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1 Curso: Arquitetura e Biomedicina Disciplina: Ciências Sociais Prof.ª Priscila de Loureiro Coelho Apostila de Ciências Sociais – Conteúdo da prova NP1 1. Introdução ao pensamento científico sobre o social: Renascimento e Ilustração Nesta unidade, temos como objetivo compreender os fundamentos filosóficos sob os quais a sociedade moderna se desenvolveu na Europa a partir do final do século XV. Para isso, analisamos dois movimentos intelectuais que propiciaram mudanças de mentalidade na época e contribuíram para o desenvolvimento econômico e social, o Renascimento e a Ilustração. Com a analise do pensamento de autores como Thomas Morus, Maquiavel e Rousseau, procura-se compreender os fundamentos das transformações sociais que conduziram a Europa a estruturar a vida social em torno de valores, como a racionalidade, liberdade, individualidade e competitividade. O Renascimento também é chamado de humanismo, pois se busca recuperar os valores humanistas das sociedades grego-romanas e valorizar as ações humanas em oposição a uma postura contemplativa. O antropocentrismo norteou o desenvolvimento do movimento intelectual, ao conceber que a humanidade é o centro para o qual deve convergir todo o conhecimento. A partir do século XV, a Europa viveu uma transformação na forma de conceber a existência humana e ver o universo, que propiciou o surgimento de formas de pensar pautadas na razão. O homem deixa de considerar sua existência como predestinação e desenvolve um conhecimento racional. A transformação na esfera do pensamento é acompanhada de crise no modo de organização social da época, o feudalismo. Inicia-se uma nova era não só para a organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, aparece neste momento, representada pelo pensamento de Maquiavel (1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561- 1626), René Descartes (1596-1650). O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé. Thomas Morus (1478-1535) em sua obra A Utopia defende a igualdade e a concórdia entre os homens. Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida e executam em rodízio os mesmos trabalhos. Maquiavel em sua obra O Príncipe, publicada em 1532, afirmava que o destino de uma sociedade depende da ação dos governantes. Analisou as condições para um governante fazer conquistas, reinar e manter-se no poder. A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passa a ser visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter nele, separando a análise do exercício do poder da ética. A obra de Maquiavel permanece atual e até os dias de hoje é recomendada sua leitura para aqueles que buscam compreender as tramas que envolvem as relações de poder entre os grupos sociais. Segundo (COSTA: 2005,p.35) as ideias de Thomas Morus e Maquiavel expressam os valores de uma sociedade 2 em mudança, portadora de uma visão laica* da sociedade e do poder. Com a Ilustração*, as ideias de racionalidade e liberdade se convertem em valores supremos. A racionalidade aqui é compreendida como a capacidade humana de pensar e escolher. Liberdade significa que as relações entre os homens deveriam ser pautadas na liberdade contratual, no plano político isto significa a livre escolha dos governantes, colocando em xeque o poder dos monarcas. Os filósofos iluministas concebiam a política como uma coletividade organizada e contratual e o poder como uma construção lógica e jurídica. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua obra O contrato social, afirma que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade (COSTA: 2005, p. 48). Rousseau identificou na propriedade privada a fonte das injustiças sociais e defendeu um modelo de sociedade pautada em princípios de igualdade. Diferentemente de Rousseau, John Locke (1632-1704) reconhecia entre os direitos individuais o respeito à propriedade. Foi o primeiro autor a defender que os princípios de organização social fossem codificados em torna de uma Constituição. Concluímos que o pensamento social anterior a formação da Sociologia como ciência, é caracterizada por estudos sobre a vida social que não tinham como preocupação central conhecer a realidade como ela era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então, já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade, e como afirma (COSTA:2005, p.49) “Mas, presos ainda ao princípio da individualidade, esses filósofos entendiam a vida coletiva como a fusão de sujeitos, possibilitada pela manifestação explícita das suas vontades”. Questão: O renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente, entendido como o momento da ruptura entre o mundo medieval, com características de sociedade agrária, estamental1, teocrática e fundiária e o mundo moderno, urbano, burguês e comercial. Neste período emerge um novo pensamento social que tem por base: a-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento religioso, valorização da razão. b-) Estímulo à atividade agrária, rejeição do pensamento racional e valorização da igreja. c-) Estímulo à vida coletiva, rejeição ao pensamento religioso e valorização das práticas consideradas mágicas. d-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento racional e valorização da igreja. e-) Estímulo a atividade manufatureira, rejeição ao pensamento científico e valorização do pensamento mágico. 