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C A R D I O L O G I A P E D I Á T R I C A E C I R C U L A Ç Ã O F E T A L A cardiologia pediátrica é uma especialidade médica que integra conhecimentos voltados para a cardiologia e pediatria, englobando diagnóstico, tratamento e prevenção de disfunções ou problemas congênitos e adquiridos relacionados ao coração - como prevenção de doenças cardiovasculares e tratamento multidisciplinar da obesidade. Assim, abrange o acompanhamento desde a vida fetal até os adultos com cardiopatia congênita, esta consiste em qualquer anormalidade estrutural ou funcional do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação. No Brasil, cerca de 9 a cada 1000 nascimentos são bebês com cardiopatia congênita e corresponde a 6% dos óbitos infantis, no entanto, ao observar apenas óbitos por malformações congênitas, as cardiopatias congênitas correspondem a 50% dos óbitos. LAYANE SILVA e superior. No contorno direito ou margem direita há o átrio direito, veia cava superior e veia cava inferior (localizada mais abaixo), já, na margem inferior, há parte do ventrículo direito e, na margem esquerda, há o ventrículo esquerdo em sua maioria. O coração é formado por 2 átrios, 2 ventrículos, 2 valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral), 2 valvas semilunares (pulmonar e aórtica), 2 grandes artérias (pulmonar e aorta), sistema venoso sistêmico (cavas inferior e superior), sistema venoso pulmonar (4 veias pulmonares), circulação coronariana e sistema de condução. Átrio direito: recebe retorno venoso sistêmico através das veias cavas superior e inferior, seu apêndice atrial é caracterizado por ter formato triangular de base larga, onde está localizado o nó sinusal. Átrio esquerdo: recebe retorno venoso pulmonar através das 2 veias pulmonares direitas e 2 esquerdas, seu apêndice atrial é caracterizado por ter formato de dedo de luva, com base estreita, e é o local onde está localizado o seio coronário. Ventrículo direito: estrutura tripartite pois possui via de entrada, porção trabecular e via de saída, está localizado anteriormente e possui trabeculações grosseiras, e está sempre associado a valva tricúspide e a via de saída é a artéria pulmonar. Ventrículo esquerdo: estrutura tripartite (via de entrada, porção trabecular e via de saída) está localizado posteriormente e tem trabeculações finas, está associado a valva mitral e a via de saída é a artéria aorta. O VE tem formato mais elipsóide, já o direito tem um formato mais triangular e tem menos trabeculações do que o direito, mas a ponta do coração é o ventrículo esquerdo - quando o ventrículo direito forma a ponta significa uma dilatação patológica desta câmara. O coração normal tem formato de cone e fica apoiado sobre o diafragma no mediastino, cerca de 2/3 ficam à esquerda da linha média, assim, o ápice se localiza para frente, baixo e esquerda e a base se localiza para trás, alto e direita. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO CORAÇÃO Superfície anterior: esterno e costelas. Superfície inferior: diafragma. Borda direita: pulmão direito. Borda esquerda: pulmão esquerdo. Superior: grandes vasos. Posterior: traqueia, esôfago e aorta descendentes. O coração normal é formado por pericárdio, epicárdio, miocárdio e endocárdio, sendo que o saco pericárdio funciona como uma bolsa, similar a bexiga, que possui quantidade mínima de líquido entre ela e a massa muscular do coração, para que ele possa deslizar e o pericárdio não fique aderido completamente sem nenhuma forma de deslizamento. Além disso, há a margem direita, inferior, superior e esquerdo - no caso do Raio-x, denominam-se contorno direito, esquerdo, inferior LIMITES Quanto à aorta, na via de saída do VD, a valva pulmonar se apoia exclusivamente em músculo, já a valva aórtica se apoia em uma porção perimembranosa - assim, as fibras miocárdicas no VE tem direção transversa, já no VD são mais longitudinais. Valva Tricúspide: 3 cúspides (septal, anterior e inferior) e está sempre