Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR TRANSTORNOS DE HUMOR O HUMOR pode ser definido como uma emoção ou um tom de sentimento persistente que influencia o comportamento de uma pessoa e colore sua percepção de ser no mundo. O humor pode ser descrito de diversas formas: deprimido, triste, melancólico, excitado, eufórico, jubiloso e etc; podendo ainda ser lábil, flutuar ou alternar rapidamente entre os extremos. TRANSTORNOS DE HUMOR (OU TRANSTORNOS AFETIVOS) são uma categoria importante de doença psiquiátrica que envolve principalmente transtorno depressivo e transtorno bipolar. Alguns sinais e sintomas de transtorno do humor incluem mudanças no nível de atividade, nas capacidades cognitivas, na fala e nas funções vegetativas (p. ex., sono, apetite, atividade sexual e outros ritmos biológicos). Esses transtornos quase sempre resultam em comprometimento do funcionamento interpessoal, social e ocupacional. EPIDEMIOLOGIA Os transtornos de humor são comuns, sendo que o transtorno depressivo apresenta a prevalência mais alta ao longo da vida (quase 17%) de todos os transtornos psiquiátricos. Valendo lembrar que é difícil estimar a incidência de transtorno bipolar, porque formas mais leves são mais difíceis de serem diagnosticadas ETIOLOGIA FATORES BIOLOGICOS Pesquisas já mostraram anormalidades biológicas em pacientes com transtornos de humor. Como por exemplo: 1. Aminas biogênicas Os dois neurotransmissores mais implicados na fisiopatologia dos transtornos de humor são: Norepinefrina/noradrenalina: Hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais que é liberado na corrente sanguínea para transmitir sinais nervosos que ajudam a regular funções cerebrais importantes como humor, concentração, atenção e memória Serotonina: neurotransmissor que se tornou a amina biogênica mais comumente associada a depressão → A depleção de serotonina pode precipitar depressão, e alguns pacientes com impulsos suicidas tem concentrações baixas de metabolitos de serotonina no liquido cerebrospinal (LCS) e concentrações baixas de zonas de captação de serotonina nas plaquetas. Dopamina: embora a norepinefrina e a serotonina sejam as aminas biogênicas associadas com mais frequência à fisiopatologia da depressão, há a teoria de que a dopamina também desempenhe um papel. Dados indicam que sua atividade pode estar reduzida na depressão e aumentada na mania → Os medicamentos que reduzem as concentrações da dopamina – por exemplo, a reserpina – e as doenças que também têm esse efeito (p. ex., doença de Parkinson) estão associados com sintomas depressivos. 2. Outros distúrbios de neurotransmissores: Acetilcolina (ACh): Níveis anormais de colina, que é um precursor de ACh, foram encontrados na necropsia de cérebros de alguns pacientes deprimidos. Agentes agonistas colinérgicos têm efeitos clínicos diferentes sobre depressão e mania: podem produzir letargia, falta de energia e retardo psicomotor em indivíduos saudáveis, exacerbar os sintomas na depressão e reduzir os sintomas na mania. Ácido gama-aminobutírico (GABA): contribui para regulação da ansiedade (aumenta a sensação de relaxamento e calma). Reduções dos níveis plasmático, do LCS e cerebral de GABA foram observadas na depressão Aminoácidos glutamato e glicina: principais neurotransmissores excitatórios e inibitórios do SNC. 3. Segundos mensageiros e cascatas intracelulares Evidências crescentes indicam que agentes estabilizadores de humor agem sobre as proteínas G ou outros segundos mensageiros 4. Alterações da regulação hormonal Estresse prolongado pode induzir alterações no estado funcional dos neurônios e acabar levando a morte celular. Estudos recentes com humanos deprimidos revelam que uma história de trauma precoce está associada com atividade HHS (eixo hipotálamo-pituitária-adrenal) aumentada acompanhada de alterações estruturais (i.e., atrofia ou diminuição de volume) no córtex cerebral 5. Atividade do eixo tireoidiano Aproximadamente 5 a 10% das pessoas avaliadas para depressão têm disfunção tireoidiana ainda não detectada, conforme refletido por nível basal do hormônio estimulante da tireoide (TSH) elevado ou resposta de TSH aumentada a uma infusão de 500 mg do neuropeptídeo hipotalâmico hormônio liberador de tireotrofina (TRH). CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR 6. Hormônio do crescimento (GH) Secretado da hipófise anterior após estimulação por norepinefrina (NE) e dopamina. A secreção é inibida por somatostatina, um neuropeptídeo hipotalâmico, e por CRH. Níveis de somatostatina do LCS diminuídos foram relatados na depressão e níveis aumentados foram observados na mania. 