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de colesterol tenham sido conflitantes, em geral estes pacientes apresentam dificuldade de esvaziamento vesicular quando de estímulos fisiológicos, como a colecistocinina. Este fenômeno sugere a dismotilidade como evento causal. Foi verificado, entretanto, que a própria hipersaturação da bile pode justificar a dismotilidade da vesícula, já que o colesterol em excesso pode se difundir através do epitélio acumulando em suas células musculares lisas. Outra situação que é explicada pela dismotilidade vesicular é o aumento da incidência de colelitíase nos pacientes submetidos à vagotomia troncular. A secção do ramo hepático do vago anterior leva a desenervação da vesícula e a referida dismotilidade. 3- Fatores Ambientais Admite-se que os fatores ambientais seriam os responsáveis pela diferença na composição dos cálculos entre o mundo oriental e ocidental. Até recentemente predominavam os cálculos de bilirrubinato de cálcio (pigmentados) no Japão, mas com a ocidentalização dos hábitos (sobretudo na alimentação) está havendo um aumento atual da incidência de cálculos de colesterol. 4- Dieta Nos países ocidentais, a formação de cálculos foi relacionada a uma dieta pobre em fibras, com lentificação do trânsito intestinal. Os carboidratos refinados aumentam a concentração biliar de colesterol. O uso moderado de álcool parece proteger para a formação de cálculos. Apesar do excesso de colesterol dietético resultar em aumento do colesterol biliar, não existem evidências epidemiológicas para relacionar uma alimentação rica em colesterol e cálculos biliares (o colesterol recém sintetizado é provavelmente fonte mais importante de colesterol biliar). 5- Estrogênio e Progesterona O estrogênio e a progesterona parecem ser fatores de risco para o desenvolvimento dos cálculos de colesterol, fato observado pela maior predominância destes em mulheres, na faixa de 15 aos 40, principalmente nas multíparas e naquelas que usam anticoncepcionais. Receptores para estes hormônios já foram identificados na parede da vesícula. Homens que utilizam terapia estrogênica para tratamento do câncer de próstata também estão sob maior risco. 6- Idade A prevalência de litíase aumenta com a idade, aproximando a incidência entre homens e mulheres idosos. A colelitíase é rara na infância e adolescência. 7- Obesidade Na obesidade excessiva costuma haver uma hipersecreção de colesterol, o que torna a bile constantemente hipersaturada, e aumenta a incidência de colelitíase em 3 vezes. Em mulheres com menos de 50 anos, a obesidade é um fator de risco particularmente especial. Metade dos pacientes extremamente obesos exibem cálculos biliares quando submetidos a procedimentos cirúrgicos. Emagrecimento significativo, especialmente quando rápido, pode representar risco de colelitíase por determinar aumento da secreção de mucina e da concentração de cálcio na vesícula. Pacientes obesos submetidos à cirurgia de derivação gástrica geralmente experimentam emagrecimento acentuado, e devem receber ursodesoxicolato como profilaxia da formação de cálculos. 8- Hiperlipemias e Clofibrate Os níveis séricos de colesterol não parecem representar, isoladamente, fator de risco para colelitíase. O risco maior para o desenvolvimento dos cálculos (tanto de colesterol quanto pigmentares) está relacionado a níveis baixos de LDL e altos de triglicerídeos. Está estabelecido que o Clofibrate, usado no tratamento das hiperlipemias, agrava o potencial litogênico da bile, já que a redução dos níveis séricos é feita através de uma maior excreção biliar de colesterol. 9- Diabetes Os diabéticos, assim como para várias outras condições, também são um importante grupo de risco para colelitíase. 