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Criminologia II Aula 09/05/2013 Privação Emocional e Delinqüência Winnicott e John Bowlby: estudo com crianças abandonadas pelos pais. Aspectos da mente infantil Amor e Ódio: A criança já nasce com os sentimentos de amor e ódio. São sentimentos intensos, primários, fundamentais e fundidos – a criança não os distingue. Tudo é turvo, confuso, instável, e até paranóico. A maturação psicológica é tanto maior quanto a capacidade de separação desses dois sentimentos. O objetivo do bebê não é amar ou odiar; é um estado tensional, de excitação orgânica, sendo que para a criança não há muita diferenciação entre físico e psíquico; a criança só quer dar vazão a essas energias instintivas. Mas não há uma objetivação do que se ama ou se odeia. Os sentimentos são relativos a dois verbos – amar e odiar. São verbos transitivos diretos, exigindo complemento. Na mente infantil os verbos são intransitivos, não existindo um complemento. São amor e ódio fisiológicos. A fusão entre o amor e o ódio é ilustrada pelo verbo comer – quando se come algo é porque se gosta. Mas comendo se acaba com o que se gosta. Se como, acabo com o que gosto, se não como, não desfruto do que gosto. Dinheiro – se gastar, fico sem, se não gastar, ele não vai servir para nada. O verbo comer é usado pela gíria sexual. Para o professor essa gíria sexual é muito rica, pois expressa o que há no fundo do ser humano – o sexo junta a agressividade com a libido. Psicopata – criança que não cresceu, predomina a mente infantil, destrói a quem ele ama – seu sexo costuma ser altamente destrutivo. Este amor primitivo é fixado na mente infantil. Maturidade: definição de objetivos; maior estabilidade emocional. A instabilidade emocional é infantil, e também própria do delinqüente – não de forma determinista, mas porque sua própria vida o torna assim (sua vida é repleta de imprevisibilidade). As relações emocionais com a mãe são estruturantes para a criança começar a diferenciar seus sentimentos, para saber quando está amando ou odiando e o que ama ou odeia. A mãe é a administradora da vida psíquica da criança. Se houver privação emocional, um transtorno nestas relações emocionais fundamentais da criança com a mãe, isso poderá comprometer o desenvolvimento da capacidade de diferenciação dos sentimentos. Freud: nada existe no adulto que não tenha existido na criança, ao menos em potencial. Não há como criar coisas novas, apenas como desenvolver. Agressividade e Confiabilidade do Lar: A agressividade é a objetivação do ódio – é energia que se expande. A criança passa por uma experiência de perda, de separação com o mundo. O bebê de início sente que ele e o mundo são uma coisa só: narcisismo primário, as sensações são derivadas de si mesmo. Começa a rebeldia quando começa essa objetificação, já que a descoberta de que não se é fundido com o mundo é dolorosa. Existem três formas de lidar com a agressividade: i. Manifestação espontânea e sadia: orientada aos seus objetivos legítimos; a criança reivindica o que é seu. ii. Timidez: se recolher, ameaçar de chorar. Repressão. Essa agressividade não manifesta terá reflexos orgânicos e complicações. iii. Manifestação livre e descontrolada: não é legitima e sadia, pois não está voltada ao seu objetivo legitimo; é uma inquietação sem objetivo, a criança não sabe administrar a agressividade. A espontaneidade sadia depende da confiabilidade da mãe e, por extensão, do lar. Confiabilidade é a mãe que aceita, ama e compreende o filho em sua totalidade, mesmo enquanto agressivo. Não é aceitar a agressividade, mas o filho enquanto agressivo. É necessário viver e dimensionar a agressividade, sentindo efeitos e reflexos dela para aprender a administrá-la. Esta confiabilidade não existe fora do lar, é típica da mãe e do ambiente familiar. Conseqüências da privação