7. Alterações da neurofisiologia do sono A depressão está associada com perda prematura do sono profundo (de onda lenta) e aumento no despertar noturno (gerando uma redução no tempo de sono total, aumento do sono de movimentos oculares rápidos (REM) fásico e aumento da temperatura corporal). A combinação de movimento REM aumentado e sono de onda lenta diminuído resulta em uma redução significativa no primeiro período de sono não REM (NREM), um fenômeno chamado de latência REM reduzida. Foi verificado que pacientes que manifestam um perfil de sono caracteristicamente anormal são menos responsivos a psicoterapia e apresentam um risco maior de recaída ou recidiva e podem se beneficiar, sobretudo, da farmacoterapia. 8. Distúrbios imunológicos Os transtornos depressivos estão associados com várias anormalidades imunológicas, incluindo diminuição da proliferação de linfócitos em resposta a mitógenos e outras formas de imunidade celular comprometida. 9. Imagem cerebral estrutural e funcional A anormalidade mais consistente observada nos transtornos depressivos é a maior frequência de hiperintensidades anormais nas regiões subcorticais, tais como as regiões periventriculares, os gânglios da base e o tálamo. Mais comuns no transtorno bipolar I e entre idosos, essas hiperintensidades parecem refletir os efeitos neurodegenerativos prejudiciais de episódios afetivos recorrentes. Aumento ventricular, atrofia cortical e alargamento sulcal também foram relatados em alguns estudos. 10. Considerações neuroanatômicas Tanto os sintomas de transtornos do humor como os achados das pesquisas biológicas apoiam a hipótese de que os transtornos do humor envolvem patologia do cérebro. A neurociência afetiva moderna focaliza-se na importância de quatro regiões cerebrais na regulação das emoções normais: o córtex pré-frontal (CPF), o cingulado anterior, o hipocampo e a amígdala. FATORES GENÉTICOS 1. Estudos de família São responsáveis por investigar se o transtorno é familiar → Dados indicam que, se um membro da família for afetado por um transtorno de humor, maior é o risco do filho desenvolver também. Principalmente quando o parente é de primeiro grau. 2. Estudos de gêmeos Dados de gêmeos fornecem evidências convincentes de que os genes explicam apenas 50 a 70% da etiologia dos transtornos do humor. O ambiente ou outros fatores não hereditários devem explicar o restante. Portanto, é uma predisposição ou suscetibilidade à doença que é herdada. 3. Estudos de ligação Cromossomos 18q e 22q são as duas regiões com evidência mais forte de ligação a transtorno bipolar FATORES PSICOSSOCIAIS 1. Acontecimentos de vida e estresse ambiental Tem se observado que eventos de vida estressante mais frequentemente precedem os primeiros episódios de transtornos de humor → uma teoria proposta para explicar esse fato é a de que o estresse que acompanha o primeiro episodio resulta em mudanças duradouras na biologia do cérebro, podendo alterar, por exemplo, os estados funcionais de vários neurotransmissores, podendo incluir ate mesmo perda de neurônios e uma redução excessiva de contatos sinápticos. Consequentemente,uma pessoa tem alto risco de desenvolver episódios subsequentes de um transtorno de humor, mesmo sem um estressor externo. Eventos que estão mais associadas com o desenvolvimento da depressão são: perda de um dos genitores antes dos 11 anos de idade, perda do cônjuge, desemprego e culpa. 2. Fatores de personalidade Todos os seres humanos com qualquer tipo de personalidade, podem e ficam deprimidos sob determinadas circunstancias, porém, aqueles com transtornos de personalidade do tipo TOC, histriônica e borderline, podem ter um risco de depressão maior do que pessoas com personalidade antissocial ou paranoide 3. Fatores psicodinâmicos na depressão (visão clássica da depressão) CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR Visão criada por Freud e expandida por Karl Abraham envolve quatro pontos fundamentais: (1) distúrbios na relação bebê-mãe durante a fase oral (10 a 18 meses de vida) predispõem a vulnerabilidade subsequente a depressão; (2) a depressão pode estar ligada a perda real ou imaginada do objeto; (3) a introjeção de objetos que partiram é um mecanismo de defesa invocado para lidar com o sofrimento associado com a perda do objeto; e (4) visto que o objeto perdido é percebido com uma mistura de amor e ódio, sentimentos de raiva são dirigidos contra o self. Melanie Klein, assim como Freud, entendia a depressão como envolvendo a expressão de agressão contra entes