2. O pensamento científico sobre o Social 1 Caracterizado pelo período medieval, é um sistema semiaberto, diferente do sistema de castas. Antigamente quem nascia rico era rico (sistema castas), no sistema estamental acontece a oportunidade de nascer pobre e ficar rico. 3 A busca do conhecimento e explicação dos fenômenos sociais sempre foi uma preocupação do ser humano. Mas a explicação com base científica, é fruto da sociedade moderna, industrial e capitalista. A Sociologia como ciência, surgiu no século XIX e significou que o pensamento sobre o social se desvinculou das tradições morais e religiosas, Como afirma (COSTA: 2005, p.18). “Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo pautado pelo racionalismo”. Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez, reflexões sobre o mundo social sob bases científicas. Para este autor, o papel da Sociologia seria conhecer as leis sociais para poder prever os fenômenos e agir com eficácia. (QUINTANEIRO. 2007 p. 19); Em um contexto de grande desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, se inspirou no avanço dos conhecimentos sobre o corpo humano para traçar analogia entre o corpo humano e uma corpo social. Em sua análise compreendia a sociedade como um grande organismo, em que cada parte possui uma função específica e o bom funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão. Esta ideia é passível de ser exemplificada em nosso cotidiano se observamos as relações de trabalho em uma empresa, onde cada um depende do trabalho dooutro e o bom funcionamento da organização é identificado na inter-relação do trabalho de diferentes indivíduos. Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os homens recorriam à vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira base, que corresponde à sociedade industrial, que o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos. Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física, para saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia. O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si. Questão: O despontar da Sociologia no século XIX significou o aparecimento da preocupação do homem com o seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova expectativa, livre das tradições morais e religiosas provocando assim, uma preocupação com as regras que organizavam a vida social que, se observadas e apreendidas, poderiam dar a este homem explicações razoáveis que tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais, resultando, a-) na possibilidade de poder intervir conscientemente nos processos sociais b-) na valorização do senso comum c-) na definição do objeto de estudo da Sociologia d-) na criação de um vocabulário próprio que conduziu ao academicismo e-) na formulação de modelos ideais de organização social Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a. ed. São Paulo: Moderna, 2005 4 3. Transformações sociais do século XVIII: Revolução Francesa Nesta unidade nosso objetivo é compreender a maneira como o capitalismo se afirmou como modo de organização social a partir do século XVIII. Para isso recorreremos a análise das revoluções burguesas pela capacidade de provocar as mudanças que puseram fim ao sistema feudal. A importância dessas revoluções é que estimularam o desenvolvimento do capitalismo, pondo fim às monarquias absolutistas e contribuíram para a eliminação de barreiras que impediam o livre desenvolvimento econômico. As ideias propagadas pelo iluminismo, conduziram a crítica ao pensamento teológico e o avanço do pensamento racional, contribuindo para mudança dos costumes e do pensamento da época. Buscava-se transformar não só o pensamento, mas a própria sociedade, criticando os fundamentos da sociedade feudal. Autores como Rousseau, Montesquieu procuravam mostrar como a sociedade feudal era injusta e irracional, impedindo o exercício da liberdade humana. No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os privilégios da nobreza, que não pagava impostos e possuía o direito de receber tributos, em um contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia também se opunha ao regime monárquico, pois este, não permitia a livre constituição de empresas, impedindo a burguesia de realizar seus interesses econômicos. Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade e da liberdade, a burguesia tomou o poder e passou a atuar contra o sistema de privilégios da sociedade feudal. Procurou organizar o Estado de forma independente do poder religioso e promoveu profundas inovações na área econômica ao criar medidas para favorecer o desenvolvimento empresarial. Dentre as mudanças significativas impostas pela Revolução Francesa, vale destacar a promulgação de uma legislação que limitava o poder da família, proibindo os abusos da autoridade paterna. Os bens da Igreja foram confiscados e a educação deixa de ser controlada pela Igreja e se torna obrigação do Estado. As massas que participaram da revolução, logo foram surpreendidas pelas medidas da burguesia, que proibiu as manifestações populares e os movimentos contestatórios, que passaram a ser reprimidos com violência. Questão: A Revolução Francesa (1789) foi um fato histórico crucial para o desenvolvimento e consolidação do mundo moderno, tendo em vista que: a) centralizou o poder da igreja católica, que firmou-se como a principal instituição responsável pelo controle do poder político, antes muito diluído entre as famílias nobres que governavam a Europa. b) consolidou a política como ação livre de qualquer tipo de influência mágica ou mística, seja na condução e sentido dos acontecimentos, seja na legitimação do poder. c) Reduziu a possibilidade de intervencão política das camadas populares, com o surgimento do trabalho assalariado. d) Ampliou a participação política do movimento conservador, que buscava a restauração da sociedade feudal. e) Fortaleceu a monarquia constitucional, onde o rei perdeu poder de decisão política para o primeiro-ministro. 4. Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial. 5 A revolução industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor, e aperfeiçoamento dos métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e enriquecer. (MARTINS: 1992). Constituiu uma autêntica revolução social que se manifestou por transformações profundas na estrutura institucional, cultural, política e social. O desenvolvimento de técnicas levou os empresários a incrementar o processo produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto levou os empresários a se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menos gente. A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e os trabalhadores é orientada pelo contrato – o que permite inferir que a liberdade econômica e a democracia política – temos o trabalhador livre para escolher um emprego qualquer e o empresário livre para empregar quem desejar. (MEKSENAS:1991, p. 47) , ela significou uma profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem. Aspectos importantes da Revolução Industrial 1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde predomina uma intensa divisão do trabalho. 2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias. 3. Concentração da produção industrial em centros urbanos. 4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário A revolução industrial desencadeou uma maciça migração do campo para cidade, tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações sociais. Formam-se as multidões que revelam nas ruas uma nova face do desenvolvimento do capitalismo: a miserabilidade. No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram submetidos à jornadas de trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas fábricas a presença de mulheres e crianças a partir de 5 anos atuando na linha de produção. Quanto aos homens, amargavam a condição de desempregados. Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros: aumento da prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade, violência, doenças epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada. Embora a desigualdade social sempre tenha existido ao longo da história da humanidade, os problemas acima expostos são maximizados na sociedade moderna, tornando a vida em sociedadecomplexa. Por isso precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam a realidade. Isto fez com que a Sociologia tomasse as relações sociais estabelecidas entre os homens como seu objeto de conhecimento sistemático. Questão: Podemos apontar como consequência da Revolução Industrial: a-) O decréscimo da população urbana, que era explorada no penoso trabalho da indústria. b-) A humanização imediata das relações de trabalho, principalmente no que se refere a salários, condições de higiene e jornada de trabalho. c-) O crescente controle por parte do operário do conjunto do processo produtivo, impedindo a fragmentação do saber e a alienação. 