emocional: vão comprometer a confiabilidade do lar, a capacidade de administração da agressividade, a objetivação e a diferenciação dos sentimentos. Capacidade de envolvimento vs. Sentimento de culpa: a capacidade de assumir a responsabilidade (pelos impulsos e não somente pela autoria dos atos) é o desenvolvimento. Capacidade de ter consciência do desdobramento de seus atos e avaliar o contexto de sua vida. O sentimento de culpa traz a auto-reprovação, e pode ser suportável ou não. É importante para o desenvolvimento da ética. A criança só consegue manifestar esta capacidade construtiva quando é aceita, quando há confiabilidade do lar. Se a mãe tiver problemas não resolvidos de sua infância, não permitirá essa individualização, o que criará um vínculo mórbido. Se a mãe tiver capacidade de distanciamento, distinção, de reconhecer a identidade do filho, mas permanecendo disponível e acessível à criança, essa vê que a mãe continua confiável. Sentimento de culpa – auto-reprovação, pode ser suportável ou insuportável. Envolvimento – assume a responsabilidade pelos seus próprios impulsos (não só pela autoria dos atos). Tal fato traz uma maior integração (melhor comando), maior desenvolvimento. Tal é indispensável ao desenvolvimento da ética. Sentimento de culpa e capacidade de envolvimento Desenvolvimento da capacidade de envolvimento e da capacidade construtiva. - eu: distinto – impulso construtivo e destrutivo Eu mãe - criança: consegue viver seus impulsos e dimensiona-los - admite seus impulsos como sendo seus - envolvimento - capacidade construtiva - mãe: distinta – disponível e acessível | confiável Eu/mãe fundidos e realmente muito próximos. A mãe sendo disponível e distinta, a criança consegue viver seus impulsos e dimensiona-los, admitindo seus impulsos como sendo seus, podendo apresentar, assim, capacidade construtiva, graças à confiabilidade; Privação Pode trazer consequências graves não só à conduta delinquente, mas também ao desenvolvimento amoroso da pessoa. Tipos: Por relações insuficientes: dela ninguém escapa. É relação insuficiente do ponto de vista quantitativo (tempo que se dedica à criança, que poderia implicar em sacrifícios profissionais, por exemplo) e qualitativo. Há relações intensamente insuficientes, a exemplo de “o pai ou a mãe não estão nem aí”, podendo daí decorrer drogas, delinquência e etc. Tais privações são muito sérias. Por relações descontínuas: interrompe a relação com o filho por um prazo significativo. A criança sente no começo, tem que se adaptar. Quando os pais se separam, por exemplo. Por relações distorcidas: essa é terrível, pois muitas vezes são imperceptíveis. Violência física, psíquica, por chantagem. Violência psíquica por falta de tato entre mãe e filho. Outra coisa é quando a mãe se sente possuidora da criança, quer que sempre seja o seu bebê. Não é uma relação autêntica. Aula – 16/05/2013 Deliquência Neurótica Vias de Solução “socialmente adaptadas” Elaboração Psíquica (maturação) – aptidão para novas relações. Suturar a ferida. É a mais adequada. Isso se dá pelas experiências da vida ou pela psicoterapia. A relação primordial que foi frustrante não marca mais o padrão de conduta, não deixando sequelas. Tal não acontece nas 2 seguintes. Reconforto através de outros objetos (pessoas)- sujeito a recaídas. O sujeito se reconforta através de outras relações. Tem-se uma sensação de bem-estar. É como se a ferida estivesse suturada, mas, na verdade, ela está encoberta. A pessoa se reconforta, conseguindo viver uma vida com qualidade graças a certas amizades e namoro. Só que se ela perder está sujeito a recaídas. São pessoas pegajosas. A outra pessoa é o barco de salvação. Daí pode se tornar insuportável. Dá impressão que amam demais, mas, na verdade amam a si mesmos. O outro é o barco de salvação. Objetos substitutivos – obsessividade. Pessoas obsecadas