queridos. Silvano Arieti observou que muitos pacientes deprimidos viviam suas vidas mais para os outros (outro dominante) do que para si mesmos. Esse outro dominante pode ser um princípio, um ideal ou uma instituição, bem como um indivíduo. A depressão se instala quando o indivíduo percebe que a pessoa ou o ideal pelo qual estava vivendo nunca vai responder de forma a satisfazer suas expectativas 4. Fatores psicodinâmicos na mania A maioria das teorias acerca da mania considera os episódios maníacos como uma defesa contra a depressão subjacente OUTRAS FORMULAÇÕES DE DEPRESSÃO 1. Teoria cognitiva Segundo essa teoria, a depressão é resultado de distorções (esquemas depressogênicos) cognitivas especificas presentes nas pessoas pré-dispostas a desenvolve-la Tríade cognitiva da depressão: visão sobre si próprio (autopercepção negativa), sobre o mundo (o mundo como um local hostil e exigente) e sobre o futuro (expectativa de sofrimento e fracasso). A terapia tem por objetivo modificar essas distorções 2. Impotência aprendida Segundo essa teoria, fenômenos depressivos estão associados à experiencia de acontecimentos incontroláveis. TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR São mais comuns em: 1. Mulheres → diferenças hormonais, efeitos do parto, estressores psicossociais diferentes e modelos comportamentais de impotência aprendida. 2. Em pessoas com 40 anos 3. Pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos e naquelas que são divorciadas ou separadas. 4. Pessoas com abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, transtorno obsessivo- compulsivo (TOC) e transtorno de ansiedade social. QUADRO CLÍNICO O humor deprimido e perda de interesses ou prazer são os sintomas fundamentais da depressão. Os indivíduos podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na “fossa” ou inúteis. Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas de depressão como uma dor emocional angustiante e, às vezes, se queixam de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve quando melhoram. Cerca de dois terços de todos os pacientes deprimidos cogitam o suicídio. Alguns indivíduos deprimidos parecem não ter consciência de sua depressão e não se queixam de um distúrbio do humor, ainda que exibam afastamento da família, dos amigos e de atividades que antes lhes interessavam. Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos. Além disso, outra queixa muito comum é a dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce e de despertares múltiplos ao longo da noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas. Muitos têm diminuição do apetite e perda de peso, mas outros experimentam aumento do apetite e de peso e dormem por mais tempo do que o habitual. Esses pacientes são classificados com aspectos atípicos. Além disso, a ansiedade é um sintoma muito comum → Sentir-se nervoso ou tenso, sentir-se anormalmente inquieto, dificuldade de se concentrar devido a preocupações, temor de que algo terrível aconteça e sentimento de que o indivíduo possa perder o controle de si mesmo. Depressão em crianças e adolescentes: Fobia escolar e apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes. Depressão em idosos: é mais comum em pessoas mais velhas do que na população em geral, podendo estar correlacionada a condição socioeconômica baixa, perda de um cônjuge, doença física concomitante e isolamento social. DIAGNOSTICO Os critérios diagnósticos para transtorno depressivo maior pelo DSM-5 são: CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR A. Cinco ou mais dos seguintes sintomas estiverem presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer. Não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica. 1) Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável). 2) Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas) 3) Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado. 4) Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5) Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6) Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7) Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8) Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas) 9) Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. A depressão pode ocorrer como um episódio único ou ser recorrentequando o indivíduo apresente pelo menos um segundo episódio de depressão → Segundo o DSM-5, episódios distintos de depressão são separados por, pelo menos, dois meses, durante os quais o paciente não tenha sintomas significativos de depressão. Distimia: é caracterizada por pelo menos dois anos de humor