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Método clínico de Piaget - Construtivismo

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Método clínico de
Piaget
Fundamentos históricos e
metodológicos Os estudos piagetianos sobre o conhecimento estãoalicerçados em bases epistemológicas, mas diferentemente dos
epistemólogos de sua época que se baseavam na pura razão, 
Piaget se propõe a realizar uma verificação experimental para a qual utilizou o método clínico, com as
adaptações que o objeto de estudo requer.
Método clínico não é criação de Piaget; O modelo piagetiano de investigação da inteligência
é chamado de método clínico ou método crítico e se
manteve constante durante todo o tempo em que
foi utilizado por Piaget em suas investigações
embora tenham ocorrido certos aperfeiçoamentos.
Para o estudo da construção gradativa da
inteligência na criança, o autor utilizou-se de
um método por ele elaborado, o método
clínico. Segundo Delval (2002), o citado
método tem origem na medicina, a partir do
diagnóstico minucioso do doente e seus
sintomas. Contudo, foi Piaget quem o
sistematizou e o adequou ao estudo do
pensamento infantil. Sua construção ocorreu
de forma quase acidental, já que Piaget
auxiliava Simon na padronização e adaptação
de seus testes de inteligência às crianças
francesas.
Com a finalidade de descrever as habilidades
intelectuais do indivíduo e compreender como o sujeito
pensa e constrói o conhecimento, Piaget utilizou como
estratégia de investigação o método clínico e procurou
adequar a medida que o foi utilizado ao longo de seus
estudos.
O objetivo do método clínico piagetiano é compreender como o sujeito pensa, resolve situações-
problema e de que maneira responde às questões elaboradas. O enfoque está na compreensão de
como e quando o sujeito utiliza determinados conhecimentos e no processo que o leva a dar uma
determinada resposta. Portanto a resposta “errada” pode ser uma forma de raciocínio do sujeito em
determinado momento de seu desenvolvimento e isso deve estar bem claro para o adulto.
Tem como pressuposto uma avaliação da inteligência a partir de uma
abordagem psicogenética (avaliação dos processos de desenvolvimento da
inteligência) que difere da maneira mais tradicional utilizada em psicologia, a
abordagem psicométrica (avaliação ou quantificação das respostas corretas
dadas pelo sujeito ao exame).
Perspectiva piagetiana de
avaliação da inteligência 
Abordagem psicométrica: Alfred Binet, psicólogo e
pedagogo renomado pelos estudos da inteligência pela
psicometria, foi o primeiro a elaborar o teste de Q.I.O
primeiro teste de Q.I em perspectiva psicométrica
elaborado por Binet e seu colega Theodore Simom foi
em 1905. 
O objetivo dos testes psicométricos é a mensuração das habilidades mentais. A aplicação é feita por meio
do controle de variáveis ambientais, rapport com o examinador, controle por meio de um manual com
perguntas específicas a serem feitas, respostas padronizadas a serem dadas pelo sujeito e controle do
tempo (cronômetro). Para que não haja interferência no desempenho do sujeito é necessário, portanto, a
padronização do material e o controle do ambiente.
Esse teste, de caráter verbal e em grau crescente de dificuldade, visava obter a quantificação da inteligência
por meio de uma escala, o quociente intelectual(Q.I) do individuo .
Em 1939, David Wechsler, desenvolveu um dos mais importantes teste para avaliação clinica de capacidade
intelectual, a escala de inteligência para crianças (WISC) e para adultos (WAIS). 
Nicolle Marcondes 
Método clínico de
Piaget
1° etapa: Elaboração do método (1920-1930) observação pura e método da conservação
2°etapa: Observação clínica (1930-1940)- decorrente da observação que Piaget faz de
seus filhos no estádio sensório motor e início do pré operatório, indicando o valor da
observação como método de investigação em crianças pré verbais. 
3°etapa: formalização(1940-1955) – método misto, porque renuncia ao método da
conservação pura e simples para adotar o método crítico e, que utiliza as contra
argumentações verbais e as deformações nos objetos apresentados a criança coma
finalidade de investigar o pensamento subjacente
4°etapa: Recentes (desde 1955) o método clínico que antes era utilizado apenas com
interesse epistemológico a partir desse momento passa a ser empregado com
finalidade psicológica e psicopedagógica por uma equipe de especialistas de
diferentes áreas em genebra. Isso permite não um novo modo de investigar , mas
novos tipos de perguntas. 