relacionada ao ventrículo direito, ou seja, valva acompanha o ventrículo e vice-versa. (uma das formas de identificar os ventrículos é a valva tricúspide ou mitral). Valva Mitral: 2 cúspides (aórtica e mural), que relacionam-se ao ventrículo esquerdo. Valva Pulmonar: tem localização anterior e a direita, seus folhetos são suportados por um infundíbulo completamente muscular. Valva Aórtica: tem localização posterior e à esquerda, seus folhetos estão inseridos em parte em estruturas fibrosas (continuidade mitroaórtica) e em parte nas paredes musculares do ventrículo. Artéria pulmonar: emerge do infundíbulo pulmonar; bifurca-se precocemente dando origem às artérias pulmonares direita e esquerda. GRANDES VASOS LAYANE SILVA Aorta: origina-se do ponto central do coração e se curva para cima para o arco aórtico, deste surgem os vasos braquiocefálicos, e dá origem às coronárias. O sangue chega no átrio direito (AD) pelas veias cavas (superior e inferior), do AD vai para o ventrículo direito (VD) por onde é ejetado pela artéria pulmonar para os pulmões. Assim, pelas veias pulmonares o sangue retorna para o átrio esquerdo (AE) , cai no ventrículo esquerdo (VE) e é distribuído para todo corpo pela aorta - após o sangue circular por todo o corpo ele retorna ao AD para que possa ser realizada no pulmão a hematose. Na vida intra uterina (fetal), o pulmão não tem função da hematose, esta, na vida intrauterina, é realizada pela placenta, que pode ser considerada o pulmão do feto, visto que o pulmão compreende uma rede grande de capilares e um leito vascular no qual o sangue chega na membrana hemato alveolar e se difunde para os alvéolos realizando a hematose por conta da baixa resistência vascular. COMO É POSSÍVEL? Existem 4 veias pulmonares, sendo 1 superior e 1 inferior para cada um dos pulmões, elas entram no pericárdio para drenar no átrio esquerdo, na superfície posterior - a drenagem venosa sistêmica é dada pelas veias cavas. Veia cava superior: formada pela fusão das veias braquiocefálicas e drena para a porção superior do átrio direito ao nível da 3a costela. Veia cava inferior: inicialmente formada na pelve pelas veias ilíacas comuns que se unem, percorre o abdome, coletando sangue das veias hepática, lombar, gonadal, renal e frênica, depois passa pelo diafragma, drenando para a porção inferior do átrio direito. DRENAGEM VENOSA A vascularização do coração é feita pelas artérias coronárias e seio coronário. Artérias coronárias: são 2, uma direita e outra esquerda, ambas percorrem o sulco coronário e são originadas da aorta. Seio coronário: compreende a dilatação formada pelos últimos 3 cm (porção terminal) da veia magna do coração, local onde desemboca o sangue que é coletado por diversas veias. VASCULARIZAÇÃO Nó sino-atrial (SA): situado na parede atrial direita, inferior a abertura da veia cava superior. Nó atrioventricular (AV): situado no septo interatrial, anterior a abertura do seio coronário. Feixe atrioventricular (feixe de His). Ramos direito e esquerdo: cruzam o septo interventricular, em direção ao ápice cardíaco. Miofibras condutoras (fibras de Purkinje). SISTEMA DE CONDUÇÃO Essa circulação difere anatomicamente da circulação extra uterina pois é estruturada para suprir a necessidade de um organismo em crescimento rápido sobre relativa hipóxia. CIRCULAÇÃO FETAL De forma similar, a placenta possui o mesmo mecanismo através de uma grande rede de capilares, ocorre a troca com resistência mais baixa, entretanto, o pulmão do feto é pobre em oxigênio (importante vasodilatador) e rico em prostaglandinas e outros sinalizadores bioquímicos, por isso, ele fica vasoconstricto e perde a sua função. ARTÉRIAS ILÍACAS VEIAS EFERENTES ARTÉRIAS UMBILICAIS PAREADAS ENTRADA NA PLACENTA ENTRELAÇADAS COM VEIA UMBILICAL PLEXO (LOCAL DA TROCA) VEIA UMBILICAL LAYANE SILVA Na vida fetal, a pressão no pulmão está alta, enquanto a pressão na placenta está baixa, por isso, a pós-carga do VE é baixa pois está ligado à placenta, configurando-se como área de baixa