deprimido não grave o suficiente para receber o diagnóstico de episódio depressivo maior. Ao diferenciar luto de um episódio depressivo maior (EDM), é útil considerar que: ▪ No luto, o afeto predominante inclui sentimentos de vazio e perda, enquanto no EDM há humor deprimido persistente e incapacidade de antecipar felicidade ou prazer. ▪ A disforia no luto pode diminuir de intensidade ao longo de dias a semanas, ocorrendo em ondas, conhecidas como “dores do luto que tendem a estar associadas a pensamentos ou lembranças do falecido. O humor deprimido de um EDM é mais persistente e não está ligado a pensamentos ou preocupações específicos. ▪ A dor do luto pode vir acompanhada de emoções e humor positivos que não são característicos da infelicidade e angústia generalizadas de um EDM. ▪ O conteúdo do pensamento associado ao luto geralmente apresenta preocupação com pensamentos e lembranças do falecido, em vez das ruminações autocríticas ou pessimistas encontradas no EDM. ▪ No luto, a autoestima costuma estar preservada, ao passo que no EDM os sentimentos de desvalia e aversão a si mesmo são comuns. Se presente no luto, a ideação autodepreciativa costuma envolver a percepção de falhas em relação ao falecido (p. ex., não ter feito visitas com frequência suficiente, não dizer ao falecido o quanto o amava). ▪ Se um indivíduo enlutado pensa em morte e em morrer, tais pensamentos costumam ter o foco no falecido e possivelmente em “se unir” a ele, enquanto no EDM esses pensamentos têm o foco em acabar com a própria vida por causa dos sentimentos de desvalia, de não merecer estar vivo ou da incapacidade de enfrentar a dor da depressão. TRATAMENTO O tratamento de pacientes com transtornos de humor deve ser direcionado para vários objetivos: CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR 1. A segurança do paciente deve ser garantida 2. Uma avaliação diagnóstica completa do paciente é necessária 3. Deve ser iniciado um plano de tratamento que trate não apenas os sintomas imediatos, mas também vise ao bem-estar futuro do paciente. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS HOSPITALIZAÇÃO Indicações claras para a hospitalização são: 1. Risco de suicídio ou homicídio 2. Capacidade acentuadamente reduzida do individuo de obter alimento e abrigo 3. Necessidade de procedimentos diagnósticos 4. História de sintomas de rápida progressão/mudança adversa nos sintomas ou no comportamento do paciente 5. Ruptura do sistema de apoio TERAPIA PSICOSSOCIAL Terapia cognitiva: focaliza as distorções cognitivas (atenção seletiva aos aspectos negativos das circunstâncias) postuladas como presentes no transtorno depressivo maior. A maioria dos estudos mostram que a terapia cognitiva possui uma eficácia igual a da farmacoterapia e está associada com menos efeitos adversos e melhor evolução. Terapia interpessoal: Concentra-se em um ou dois dos problemas interpessoais atuais do paciente → Ela tem base em dois pressupostos: primeiro, é provável que os problemas interpessoais atuais tenham suas raízes em relacionamentos disfuncionais precoces e, segundo, esses problemas podem estar envolvidos na precipitação e na perpetuação dos sintomas depressivos atuais. Teoria comportamental: baseia--se na hipótese de que padrões comportamentais mal-adaptativos resultam de o indivíduo receber poucas respostas positivas e talvez rejeição direta da sociedade → os pacientes aprendem a funcionar no mundo de maneira que recebam reforço positivo. Terapia de orientação psicanalítica: é fundamentada nas teorias psicanalíticas sobre depressão e mania. Seu objetivo é efetuar uma mudança na estrutura da personalidade ou no caráter do paciente, não simplesmente aliviar os sintomas. Melhoras na confiança interpessoal, na capacidade para intimidade, nos mecanismos de enfrentamento, na capacidade de enfrentar o luto e na capacidade de vivenciar uma ampla gama de emoções são alguns dos objetivos dessa terapia. Terapia familiar: é indicada em casos em que o transtorno ameaça o casamento do paciente ou o funcionamento da família, ou se for promovido ou mantido pela situação familiar; não sendo vista como uma terapia primaria para o transtorno. Esse tipo de terapia examina o papel do membro com a perturbação do humor no bem-estar psicológico geral de toda a família; também examina o papel da família na manutenção dos sintomas do paciente. Baixa disfunção social: sugeriu boa resposta a terapia interpessoal; Baixa disfunção cognitiva sugeriu boa resposta a terapia cognitivo comportamental e a farmacoterapia; Alta disfunção no trabalho sugeriu boa resposta