrutura complexa de compostos poliméricos, além de compostos de aroma e sabor. Tipos de caramelo: Classe I: caramelo claro ou cáustico é preparado aquecendo-se um carboidrato sem amônia ou sem íons sulfito; um ácido ou uma base podem ser empregados. Classe II: caramelo sulfocáustico é preparado por aquecimento de uma carboidrato em presença de um sulfito, mas em ausência de qualquer íon amônia; um ácido ou uma base podem ser empregados. Cor marrom avermelhado confere cor a cerveja e bebidas alcoólicas. Classe III: Caramelo de amônia é preparado com aquecimento de uma carboidrato em presença de uma fonte de íons amônia, mas sema presença de íons sulfito, pode ser empregado ácido ou base. Cor marrom avermelhado utilizado em produtos de panificação, pudins e xaropes. Classe IV: caramelo de sulfito-amônio preparodo com aquecimento de carboidrato na presença de amônia e sulfito, um ácido ou base podems ser empregados. Cor marrom, usado em refrigerantes cola, xaropes, temperos secos, assados e rações. 1.8 formação de acrilamida: A reação de maillard tem sido implicada na formação de acrilamina, em muitos alimentos que foram submetidos a altas temperaturas, durante processos ou preparações. Níveis de acrilamida têm sido observados em diversos alimentos que foram elaborados por fritura, panificação, assados ou outros processos que utilizem altas temperaturas (>120ºC). Ela é conhecida por ser neurotóxica, sendo, provavelmente, um fraco carcinogênio para seres humanos. Branqueamneto, maceração em água, modificação dos reagentes, adição de substratos competidores e incorporação de sais, são utilizados para redução dos níveis de acrilamida nos alimentos. Oligossacarídeos: Poucos são os oligossacarídeos de ocorrência natural. A maioria é produzida por hidrólise de polissacarídeos em unidades menores. Maltose Lactose Sacarose Ciclodextrinas. Polissacarídios: São macromoléculas naturais ocorrendo em quase todos os organismos vivos onde exercem várias funções. São formados pela condensaçõa de monossacarídeos ou seus derivados, unidos entre si por ligações glicosídicas. São substâncias de alto peso molecular. Podem ser de cadeia linear, ramificada e, raramente cíclica. Os polissacarídios de menor peso molecular são na sua maioria mais solúveis em água, e a solubilidade diminui não só com o aumento de peso molecular, mas também com a menor ou maior facilidade com que as moléculas desses compostos se associam uma as outras. Os polissacarídios mais insolúveis são os encontrados nas paredes celulares e sua função nos vegetais é a de reforçar a estrutura dos vegetais, razão pela qual são denominados polissacarídios estruturais. Classificação e funções: São classificados em homoglicanas e heteroglicanas, quando formados respectivamente por uma única espécie de monossacarídio ou por monossacarídios diferentes. Na natureza esses polímeros têm diversas funções: estrutura de paredes celulares de vegetais (celulose, hemicelulose, pectina) ou de animais ( quitina, mucopolissacarídios); são reservas metabólicas de plantas (amido, dextranas e frutanas) e de animais (glicogênio); agem como substâncias protetoras de plantas, devido à sua capacidade de reter grandes quantidades de água. Função de polissacarídios em alimentos: Apresentam propriedades de reter água, formando soluções coloidais e controlando desse modo a atividade de água de um sistema. Gomas, coloides hidrofílicos, mucilagens, ou ainda polisascarídios solúveis em água, são algumas designações dadas a essas substâncias que têm a capacidade de formar com água géis ou soluções viscosas, isto é, têm a função de agentes espessantes ou gelificantes, estabilizantes de emulsões. Gelatinização e retrogradação do amido: Quando grãos de amido são suspensos em água e a temperatura é aumentada gradualmente, nada acontece até atingir a chamada temperatura de gelatinização. Nesta temperatura, as ligações de hidrogênio mais fracas entre as cadeias de amilose e de amilopectina são rompidas e os grãos de amido nessas regiões começam a intumescer e formar soluções consideravelmente viscosas. Quando soluções de amido são resfriadas, haverá a formação de géis ou de precipitados microcristalinos, dependendo da concentração das soluções e da velocidade do resfriamento. Soluções concentradas e resfriadas rapidamente tendem a formar géis, enquanto soluções mais diluídas, deixadas em repouso, tendem a precipitar. Esse fenômeno, conhecido como retrogradação do amido, é acelerado pelo congelamento de suas soluções aquosas. As ramificações da amilopectina, impedem ou dificultam a aproximação dessas cadeias,o que faz com que a amilopctina permaneça em solução. Função de amidos em alimentos: Amidos não modificados são usados principalmente para: Viscosidade; Formar géis; Estabilizante; Umectante. Amidos modificados: Amidos pregelatinizados Dextrinas Amidos oxidados Amidos com ligação cruzadas Amidos esterificados Amidos pregelatinizados: São os amidos modificados mais simples. São amidos pré-cozidos e secos, dando produtos que dispersam facilmente em água com agitação, dando suspensões estáveis. Podem ser usados sem necessidades de cozimento, como em pós para pudins e “mousses”. Dextrinas: São compostos com estrutura química semelhante ao amido, porém de peso molecular menor. São formadas por aquecimento do amido por diferentes tempos e temperaturas