pressão, mas a pós-carga no VD é alta, pois está ligadoao pulmão. Essa pressão desloca o sangue para o VE, que depois sobe para a crossa da aorta onde tem os ramos do arco aórtico, permitindo a irrigação do SNC. Apesar do bebê viver em considerável hipóxia deve-se direcionar o melhor sangue possível, por isso, quando o bebê está muito hipoxêmico, há um esfíncter natural (ducto venoso) que faz bypass (ponte) ultrapassando a circulação portal. Desse modo, o sangue que vem da placenta (mais oxigenado) passa a circulação portal pelo ducto venoso através da abertura do esfíncter, cai na veia cava inferior e vai para o AD, este sangue ainda oxigenado chega no SNC do bebê. Dentro do átrio direito há válvulas embrionárias de Tebésios e Eustáquio que vão direcionar o fluxo para o outro lado do coração através da passagem pelo forame oval. Em resumo, o cordão umbilical entra no organismo fetal e se divide em seio portal (realizando a circulação porta) e ducto venoso (ponte que pula a circulação do fígado) para chegar na veia cava inferior, a qual está conectada ao átrio direito. O seio portal está conectado ao sistema portal e ao ducto venoso está na posição ântero superior, sendo oxigenado direto da veia cava inferior, funcionando como esfíncter natural. A placenta não apenas realiza a respiração do feto, mas também é responsável pela sua excreção e recepção de novos nutrientes, portanto, o sistema umbilical-placentário (veia umbilical, artéria umbilical e placenta) é extremamente importante. Do ponto de vista anatômico, as artérias ilíacas se dividem em artérias umbilicais variadas, entram na placenta entrelaçadas com a veia umbilical e saem como veia eferente e veia umbilical. Os estágios da placenta podem ser grau 1, 2 e 3 de envelhecimento, assim, com a evolução dos graus, inicia-se um processo de sofrimento fetal devido a uma fisiologia anormal que leva o bebê a uma má respiração, nutrição e excreção. PLACENTA Além da placenta, áreas de shunt (troca) e um coração com estruturas pérvias (funcionantes) são necessários para ajudar na respiração. Os principais shunts são: (1) placenta, (2) ducto venoso, (3) forame oval, (4) ducto arterial (canal arterial). SHUNTS O cordão umbilical entra no abdome fetal onde se divide para formar: seio portal (sistema porta) e ducto venoso. Seio portal: sistema porta. Ducto venoso: sistema “bypass” ligando sangue oxigenado diretamente na VCI, através de baixa pressão para que o sangue não passe pela circulação portal. Assim, funciona como “esfíncter natural”, visto que há prioridade no circuito do “bypass”, ou seja, o esfíncter se abre quando o bebê está em hipóxia, permitindo que os detritos originados do fígado cheguem ao sangue. Essa hipóxia pode decorrer de um processo de adoecimento da gestante, demanda de oxigênio ou maior demanda metabólica pelos afazeres diários. O sangue chega da placenta super oxigenado (arterial) vai em direção ao fígado (local da circulação porta) onde normalmente é feita excreção de metabólitos, mas, no fígado, ao entrar no sistema porta, o sangue tem sua saturação diminuída (62%), ele vai para o AD, AE e VE para manter a circulação. DUCTO VENOSO O sangue arterial do feto (oxigenado) é diferente, visto que ele vive em hipóxia, tendo sua saturação por volta dos 70%. FORAME OVAL PLACENTA DUCTO VENOSO VCI HIPOXEMIA - BYPASS ÁTRIO DIREITO FORAME OVAL ÁTRIO ESQUERDO VENTRÍCULO ESQUERDO VÁLVULAS DE TEDÉSIO E EUSTÁQUIO SNC VCS ÁTRIO DIREITO "SANGUE SUJO" DA CIRCULAÇÃO PORTAL VÁLVULA TRICÚSPIDE VENTRÍCULO DIREITO SÍSTOLE PARÊNQUIMA (10%) CANAL ARTERIAL (90%) BAIXA PRESSÃO BAIXA PÓS-CARGA SANGUE MUITO OXIGENADO ABERTURA DO ESFINCTER NATURAL SANGUE MUITO OXIGENADO LAYANE SILVA Localiza-se na aorta descendente na emergência da subclávia esquerda, é responsável pelo fluxo da artéria pulmonar para a aorta (7% fluxo para pulmões). A aorta está em comunicação com a placenta, sendo assim o sangue na ejeção não tem interesse em ir para o tronco pulmonar, pois compete com uma zona de baixa pressão