a farmacoterapia Alta gravidade da depressão sugeriu boa resposta a terapia interpessoal e a farmacoterapia. Embora a maioria dos estudos indique – e a maioria dos médicos e pesquisadores acredite – que uma combinação de psicoterapia e farmacoterapia é o tratamento mais eficaz para transtorno depressivo maior, alguns dados sugerem outra visão: tanto uma quanto a outra isoladas são eficientes, pelo menos em episódios depressivos maiores leves, e o uso regular da terapia combinada aumenta o custo do tratamento e expõe o paciente a efeitos adversos desnecessários. ESTIMULAÇÃO DO NERVO VAGO A estimulação experimental do nervo vago, através de um dispositivo eletrônico implantado na pele, em vários estudos sobre o tratamento de epilepsia verificou que os pacientes apresentavam melhora do humor. Estudos preliminares mostraram que muitos pacientes com transtorno depressivo maior recorrente, crônico, entravam em remissão quando tratados com ENV, sendo que o mecanismo de ação da ENV para explicar a melhora é desconhecido → O nervo vago conecta-se ao sistema nervoso entérico e, quando estimulado, pode provocar a liberação de peptídeos que agem como neurotransmissores. CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA Essa terapia envolve o uso de pulsos muito curtos de energia magnética para estimular células nervosas no cérebro. É indicada especificamente para o tratamento de depressão em adultos que não conseguiram obter uma melhora satisfatória com um medicamento antidepressivo anterior na dose e duração efetivas mínimas ou acima delas no episódio atual. A terapia de EMT é contraindicada para pessoas com implantes metálicos ou objetos metálicos não removíveis na ou em torno da cabeça. PRIVAÇÃO DO SONO A privação do sono pode precipitar mania em indivíduos com transtorno bipolar I e aliviar temporariamente a depressão naqueles com depressão unipolar. Cerca de 60% dos pacientes com transtornos depressivos exibem benefícios significativos, mas transitórios, com a privação total do sono. Os resultados positivos, em geral, são revertidos pela noite de sono seguinte. FOTOTERAPIA (TERAPIA LUMINOSA) Em geral envolve expor o paciente afetado a luz brilhante na variação de 1.500 a 10 mil lux ou mais, via de regra com uma caixa de luz sobre uma mesa ou escrivaninha. Os pacientes sentam-se na frente da caixa por aproximadamente 1 a 2 horas antes do amanhecer de cada dia, embora alguns também possam se beneficiar da exposição após o anoitecer. É indicada na depressão sazonal e nos transtornos do sono. Ela tem sido utilizada para diminuir a irritabilidade e a redução da função associada com mudança de turno de trabalho. FARMACOTERAPIA O objetivo da farmacoterapia é a remissão dos sintomas, não apenas sua redução. Diretrizes gerais: 1. Quadros leves podem ser tratados apenas com medidas não farmacológicas, nos casos moderadose graves elas podem ser usadas como adjuvantes 2. Iniciar tratamento medicamentoso com as medicações de primeira escolha 3. Usar a medicação por tempo suficiente em doses suficientes a. A menos que eventos adversos impeçam, a dosagem de um antidepressivo deve ser elevada ao nível máximo recomendado e mantida nesse nível por pelo menos 4 ou 5 semanas antes que a tentativa seja considerada infrutífera. De modo alternativo, se um paciente estiver melhorando clinicamente com uma dosagem baixa do medicamento, essa dosagem não deve ser aumentada a menos que a melhora clínica pare antes de o benefício máximo ser obtido. Deve-se iniciar o tratamento medicamentoso com as medicações de primeira linha, são eles: 1. Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (5-HT) (ISRS) a. A recaptação é um mecanismo que o neurônio realiza para retirar o neurotransmissor (no caso, serotonina) da fenda sináptica. Quando a recaptação é inibida, aumenta a quantidade de serotonina disponível para os neurônios. b. São os mais seguros, eficazes, apresentam menor efeito colateral e melhor custo- benefício 2. Inibidores de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN) a. Desvantagem: custo elevado, porém, são potentes, apresentam pouca interação e menos efeitos colaterais 3. Antidepressivos tricíclicos a. Apresentam como vantagem o custo e a disponibilidade, contudo possuem muitos CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR efeitos colaterais (alteração cardíaca, aumentam a sonolência e apetite) b. Mecanismo de ação: em nível pré- sináptico é o bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT), em menor proporção dopamina (DA). 