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A importância da nutrição O conceito de paciente gravemente enfermo está diretamente relacionado a pacientes que são admitidos em UTI (NUNES, 2016). As UTIs são unidades destinadas ao acolhimento de pacientes em estado grave de saúde, os quais carecem de monitorização e suporte contínuo de suas funções vitais,estes pacientes apresentam quadros clínicos de estresse catabólico que fazem com que se desenvolva uma resposta inflamatória sistêmica ligada a complicações de morbidade infecciosa elevada, disfunção de múltiplos órgãos, tempo de permanência hospitalar aumentado e índices de mortalidade de grandes proporções. Utis: 60% As infecções hospitalares em UTIs são muito frequentes e elevadas, podendo chegar a mais de 60% do total de pacientes internados Os fatores que contribuem para o desenvolvimento desses quadros clínicos são: a idade, o tipo de doença, problemas relacionados à assepsia de pele e produtos hospitalares, fluxo de indivíduos no ambiente de internação, condições higiênicas Não pode faltar U1 - Paciente gravemente enfermo: conceitos gerais 11sanitárias dos profissionais da saúde que atendem a unidade, tempo de internação, tempo de restrição ao leito, condições imunológicas do paciente, entre outras conjunturasO paciente gravemente enfermo sofre muitas alterações metabólicas, e entre elas as alterações hormonais, que causam intolerância à glicose, resistência à insulina, hipercatabolismo proteico, implicações estas que colaboram para a perda de massa magra. Este é um fator muito grave e proporciona o desenvolvimento da desnutrição, condição que ocorre com a gliconeogênese (produção de glicose a partir de substratos que não são carboidratos). Jejum o organismo humano utiliza energia de forma contínua, embora o consumo de alimentos não seja na mesma ordem. Desta forma, nós nos adaptamos a determinados períodos de jejum utilizando nossas reservas e reduzindo nosso gasto energético. Uma vez que nos alimentamos novamente, estas reservas são reabastecidas. O problema é que a reação ao jejum é dependente não só das reservas energéticas que temos, mas também do tempo de jejum e de fatores que possam influenciar o organismo de forma a gerar estresse de forma adicional Normalmente, o jejum pode ser classificado como de curta duração (menos de 3 dias) ou prolongado (mais de 3 dias). No jejum de curta duração, enquanto a secreção de insulina é reduzida, ocorre aumento da secreção de glucagon e das catecolaminas. Esta condição provoca um quadro de glicogenólise e de lipólise; na continuidade do jejum ao final das reservas de glicogênio para o processo de glicogenólise, a produção de energia é seguida com a gliconeogênese. Jejum curto: Jejum prolongado: No jejum prolongado, a produção de energia, dada pelo processo de gliconeogênese (também conhecido como neoglicogênese), é dependente do uso de aminoácidos, o que leva à depleção muscular do indivíduo. Nesse caso, os grupos amino são convertidos em ureia e em seguida são excretados, promovendo um balanço nitrogenado negativo e, consequentemente, provocando perda de massa magra. E qual é a relação do jejum com o estresse metabólico no paciente gravemente enfermo? Durante o estresse, além do jejum normal, efeitos neuroendócrinos e produção de fatores inflamatórios provocam aumento da taxa de metabolismo basal, hipercatabolismo, balanço nitrogenado negativo, hiperglicemia, intolerância à glicose, resistência à insulina, edema, hipoalbuminemia e desnutrição, com disfunções físicas, mentais e um pior prognóstico. O hipermetabolismo é caracterizado por alto gasto energético, assim como aumento do consumo de oxigênio e do débito cardíaco. O hipercatabolismo ocorre com a proteólise, que tem por finalidade gerar substrato energético para o organismo Em geral, o paciente admitido em UTI por mais de 48 horas e em uso de alimentação enteral ou parenteral é reconhecido como paciente em risco nutricional. As ferramentas que contemplam não só o estado nutricional, mas também o risco nutricional e que são mais utilizadas em nossas UTIs são: Nutrition U1 - Paciente gravemente enfermo: conceitos gerais 15 Risk Screening (NRS-2002) e Nutrition Risk in Critically III (NUTRIC), sendo esta última uma avaliação recente que temos para rastrear o risco nutricional de pacientes em UTI, validada no Brasil (ROSA et al., 2016). O Nutrition Risk in Critically III (NUTRIC score) é uma ferramenta utilizada para triagem nutricional de pacientes gravemente enfermos que considera, além dos aspectos nutricionais, a