que é o canal arterial ligado à aorta. DUCTO ARTERIAL Constitui um canal de comunicação entre átrios, assim, o sangue que chega no AD passa pelo forame oval para o AE, cai no VE e sobe para a crossa da aorta e permite a irrigação do SNC. O forame oval é formado por 2 lâminas em continuidade, ou seja, não forma um buraco, eventualmente, o fluxo é do VD para o VE, pois as câmaras direitas costumam estar sob maior pressão, pela maior pós carga no VD - o VE e o AE estão ligados a placenta (área de baixa pressão). Esta é uma estrutura fisiológica para o desenvolvimento do feto, portanto, na neonatologia, o bebê não sobrevive com esse forame fechado. O sangue desce do SNC pela veia cava superior e cai no AD, apesar do sangue vindo do sistema portal não ter “prioridade” para passar para o outro lado, ele passa provocando “mistura” no sangue , pois o retorno venoso que há dentro do AD é dinâmico. Com isso, o AD junta com o sangue da veia cava superior, da invasão do sangue do sistema portal e da passagem de sangue do AE pela abertura do esfíncter. No entanto, nem todo o sangue do átrio direito passa pelo forame oval, outra parte vai para o ventrículo direito pela válvula tricúspide. seja, a primeira força da sístole consegue vencer a pós-carga do pulmão, o que representa 7% - 10% do volume passa para a artéria pulmonar direita e esquerda, realizando a irrigação do parênquima pulmonar - o restante vai para o canal arterial, estrutura que faz conexão entre a artéria pulmonar e a aorta. Apesar do pulmão não realizar hematopoiese ele precisa de débito para irrigação parenquimatosa, portanto, 7-10% do DC vai para o VD através da tricúspide para o pulmão. O primeiro Frank Starling (estiramento do sarcômero + contração vigorosa do coração), ou Quanto à propagação do sangue, o volume que vem do débito (retorno venoso) desce pela VCS, que encontra um resquício da circulação portal no átrio direito, vai para o ventrículo direito (concordância é atrioventricular e ventrículo-arterial), que, na sístole, vai para artéria pulmonar, e a pós-carga vai para o pulmão, 7-10% irriga o parênquima pulmonar. Depois o débito cai pelas veias pulmonares e ele volta, para ser reoxigenado - dessa forma, consegue priorizar o SNC - além dos 7-10% que vai para o pulmão, o restante foge pelo canal arterial (ligação da artéria pulmonar com a aorta - shunt direita-esquerda porque a artéria pulmonar está do lado direito e ele está vindo da artéria pulmonar para a aorta). NÃO existem hipóteses em que o fluxo vai da aorta para a artéria pulmonar, o sangue sempre vai para frente para poder irrigar o mesentério, parte renal até os dedos do pé. LAYANE SILVA As câmaras direitas recebem grande volume e trabalham contra maior pós-carga (grande resistência vascular pulmonar). O sangue do ducto venoso (maior oxigenação) encaminhar ao AE, que vai para aorta (Ao) ascendente e segue para o SNC, observa-se maior débito cardíaco no ducto venoso + VCS, via VD, seguindo para CA para Ao descendente e, por fim, para a circulação sistêmica. VIDA INTRAÚTERO O maior débito cardíaco vai para o canal arterial, somente 7-10% vai para o pulmão. Em geral, o cordão umbilical permanece por um tempo no parto humanizado, e assim que ele é cortado, anula a circulação placentária, depois o bebê respira e usa pela primeira vez o pulmão, entra oxigênio e vasodilata, mas essas arteríolas não dilatam subitamente, mas sim de forma progressiva, por isso que é possível ter a hipertensão pulmonar do recém-nascido até 3 meses de vida, bem como ainda pode haver predomínio de câmara direita em ECG e Raio-X até os 3 meses de vida - pois, o feto está submetido a uma microbiologia completamente diferente da que ele desenvolve a partir desse momento. VIDA PÓS-NATAL O cordão umbilical ficar mais tempo conectado ao bebê tem relação com a questão evolutiva para anemia, contato pele a pele e etc., mas não tem relação com a parte cardiológica. Anulação placentária (fluxo) Obriga expansão pulmonar Redução da resistência pulmonar Aumento