por objetivos ou atividades,que nada mais servem como objetivos substitutivos, que substituem ilusoriamente uma perda. Trata-se de uma busca incansável pelo objeto que ele perdeu. Aquela falta fundamental; (nível + complicado) “Luto” – os caminhos perdem o sentido. “melancolia” – o caminhar perde o sentido. Geralmente leva ao suicídio. Drogas – soluções fáceis para as motivações básicas (paz, coragem, outras formas de ser – viver outras experiências que não as suas). Podem ser também um caminho disfarçado para a morte. Todos nós temos desejo pela tranquilidade, as drogas seriam um caminho. Segundo a classificação, 3 tipos de drogas: 1) Psicolépticas – tranquilizantes; ex.: maconha, ansiolíticos, álcool. 2) Psicoanalépticas – excitantes, que dão energia, coragem, força; ex.: cocaína, anfetaminas, drogas sintéticas. 3) Psicodislépticas – despersonalizantes, euforizantes, são aquelas que transformam a pessoa, através de alucinações, delírios. Ex.: LSD, opiáticos (morfina, heroína, crack). Delinquência: busca incansável do objeto perdido, não mais através da droga. Pode ser através de objetos substitutivos (como dinheiro). Traficantes, geralmente, nunca se satisfazem com o que tem. Além disso, são pessoas insaciáveis, que se deve a um paraíso perdido, que nunca é encontrado. A recuperação dessas pessoas é bastante difícil. Podem ser que não voltem ao crime, mas continuam insatisfeitos, infelizes. Para Willincot a delinquência pode ser boa porque se trata a busca de algo na vida. Aqui o individuo, além da perda do objeto, sofre com a perda da confiança no ambiente, que não lhe oferece mais referenciais, o ambiente não inspira confiança. Se nós nos sentimos perdidos quando não temos referência. 2 necessidades: Re-possuir o objeto (“furto”, estelionato, tráfico, roubo) Reconquistar a estabilidade (“destrutividade” – o delinquente chama a atenção para si, ele se torna os centro das atenções) Delinquência Neurótica A neurose não leva ao crime, mas pode ser condição psicológica que fragiliza a pessoa e a tornam mais vulnerável perante os conflitos sociais que podem favorecer a formas não convencionais de soluções de conflitos (leitura psicológica). Hoje em dia, no entanto, a leitura do crime vai muito além. É um componente dessas pessoas que estão enfrentando problemas mais graves. Núcleo da neurose: Conflito intrapsíquico – entre pulsões instintivas e de outro lado os mecanismos de controle do ego e as imposições do superego. Tratam-se também de proibições internas, que geram sofrimentos conscientes, mas com causas inconscientes. Os elementos constituintes da neurose: fixação (etiologia), frustações (interiores e exteriores), regressão e repressão (Freud e Fenichel). Sintomas (tentativas frustradas de solução de conflito): ansiedade, angústia (constrição), insônia, queda de produtividade, insatisfação sexual, desadaptação, reações psicossomáticas, depressão, irritabilidade etc. (Maranhão) – ninguém escapa disso! Conceituação de neurose É um conflito intrapsíquico relativamente persistente do individuo, entre seus impulsos instintivos originados do ID, de um lado, e de outro, os mecanismos de controle do EGO, face aos imperativos e censuras do superego, conflito esse para o qual o ego não consegue desenvolver uma resposta satisfatória, pelo que se estabelece um estado relativamente persistente de sofrimento psíquico. Sentimento de culpa Trata-se de um sentimento inconsciente de auto-reprovação, conhecido como combustível da neurose. Ele prescinde da prática do ato: basta o desejo e a fantasia. O sentimento de culpa é a mola propulsora da neurose, pois se aumenta o conflito interno. O “ciclo neurótico” de Franz Alexander: Fator Precipitante (ele vai desencadear) – Falha de Solução do conflito – Regressão – Conflito Primário (todo tomado por sentimento de culpa primária) - Medidas Auto Punitivas (vem