6 d-) O desenvolvimento da urbanização, dos transportes, das comunicações e da produção em série e aumento da desigualdade social. e-) Fim da exploração dos operários urbanos e o nascimento das ideias socialistas. 5. As contribuições de Émile Durkheim e Max Weber O objetivo desta unidade é compreender as diferentes contribuições teóricas das Ciências Sociais para a compreensão da sociedade moderna. É importante compreender como estes conceitos permanecem atuais e podem ser aplicados para estudar os fenômenos contemporâneos. Outro elemento importante deste conteúdo é compreender que existem diferentes princípios explicativos para a sociedade capitalista, evidenciando o grau de complexidade do mundo moderno. Os três teóricos clássicos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx criaram concepções norteadoras para a observação social e seguramente pode-se afirmar que qualquer estudo sociológico vai, invariavelmente, ter uma filiação clara a um destes modelos teóricos ou a aspectos combinados destes modelos. Émile Durkheim (1858-1917) foi o criador do organicismo ou funcionalismo, pois comparou a sociedade a um organismo vivo. Para ele, assim como no organismo, em que cada órgão tem que cumprir a sua função para que o todo se mantenha saudável, na vida social cada indivíduo deve cumprir a sua função, do contrário a sociedade ficará doente, ou seja, entrará num estado patológico. Durkheim desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão da vida social como: fatos sociais, que podem ser normais ou patológicos; coerção social; solidariedade mecânica e orgânica. A importância da obra de Durkheim é identificar como o social se sobrepõe ao individual restringindo a possibilidade de exercício da liberdade. Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe parecia à expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental, porém ele alertou para os perigos dessa racionalização crescente que leva a excessiva especialização a um mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a deterioração das relações humanas e dos aspectos existenciais do indivíduo. Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um dos principais problemas gerados pelo capitalismo. Além disso, Max Weber volta sua reflexão para a análise das subjetividades humanas analisando a importância do protestantismo no desenvolvimento da sociedade capitalista. Questão: Leia com atenção a frase a seguir: "Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita (...) Não sou obrigado a falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra maneira (...) Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável". (DURKHEIM: 1985, p.02) A frase acima expressa a relação entre o indivíduo e a sociedade, que podem ser compreendida: 7 A A sociedade moderna nasceu sob o princípio da liberdade e da individualidade, por isso é garantido em todas as instâncias da vida, a livre expressão de idéias e ações. B Existe uma imposição do social sobre o individual, pois quando nascemos já encontramos uma sociedade pronta com regras e valores que devemos seguir. C Existe o domínio do individual sobre o social tendo em vista que a sociedade é constituída de indivíduos livres e soberanos. D Existe uma imposição do social sobre o individual porque a democracia ainda não se manifesta como um valor universal. E Existe uma imposição do individual sobre o social pois ainda existem ditadores em vários países do mundo. 6. A contribuição teórica de Karl Marx Karl Marx (1818-1883) é um pensador que exerceu grande influência sobre os movimentos políticos do século XX. O conjunto de sua obra guarda atualidade pela crítica que faz ao modo de organização social do mundo moderno. Segundo Marx, as sociedades, assim como tudo o que vive traz em si o gérmen da sua própria destruição. A história dos sistemas e modos de produção é uma constante superação do velho pelo novo, segundo ele o declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando os indivíduos ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu funcionamento. Karl Marx demonstra que nos diferentes períodos históricos o processo produtivo sempre foi organizado com base na exploração de uma classe sobre a outra. Por esse motivo Marx cunhou uma frase que se tornou famosa: “A história da humanidade é a história da luta de classes”. O processo de extração da mais-valia que foi descrito por Marx ainda se processa da mesma maneira na atualidade. O salário pago ao trabalhador não corresponde ao total de