do volume noAE Aumento de pressão na câmara esquerda Fechamento da FO por pressão x aposição valvar no septo Quanto à mudança bioquímica que o bebê vai receber, tem-se que as prostaglandinas que era secretada na placenta não vai estar presente, o oxigênio começa a entrar, o pulmão começa a fazer hematose, ou seja, a fisiologia muda completamente. Ocorre queda na pós-carga do VD, agora o VD é local de baixa pressão. Anteriormente, o que cai no AE era o que vinha do FOV e o retorno de veia pulmonar (7-10%), por isso que os fetos normalmente tem as câmaras esquerdas menores, depois ocorre aumento de câmara esquerda, porque agora há circulação sistêmica. Queda da pressão da circulação pulmonar em relação a sistêmica No momento que o bebê respira, a pressão na câmara esquerda aumenta porque a placenta foi embora, e a pressão na câmara direita cai bruscamente e a valva cola, então essa pressão fecha o forame oval - se for feito um ecocardiograma de imediato é possível ainda ver o forame oval, mas isso é fisiológico, e pode-se acompanhar até os 5 anos de vida esperando seu fechamento. O canal ainda está aberto e pode-se esperar até 12 horas para seu fechamento por mecanismo bioquímico, ou seja por vasoconstrição porque não há prostaglandina sendo secretada e há oxigênio, por ser um endotélio, ele é responsivo a essa bioquímica, assim ele é constricto e depois ocorre fechamento anatômico em até 72 horas. O VD empurrava, uma parte ia para o pulmão, e o shunt vinha do VD para a aorta passando pelo canal, mas agora que a aorta tem maior pressão e o pulmão tem menor pressão, esse shunt está invertido (da aorta para a pulmonar), então o ducto por aquela estrutura que está aberta, ele vem da área de maior pressão (aorta) - lembrar que VE vai fazer o débito empurrando e uma parte desce pelo canal (sangue oxigenado), então o pulmão recebe o débito cardíaco do VD + o débito que está vindo do canal. Se o canal for grande, ocorre repercussão pois o pulmão estará sendo encharcado pelo débito normal + débito extra que está vindo pelo canal, já que o sangue vai preferir ir para o canal do que para o mesentério, rim, etc., nesse caso, o paciente faz baixo débito e choque, pois está ocorrendo roubo de fluxo do canal. DILATAÇÃO DO PULMÃO VASOS NORMAIS FECHAMENTO DA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA NÃO DESÁGUA, FICA CONTIDO SAÍDA DA PLACENTA SEM ÁREA DE BAIXA PRESSÃO HEMATOSE VEIAS PULMONARES VENTRÍCULO ESQUERDO AORTA SANGUE MUITO OXIGENADO CANAL ARTERIAL ARTÉRIA PULMONAR DIREITA E ESQUERDA Inversão fluxo no shunt do CA Indução de fechamento do CA CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Cerca de 1-2 de cada 1000 recém-nascidos vivos tem cardiopatia congênita crítica, em torno de 30% destes recebem alta hospitalar sem o diagnóstico e evoluem para choque, hipóxia ou óbito precoce, antes de receber tratamento adequado. As cardiopatias vão depender do canal arterial aberto, porque senão o bebê não vai sobreviver sem aquele canal, ou seja, se houver cardiopatia com fluxo pulmonar dependente de canal, considerar que o VD tem a artéria pulmonar saindo e há atresia da válvula (fundo cego). Assim, o bebê vai ter que irrigar o pulmão pelo canal, pois ele vem do VE e passa pela aorta e encontra o canal arterial que está ligada com a artéria pulmonar direita e esquerda. Se o canal fechar, não tem como oxigenar, então o caso torna-se grave, similar a um quadro séptico em função de uma cardiopatia, mas se o médico aciona a prostaglandina (Prostin), o canal se mantém aberto e o bebê começa a melhorar - para rastrear esse casos, existe o teste neonatal (teste do coraçãozinho), que faz avaliação da saturação para averiguar se é uma cardiopatia. LAYANE SILVA Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: atresia pulmonar e similares. Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial: síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coarctação de aorta crítica e similares. Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição das grandes artérias É de extrema importância que o médico pense nessa possibilidade, ligue o Prostin, acione um especialista e peça um ecocardiograma, assim o canal arterial vai se manter aberto e o ideal é que ele fique do maior tamanho possível. Cardiopatias congênitas críticas: aquelas onde a apresentação clínica decorre do fechamento ou restrição do canal arterial (cardiopatias canal-dependentes), tais como: Inclui qualquer obstrução do lado esquerdo, em que o paciente vai apresentar uma aorta fina ou deformada e VE hipoplásico (pouco desenvolvido), sendo necessário garantir uma forma de que o fluxo chegue para o rim pela aorta, então o fluxo oxigenado vai vir do pulmão pela artéria pulmonar e descer. A câmara esquerda é incompetente, ou seja, ela não bombeia para o corpo todo então se houver uma coarctação de aorta ocorre uma parada do sangue de grande monta, não sendo capaz de mandar débito cardíaco suficiente causando choque e sepse. Se o médico ligar o Prostin (prostaglandina - medicação venosa), o sangue consegue da artéria pulmonar fazer débito cardíaco para o rim, assim o bebê consegue fazer xixi e não faz enterocolite necrosante porque o fluxo chega no intestino, bem como não ficam bactérias paradas no intestino que possam fazer translocação ou infecção. Resultado anormal: caso qualquer medida da SPO2 seja menor que 95% ou houver uma diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas seguintes. Limitações: este teste apresenta sensibilidade de 75% e especificidade de 99%, sendo assim, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas através dele, principalmente aquelas do tipo coarctação de aorta. A realização deste teste não descarta a necessidade de realização do exame físico minucioso e detalhado em todo recém-nascido, antes da alta hospitalar. A recomendação é que sempre tenha um cardiologista na maternidade, assim, se houver uma patologia de aorta, VE hipoplásico causando baixo fluxo, bebê anúrico ou com quadro de enterocolite necrosante, deve-se palpar pulso (em geral, não palpável), ligar o Prostin e pedir avaliação do especialista. TESTE DA OXIMETRIA Consiste em realizar a aferição da oximetria de pulso, em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade gestacional > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal. Local da aferição: membro superior direito e em um dos membros inferiores. A aferição é feita no membro superior direito porque o canal termina após a subclávia esquerda, e deve-se aferir antes do canal. Para a adequada aferição, é necessário que o recém-nascido esteja com as extremidades aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. Momento da aferição: entre 24-48 horas de vida, antes da alta hospitalar. Resultado normal: saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. TRIAGEM NEONATAL DE CARDIOPATIA CONGÊNITA CRÍTICA: TESTE ATRAVÉS DA OXIMETRIA DE PULSO EM MMSS E MMI, ENTRE 24-48 HORAS DE VIDA ANTES DA ALTA HOSPITALAR SPO2 < 95% OU DIFERENÇA > 3% REALIZAR OUTRA OXIMETRA EM 1 HORA SpO2 < 95% OU DIFERENÇA > 3% SEGUIMENTO NEONATAL DE ROTINA SpO2 > 95% SPO2 > 95% E DIFERENÇA < 3% REALIZAR ECOCARDIOGRAMA NÃO DAR ALTA ATÉ ESCLARECIMENTO DIAGNÓSTICO O ecocardiograma é mandatório se o resultado do teste for anormal antes da alta hospitalar. PROPEDÊUTICA CARDIOVASCULAR PEDIÁTRICA O principal em ectoscopia na pediatria é observar o (1) tônus muscular (hipotonia), (2) déficit de crescimento, pois a grande maioria pode cursar com déficit de nutrição, (3) palidez, pois os falcêmicos, por exemplo, cursam com doença cardíaca secundária, anemia crônica, má perfusão, (4) cianose, ou seja, lábio e língua ficam com cor arroxeadas, e (5) síndromes genéticas, pode-se afastar má formação congênita. A síndrome genéticamais comum é a síndrome de Down, estima-se que 60% dos pacientes com essa síndrome irão ter cardiopatia congênita e dessa porcentagem 65% vão ter defeito de septo atrioventricular - outro exemplo é a síndrome de Marfan, onde se tem dilatação da aorta e prolapso