gravidade da doença. Esse questionário, validado em português por Rosa et al. (2016, in press), é constituído pelas seguintes variáveis: idade, APACHE II, SOFA, número de comorbidades, dias de internação hospitalar até entrada na UTI e interleucina-6 (IL-6). a IL-6 é uma citocina, envolvida em uma série de atividades imunológicas. É um importante marcador inflamatório, sendo altamente expresso nessas situações, assim como em circunstâncias de estresse e traumas, produzindo efeitos deletérios em vários órgãos. O APACHE II é uma ferramenta recomendada pelo Ministério da Saúde que determina a estimativa de morte em pacientes internados em UTI, nas primeiras 24h, por meio de dados clínicos, laboratoriais e fisiológicos. Algumas ferramentas de avaliação clínica em uma unidade de terapia intensiva são de singular importância, uma vez que a utilização dos resultados dos escores de gravidade da doença podem contribuir efetivamente na modulação do tratamento, definição de prognósticos, além de estimar a performance na UTI. Alterações metabólicas que colaboram com a perda de massa magra: PERDA DE MASSA MAGRA FATOR GRAVE DESNUTRIÇÃO Triagem + Avaliação + Suporte + Acompanhamento nutricional = Fundamentais para a sobrevida Estresse metabólico: O estresse metabólico é um evento que modifica a homeostase do organismo, desencadeando uma resposta neuroendócrina e metabólica complexa Na presença de estresse metabólico, o organismo apresenta quadros clínicos de: Hipovolemia (redução do volume sanguíneo); Hipotensão (pressão arterial baixa); Redução do fluxo sanguíneo; Aumento da resistência vascular sistêmica; Entre outras. Hipovolemia é uma situação onde existe depleção do volume de liquido corporal secundaria a situações desde perda sanguínea exacerbada, desidratação A desnutrição está diretamente relacionada com o aumento das taxas de morbimortalidade do paciente gravemente enfermo Triagem nutricional - Indivíduos entre 1 mês e 18 anos de idade; - Presença de doença de alto risco ou previsão de cirurgia de grande porte; - Perda de massa muscular e gorda, ingestão alimentar e perdas nutricionais –redução do consumo de alimentos, presença de diarreia e vômito; - Perda de peso ou ausência de ganho de peso (menores de 1 ano de idade); - Classificação feita por meio da soma de pontos. Strong Kids – Screening Tool Risk Nutritional Status And Growth MST - Malnutrition Screening Tool (Instrumento de Triagem de Desnutrição): - População adulta; - Pouco abrangente; - Classificação feita por meio da soma de pontos. MUST – Malnutrition Universal Screening Tool (Instrumento de Triagem Universal de Desnutrição): - Adultos, pacientes hospitalizados, ambulatoriais, clínicos, idosos, gestantes e lactantes; - Utilizado para comunidade; - Superestima o alto risco nutricional e subestima o médio risco nutricional; - Classificação feita por meio da soma de pontos. NRS 2002 – Nutritional Risck Screening - Analisa o risco de desenvolvimento de desnutrição durante o período hospitalar; - Mais indicada entre os profissionais da saúde; - Engloba todas os parâmetros do MUST e acrescenta a gravidade da doença; Avaliação nutricional: • Avaliação antropométrica e resultados dos exames laboratoriais devem ser observados com atenção especial; • Alterações clínicas rotineiras. Estresse metabólico • Funções orgânicas deficientes; • Uso de fármacos; •Restrição ao leito; • Condições iatrogênicas – alterações patológicas constatadas num paciente decorrente de erro de conduta médica; • Entre outras. • Terapia nutricional, por si só não é capaz ou suficiente para reverter o processo todo gerado pelo estresse metabólico; • Pode reduzir os balanços energético e proteico que se apresentam negativos; • Terapia nutricional inadequada = consequências deletérias maiores = complicações clínicas maiores. • Terapia nutricional adequada = possibilidade de redução das consequências do hipercatabolismo = melhora do EN = Evolução clínica mais satisfatória; Hipermetabolismo Caracterizado por: • Alto gasto energético; • Aumento do consumo de oxigênio; • Aumento do débito cardíaco (volume de sangue para ser bombeado para o coração). • Ocorre com a proteólise, que tem por finalidade gerar substrato energético para o organismo; • Colabora para o desenvolvimento da desnutrição. Infecção hospitalar • “Infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares”. Portaria n° 2.616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde. Aula 1 Assistência Nutricional para Gravemente Enfermos
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