sentimento de culpa, doenças, e o crime, atraindo, dessa forma, a punição sobre si) – Conflito Secundário agravado (reforça a falha da solução do problema atual, bem como a regressão, por isso se chama de ciclo neurótico). Crime e Neurose 2 objetivos do crime neurótico: 1- realização simbólica do impulso do crime – vai praticar atos que tenha relação com aquele desejo recalcado; e 2- quando atrai a punição há o aplacamento da culpa (punição). Só que isto não vai resolver, pois o conflito continua, tornando-o mais frágil perante as situações pela qual ele terá que enfrentar. Daí a diferença entre neurótico, que castiga a si mesmo internamente (autoplatia), e o neurótico delinquente que castiga a si mesmo de forma externa; Daí: o ciclo satisfação-punição-liberação (aplacação da culpa para retornar ao ciclo)(Freud). Vantagens do crime neurótico (Amina Maggi): Liga a culpa inconsciente a algo conhecido. Substitui a culpa inconsciente pela culpa conhecida. A culpa é inconsciente, mas suas manifestações podem ser conscientes. É uma espécie de culpa inconsciente. Prof. diz que é como um câncer psíquico, tal inferniza a vida da pessoa. A culpa consciente alivia, ilusoriamente resolve o problema da vida. Isso é como se pacificasse. Aquilo que é desconhecido é muito mais assustador. O crime é sentido como menos grave. Substitui o crime mais grave pelo menos grave. Ex. querer matar o pai, mas matar outra pessoa. A punição exterior é mais tolerável. Substitui a punição interior pela punição exterior. Há ainda neuroses histéricas, dissociativas que podem levar a crimes bárbaros, que poderiam até justificar uma inimputabilidade. Aula – 23/05/2013 Delinquência Caracterológica Diferença entre temperamento e caráter Temperamento – nascemos com ele. Caráter – é algo que formamos, bem ou mal e depende muito da formação moral que aprendemos com nossos pais e com o ambiente no qual estamos inseridos. A personalidade dissocial pode acontecer numa pessoa que nasceu com um bom temperamento, mas foi criado em um ambiente perverso, desenvolvendo, assim delinquência caracterológica. Os serial killers nascem com um temperamento especial. Foi realizado um pet scan em criança que já apresentavam distúrbios caracterológicos (bullyng, crueldade com animais) e descobriu- se que as áreas dos cérebros que elas usavam quando assistiam pessoas sofrerem eram diferentes de crianças normais e iguais a psicopatas adultos. Um cérebro de um psicopata é lento, ele não tem o metabolismo normal de uma pessoa assassina, por exemplo, não psicopata. Pesquisa com psicopata presos, verificou-se todas as síndromes verificadas a seguir. O serial killer psicopata X psicopata moderado (que todos nós temos) Temperamento X Caráter Temperamento: Origem: biológica. Estabilidade: mais estático “Ingredientes” (do que é feito): afetos, impulsos, paixões; aspectos não valorativos. Aspectos definidores: define potencialidades quanto ao modo de ser. Caráter: Começa a ser formado desde a primeira mamada. Origem: adquirido desenvolvido. Estabilidade: mais adaptativo “Ingredientes”: Vontade, ética; aspectos valorativos. Aspectos definidores: define peculiaridades de cada indivíduo. Não há 2 psicopatas iguais, embora possa haver modus operandi semelhante, são diferentes pelo egocentrismo. A ética de todos nós, inclusive dos psicopatas é querer ser feliz. Nosso código moral, começa quando saímos do útero. O psicopata tem plena noção do que é bom ou que não é. O único problema é que ele não mede os meios e consequências para ser feliz. O hedonismo é valorizado acima de qualquer coisa. Livro: Psicologia do Crime - O. R. Maranhão - há os mal formados por não terem chance de ser bem formados; (delinquência, há lealdade, amizade, entre os grupos, há um sentimento de pertinência)e - há os que não são mal formados mas são mal constituídos. Delinquência Caracterelógica - casos de mal formação (infância desgraçada,juventude infeliz, abuso sexual na infância), que leva a um defeito de caráter – tratam-se das personalidades dissociais. - má constituição (temperamento ruim), desvio de caráter, que leva ao comportamento delinquente, antissocial e psicopático. Delinquência Psicopática: delitos praticados por personalidades psicopáticas O Antissocial trata-se da delinquência primária O comportamento é cronicamente antissocial; O comportamento é agressivo; O psicopata é alguém de quem não se gosta (Léo Kramaer). Porque no primeiro encontro, a pessoa não irá resistir. Apenas o interesse do psicopata é o seu próprio. Conceito de Psicopatia IA+ ASC = AAS IA= incapacidade de amar ASC = Ausência de sentimento de culpa AAS= Ação antissocial. Não é um problema moral (que é perfeita!), mas sim a ética nos psicopatas. Outro conceito: Falta de Sentimento (relativo ao outro) + Tendência Impulsiva = ausência de sentimento de culpa + agressividade + incapazes de aprender pela experiência + falta de motivação adequada = Ação Antissocial Os psicopatas não aprendem com as experiências da vida. Tipologia (Síndrome) 1) Encanto superficial e boa inteligência (acima da média); 2) Sem delírios ou alucinações; - são sintomas presentes em psicoses em andamento. 3) Pensamento lógico – o psicopata é capaz de dizer o porquê ter matado alguém e atribui ainda a culpa da vítima. 4) Inconstâncias – eles não conseguem levar nada a diante; 5) Infidelidade e mentiras; 6) Falta de remorso, vergonha, empatia (conceito de Carl Rogers, trata-se de não se identificar com o outro, ajudando-o, dessa forma); 7) Falta de ponderação e não aprende pelas experiências; 8) Egocentrismo patológico e incapacidade de amar (critério psiquiátrico para conceituar a psicopatia). 9) Pobreza das relações afetivas, tendo intolerância a frustração. 10) Ausência de insight 11) Pensamento lógico 12) Mentir, manipular, enganar 13) Irresponsabilidade interpessoal 14) Conduta fantástica com ou sem drogas (o psicopata nunca perde o controle de suas ações quando está sob drogas, apenas condutas socialmente impactantes). 15) Raramente suicida; 16) Vida sexual promíscua e pobre (como o psicopata não é capaz de uma vida a dois, é o sexo pelo sexo). 17) Incapacidade de seguir um plano (é o prazer e o poder que o momento presente pode me dar). Como fica o superego de um psicopata? Ele não tem! Não funciona! Sentimento de culpa nenhum!!! Mas ele sabe intelectualmente oq é certo e oq é errado. Aula – 06/06/2013 Delinquência Caracterológica – Personalidades Dissociais Delinquência vinculado ao modo de ser da pessoa, ao seu caráter. Não se trata de um conflito, de um sofrimento interno, mas é o modo de ser do indivíduo, de seu caráter. Quando se infere uma delinquência caracterológica, infere-se algo grave, quer dizer que não se dá por necessidades econômicas, privação social, mas sim porque o caráter da pessoa é assim. Trata-se de um termo muito forte. Quando se fala em caráter, ele tem essa conduta antissocial ou por defeito de caráter constitucional (ele é assim por constituição), tendo um comprometimento de sua vontade e de sua ética (personalidades psicopáticas – não conseguem internalizar a ética, não tem sentimento de culpa). Cadeia para essas pessoas só adianta para contê-los, sendo que não há cura para essas pessoas. Alvino defende que é o único quadro que se poderia falar em periculosidade. Ademais, ele não demanda tratamento, pois ele não sofre. A psicologia não usa os termos de caráter e temperamento, isto é coisa da psiquiatria. A psicopatia, para algumas pessoas, seria um rótulo de conveniência. Há outro tipo de delinquência caracterológica que não é constitucional, que não é do psicopata. O problema, hoje em dia, percebe-se que é muito mais social, produtos de um contexto. Há algumas perversões que é muito mais