de valva mitral. Assim, ao encontrar um paciente sindrômico deve-se investigar cardiopatia congênita, para isso é solicitado um ecocardiograma em toda síndrome genética, nem que seja para documentar a anatomia cardíaca normal. Outra particularidade da propedêutica cardiovascular pediátrica é a frequência respiratória, que de preferência deve ser feita com a criança calma e afebril e ela varia de acordo com a idade (quanto menor a criança, maior é a frequência respiratória) - é importante definir se há presença de taquipneia e dispneia. SÍNDROMES GENÉTICAS < 2 meses: até 60 ipm 2-12 meses: até 50 ipm 1 a 5 anos: até 40 ipm Acima de 6 anos: em torno de 20 ipm FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA 0 -1 dia: 90-155 1-3 dias: 91-158 Além da FC é importante verificar o pulso, averiguando frequência, ritmo, amplitude e simetria, se houver assimetria especialmente dos membros superiores para os inferiores sendo obrigatório investigar uma doença de aorta - sendo variável com a faixa etária: FREQUÊNCIA CARDÍACA E PULSO LAYANE SILVA 3-7 dias: 90-166 7-30 dias: 106-162 1-3 meses: 120-160 3-6 meses: 105-160 6-12 meses: 108-169 1-3 anos: 89-152 3-5 anos: 73-137 5-8 anos: 65-133 8-12 anos: 62-130 12-16 anos: 60-120 Na pediatria é importante avaliar: (1) manguito adequado, envolvendo a circunferência e cobrindo 2/3 do braço, (2) tabelas específicas, (3) criança calma, (4) manguitos para coxa, a depender do tamanho da criança, e considera-se hipertensão os percentis acima de 95. PRESSÃO ARTERIAL A partir dos 3 anos, toda criança deve ter pelo menos 1 medida de pressão por ano. Período neonatal: 3o ou 4o EIE, para fora da linha hemiclavicular. Entre 1 e 2 anos: 4o EIE, ainda um pouco para fora da linha hemiclavicular. Fim da segunda infância (após 10 anos): 5o EIE, para dentro da linha hemiclavicular. No tórax, deve-se observar: Abaulamento precordial: o pectus excavatum geralmente não está associado com doença cardíaca, mas se houver abaulamento precordial, descrito como aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax, pode-se investigar cardiomegalia. Ictus: pode-se usar a localização do ictus para supor uma cardiomegalia. Realizar a ausculta de todo o precórdio, descrevendo pela localização, ou seja, rebordo esternal esquerdo médio, alto, baixo, direito, região infraclavicular, mesocárdica, bordas esternais, regiões infra e supra claviculares e dorso. Essa descrição é feita dessa maneira porque no foco aórtico pode ter uma válvula pulmonar, transposição das artérias ou até ausência de válvula pulmonar - ou seja, não se tem os focos como nos adultos. B1: fechamento das valvas atrioventriculares (TUM) B2 fechamento das valvas semilunares (TÁ) Na pediatria, é comum o desdobramento de 2a bulha fisiológica na respiração profunda, em geral, existe atraso do fechamento da valva pulmonar em relação a valva aórtica. Percebe-se diferença no som, pois ao invés de ser TUM TÁ, escuta TUM TRÁ (discreto atraso), sendo essencial identificar o desdobramento fisiológico e o fixo da 2a bulha (patológico0. B3: enchimento rápido do ventrículo (redução da complacência ventricular). B4: choque do sangue atrial com sangue ventricular (raro na pediatria). Essas bulhas são graduadas em relação a sua intensidade em (1) hiperfonese, (2) hipofonese, e (3) normofonese. AUSCULTA CARDÍACA Desdobramento fixo de B2 (excesso de volume na via de saída do ventrículo direito – comunicação interatrial); B2 única (artéria pulmonar posterior ou obstruída); B2 com componente pulmonar hiperfonético (HAP - hipertensão pulmonar). Avaliação da 2a bulha: Outros itens que são avaliados: atrito pericárdico e ritmo cardíaco (regular; irregular; 2T, 3T, 4T - ritmo de galope). O sopro no coração é um som incomum que se sente entre as batidas do coração durante a ausculta com um estetoscópio. Em geral, um fluxo de sangue linear (laminar) é silencioso e, no caso de fluxo turbulento, é possível ouvir este ruído, sendo necessário consultar um pediatra para confirmar a causa do sopro