riquezas produzidos por ele. Parte da riqueza produzida fica nas mãos dos empresários. Enquanto o salário garante a subsistência do trabalhador, o lucro os empresários possibilita a reprodução do capital. As inovações tecnológicas tem contribuido para a redução do número de trabalhadores que conseguem emprego, atuando no processo de compressão dos salários para baixo. A análise da obra de Karl Marx é fundamental para a compreensão das desigualdades sociais, um dos problemas centrais do mundo contemporâneo pois mostra como a riqueza produzida pelos trabalhadores é apropriada pela classe dominante. Karl Marx desenvolveu conceitos importantes como ideologia, concebida como um sistema de inversão da realidade, em que as ideais da classe dominante aparecem como as ideias dominantes de uma época. Para ele, a ideologia burguesa tem como objetivo fazer com que as pessoas não percebam que a sociedade é dividida em classes sociais, atuando para a manutenção das estruturas sociais. Desenvolveu o conceito de alienação que faz com que o trabalhador perca a consciência da sua realidade concreta, não se percebendo como o verdadeiro produtor das riquezas. O trabalhador passa a ser controlado externamente, pelo seu patrão, que determina o seu salário, a sua jornada. A alienação política, que significa que o trabalhador não se vê como agente capaz de intervir nos rumos políticos da sociedade. Conceitos como ideologia e alienação possibilitam a compreensão das razões pelas quais os oprimidos não se rebelam contra o sistema, pois o sistema de dominação e introjetado na suas 8 cabeças, que passam a ver com naturalidade a desigualdade e a opressão, dificultando os processos de transformação social. Questão: Com o objetivo de entender o capitalismo, Karl Marx, proporcionou à sociologia uma grande contribuição com novos conceitos, que seriam de extrema importância para os estudos da sociedade. Sendo assim, um deles é chamado de ALIENAÇÃO que é: A) a condição que o ser humanoalcança quando vive em razão do dinheiro, condição análoga a de um viciado. B) a visão utópica da vida em sociedade C) a implantação do comunismo, como solução para uma sociedade justa e igualitária. D) um distúrbio mental ocasionado pelos altos índices de produtos nocivos à saúde das pessoas que trabalhavam nas indústrias sustentadas pelo capitalismo. E) a separação do homem de seus meios de produção, dos frutos de seu trabalho, e também vida política, em razão da imposição do mundo capitalista Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a.ed. São Paulo: Moderna, 2005 FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à Sociedade da Informação. São Paulo: Atlas, 2001. 7. A formação da sociedade capitalista no Brasil O objetivo desta unidade é refletir sobre a maneira como o Brasil foi inserido no mundo capitalista, e a partir daí , identificar as causas da sua dependência externa. A sociedade brasileira se formou a partir do processo de expansão do capitalismo europeu a partir do século XV. No início todas as relações comerciais eram voltadas para a metrópole e aqui se mantinha relações sociais baseadas na escravidão. Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um grande contingente de imigrantes é que se introduziu o trabalho livre. Com o ciclo do café, outras atividades econômicas se desenvolveram como: transporte ferroviário, o sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida nas áreas urbanas. Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil esteve ligado ao desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo. O processo de industrialização teve início com a introdução do trabalho livre e com o grande surto migratório que o país viveu no século XIX, que gerou um mercado consumidor de produtos industriais. Segundo (VITA: 1989,p. 137) a forma como os negócios do café se organizaram, possibilitou a formação de uma ‘consciência burguesa’ entre os fazendeiros. Pois o capital acumulado no café era utilizado na diversificação das atividades econômicas. Desde modo, o capital acumulado com este comércio era investido em outra atividade que possibilitasse a obtenção de lucro. Já no início dos anos 20, grandes empresas norte-americanas instalaram filiais no Brasil. Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (NOVAES:1984 p.117). Com a crise mundial do início dos anos 30, a economia brasileira deixa de ser voltada para a exportação e se apoia na interiorização e na industrialização. Porém, somente na década de 50, com a chegada de um grande número de empresas estrangeiras, que buscam produzir para o mercado externo, o desenvolvimento industrial ganha impulso. 