podendo variar de 80ºC a 220ºC, em presença ou não de catalisadores. As dextrinas são mais solúveis em água do que os amidos, dando soluções menos viscosas. Amidos oxidados: A oxidação branda de amidos, por exemplo com hipoclorito de sódio, leva á formação de compostos nos quias algumas hidroxilas são oxidadas a carbonilas ou carboxilas. Devido ao fato de os grupos carbonilicos e carboxílicos serem mais volumosos do que os hidroxílicos, esses grupos tendem a manter as cadeias de amilose separadas, evitando assim a retrogradação do amido. Durante a oxidação, pode ocorrer degradação do amido, levando À formação de amidos de menor peso molecular e viscosidade mais baixa. Amidos com ligações cruzadas: Compostos como, epicloridina, anidrido succínico, anidrido adípico, são capazes de unir duas cadeias de amilose, reagindo com as hidroxilas, formando ligações cruzadas. A maioria dos amidos modificados, é de ligações cruzadas, que conferem ao amido propriedades como estabilidade à agitação, resistência a temperaturas altas e à ação de ácidos. Amidos esterificados: A reação de amidos com ácido fosfórico leva À formação de amidos fosfatados. Neste caso também, as cadeias de amilose são mantidas separadas, evitando a retrogradação, não só pela eliminação de algumas hidroxilas, mas também pela introdução nas cadeias, de radicais carregados negativamente, que vão se repelir, mantendo ad Reações químicas de carboidratos: Reações Químicas de Carboidratos Hidrólise: Pode ser química ou enzimática É influenciada por vários fatores como pH, temperatura, configuração anomérica (α é mais suscetível), forma e tamanho do anel (piranosídicas são mais estáveis que as furanosídicas). Reações Químicas de Carboidratos Mutarrotação: É a primeira e mais simples reação que ocorre nos açúcares e consiste na abertura do anel; Todos os mono e oligossacarídeos sofrem mutarrotação; Consiste na mudança gradativa da rotação óptica até alcançar um ângulode equilíbrio entre os compostos cíclicos alfa e beta. Reações Químicas de Carboidratos Desidratação : Por meio de uma sequência de reações de desidratação: As pentoses formam o 2-furaldeído (furfural) As hexoses o 5-hidroximetil-2-furaldeído (HMF); Essa reação ocorre em meio ácido sob aquecimento; O furfural é volátil, enquanto o hidroxi-metil-furfural não, além de ser menos estável. Propriedades funcionais dos carboidratos em alimentos Doçura Os açúcares conferem sabor doce aos alimentos, o que é uma propriedade intrínseca. O padrão de doçura é a sacarose, ao qual se atribui valor de doçura relativa igual a 100. A intensidade de sabor doce de um alimento varia com o açúcar e com sua concentração no alimento. O açúcar também é utilizado como melhorador de sabor na fabricação de maionese, catchup e molhos. Em alimentos ácidos, como picles, doces e sucos, minimiza a acidez. Doçura Higroscopicidade É a capacidade do açúcar na forma cristalina de absorver umidade da atmosfera e formar torrões, às vezes tão duros que prejudicam sua utilização. É indesejável e ocorre devido armazenamento inadequado. Os açúcares são mais higroscópicos quanto menor for o tamanho do cristal, devido maior superfície de contato (açúcar refinado açúcar cristal). A umidade de açúcar permitida é de 0,15, mas como ele é higroscópico, ela pode ser alterada, com aumento da Aw e consequente desenvolvimento microbiano. Solubilidade Todos os açúcares são solúveis em água fria. A solubilidade de mono e dissacarídeos em água aumenta com o de temperatura. A frutose é o açúcar mais solúvel e a lactose o menos solúvel. Uma variação brusca de temperatura pode supersaturar a solução de açúcar e provocar cristalização. Isso pode levar a erros no preparo de doces, como rapaduras e doce de leite em barra, pois o açúcar é adicionado na mistura ainda quente (solubilidade maior), podendo o doce, ao esfriar, estar supersaturado, o que levará à cristalização. Pressão osmótica e atividade de água Está relacionada com o açúcar em solução. O aumento da concentração de açúcar aumenta o tempo de conservação devido aumento da Pressão Osmótica – pressão aplicada para prevenir a perda de água. Quanto maior a PO, menor a atividade de água e menor a quantidade de água disponível para microrganismos. Umectância É a capacidade de retenção de umidade – maciez Ex: essa propriedade permite um tempo de armazenamento maior ao bolo, que demora mais para endurecer. É a capacidade de retenção de umidade que aumenta O açúcar rouba a água ligada; por isso ao se adicionar açúcar ao bolo, convém aumentar o teor de líquidos (leite e ovos). Texturização Propriedade de afetar a textura do alimento. A viscosidade de pende da temperatura e da concentração. Reduzindo a temperatura e aumentando a concentração, a viscosidade aumenta. Acima de 40% de concentração, a viscosidade se eleva mais rapidamente. Exemplos: leite condensado, doce de leite, doces em massa, mel, melado, xarope, caramelo. Ligação com flavorizantes Capacidade de reter compostos voláteis aromáticos e pigmentos naturais. Entre os compostos voláteis estão incluídos vários aldeídos, cetonas, ésteres, ácidos carboxílicos. Bibliografia: Fennema, O.R. Química de Alimentos de Fennema. Ed. Artmed, 4ª ed. 2010. 613.2 D163q Bobbio, P.A. Introdução á química de alimentos. Ed. Livraria Varela, 3ª ed. 2003. 641.1 B663i
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