se os pais notam os sintomas, tais como: perda de apetite e falta de apetite, respiração rápida, nanismo, transpiração excessiva, lábios e unhas azuladas/coloridas. O sopro pode ser causado pelo ducto de Botallo, ou seja, um canal que conecta a artéria pulmonar à aorta e pode criar problemas para o coração, é o defeito congênito mais frequente em bebês prematuros (40%). Entre as causas em crianças existe o forame oval patente - uma pequena abertura entre o AD e AE do coração. Nas crianças mais velhas, pode haver sopro no coração, assim, algumas crianças têm paredes torácicas mais finas, neste caso, os sons tornam-se finos, sendo chamado de sopro funcional (ou benigno). No entanto, esses barulhos não são preocupantes e, em alguns casos, o sopro pode ser causado por estresse, anemia ou febre - até mesmo os vasos sanguíneos podem causar ruído anormal. Quando é ouvido um sopro forte, podem ser necessários mais exames, assim, a radiografia é feita para verificar defeitos do coração e o eletrocardiograma confirma se o coração bate normalmente - mas, para o sopro cardíaco benigno não serve um tratamento. Existem casos muito raros em que o sopro no coração pode causar problemas cardíacos graves, e entre os riscos e complicações existe a morte, já, o sopro do coração benigno irá diminuir com o tempo - os sons tornam-se menos audíveis quando a parede torácica engrossa. SOPROS CLASSIFICAÇÃO DOS SOPROS Grau 1: só é audível com manobra; Grau 2: sopro audível, porém não tão facilmente audível; Grau 3: sopro audível facilmente, mas não tem frêmito. Grau 4: facilmente audível, com frêmito. Grau 5: facilmente audível com meia campânula, fica um ângulo de 45o entre a campânula do estetoscópio e pele do paciente. Grau 6: quando o examinador não encosta o estetoscópio na pele do paciente e mesmo assim se escuta o sopro. Intensidade é graduado de: O frêmito é percebido quando a gente palpa o tórax do paciente e sente como uma lixa passando por debaixo da mão - é a sensação de pegar um cano com água que está passando pouca água. - Qualidade ou timbre - Localização - Irradiação - Tempo de duração nos ciclos: sistólico, diastólico e contínuo. LAYANE SILVA Sopro mesossistólico: sopro sistólico em forma de “diamante”, ou seja, constante do início ao fim da sístole, contínuo e tem pico no meio da sístole, assim, é um sopro comum por estenose aórtica. A 1a contração ventricular (contração isovolumétrica) onde ainda não há abertura, posteriormente, quando ela começa a abrir, o sangue começa a passar e chega no máximo e decresce. Sopro holossistólicos: sopro da insuficiência mitral ou tricúspide, inicialmente, há o fechamento da valva mitral e depois inicia a contração isovolumétrica, mas continua tendo refluxo, por isso pode-se auscultar o sopro (turbilhonamento). Durante toda a contração ventricular há refluxo da valva mitral, ele chega no início da sístole e vai até o final, ele só vai passar quando começa o relaxamento isovolumétrico. Protodiastólico: sopro da insuficiência aórtica, ou seja, o sangue retorna para o VE devido a maior pressão da aorta, então, tem a sístole toda, fechou a valva aórtica e começou o relaxamento isovolumétrico. Nesse momento existe uma pressão no VE bem menor do que a pressão na aorta, então há maior quantidade de sangue retornando com velocidade maior, com turbilhonamento maior. Quando se abre a valva mitral e começa a encher o ventrículo de sangue, equalizar as pressões e ter menos retorno venoso através da valva aórtica - o sopro protodiastólico tem mais intensidade no início da sístole e vai reduzindo o turbilhonamento com o tempo. Telediastólico: sopro da estenose mitral, assim, na diástole, tem o enchimento isovolumétrico do coração, e quando a valva mitral abre ocorre inicialmente o enchimentoventricular e esvaziamento atrial (momento de diferença de pressão). Ao iniciar a equalização das pressões, o átrio começa a contração e provoca acentuação do sopro no final da diástole.
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