9 Questão: Em determinados países, como o Brasil, a formação de uma indústria local de bens de consumo dependeu de recursos acumulados com a exportação agrária. A socióloga Cristina Costa , em relação a este processo afirma: "Um caso típico, neste sentido, ocorrido no Brasil, foi a industrialização de São Paulo, que, sem a concorrência dos produtos europeus, pôde se desenvolver com a utilização do capital gerado pela exportação do café". Esta colocação está relacionada: A Aos momentos iniciais do processo de formação da sociedade capitalista no Brasil, principalmente, a partir do início do século XX. B Ao processo de globalização da economia brasileira, iniciado após a industrialização da década de 50. C Ao momento gerado pela 2a. Guerra Mundial, independente do que ocorreu no setor agrário nacional. D Ao processo de desenvolvimento da agricultura brasileira que sempre possuiu características de desenvolvimento capitalista. E Ao processo de industrialização atual, incentivado pelas exigências da globalização da economia. 8. O capitalismo dependente O grau de dependência que a economia brasileira têm com relação às potências estrangeiras pode ser compreendido a partir da análise do modelo de desenvolvimento industrial que o país teve, onde se privilegiou a indústria de bens de consumo em detrimento na indústria de bens de capital. Outro aspecto que merece ser mencionado à respeito da dependência estrangeira, diz respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que optou por um modelo de desenvolvimento industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como pela de capital estrangeiro. Uma das mais importantes teorias explicativas para a dependência estrangeira, surgiu no encontro de exilados de diversos regimes ditatoriais que proliferaram na América Latina nos anos de 1960. Destaca-se nos estudos sobre a dependência, a obra Dependência e desenvolvimento na América Latina de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto. É a obra que teve maior repercussão das Ciências Sociais em nível internacional. A obra destaca a natureza política e social do desenvolvimento na América Latina e trata das particularidades do desenvolvimento do capitalismo na América Latina. A constituição social do povo brasileiro, que tem uma burguesia nacional de origem agrária, colocou a burguesia internacional como o principal agente do desenvolvimento capitalista brasileiro. Para não correr os riscos inerentes ao empreendedorismo, a burguesia nacional optou por sua aliança com o capital internacional e forte dependência do Estado. A obra aponta a fragilidade do povo brasileiro, com uma elite que atua como agente dependente do capitalismo internacional e do Estado. Quanto ao povo, a ausência de uma consciência de classe (veja conteúdo sobre Karl Marx) dada a situação inicial de um povo escravo e sem terra, atua como mero figurante ou espectador nas principais decisões sobre os destinos do país. Assim é exposta a fragilidade da sociedade civil, o povo age como massa e a elite como agente dos interesses internacionais. Por fim, a obra nos permite compreender a dependência das elites empresariais do Estado e do capitalismo internacional e do povo como agente passivo. Esta fragilidade da sociedade 10 civil contribuiu para o fortalecimento do Estado, que assumiu entre nós a função centralizadora e agente patrocinador do desenvolvimento econômico. Questão: ENADE 2000 - Após a Segunda Grande Guerra, muitos países em desenvolvimento, sobretudo os da América Latina, adotaram um modelo de desenvolvimento que ficou conhecido como industrialização por substituição de importações. Esse modelo se caracterizava por: A Incorporar uma estratégia de orientação do desenvolvimento para fora, ou seja, em direção ao mercado internacional. B Praticar elevado grau de subsídios à exportação de produtos manufaturados com o objetivo de estimular a produção interna destes bens. C Conceder elevados incentivos à exportação de insumos e produtos intermediários, como forma de estimular a produção doméstica de bens finais. D Utilizar barreiras comerciais para dificultar a importação de bens manufaturados e, consequentemente, estimular a produção interna destes bens. E Incentivar as importações de bens de consumo final de alto conteúdo tecnológico, no lugar das importações de produtos de baixo conteúdo tecnológico, com o intuito de modernizar a indústria doméstica. Referências Bibliográficas: NOVAIS, Carlos E. Capitalismo para principiantes. 8ª. Ed. – São Paulo: Ática, 1984. SINGER, Paul. A formação da classe operária. 5ª ed. São Paulo: Atual; Campinas: Editora da UNICAMP, 1988. VITA, Álvaro. Sociologia da Sociedade Brasileira. São Paulo: Ática, 1989.
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