4. Antidepressivos atípicos De maneira geral: ISRSs → 1a linha ▪ Fluoxetina 20-80mg (agitação) ▪ Sertralina 50-200mg ▪ Paroxetina 10-60mg (sedação, ganho de peso) ▪ Fluvoxamina 50-300mg (menos efeitos sexuais) ▪ Escitalopram 5-20mg IRSNs → 1a linha ▪ Velafaxina 37,5-225mg ▪ Duloxetina 60mg Bupropiona 50-450mg (em combinação com ISRSs ou IRSNs) Mirtazapina 15-45mg (em combinação com ISRSs ou IRSNs) Agomelatina 25-50mg (em combinação com ISRSs ou IRSNs, apresenta distúrbios do ciclo circadiano) CURSO E PROGNOSTICO 1. Início Em cerca de 50% das pessoas, o primeiro episódio depressivo costuma ocorrer antes dos 40 anos. Um início mais tardio costuma estar relacionado a ausência de história familiar de transtornos de humor, transtorno da personalidade antissocial ou abuso de álcool. 2. Duração Geralmente, episódios de depressão não tratados costumam durar entre 6-13 meses enquanto que os tratados duram 3 meses, sem a retirada dos antidepressivos A medida que o curso do transtorno progride, os pacientes tendem a vivenciar episódios mais frequentes que duram mais tempo. 3. Desenvolvimento de episódios maníacos Cerca de 5 a 10% dos indivíduos com o diagnóstico inicial de transtorno depressivo maior têm um episódio maníaco 6 a 10 anos após o primeiro episódio depressivo. A idade média dessa mudança é de 32 anos, e ela frequentemente ocorre após 2 a 4 episódios depressivos. 4. Prognóstico O transtorno depressivo maior não é uma condição benigna, costumando ser crônico e os indivíduos costumam ter recidivas (sendo que a frequência dessas recidivas é menor em indivíduos que continuam com o tratamento psicofarmacológico profilático e naqueles que tiveram apenas 1 ou 2 episódios depressivos) Fatores que indicam um bom prognostico: episódios leves, ausência de sintomas psicóticos e internação hospitalar de cura duração + história de amizades solidas durante a adolescência, funcionamento familiar estável e funcionamento social geralmente sadio nos 5 anos anteriores ao transtorno + ausência de um transtorno psiquiátrico comórbido e de um transtorno da personalidade, não mais do que uma hospitalização anterior por transtorno depressivo maior e idade de início avançada Mal prognostico: coexistência de distimia, abuso de álcool ou outras substâncias, sintomas de transtorno de ansiedade e história de mais de um episódio depressivo anterior + homem TRANSTORNO BIPOLAR Transtorno bipolar I: refere-se a pacientes que apresentam episódios tanto maníacos quanto depressivos ou somente com episódios maníacos (pode usar ainda os termos “mania unipolar” e “mania pura”). O transtorno bipolar é mais comum: 1. Pessoas divorciadas e solteiras 2. Tendo um início mais precoce do que a do depressivo maior, variando da infância (a partir dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos, ou até mais, em casos raros, com idade média de 30 anos. CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR Um episódio misto é um período de pelo menos uma semana no qual tanto um episódio maníaco quanto um episódio depressivo maior ocorrem quase diariamente. Para o transtorno bipolar I ser considerado recorrente são necessários dois episódios separados por, pelo menos, dois meses sem sintomas significativos de mania ou hipomania. Transtorno bipolar II: episódios depressivos e hipomaníacos durante o curso do transtorno, mas os episódios de sintomas maníaco-símiles não satisfazem por completo os critérios diagnósticos para uma síndrome maníaca completa. Episódios maníacos ou hipomaníacos precipitados por tratamento antidepressivo não indicam transtorno bipolar I/II, exceto quando persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento CARACTERISTICAS CLÍNICAS Um estado de humor elevado, expansivo ou irritável é a característica de um episódio maníaco. De forma alternativa, o humor pode ser irritável, em especial quando os planos excessivamente ambiciosos do paciente são contrariados. Os pacientes muitas vezes exibem uma mudança do humor predominante, de euforia no início do curso da doença para uma posterior irritabilidade. Fora do hospital, pacientes maníacos tendem a consumir álcool em excesso, talvez em uma tentativa de automedicação. Sua natureza desinibida reflete-se no uso excessivo do telefone, sobretudo ao fazer chamadas de longa distância durante as primeiras horas da manhã. Jogo patológico, tendência a se despir em lugares públicos, usar roupas e joias de cores brilhantes em combinações incomuns ou extravagantes e desatenção a pequenos detalhes (p. ex., esquecer de desligar o telefone) também são sintomáticos do transtorno. Os pacientes agem de maneira impulsiva e, ao mesmo tempo, com um sentido de convicção e propósito. Estão frequentemente preocupados com ideias religiosas, políticas, financeiras, sexuais ou persecutórias que podem evoluir para sistemas delirantes complexos. Algumas vezes, sofrem regressão e brincam com sua urina e suas fezes. Nos adolescentes, a mania costuma ser diagnosticada de forma errônea como transtorno da personalidade antissocial ou esquizofrenia. Os sintomas podem incluir psicose, abuso de álcool ou outras substâncias, tentativas de suicídio, problemas escolares, ruminação filosófica, sintomas de TOC, queixas somáticas múltiplas, irritabilidade acentuada levando a brigas e a outros comportamentos antissociais. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM-5 Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores. Episódio maníaco: A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária). B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatrose o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade, conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos). 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas. D. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Episódio Hipomaníaco CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR a) Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias b) Os sinais e sintomas são iguais ao episódio maníaco c) O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático. d) A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas. e) O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco f) O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substancia Para diagnosticar transtorno Bipolar Tipo I A. Foram atendidos os critérios para pelo menos um episódio maníaco B. A ocorrência do(s) episódio(s) maníaco(s) e depressivo(s) maior(es) não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico com outras especificações ou não especificado. Episódios depressivos podem ocorrer tanto no transtorno depressivo quanto no transtorno bipolar I, sendo que ainda não foi encontrado diferenças entre esses episódios. Apenas a história do paciente, história familiar e o curso futuro podem ajudar a diferenciar as duas condições. Ciclagem rápida: definida como quatro ou mais episódios maníacos no período de um ano, sendo mais comuns em mulheres. Ciclotimia: é caracterizado por pelo menos dois anos de ocorrência frequente de sintomas hipomaníacos que não podem ser diagnosticados como um episódio maníaco e de sintomas depressivos que não podem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior CURSO E PROGNOSTICO Muitas vezes, é útil fazer um gráfico do desenvolvimento do transtorno do paciente e mantê-lo atualizado à medida que o transtorno progride; sendo que a maioria dos pacientes começa com uma depressão. Os episódios maníacos costumar ter início rápido (horas ou dias), mas podem evoluir ao longo de algumas semanas. Um episódio maníaco não tratado dura cerca de três meses; portanto, os médicos não devem interromper a administração de medicamentos antes desse tempo. Das pessoas que têm um episódio maníaco isolado, 90% têm probabilidade de vivenciar outro. À medida que a condição progride, o tempo entre os episódios frequentemente diminui. Após cerca de cinco episódios, entretanto, o intervalo entre eles tende a se estabilizar em 6 a 9 meses. Prognostico: pacientes com TBI tem um prognostico pior do que os afetados por transtorno depressivo maior. Cerca de 40 a 50% dos pacientes com transtorno bipolar I podem ter um segundo episódio maníaco no período de dois anos do primeiro episódio. Fatores que contribuem para um mau prognostico: situação ocupacional pré-mórbida insatisfatória, dependência de álcool, manifestações psicóticas, manifestações depressivas entre os episódios e gênero masculino Fatores que contribuem para um bom prognostico: curta duração dos episódios maníacos, idade de início avançada, poucos pensamentos suicidas e poucos problemas psiquiátricos ou clínicos predizem um melhor prognóstico. Transtorno bipolar II: O curso e o prognóstico do transtorno bipolar II indicam que o diagnóstico é estável, porque há alta probabilidade de que pacientes com esse transtorno tenham o mesmo diagnóstico até cinco anos mais tarde. O transtorno é uma condição crônica que justifica estratégias de tratamento de longo prazo. TRATAMENTO Além das medidas não farmacológicas já citadas no transtorno depressivo, temos: MEDIDAS FARMACOLÓGICAS As medicações utilizadas são os estabilizadores de humor: O tratamento farmacológico dos transtornos bipolares é dividido em fases aguda e de manutenção. CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR 1. Fase de mania aguda Monoterapia com o uso de: Lítio, ácido valproico ou antipsicóticos atípicos. É possível realizar ainda associações de medicações antipsicóticas + Lítio ou Ácido Valpróico. OBS: Lamotrigina não está indicada para o tratamento do episodio de mania. 