10- Ressecção Ileal Até 1/3 dos pacientes submetidos a este procedimento apresentam litíase vesicular (muitas vezes assintomática). Os cálculos são geralmente de colesterol, e resultam da diminuição do pool de sais biliares pelo comprometimento da circulação entero-hepática, já que percentual expressivo da reabsorção dos sais biliares acontece no íleo terminal. 11- Anemia Hemolítica Há grande incidência de litíase pigmentar nos estados hemolíticos, como a anemia falciforme, talassemia e microesferocitose. Os cálculos parecem resultar da precipitação da bilirrubina não- conjugada na árvore biliar, e quanto maior a hemólise, maior a chance de litíase. Obs.: É maior a incidência de litíase em pacientes com prótese valvar cardíaca - a causa seria a hemólise crônica, secundária a lesão mecânica das hemácias. 12- Cirrose Os cirróticos têm incidência de litíase de 2 a 3 vezes maior que a população em geral, sendo que cerca de 30% dos pacientes com cirrose tem cálculos na vesícula. Os cálculos são geralmente pigmentares pretos, e parecem resultar de uma conjugação deficiente de bilirrubina pelo hepatócito. Os que desenvolvem esplenomegalia por hipertensão porta podem exibir hemólise crônica, que também contribui para formação destes cálculos. Os cirróticos raramente desenvolvem cálculos de colesterol, apesar do pool de ácidos biliares estar reduzido, em função da diminuição concomitante na secreção biliar de colesterol (a capacidade biliar de solubilização de colesterol é maior do que na média dos indivíduos normais). 13- Infecções A infecção biliar tem um papel importante na formação dos cálculos pigmentares castanhos, pelo aumento da desconjugação da bilirrubina direta pelas glicuronidases presentes nas enterobactérias, como a E. coli. LAMA BILIAR A lama biliar só foi devidamente valorizada com o advento da USG - É identificada como uma massa fluida que se deposita nas porções de maior declive da vesícula, em correspondência com a gravidade, produzindo ecos de baixa densidade. Representa uma mistura de secreção mucóide, bilirrubinato de cálcio e cristais de colesterol, considerada um precursor da litíase, embora nem todo portador de lama biliar desenvolva cálculos vesiculares. Ainda não está certo se o tratamento da lama biliar reduz a incidência de complicações. EXAMES COMPLEMENTARES 1- Radiografia Simples Os estudos radiológicos simples do abdome conseguem revelar os cálculos vesiculares radiopacos (10 a 15% dos cálculos de colesterol e mistos e cerca de 50% dos cálculos de pigmento) dos pacientes com colelitíase, e a parede da vesícula ainda pode se apresentar edemaciada ou mesmo calcificada (vesícula em porcelana). Pneumobilia significa presença de ar no interior da vesícula, e decorre de uma fistula bileodigestiva (cirúrgica ou espontânea). É facilmente identificável numa radiografia simples. A presença de ar dentro da parede da vesícula pode indicar a rara colecistite enfisematosa (infecção por anaeróbios). 2- SEED ou EREED – Seriografia de Esôfago, Estômago e Duodeno A SEED pode ser útil para o diagnóstico diferencial das doenças das vias biliares extra- hepáticas, na medida em que ajuda na demonstração de: - neoplasias pancreáticas ou da papila de Vater - fistulas bileodigestivas - presença de ar nas vias biliares 3 - Colangiografia Endovenosa O contraste é administrado por via endovenosa, captado pelo fígado e excretado no sistema biliar. O desenvolvimento de outros métodos de avaliação das vias biliares como o USG, TC e cintilografia tornou este método obsoleto. A hiperbilirrubinemia acima de 3mg/dL contra-indica este exame. 4- Colangiografia Peroperatória Consiste na administração peroperatória de contraste hidrossolúvel. Pode ser realizado por via transcística, onde o ducto cístico é cateterizado e injetado contraste hidrossolúvel; ou diretamente no ducto biliar principal, geralmente o colédoco, por uma agulha ou dreno de Kehr. Um dreno de Kehr colocado diretamente no colédoco permite a colangiografia no pós- operatório (para diagnóstico de coledocolitíase residual).