São apresentadas etapas de desenvolvimento no método clínico piagetiano:
O investigador está interessado em compreender o processo que leva um sujeito a esta ou aquela
resposta. Para isso, deve ter amplo conhecimento da teoria piagetiana, que irá nortear as perguntas que
serão feitas durante a aplicação das provas, bem como a maneira como serão avaliadas as respostas
dadas pela criança. 
Assim, todas as respostas dadas pelo sujeito são interpretadas com a finalidade de entender o processo
que as gerou, e as diferenças individuais não são avaliadas como indicadores de inteligência- como na
abordagem psicométrica- e sim como indicadores do estádio do desenvolvimento cognitivo em que o
sujeito se encontra.
Para a aplicação Piaget utilizou entrevistas puramente verbais e também apresentou situações-problema
com materiais concretos a fim de possibilitar ao sujeito a antecipação e a explicação após determinada
demonstração. Esse material piaget chamou de provas operatórias. 
Abordagem psicogenética: O objetivo desta abordagem é investigar a forma como o sujeito pensa e resolve
determinadas situações que lhe são apresentadas. O controle está no entendimento das respostas e
instruções(controle psicológico em vez da padronização das mesmas e das situações externas(controle
fisicalista).
Procedimento do experimentador
Saber observar, permitir que a criança fale e não desvie ou esgote nada.
Saber buscar algo de preciso, tenha a cada instante uma hipótese de trabalho uma teoria, verdadeira ou
falsa, para investigar. 
O método clínico de Piaget consiste em uma técnica de entrevista com crianças, em que por meio de um
conjunto de intervenções sistemáticas se faz uma investigação sobre o pensamento do sujeito.
As perguntas abordam conceitos da física, da matemática, da moral, da natureza e de vários outros temas
que compõem o conhecimento geral. Durante a entrevista, o experimentador elabora perguntas e contra-
argumentações a partir das respostas dadas pela criança e avalia sua qualidade e abrangência.
Para isso, é esperado que o experimentador apresente duas qualidades:
Método clínico de
Piaget
Acompanhar o raciocínio, não corrigir ou completar suas respostas de acordo com seu próprio raciocínio,
não concluir pelo sujeito;
Buscar justificativas para respostas dadas, uma vez que o interesse principal do estudo da inteligência na
teoria de Piaget está em compreender o processo pelo qual o sujeito chegou aquela resposta, as relações
estabelecidas entre os fatos e a compreensão se a resposta for dada com convicção ou ao acaso;
Verificar a certeza com que o sujeito responde, ou seja, se a resposta está inserida em um sistema
dedutivo, se o sujeito responde com convicção, se a resposta é dada na ausência desse sistema, o sujeito
a modifica toda vez que o examinador faz questionamentos;
Evitar ambiguidades nas respostas dadas pelo sujeito, não cabe ao experimentador escolher qual dos
possíveis significados foi aquele pretendido pelo sujeito. 
Piaget propõe, portanto, que os seguintes procedimentos devam ser levados em consideração pelo
experimentador durante a aplicação do método clínico:
Não há resposta certa ou errada, a intenção do experimentador é avaliar o nível de pensamento da criança, e
sua atitude durante a aplicação deve ser flexível, possibilitando uma interação espontânea com a criança.
Nesse sentido, o rapport é muito importante para deixá-la à vontade durante as atividades.
Rapport é uma relação, especialmente única, de confiança mútua ou afinidade
emocional. Criar o rapport pode ser entendido como o estabelecimento de confiança,
harmonia e cooperação em uma relação.
Assim que a criançadá uma resposta, o experimentador faz outras perguntas colocando uma variação no
problema, ou seja criando uma nova situação problema. Para isso, utiliza sua experiência e o referencial
teórico piagetiano.
Sendo assim, as perguntas (exploração, justificação, contra-argumentação) tem como objetivo esclarecer o
que está implícito na resposta da criança e propiciar uma melhor compreensão de sua estrutura cognitiva (a
maneira como o sujeito pensa e em qual estádio do desenvolvimento está incluído).
O bom experimentador deve, efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes incompatíveis: saber
observar, ou seja, deixar a criança falar, não desviar nada, não esgotar nada e, ao mesmo tempo, saber buscar
algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar. 
É preciso ter-se ensinado o método clínico para compreender a verdadeira dificuldade ou os alunos que se
iniciam sugerem à criança tudo aquilo que desejam descobrir, ou não sugerem nada, pois não buscam nada e,
portanto, também não encontram nada. 