oriunda de circunstâncias sociais. Tal delinquência caracterológica se liga no desenvolvimento do caráter, naquilo que ele assimilou. Daí vem a personalidade dissocial, ela se dissociou do restante. Conceito: a personalidade dissocial é um desvio ético formativo do caráter. Não é um defeito constitucional, portanto. Por conta do ambiente que ele se formou e dos valores que ele internalizou. Hoje em dia, o sistema penitenciário deve ter uma porcentagem razoável das personalidades dissociais. O prognóstico é melhor do que a constitucional, mas não é tão bom, pois há uma identificação do indivíduo com os valores e éticas diferentes daqueles vigentes na sociedade em geral. – A Psicologia do Crime, Maranhão. O DSM IV e o CID têm como sinônimo a psicopatia e a personalidade dissocial, mas não é. Fenominomicamente a maneira como se comporta é próxima, mas o histórico e o prognóstico são distintos: Temperamento (constitucional) e caráter (formativo). Há um defeito seriado na constituição da personalidade, cuja característica é refletir no caráter, é próprio deste defeito o comprometimento do caráter. Ex. estátua – o gesso é o temperamento, a forma é o caráter – forma que o gesso adquiriu. Temperamento e caráter não dão para serem dissociado. Ambos constituem a personalidade. Formação (como se forma a personalidade dissocial): Forma-se em lares carentes de afeto, valores e disciplina. Há necessidade desse tripé para a criança se desenvolver. O lar que é carente desses 3 ou de um desses 3 pode comprometer o desenvolvimento do caráter das crianças. Se não tem afeto, por exemplo, os valores e disciplina serão perversos. A criança e o adolescente não tendo tais características, eles irão procura-las fora de casa. Ex.: estatuto do PCC. Carência de afeto, valores e disciplina, o que vai acarretar na criança? Vai dar um sentimento de rejeição, que fica internalizado, já que não são verbalizados. Daí, então, surge um sentimento de inferioridade, buscando compensação (ou seja, busca de valorização pessoal através de participação de grupos de atividade predatória, na medida em que é provável, que a criança não se sentindo aceita, ela vai para rua e se encontrar com outras pessoas que sofrem desse mesmo problema, formando um grupo a parte de pessoas muito solidárias entre si). Daí, tem-se um grupo que se separa da sociedade, dissociado que vai ter seus próprios valores, disciplinas e regras. As pessoas, daí, vão compensar tudo aquilo que não teve no ambiente mais próximo (família, escola). Personalidade delinquente ou dissocial ou delinquência essencial. Por que a personalidade psicopática não é dissocial ou delinquência? Não é própria da psicopatia a prática de atos criminosos. É da essência da psicopatia ser uma pessoa socialmente problemática. Já a personalidade dissocial não. A formação deles é de condutas delinquentes. Características e aplicação forense Características: Fugas do lar; Má adaptação à escola e evasão escolar; Participação de grupos marginalizados, com atividade predatória; (psicopata não pertence a grupo nenhum, só transitoriamente). Fidelidade ao grupo; (psicopata não tem fidelidade a grupo nenhum, ele age sozinho) Tem uma ética própria de seu grupo; (já o psicopata tem uma ética auto centrada) Predominância de crimes contra o patrimônio; Super-ego inadequado Aplicação Forense: são pessoas imputáveis. Já os psicopatas, se assim reconhecidos em sentença, o juiz é obrigado a aceitar a sua semi-inimputabilidade, já que esses indivíduos tem a capacidade para determinar o que é ilícito ou não, mas eles não têm capacidade de se autodeterminar diante dessa situação, por um comprometimento da vontade e da ética. “O psicopata é uma terra estéril que por mais que você plante nada dá. Já o dissocial é uma terra fértil que foi plantada maconha.”
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