2. Tratamento de depressão bipolar aguda ▪ Olanzapina 6 a 12mg e Fluoxetina 25 a 50mg ▪ Lítio 0,6 a 1 mEq/L e Lamotrigina 100 a 200mg ▪ Quetiapina 300mg e Lamotrigina 100 a 200mg Paradoxalmente, muitos pacientes que são bipolares na fase deprimida não respondem ao tratamento com antidepressivos padrões. Nesses casos, lamotrigina ou ziprasidona de baixa dose (20 a 80 mg por dia) podem ser eficazes. A eletroconvulsoterapia também pode ser útil para pacientes com depressão bipolar que não respondem a lítio ou a outros estabilizadores do humor e a seus adjuvantes, de modo particular em casos nos quais a tendência suicida intensa se apresente como uma emergência médica. 3. Fase de manutenção Lítio, carbamazepina e ácido valproico, isolados ou em combinação, são os agentes de mais ampla utilização no tratamento de longo prazo de pacientes com transtorno bipolar. Sedação, comprometimento cognitivo, tremor, ganho de peso e erupções cutâneas são alguns efeitos colaterais que levam a descontinuação do tratamento. ESPECIFICADORES São características dos sintomas que podem ser utilizadas para descrever pacientes com vários transtornos do humor. COM ASPECTOS PSICÓTICOS A presença de aspectos psicóticos no transtorno depressivo maior reflete doença grave e é um indicador de mau prognóstico. Podem ser caracterizados como congruentes com o humor (“Eu mereço ser punido porque sou muito mau”), sendo classificados como transtorno do humor psicótico ou incongruentes com o humor, em desarmonia com o transtorno do humor (podem ter transtorno esquizoafetivo ou esquizofrenia) COM ASPECTOS MELANCÓLICOS. Melancolia é um termo usado em referência a uma depressão caracterizada por anedonia grave, despertar matinal precoce, perda de peso e sentimentos profundos de culpa (frequentemente por acontecimentos triviais). Não é incomum pacientes melancólicos terem ideação suicida. A melancolia está associada com alterações no sistema nervoso autônomo e nas funções endócrinas. Por essa razão, é algumas vezes referida como “depressão endógena” ou que se origina na ausência de estressores ou precipitantes externos da vida. COM ASPECTOS ATÍPICOS Este especificadorpode ser aplicado quando essas características predominam durante a maioria dos dias do episódio depressivo maior atual ou mais recente ou do transtorno depressivo persistente. ▪ Reatividade do humor (i.e., o humor melhora em resposta a eventos positivos reais ou potenciais). ▪ Duas (ou mais) das seguintes características: o Ganho de peso ou aumento do apetite significativos. o Hipersonia o Paralisia “de chumbo” (i.e., sensação de peso nos braços ou nas pernas). o Um padrão persistente de sensibilidade à rejeição interpessoal (não limitado aos episódios de perturbação do humor) que resulta em prejuízo social ou profissional significativo ▪ Não são satisfeitos os critérios para “com características melancólicas” ou “com catatonia” durante o mesmo episódio. COM ASPECTO CATATÔNICOS Os sintomas característicos de catatonia são: 1. Estupor 2. Afeto embotado 3. Reclusão extrema 4. Negativismo 5. Retardo psicomotor acentuado COM INÍCIO NO PERIODO PÓS-PARTO DSM-5 possibilita a especificação de um distúrbio do humor pós-parto se o início dos sintomas ocorrer no período de 4 semanas após o parto. PADRÃO SAZONAL Pacientes com um padrão sazonal de seus transtornos do humor tendem a vivenciar episódios depressivos durante uma determinada estação, mais comumente o inverno. O CASO 1 - TRANSTORNOS DE HUMOR padrão tornou-se conhecido como transtorno afetivo sazonal (TAS), embora esse termo não seja utilizado no DSM- 5. TIPOS NÃO INCLUÍDOS NO DSM-5. As depressões primárias são ao que o DSM-5 se refere como transtornos do humor, exceto pelos diagnósticos de transtorno do humor causado por uma condição médica geral e transtorno do humor induzido por substância, que são considerados depressões secundárias. A depressão dupla é a condição na qual um transtorno depressivo maior se superpõe a uma distimia. Um equivalente depressivo é um sintoma ou uma síndrome que podem ser uma forme fruste de um episódio depressivo. Por exemplo, uma tríade de ociosidade, abuso de álcool e promiscuidade sexual em um adolescente anteriormente bem comportado pode constituir um equivalente depressivo.
Compartilhar