Respostas e reações dos sujeitos
Outro aspecto fundamental na aplicação do método clínico piagetiano são os critérios para avaliação das
respostas dadas pelo sujeito. Diferentemente da abordagem psicométrica, a avaliação das respostas não se
faz pela contagem de acertos e erros, mas sim pela compreensão do raciocínio utilizado pelo sujeito para
chegar aquela resposta, na compreensão da perspectiva a partir da qual o sujeito responde.
Nesse sentido, o erro é tão importante, ou mais, que o acerto, uma vez que indica, para nós, o processo de
pensamento ou raciocínio do sujeito durante o processo de construção de conhecimento. O erro no
construtivismo é possível e necessário pois faz parte de um processo interno, de uma autorregulação-para
aprender, o sujeito precisa compreender e internalizar os fatos por oposição a simples cópia e repetição de
modelos externos. 
Método clínico de
Piaget
Para a avaliação das respostas, deve-se utilizar como critérios os indicadores apresentados por Piaget em
relação às estruturas de pensamento da criança em cada estádio do desenvolvimento cognitivo. Em outras
palavras por meio das provas operatórias podemos conhecer o funcionamento das estruturas de
pensamento do sujeito, suas funções lógicas e o nível cognitivo em que se encontra.
Sendo assim, Piaget propõe níveis de desenvolvimento ao avaliar as respostas dadas pelas crianças durante
o método clínico:
Nível I - corresponde àquele em que a criança não resolve o problema, nem sequer o entende, ou, então,
responde erroneamente, mas com convicção.
Nível II - corresponde ao conflito, ambivalência, dúvida, em que a criança oscila em suas respostas,
apresentando flutuações. Percebe o erro somente depois de o ter cometido, não sendo capaz de antecipá-lo,
por isso as ações da criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução empírica. 
Nível llI - corresponde aquele em que a criança apresenta uma solução suficiente à questão e à compreensão
do problema como é colocado. Os erros podem ocorrer, mas o que muda é a maneira como o sujeito lida
com eles: podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou compensados.
A questão fundamental que se coloca do ponto de vista psicológico e pedagógico è como podemos criar
situações-problema que possibilitem ao sujeito transformar o erro em um observável para si mesmo, a
ponto de que possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira autônoma.
Não importismo: quando a pergunta aborrece a criança ou de maneira geral, não provoca nenhum esforço
de adaptação a criança responde qualquer coisa e de qualquer forma, sem mesmo procurar divertir-se ou
construir um mito;
Fabulação: quando a criança, sem mais refletir,responde a pergunta inventando uma história em que não
acredita, ou na qual crê, por simples exercício verbal.
Crença sugerida: quando a criança esforça-se para responder a uma questão, sem que esta lhe seja
sugestiva, ou quando busca simplesmente contentar o examinador, sem considerar sua própria reflexão.
A pergunta não é da criança ou não lhe interessa, por isso responde na perspectiva do examinador e não
na sua própria.
Crença desencadeada: quando a criança responde com reflexão, extraindo a resposta de seus próprios
recursos, sem sugestão para ela, dizemos que há crença desencadeada. A crença desencadeada é
influenciada necessariamente pelo interrogatório, pois a simples maneira como a questão è colocada, é
apresentada à criança força-a a raciocinar em certa direção e a sistematizar seu saber de certo modo
contudo, um produto original do pensamento da criança, pois nem o raciocínio feito por ela para
responder à questão nem o conjunto dos conhecimentos anteriores que utiliza durante sua reflexão são
diretamente influenciados pelo experimentador.
Crença espontânea: quando a criança já não tem necessidade de refletir longamente para responder,
dando uma resposta rápida, autêntica, capaz de expressar sua verdadeira opinião sobre o assunto. “Há
portanto, crença espontânea quando a questão não é nova para a criança e quando a resposta é fruto de
uma reflexão anterior e original.”
A crença desencadeada não é, portanto, nem espontânea nem propriamente sugerida ela é produto de um
raciocínio eto sob comando, mas por meio de materiais (conhecimentos da criança, imagens mentais,
esquemas motores, pre-ligaçöes sincréticas etc) e de instrumentos lógicos originais (estrutura de
raciocínio,orientações do espírito, hábitos intelectuais etc).
Principais Reações da Criança Durante o Método Clínico
Piaget observou que a criança pode apresentar cinco reações durante as respostas às provas operatórias,
sendo duas delas manifestações de condutas significativas da aprendizagem e desenvolvimento da criança.

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